Entrevista com Dalva Silva
01.Qual a posição do espiritismo com relação ao
divórcio? Se optamos pela separação, não estamos transferindo nossa missão para
com nosso companheiro para outra época (vidas), ou seja, estamos deixando de
lado nosso "carma" por utilizarmos nosso livre-arbítrio de forma
equivocada, sem tentar
solucionar os problemas mais caridosamente?
Resposta: Não deveríamos nos prender ao
conceito de carma. Essa é uma posição da filosofia oriental que tem
aproximações com a Lei de Causa e Efeito apresentada pelo Espiritismo, mas há
distinções em relação ao entendimento disso na prática. Quando se usa o termo
carma, há uma conotação de fatalidade, enquanto que a Doutrina enfatiza a
possibilidade de minimização ou eliminação das ocorrências de sofrimento,
mediante uma ação positiva no bem. Vamos esclarecer bem essa questão do
divórcio: A separação e o divórcio possibilitam a resolução dos conflitos
que se estabelecem na vida das pessoas que estão ligadas por compromisso formal
ou vínculos legais, mas não mais se entendem, nem se amam. Na nossa cultura,
essa opção é acompanhada de grande sofrimento. Parte desse sofrimento decorre
do próprio processo de ruptura e parte resulta de questões culturais. Quando as
pessoas se casam, geralmente, acreditam que estão dando um passo definitivo,
pretendem viver juntas por longo tempo e realizam, por isso, grande
investimento energético na relação, construindo elos fortes. Na separação,
esses laços energéticos se rompem, o que repercute dolorosamente sobre a alma.
Esse sofrimento é inerente ao processo e, quando o casal se decide pela
separação, não dá para fugir dele, é preciso enfrentá-lo com serenidade. Mas há
ainda o outro sofrimento, que resulta do ideário cultural sobre a
indissolubilidade do matrimônio.
Podemos atenuar esse último, se desenvolvermos
uma visão crítica da cultura em que vivemos.A Doutrina Espírita nos ensina a
ver o divórcio de uma maneira mais adequada. Os Espíritos, ao falarem sobre o
assunto, criticaram claramente as amarras culturais que dificultam a vida dos
casais. Destacam eles que a determinação legal de indissolubilidade do
casamento é um erro e perguntam: “Julgas, porventura, que Deus te constranja a
permanecer junto dos que te desagradam?” (LE – q.940) Depreende-se dos
ensinos deles que Deus determina a união dos seres pelo amor, para que se
crie no lar uma psicosfera favorável ao desenvolvimento sadio dos filhos que
porventura venham a ter. “No meio espírita, costuma-se dizer que as pessoas não
devem optar pelo divórcio, porque estarão adiando o pagamento de uma dívida e terão
no futuro, por isso mesmo, maior dificuldade para efetuar esse pagamento.
Talvez isso se aplique ao indivíduo que é inconseqüente e irresponsável no
direcionamento de suas energias amorosas, mas não se pode generalizar e
achar que em todas as situações esse critério seja adequado. Na verdade, há
casos em que o mal maior seria as pessoas permanecerem vinculadas a um
compromisso que não desejam mais e, por isso, perderem a alegria de viver e a
possibilidade de realizações espirituais significativas para sua própria
evolução. Somente aquele que está vivendo o problema poderá decidir,
consultando sua própria consciência, qual o melhor caminho a seguir.“O conselho
dos Espíritos é sempre no sentido de desenvolver as qualidades da alma para
possibilitar um ajustamento harmonioso entre os componentes do grupo familiar
e, quando se instala o conflito, a recomendação é de que se procurem todos
meios de resolução do problema antes de optar pela separação." (Esse tema
está mais desenvolvido no livro “Conflitos Conjugais”- edição FEEES/2002)
02.Gostaria de saber o que acontece, pois,
tenho uma convivência harmoniosa com meu marido. Porém, quando viajamos juntos,
tenho ataques de ciúmes. Penso tanto nele, que dou mais importância que às
minhas filhas.
Resposta: O ciúme é gerado em nós pelo egoísmo,
que produz um impulso de dominar o outro, tomar posse dele, retê-lo apenas para
atender às nossas necessidades. É preciso esforçar-se para superar essa
manifestação que pode ser muito nociva à relação afetiva. Se você tem uma
convivência harmoniosa com seu marido, lute para preservar isso. Evite
manifestações de ciúme, controle seus impulsos. Procure entender as raízes da
sua insegurança. O estudo espírita é precioso recurso, para que possamos
nos educar emocionalmente. Não se acomode, acreditando que seu temperamento é
assim mesmo, ou que é difícil mudar. As mudanças psicológicas só dependem de
vontade firme. Ore, pedindo aos Mentores Espirituais a ajuda necessária, eles
nunca se negam a amparar-nos, quando sentem em nós a sinceridade de propósitos.
Uma terapia bem conduzida também pode ajudar bastante.
03.Fui casada durante 5 anos (namoro 7 anos) e
separada há 8 meses. Terminamos sem brigas e somos super amigos, nos adoramos,
nos falamos todos os dias ao telefone, nos preocupamos um c/ o outro sempre,
mas cada um está vivendo a sua vida. Um espírito muito amigo nos revelou que
"nossos caminhos seguiriam separados, mas que ficaríamos juntos
eternamente", e que já vivemos juntos em outras vidas.(ambos somos
espíritas) Sinto, às vezes, que ele até gostaria de se relacionar comigo
novamente, e eu a mesma coisa. Será que realmente temos que ficar separados?
