1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é mostrar que a ideia
espírita sempre existiu. Embora Allan Kardec tenha criado os termos Espiritismo
e Espírita, no sentido de estabelecer uma terminologia própria, ele nada
inventou. Quem consultar os livros básicos da Doutrina Espírita verá que ele apenas
organizou, com o auxílio dos Espíritos e dos médiuns, os princípios
fundamentais que consubstanciam o relacionamento entre os encarnados e os
desencarnados.
2. OS FATOS ESPÍRITAS SEMPRE EXISTIRAM
Desde que o homem veio a Terra o seu
relacionamento com os Espíritos jamais cessou. No começo de sua evolução, as
comunicações davam-se pelo sono, através dos sonhos. O homem da caverna
já assistia às materializações dos seus antepassados. J. H. Pires, no
livro O Espírito e o Tempo, traça-nos um roteiro histórico da
evolução do Espírito. Começa no horizonte tribal (mediunismo
primitivo), passa pelo horizonte agrícola (animismo e culto
dos ancestrais), pelo horizonte civilizado (mediunismo
oracular), pelo horizonte profético (mediunismo
bíblico) e termina no horizonte espiritual (mediunidade
positiva).
3. DESCRIÇÃO DOS HORIZONTES
3.1. HORIZONTE TRIBAL
— O antropomorfismo (maneira rudimentar de
interpretação da Natureza do homem), em seus estudos, mostra que, nessa fase,
há um mediunismo primitivo; adoração rudimentar; evocação sem base; força
misteriosa e inexplicável. Nessa fase, e ainda durante muito tempo, verifica-se
a LITOLATRIA (adoração de pedras e rochas); FITOLATRIA (adoração dos vegetais, das
folhas); ZOOLATRIA (adoração dos animais); POLITEÍSMO (adoração de vários
deuses) etc.
3.2. HORIZONTE AGRÍCOLA
— Nessa fase, o homem tem a ideia de que o CÉU é o
DEUS-PAI, e a TERRA é a DEUSA-MÃE, uma vez que, vindos de cima o calor e a
chuva, o primeiro (CÉU) fecundava a segunda (TERRA), sendo esta, na posição de
Mãe, a geradora ou produtora de tudo. Essa crença, de certo modo, ainda existe
em alguns lugares da China e da Índia, hoje. Isso, porque, com raríssimas
exceções, o homem ainda não despertou para o seu interior, mesmo em
civilizações milenares.
3.3. HORIZONTE CIVILIZADO
— Aqui, tem-se, ainda, o conceito de “civilização”
pelo poderio dos impérios: Egito, Assíria, Babilônia, China, Pérsia, e os
reinos de Israel, da Índia etc. Há, nessa fase, como que um “endeusamento” dos
chefes políticos (imperadores e reis). O monarca, senhor absoluto do povo, deve
ser respeitado como um deus. Sua palavra é a verdade absoluta. É o culto e a
crença no indivíduo que encarna o poder. Fase ainda muito materializada, de
muito atraso, mas de pompas.
3.4. HORIZONTE PROFÉTICO
— A fase dos profetas ou do mediunismo bíblico,
quando os homens descobrem o seu poder e se individualizam; aprendem a pensar,
libertando-se dos instintos e passando a formular juízos éticos, jurídicos e
religiosos. Brilha a filosofia grega. Vem o misticismo hindu e o moralismo
chinês. Nasce o conceito de um Ser Supremo, Deus Único.
3.5. HORIZONTE ESPIRITUAL
— Pondo por terra ideias errôneas, o indivíduo
descobre que Deus e o Homem se
assemelham, pois a caminhada evolutiva do ser humano vai até a divindade. O
homem como Espírito, pode chegar à condição de anjo, pelo seu esforço no
bem. A codificação do Espiritismo, por Allan Kardec,
dá base para esse entendimento.
4. OS DOIS GRANDES MARCOS DO ESPIRITISMO
1) O FENÔMENO DE HYDESVILLE — Estado de Nova Iorque, USA, 31.03.1848:
família Fox, protestante, composta de pai, mãe e duas filhas (Kate, 11 anos, e
Margareth, 14 anos). Por uma brincadeira (bater na parede), a filha menor
comunicou-se com o Espírito de um mascate, Charles Hosma, fato comprovado por
mais de 200 pessoas.