Resposta: Ninguém “tem” que fazer assim ou
assado. O que fazemos é resultado de nossas escolhas. É preciso aprofundar a
análise de seus sentimentos e dessa relação, para entender as causas da
separação e tomar decisões quanto ao futuro de ambos em termos afetivos. Se
aconteceu a separação, é que de um lado ou de outro houve motivações para isso.
O vínculo conjugal nos propõe assumir responsabilidades e compromissos que,
muitas vezes, pesam mais do que o sentimento que une o casal. Em outras
palavras, o que pretendo dizer é que, antes do casamento, as pessoas não sabem
exatamente como reagirão ao dia-a-dia da relação, não têm consciência dos
encargos que representa assumir uma vida em comum, construir um lar. Mesmo que
se gostem e se entenda, depois do casamento, sentem que não suportam as
pressões e os limites impostos pela nova situação. Procure analisar bem os
motivos que levaram à separação e evite construir castelos de areia: alimentar
ilusões pode acarretar sofrimentos ainda maiores no futuro.
04.Em uma relação conjugal, se um encontra-se
insatisfeito, às vezes até frustrado em relação ao seu parceiro, pois é comum
que prevaleça as vontades de um sobre as do outro, esta pessoa encontra-se
"presa" a seu parceiro, tendo que resgatar futuramente pelo erro de
se relacionar com alguém que não deu certo, ou a separação seria o caminho correto?
Neste caso, também haveria futuramente algum tipo de resgate?
Resposta: Em resposta a uma questão a ele
endereçada sobre o divórcio, Emmanuel afirmou: “Muitos dizem que o divórcio é
válvula de escape para evitar o crime e não ousamos contestar. Casos surgem nos
quais ele funciona, por medida lamentável, afastando males maiores, qual
amputação que evita a morte, mas será sempre quitação adiada, à maneira de
reforma no débito contraído". (EMMANUEL
– Leis de Amor – cap. IV)
“Percebe-se no texto a metáfora: casal em
conflito é corpo doente. Quando uma pessoa adoece, deve buscar todas as formas
de tratamento para obter a cura, mas há casos em que o órgão doente chega a
comprometer todo o organismo e, antes que ocorra o óbito, apela-se para a
cirurgia como recurso extremo, para salvar a vida do indivíduo. Assim também
com o casal, é preciso tratar a relação, utilizando-se todas as formas
possíveis: diálogo, terapia psicológica, terapia espiritual, mas, se a relação
está tão doente, que compromete a saúde e o equilíbrio das pessoas, podendo
levá-las a situações extremas que raiam pela destruição de si mesmas ou de
outrem, o divórcio surge como a cirurgia que possibilita uma sobrevida para os
dois, ainda que limitada algumas vezes pelos traumas e sofrimentos que
produz.”“Talvez a inferência existente no meio espírita de que as pessoas não
devem optar pelo divórcio, porque estarão adiando o pagamento de uma dívida e
terão no futuro, por isso mesmo, maior dificuldade para efetuar esse pagamento,
tenha nascido da leitura inadequada de textos como esse que transcrevemos, de
Emmanuel, mas observemos: no texto dele, não se encontra a idéia de que,
ao reformar o débito, o devedor venha a ter maior dificuldade de efetuar o
pagamento. Não podemos nos esquecer de que o amigo espiritual está usando uma
linguagem metafórica, não se pode interpretar isso dentro do contexto das
dívidas que assumimos no mundo, em que o cobrador faz incidir juros sobre juros
na cobrança. Em termos afetivos, o que ficamos devendo ao outro é o carinho, o
amor, a atenção que não lhe pudemos dar na relação conjugal. Contudo, quem
diz que não poderemos fazê-lo em funções afetivas diferentes: mãe/pai e
filho, irmãos, amigos?”(Trecho de “Conflitos Conjugais” - publicação
FEEES/2003) Pode-se acrescentar aqui que, na relação conjugal, não deve
prevalecer a vontade de um em detrimento da vontade do outro. Ninguém deve
abrir mão de si mesmo, silenciar sempre e reprimir seus desejos, anulando-se na
relação. Isso inviabiliza a continuidade da vida a dois. Você faz isso por
um tempo, mas não consegue fazer todo tempo. Uma vida é uma oportunidade ímpar
de crescimento e o casamento é um exercício maravilhoso, para o desenvolvimento
de nossas potencialidades. Anular-se não leva a essa realização, por isso, quando
alguém se anula, mais cedo ou mais tarde, a relação se torna inviável.
05.Gostaria de saber porque alguns casais se
dão tão bem, enquanto outros, mesmo se amando, vivem um inferno.
Resposta: Porque as pessoas são diferentes.
Deus nos criou assim absolutamente diferentes, cada um é um e, portanto, cada
um reage de uma maneira própria diante dos desafios da vida. Além disso,
precisamos considerar que o amor não é um elemento mágico que consegue cobrir
nossas imperfeições. Ainda não aprendemos a amar como Jesus exemplificou. Nossa
manifestação de afeto está condicionada ao nível evolutivo em que estamos, daí
essa diversidade que você observou.
06.Gostaria de saber como fazemos para achar
forças para não sermos impacientes, frios, indiferentes e outros mais para com
a pessoa que amamos, mas que convivemos por anos...
Resposta: Há muitas coisas boas a se fazer,
para que, depois de anos de casamento, a gente ainda tenha a disposição
psicológica para investir na relação. Um recurso muito bom é começar a fazer
juntos uma coisa prazerosa e diferente, nunca antes experimentada, como, por exemplo:
praticar um esporte, fazer aula de dança, iniciar um curso, participar de
atividades beneficentes, etc. Qualquer atividade desafiadora, que ambos
aceitem fazer com prazer, será fonte de novas trocas e renovará a motivação,
sobretudo é preciso ter claro que o amor não estará em nossas vidas, a não ser
que queiramos colocá-lo nela e a felicidade não é algo que vamos encontrar um
dia, num futuro distante, mas uma opção que podemos fazer agora.
07.Gostaria de saber por que muitas pessoas, na
sua maioria homens, colocam o seu orgulho acima de seus sentimentos mais
belos.
Resposta: Somos Espíritos criados simples e
ignorantes, mas com potencial para atingir a plenitude de ser. Essa é uma lição
básica do Espiritismo. O caminho evolutivo é longo. Vivendo muitas vidas,
iremos preenchendo nossos vazios internos com as virtudes que precisamos fazer
germinar e crescer. Enquanto isso, nossas manifestações na vida de relação com
os nossos semelhantes mostram as imperfeições predominantes em nós mesmos.
Segundo os Espíritos, o orgulho e o egoísmo são as duas raízes de todos os
males. Ainda estão muito presentes em nosso mundo, porque a Terra é um planeta
de provas e expiações, e os Espíritos que aqui encarnam, considerando aquele
caminho evolutivo de que falamos, estão mais próximos do início da jornada que
do seu fim. Precisamos ter paciência com o outro, porque também estamos no
mesmo barco. Temos nossas próprias fragilidades. Ter paciência, contudo,
não é acomodar-se com as coisas como estão, ao contrário, é trabalhar para que
mudem, mudando primeiro a nós mesmos.
08.O que se deve fazer após tentar de toda
maneira não destruir um lar, mas o parceiro de qualquer forma não quer nem
saber, o que ele quer mais é que o mundo se acabe? Como agir?
Resposta: Não podemos fazer a parte que cabe ao
outro. Será preciso respeitar a escolha dele, seja ela qual for. Se você tem
consciência de que fez o que estava no seu limite fazer, chame o companheiro
para um diálogo maduro. Explique sua posição com calma. Diga-lhe o quanto ele é
importante para você e que seu esforço tem sido no sentido de encontrar um
caminho que ambos possam trilhar juntos. Espere que ele fale e procure entender
a posição dele. Peça a ajuda espiritual pela oração, ampare-se na amizade
de pessoas confiáveis e prossiga vivendo, minha amiga. Deus que tudo vê, não a
deixará sem amparo nos momentos difíceis.
09.Quais são as principais causas dos conflitos
conjugais?
Resposta: Há um trecho no livro “Conflitos
Conjugais” que responde a essa indagação: “Precisamos nos conscientizar de
que as pessoas, apesar de terem nascido numa mesma cultura e, às vezes, até do
mesmo pai e da mesma mãe, diferem na maneira de perceber, pensar, sentir e
agir, porque são Espíritos que têm sua trajetória própria, sua individualidade.
As diferenças individuais são inevitáveis, mas essas diferenças não são, em si
mesmas, boas nem más, e deveríamos considerá-las valiosas, porque propiciam
maior riqueza à interação humana. Das diferenças nascem as discussões, as
tensões e insatisfações e os conflitos interpessoais. A partir de idéias e
percepções diferentes, as pessoas se antagonizam.” As causas dos conflitos
conjugais estão também aí. Na pesquisa que empreendemos e resultou no livro,
encontramos as seguintes fontes de conflito na relação matrimonial: adultério,
alcoolismo, obsessão, divórcio, luxúria, falta de diálogo, egoísmo, diferença
religiosa e ciúme.
10.Conflitos conjugais são
"Carmas"?
Resposta: Não. A palavra carma tem uma
conotação de castigo e fatalidade que não cabe aqui. Conflitos são ocorrências
naturais da vida de relação, são inevitáveis na experiência dos seres
encarnados em mundos de provas e expiações, mas não são patológicos, nem
destrutivos. Há muitos aspectos positivos no conflito. Podemos dizer que um
conflito previne a estagnação e estimula o interesse, pois, quando ele se
apresenta, instiga a nossa curiosidade em olhar para o outro, a fim de entender
suas manifestações. Queremos saber porque o outro pensa e sente de forma
diferente. O conflito é positivo também, porque descortina os problemas e,
assim, possibilita encontrar soluções.”
11.Como superar traumas que acabam gerando
sérios conflitos conjugais?
Resposta: Primeiro, precisamos querer mesmo
superar. Há pessoas que gostam do papel de vítima. Se quisermos superar,
podemos procurar ajuda na casa espírita, pois todas oferecem o atendimento
fraterno e o tratamento espiritual, que nos darão idéias novas a respeito de
nós mesmos e da vida, para superarmos o limite pelo qual ainda estamos vendo o
problema. Há também a possibilidade de obter ajuda com os terapeutas do mundo.
Alguns casos atendidos por nós e relatados no livro “Conflitos Conjugais” nos
mostram que os Espíritos recomendam terapia para as pessoas, cuja
problemática se enraíza em processos inconscientes e que não conseguirão
trabalhar esses arquivos internos sozinhas.
12.Por que existem tantos conflitos conjugais?
Maridos bêbados, esposas tiranas, ciúmes doentios, infidelidade, incompreensão,
falta de diálogo, ausência de cumplicidade... Olho ao redor e apesar de todos
terem se casado porque quiseram, os conflitos são enormes...Ficam
enormes...Será que todos erraram ao se casar?
Resposta: Não é que as pessoas erram, ao se
casarem. O que ocorre é uma ausência completa de preparação para o casamento.
As pessoas entram nessa experiência com um ideário romântico que não sustenta
ninguém no embate com a realidade, mas o fator determinante desse quadro
difícil que você descreve está em nós mesmos. As imperfeições das almas num
mundo como o nosso são muitas e dificultam as nossas relações afetivas.
Precisamos começar a nos preocupar em educar para o amor, única maneira de
minimizar esses problemas.
13.Há pessoas espíritas que permanecem casadas
em uniões difíceis, tristes por acharem que é o "seu carma". Isto
está certo? Até que ponto deve-se permanecer casado por causa de um carma ou se
separar independente do carma?
Resposta: Já comentamos anteriormente os
motivos pelos quais não devemos nos prender ao conceito de carma (veja a
resposta à questão 1). O que devemos considerar é que o casamento é uma coisa
séria e a opção pela separação não deve ser tomada, sem que se tente de todas
as formas resolver as dificuldades. O conselho dos Espíritos aos casais é
sempre no sentido de que devem desenvolver as qualidades da alma para
possibilitar um ajustamento harmonioso entre os componentes do grupo familiar
e, quando se instala o conflito, a recomendação é de que se procurem todos
meios de resolução do problema antes de optar pela separação. Mas eles não
dizem que as pessoas estão impedidas de se separarem. Há situações que se
tornam insustentáveis, contudo só os que estão vivendo o problema podem decidir
o caminho a seguir. Não nos cabe incentivar as separações, nem aconselhar a
pessoa a permanecer casada custe o que custar.
14.Existe algum livro atual que poderia nos
esclarecer sobre os conflitos conjugais?
Resposta: Há muitos livros que trabalham com o
tema casamento na bibliografia espírita e na bibliografia não espírita. Todos,
de alguma maneira, acabam tratando dos conflitos conjugais e propondo alguns
caminhos de solução. Nos livros que escrevi: “Os Caminhos do Amor”, “Os
Caminhos da Liberdade” e “Conflitos Conjugais”, há uma bibliografia no final.
Você poderá consultar essas relações como ponto de partida para suas
pesquisas.
15.O que fazer quando a crise existencial que
atinge o cônjuge resvala pra você e ele começa a achar que não é feliz por sua
causa?
Resposta: O melhor caminho é o tratamento
espiritual. Procure uma casa espírita da sua confiança e peça ajuda. O passe e
a água fluidificada lhes darão um reforço energético, para superar a provação.
As reflexões doutrinárias ampliarão a perspectiva de análise do problema e é
possível que o cônjuge infeliz acabe encontrando as verdadeiras raízes da sua
infelicidade. Além disso, se houver a influenciação por espíritos
inferiores, eles serão tratados. Se vocês ainda não fazem a reunião semanal de
estudo do Evangelho no lar, inicie imediatamente, para que os bons Espíritos
trabalhem a ambiência do lar, garantindo a presença de fatores energéticos
edificantes. Se o outro não aceitar a sugestão, faça você o tratamento e
coloque o nome dele para irradiação à distância. Os terapeutas do mundo
também podem ajudar bastante.
16.Fui casado 16 anos, amo minha mulher, e
agora descobri que ela gosta de mulher. Eu a amo, o que fazer?
Resposta: Procure não julgá-la, por causa de
sua opção sexual. Respeite-a como pessoa e ore por ela. Não se escravize à
mágoa, nem se deixe vencer por pensamentos de tristeza. Prossiga sua jornada
terrena, procurando desenvolver sua capacidade de amar, pela dedicação a outros
afetos. Uma coisa muito boa é engajar-se a um trabalho voluntário de apoio a
pessoas que estão passando pesadas expiações: crianças abandonadas,
velhinhos solitários, pessoas miseráveis. As instituições religiosas oferecem a
possibilidade desse trabalho que nos permite ampliar potenciais, conhecer novas
pessoas, renovar-nos intimamente. Sua mulher fez uma escolha e não há nada que
você possa fazer quanto a isso. Jesus disse: “A cada um conforme suas obras.”
17.Quando sua prova é pesada com sua família,
devemos correr,ou sentenciar nossas vontades para fazer a vontade do bem geral
da família?
Resposta: Geralmente essa sensação de carregar
um pesado fardo, em relação à vida familiar se fundamenta nos débitos que
internalizamos de vidas passadas, por não termos resolvido a contento nossos
compromissos afetivos. A vida está dando uma nova chance. Precisamos aprender a
ver dentro de nós mesmos, sondar os motivos verdadeiros da nossa infelicidade,
para que possamos superá-la. Deus não quer a nossa infelicidade, portanto o que
nos infelicita não é determinação d’Ele, mas algo que nasceu de nossas
próprias escolhas. Você pode escolher agora quitar-se com sua consciência, pela
dedicação ao grupo familiar. Mas isso só vale, se você conseguir encontrar a
alegria de estar fazendo isso. Fazer as coisas como um animal que carrega
pesada canga e se dirige ao matadouro, não vai adiantar nada. Procure ajuda espiritual
e, se estiver se sentindo muito frágil, socorra-se com os terapeutas do mundo.
Correr não é o melhor caminho para resolver os desafios da vida.
18.Quando saber a hora em que o relacionamento
se desgastou ao ponto de um divórcio?
Resposta: Emmanuel, com a comparação da relação
conjugal a um corpo doente, deu uma indicação bem clara. Se a relação está tão
doente que está adoecendo também as pessoas envolvidas, inviabilizando sua
encarnação, degenerando em agressões físicas ou morais, e, se já foram tentados
todos os caminhos de resolução do problema, sem êxito, é hora de optar pelo
divórcio, como recurso extremo, para garantir a continuidade do projeto
encarnatório.
19.Participei de um Fórum não espírita e, sim, com
foco na Medicina sobre Sexualidade masculina e foi divulgado o resultado de uma
pesquisa onde dizia que nos casamentos atuais a maioria dos homens se recusavam
a separação por ter "ele" mais necessidade hoje de manter uma família
e que essa não era a preocupação maior da mulher que a pesquisa revela que a
separação se dá mais pela falta do afeto. Achei muito interessante essa
revelação e gostaria que você na visão espírita falasse um pouco.
Resposta: O ser humano é um animal racional,
dotado de pensamento contínuo que necessita de uma complementação
psicofisiológica que lhe garanta a estabilidade emocional e nada melhor que um
relacionamento sexual saudável para essa manutenção. Contudo o relacionamento
que procurasse apenas uma atividade animal dissiparia energias, não traria
satisfação íntima de plenitude. Por isso, todos buscam a parceria amorosa que
possa garantir essa troca em níveis de estabilidade e segurança.
Constituir uma família, pela definição de uma parceria amorosa estável é algo
muito bom e acredito que seja a motivação predominante tanto do homem, quanto
da mulher, ao decidirem casar-se. Do ponto de vista do Espiritismo, homens e
mulheres são iguais perante Deus. Não há Espírito masculino e Espírito
feminino. O Espírito não tem sexo. Mas há diferenças no aspecto
psicológico, pois cada um tem um papel a desempenhar no cenário da vida. A
encarnação em corpos de polaridade masculina permite o desenvolvimento de
valores diferentes daqueles que são desenvolvidos na encarnação feminina. Há
diferenças também culturais. Há uma herança cultural proveniente do sistema
patriarcal que contamina as relações amorosas em nossa sociedade.
Talvez o que essa pesquisa esteja revelando em
relação à mulher seja resultado do momento histórico que estamos vivendo.
Estão as mulheres emergindo de um passado de submissão e subalternidade e
começam a ocupar seu espaço, participando mais decisivamente da construção
de um novo estilo de vida. As pesquisas sociológicas provam que a
supremacia masculina foi obtida pela violência. O homem, dotado pela natureza
de maior força física, utilizou esse recurso para dominar e oprimir o mais
fraco. A mulher, fisicamente mais frágil, porém portadora de maior
sensibilidade, tem sabido adaptar-se aos diferentes contextos, exercendo sempre
uma influência disfarçada no meio social, adestrando-se nas sutilezas da
sedução e do envolvimento. Embora neste século tenhamos caminhado a passos
largos em diversas direções de progresso, esse jogo de força e sedução ainda
predomina nas relações entre homem e mulher, gerando distorções e conflitos
sempre crescentes. O futuro definirá caminhos de igualdade para o homem e
a mulher em todos os planos da vida social. Esse equilíbrio de forças permitirá
que também na vida a dois haja maior harmonia, mas por enquanto há um grande desafio
a vencer, porquanto o mundo em transição representa um contexto de turbulência
que dificulta a todos nós o equilíbrio nas relações afetivas. Os estudos
espíritas podem nos ajudar a entender com mais clareza tudo isso. Quando as
demais ciências vencerem o preconceito em relação às pesquisas espíritas,
certamente alcançaremos a possibilidade de construir a sociedade renovada pela
qual tanto ansiamos.
20.Gostaria de saber o que leva um homem
espírita que aparentemente tem uma excelente vida conjugal, assim ele diz que
tem, a trair a esposa?
Resposta: Em síntese, diríamos que a causa são
as imperfeições morais que ele ainda não conseguiu corrigir, mas poderemos
detalhar alguns fatores que favorecem esse comportamento:
1o - a falta de disciplina das
próprias energias sexuais, o desejo surge como resposta à vivência que valoriza
a matéria e o imediatismo da vida transitória no corpo físico.
2o – a falta de maturidade do senso
moral, que determina uma ligação perispírito/corpo, com um ascendente do corpo
sobre o Espírito.
3o – falta de educação afetiva.
Durante a formação desse homem, prevaleceram valores machistas: homem que é
homem prova isso pela performance sexual.
4o – as facilidades do momento por que passa a
sociedade. Com a
liberação feminina, a mulher tornou-se alguém também com propósitos de vivência
afetivo-sexual desvinculada do comprometimento formal. As
mulheres procuram mais, investem na sensualidade e manifestam um
comportamento liberado, não se importando se o parceiro é casado ou não. Além
disso, a mídia pela propaganda veicula uma mensagem forte de incentivo à
prática sexual desvinculada do compromisso moral. O que é preciso
ressaltar, contudo, é que um homem que seja a encarnação de um Espírito já moralizado
não se deixará arrastar pelos impulsos das paixões, ou pelas influências do
contexto social em que vive. Prevalece, pois, como causa do comportamento
mencionado a inferioridade moral dos Espíritos encarnados na Terra. O
conhecimento da Doutrina Espírita, por si só, não altera o comportamento
do indivíduo. A partir desse conhecimento, cada um deverá empenhar-se em sua
própria reforma moral.
21.No meio Espírita é muito difícil quando um
casal resolve separar, ainda mais quando o homem ou a mulher ou ambos tem
dentro da casa espírita funções de relevância como Presidente, Diretores ...O
que você poderia falar sobre esse assunto já que é irremediável a separação
quando todas as possibilidades já foram tentadas?
Resposta: O preconceito ainda é muito forte na
sociedade e o movimento espírita, sendo produzido por seres formados por essa
sociedade, carrega também essas características. É preciso organizar
seminários, simpósios, mesas redondas, enfim, dinâmicas que permitam uma discussão
desses assuntos, a partir de uma leitura mais adequada da Doutrina Espírita,
para que possamos vencer os preconceitos e criar um movimento mais
compatível com o espírito da Doutrina, que é de conscientização,
responsabilidade e respeito à liberdade que cada um tem de escolher seu próprio
caminho. Jesus disse: “Meus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem.”
O comportamento preconceituoso contra os que se separam, isolando-os dos trabalhos
que poderiam apoiá-los em momentos tão difíceis não é um comportamento amoroso.
22.Se um relacionamento conjugal sobrevive a
várias separações, e mesmo que se sinta uma mudança dos sentimentos (por
exemplos, se o que sentimos pela pessoa hoje difere do amor que devotávamos
antes, passando a ser quase um amor fraterno, menos carnal, a despeito da
libido que essa pessoa ainda nos desperte), pode significar que esse cônjuge
tem comprometimento direto com nosso plano reencarnatório? Ou seja, se
isto pode ocorrer, mas paralelamente ocorra um sentimento de comprometimento
por outra pessoa, de nossa parte, diante da possibilidade de retomar o antigo
relacionamento, qual caminho seguir, quando se pretende atender ao plano
prévio? Há como identificar qual compromisso seguir, de acordo com o planejamento?
Podemos ter acesso a ele, no caso específico de uma escolha de natureza
afetiva?
Resposta: Um planejamento é um roteiro que
traçamos, antes de encarnar, para desenvolvimento de potenciais que trazemos em
estado latente. Como isso aconteceu anteriormente à tomada do corpo físico, as
informações estão em nossa memória profunda e funcionam como uma voz interior
que nos adverte, quando estamos nos desviando do rumo que pretendíamos seguir.
Quanto mais apegados à matéria, menos teremos condições de acessar as
informações que estão nesses arquivos mais profundos e maior será a
probabilidade de erro. Por isso recomendaram os Espíritos o auto-conhecimento.
Conhecer-se é analisar os próprios impulsos, os próprios sentimentos, sondar as
razões pelas quais agimos de um modo e não de outro. Quando estamos envolvidos
nesse processo, desenvolvemos nossa identificação com o ser espiritual que
somos, vencemos os limites da matéria e podemos ouvir com mais clareza a voz
interior que nos orienta e encaminha para o bem. Portanto a única pessoa que
pode responder adequadamente à sua indagação é você mesmo. Lembre-se de que
temos muitos contatos afetivos construídos, ao longo de muitas vidas. Podemos
reencontrar muitos amores numa encarnação, mas devemos ter seriedade de
propósitos e comprometimento com aquela pessoa a quem prometemos fidelidade e
parceria.
23.Serão as diferenças de visão e atuação entre
duas pessoas que se amam, o que se poderia entender por conflitos, quando não
conseguem chegar a um só termo, prova de que devem cultivar a relação, como forma
de aprendizado para ambos?
Resposta: Exatamente. A relação é um exercício
excelente, para aprimoramento das nossas potencialidades. Precisamos entender
que somos diferentes e, por isso, temos percepções diversas de um mesmo fato,
temos opiniões e sentimentos diferentes. Respeitar as diferenças e saber
dialogar sobre elas é o caminho para fazer do conflito uma fonte de
crescimento. O conflito é natural e pode ser até muito positivo. O ruim é a
radicalização e o antagonismo, que nos fazem ver o outro como adversário.
24.O que fazer, diante de uma certeza de
diferença de grau evolutivo entre duas pessoas que se amam e pretendem se
casar: a que entende essa diferença deve interromper o curso dos acontecimentos
ou deve insistir na relação? Se esta intuitivamente sente que não é o momento
certo para esse encontro, não estará impondo um mal à outra?
Resposta: As diferenças de grau evolutivo serão
certamente fonte de muitos conflitos na vida a dois, mas se existir amor
verdadeiramente, aquela pessoa que se encontra num nível maior saberá auxiliar
a outra, sem humilhá-la, a crescer também. A solidariedade é lei divina. Os
mais fortes devem amparar os mais fracos, afirmam os Espíritos. Mas gostaria de
alertar quanto à ilusão que nos faz ver as coisas de uma forma distorcida.
O que lhe faz concluir que há diferença de grau evolutivo? Isso é muito
complexo e você pode estar fazendo uma leitura inadequada de si mesmo e da
outra pessoa. Procure ajuda para entender a situação. Converse com pessoas mais
experientes que conhecem você e a outra pessoa, ouça os conselhos dos mais
velhos. Se necessário, recorra a uma terapia para se conhecer melhor, antes de
tomar uma decisão.
25.Se diante de um momento conflituoso, um dos
cônjuges sente necessidade de romper o compromisso, de se afastar por ser um
problema de ordem individual, e com isso cause grande sofrimento ao outro,
estará incorrendo em erro, estará fazendo mal aquela pessoa, mesmo que entenda
essa atitude como necessária?
Resposta: A separação é sempre uma fonte de
sofrimento, por mais que a gente tente minimizar isso. Não há como evitar a dor
da ruptura dos laços energéticos construídos pelo investimento afetivo que as
pessoas fazem motivadas pelas promessas do tempo de namoro. Naturalmente que
aquele que rompe assume a responsabilidade pelas conseqüências do rompimento,
por isso é preciso ter muito claro para si mesmo que esse é o melhor caminho,
antes de tomar a decisão. Daí a recomendação de Emmanuel de que se faça todo o
esforço possível para manter os laços afetivos e apenas se apele para a
separação, quando a relação estiver tão comprometida, que determine a
destruição do projeto de crescimento afetivo das pessoas envolvidas. Não
se perturbe tanto pela questão do erro. Errar faz parte da vida dos seres encarnados
em mundos de provas e expiações e todos aprendemos também com os nossos erros.
O que não podemos é permanecer no caminho errado, mesmo depois de esclarecidos
quanto aos nossos equívocos.
26.Qual o papel do matrimônio nos planos de
Deus para nós?
Resposta: Deus nos criou simples e ignorantes,
mas aptos a atingirmos a plenitude de ser. Nesse processo de crescimento, as
relações afetivas desempenham um papel preponderante. O homem que se isola não
cresce. Nós nos aprimoramos é no contato com os nossos semelhantes. Na vida de
relação, aprendemos a lidar com os sentimentos, os impulsos, os desejos,
e, assim, vamos nos aperfeiçoando. A princípio, vivendo em bandos, os homens se
relacionavam sexualmente de modo promíscuo. O casamento foi uma instituição que
normatizou a vida sexual das criaturas, definindo responsabilidades. As leis
sociais servem para dar diretrizes às ações das criaturas, permitindo a elas a
disciplina necessária ao trabalho que precisam realizar em prol de sua própria
evolução. Uma sociedade em que se abolisse o casamento e a vida familiar,
como dizem os Espíritos, geraria um recrudescimento do egoísmo. Viver em
família, com responsabilidade e comprometimento, desenvolve os valores da alma.
O casamento é, pois, um exercício maravilhoso para o desenvolvimento da nossa
capacidade de amar.
27.Qual o papel da mulher em relação à solução
dos conflitos conjugais, segundo a visão espírita?
Resposta: Afirmam os Espíritos que, perante
Deus, são iguais o homem e a mulher, pois a ambos outorgou o Pai o
discernimento do bem e do mal e a capacidade de progredir. Mas ensinam também
que as diferenças observadas na organização física servem para designar a
homens e mulheres funções específicas no agrupamento humano. Esclarecem que as
funções atribuídas à mulher são mesmo mais importantes do que aquelas legadas
ao homem, uma vez que cabe à mulher influir mais decisivamente sobre os
seres que renascem, transmitindo-lhes as primeiras noções da vida. Para
desempenhar a função que lhe cabe no seio da família, a mulher foi dotada de
mais intuição e sensibilidade, por isso, se ela quiser, poderá utilizar essa
potencialidade, para entender como o marido se sente e favorecer a harmonização
na relação conjugal.
28.Existe de verdade sob a ótica espírita os
casamentos acidentais? (
índice)Resposta: Não existem casamentos acidentais, porque não há acaso.
Tudo o que nos acontece é resultado da lei de ação e reação. O que podemos
dizer é que nem sempre cumprimos o que definimos em nosso planejamento de vida,
aquele que fizemos antes de encarnar. O casamento resulta de uma escolha que as
pessoas estão fazendo e essa escolha pode ser equivocada, pois não há uma
orientação em nossa cultura, para que os jovens saibam com mais clareza os
motivos verdadeiros de suas escolhas. Geralmente, o apego aos valores
transitórios da vida, acabam nos situando na superfície da experiência e nos
deixamos levar pelas aparências, ou por outros motivos ligados às questões
transitórias. Não nos conhecemos verdadeiramente e, por isso, tomamos decisões
muito inadequadas. O que se precisa saber, contudo, é que depois de feita a
escolha e estabelecido o vínculo, mesmo que ele não seja a realização do plano
anteriormente traçado, ele não é um acidente, pois resultou da escolha
feita com uso do livre-arbítrio e, por isso mesmo, passou a haver um
compromisso que deverá ser encarado com seriedade.
29.Eu e meu marido somos de religiões
diferentes, por isso vivemos discutindo, ele é evangélico eu sou católica e
espírita.....o que faço?
Resposta: Primeiramente, defina a sua posição.
Por que afirmar-se católica e espírita? São duas interpretações do Cristianismo
que diferem em pontos muito essenciais e permanecer na indecisão não vai
ajuda-la em seu crescimento espiritual. É preciso definir-se e assumir um
compromisso com a prática da religião a que finalmente você se vincular. Toda
religião é boa, se orienta a pessoa a ser mais fraterna com os seus
semelhantes, e se for praticada com sinceridade e comprometimento. Em relação
ao seu marido, respeite a opção que ele fez. Não há por que
viver discutindo. Se o seu desejo é convencê-lo a mudar de religião, não é
com palavras que vai consegui-lo. O exemplo de renovação interior, de coerência
na busca dos valores espirituais é que poderão fazer alguma diferença.
30.Como perdoar, de verdade, uma traição?
Apesar de continuar casada e feliz depois de ter sido traída, as vezes, choro,
sofro e fico magoada por ter passado por isso.
Resposta: Modifique seu pensamento, não permitindo
que voltem à tona as lembranças infelizes. Se os fatos já ficaram no passado,
por que ficar revivendo-os pela imaginação?
Kardec ensina o seguinte:"Quando o
Espírito encarnado se lembra, sua memória lhe apresenta, de certo modo, a
fotografia do fato que ele procura. Em geral, os encarnados que o cercam nada
vêem; o álbum se acha em lugar inacessível ao olhar deles; mas, os Espíritos o
vêem e folheiam conosco. Em dadas circunstâncias, podem mesmo, deliberadamente,
ajudar a nossa pesquisa ou perturbá-la" (1).A tendência de ficar lembrando
as coisas ruins pode indicar uma influência espiritual negativa. Procure pensar
nas coisas boas que existem em sua vida e deixe de vez o passado para trás.
Lembre-se de que ser feliz é uma escolha que fazemos a cada dia.
(1) ALLAN KARDEC - Obras Póstumas. Primeira
Parte: Fotografia e Telegrafia do Pensamento.
31.É possível em um casamento quando há
traição, mentiras por parte do marido, haver uma chance de reconciliação?
Resposta: Acredito que sim, desde que ambos se
comprometam e reconstruir a relação com honestidade. Do lado do marido,
precisará haver um esforço grande no sentido de alcançar a disciplina das
próprias energias sexuais e, do lado da esposa, uma disposição para esquecer os
maus acontecimentos, para que a esperança seja o sentimento predominante na
intimidade, orientando a reconstrução. O tratamento espiritual poderá ajudar
muito. O casal deve procurar uma casa espírita de sua confiança para ir
semanalmente tomar os passes e obter a ajuda espiritual. A terapia com
psicanalista e psicólogo também seria um bom recurso.
32.Os conflitos conjugais começam muitas vezes
por cada um dos cônjuges exigir do outro, isto é não "dar-se" ao
outro sem esperar nada em troca. A minha questão é, como evitar estes conflitos
sendo uma das partes irresponsável nas suas tarefas? Será do agrado de Deus uma
parte sobrecarregada e ainda por cima não reclamar?
Resposta: Não. Deus não quer a infelicidade de
suas criaturas, mas a relação a dois é uma construção que ele delega a nós.
Precisamos assumir nossa responsabilidade e definir posições. Quando as pessoas
se casam, estão movidas por um ideal romântico irrealizável, não se prepararam
antes para o casamento, não conversaram sobre os encargos na construção de um
lar. Depois do casamento, é preciso sair do nevoeiro da ilusão, para encarar a
realidade. Algumas pessoas não conseguem fazer isso. Preferem assumir um
comportamento irresponsável e inconseqüente. Nesse caso, é preciso dialogar,
fazer acordos, dispor-se sempre a analisar o problema, sem agredir o outro, sem
fazer cobranças. Chame o companheiro para uma conversa séria. Fale de como a
relação é importante para você, porque o amor que os uniu ainda existe. Depois
tente firmar um acordo, definindo a parte de um e de outro. A partir daí,
faça a sua parte e, se ele não fizer a dele, deixe sem fazer, porque, se você
começar a fazer tudo, ele vai acomodar-se novamente. Volte ao diálogo sempre
que necessário, mas fale com amor e não com irritação e agressividade. Acusações,
lamúrias, queixas, xingamentos não ajudam em nada na resolução de conflitos.
33.Devemos nos calar diante dos erros do
parceiro? Exemplo, quando humilha, dizendo que somos incapazes, inclusive na
frente dos filhos, é melhor nos calarmos, e deixar que os mesmos tirem suas
conclusões?
Resposta: Quando essa atitude acontece, é sinal
que a relação já vem com problemas há mais tempo, sem que os dois tenham se
decidido a encarar de frente a dificuldade que se instalou. Está faltando
diálogo na vida conjugal, o que é fundamental para ajustar duas personalidades
que estão desejando permanecer unidas. O melhor caminho é começar a dialogar.
Você deve dizer claramente como essa atitude dele está afetando você. Fale de
seu sentimento com sinceridade, mas faça isso em conversa particular. A
atitude de desrespeito dele não pode ser desconsiderada, pois ele poderá
extrapolar os limites da agressão verbal, partir para outros tipos de agressão
e criar dificuldades maiores. Faça-se respeitar. Seja amorosa, porém firme em
suas posições.
34.Como abordar o defeito do cônjuge?
Resposta: Para fazermos isso, necessitamos
analisar a nós mesmos, nossos padrões de vida, nossos hábitos, nossas atitudes
cotidianas, para constatar que também temos muitos defeitos. A partir daí,
devemos nos perguntar como gostaríamos que os outros agissem conosco, em relação
às nossas próprias deficiências. Jesus ensinou: Fazei aos outros o que
gostaríeis que eles vos fizessem. Devemos usar esse critério, para saber
como atuar junto ao cônjuge, para conscientizá-lo dos aspectos que precisa
aprimorar em si mesmo. Se agir assim, vai naturalmente encontrar o melhor
caminho a seguir, porque, sendo honesto consigo mesmo, qualquer um vai
reconhecer que não gostaria de ser criticado, de receber recriminações na
frente de terceiros, de ser punido com a indiferença, ou coisas do mesmo
gênero.
Fonte: CVDEE - Centro Virtual de
Divulgação e Estudo do Espiritismo
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