2) LANÇAMENTO DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS (18 DE ABRIL DE 1857).
5. A INVASÃO ORGANIZADA
Arthur Conan Doyle, em a História
do Espiritismo diz "é impossível fixar uma data para as
primeiras aparições de uma força inteligente exterior, de maior ou menor
elevação, influindo nas relações humanas. Os espíritas tomaram oficialmente a
data de 31 de março de 1848 como o começo das coisas psíquicas, porque o
movimento foi iniciado naquela data. Entretanto não há época na história do
mundo em que não se encontrem traços de interferências preternaturais e seu
tardio reconhecimento pela humanidade. A única diferença entre esses dois
episódios e o moderno movimento é que aqueles podem ser apresentados como casos
esporádicos de extraviados de uma esfera qualquer, enquanto os últimos têm as
características de uma invasão organizada... Uma data deve ser fixada para
início da narrativa e, talvez, nenhuma melhor que a história do grande vidente
sueco Emmanuel Swedenborg, a partir de 1744, que possui bons títulos para ser
considerado o pai do nosso novo conhecimento dos fenômenos supranormais".
(s.d.p., p. 33). O autor, neste livro, vai analisando em ordem crescente toda a
fenomenologia mediúnica. Relata as experiências de Edward Irving (1830 a 1833),
as de Andrew Jackson Davis (a partir de 1844), as das irmãs Fox (fenômeno de
Hydesville, em 31.03.1848), e assim por diante.
Desta forma, os principais estudos metódicos do
Espiritismo são: As investigações experimentais levadas a efeito com os
instrumentos de precisão pelo professor Robert Hare, de Filadélfia, de 1851 a
1854; as experiências do conde de Gasparin em 1854; os trabalhos da Sociedade
Dialética de Londres, em 1869; os estudos de William Crookes, acerca da força
psíquica, dos movimentos sem contato e das materializações, de 1870 a 1874; as
misteriosas investigações de R. Wallace; os estudos do astrônomo Zoellner, que
o levaram a descobrir a quarta dimensão da matéria; as diversas experiências
feitas com a médium Eusápia Paladino, por numerosos grupos de sábios de
Nápoles, de Milão, Roma, Varsóvia e França etc.
6. DECLARAÇÃO DE ALGUNS SÁBIOS QUE SE RENDERAM AOS
FATOS
Gustave Geley, no seu livro Resumo
da Doutrina Espírita, anota algumas observações de pensadores e
homens ligados à pesquisa científica. Assim:
"Pouco sábios tem havido no mundo tão
incrédulos como eu nas doutrinas chamadas espíritas. Para se convencerem disso,
basta consultar a minha obra Os Loucos e os Anormais, bem como os
meus estudos Sobre o Hipnotismo, nos quais cheguei
mesmo, a insultar os espíritas..." (Lombroso — Anais da
Ciências Psíquicas)
"Mas agora estou confundido e lamento ter
combatido com tanta insistência os fatos chamados espíritas. E digo os
fatos, porque ainda continuo oposto à teoria...” (Lombroso
— Carta a Siolfi).
"Depois de ter assistido em pessoa a diversas
experiências feitas com a médium Eusápia Paladino, posso afirmar sem
reticências a inteira veracidade dos fenômenos observados". (Professor De
Amices, da Universidade de Nápoles).
"Não tive outro remédio senão demolir todo o
edifício das minhas convicções filosóficas, às quais havia consagrado grande
parte de minha vida". (Doutor Masucci)
"Até o dia em que, pela primeira vez,
presenciei os fatos do Espiritismo, eu era um materialista refinado... Era um
céptico, um materialista tão completo, que nem sequer podia conceber a existência
espiritual... Mas os fatos acabaram por me convencer. Obrigaram-me a
aceitá-los como fatos, muito antes de eu
poder admitir a explicação espírita. Nessa altura, ainda não havia no meu
pensamento lugar para semelhante ordem de ideias. Mas, pouco a pouco, a evidência
dos fatos criou um lugar no meu pensamento..." (R. Wallace — O
Moderno
Espiritualismo)
7. O PERÍODO 1848-1857
Depois do fenômeno de Hydesville, em 1848, tivemos
a febre das experiências das mesas girantes, que se alastrou pelo mundo todo.
Foi justamente através desse fenômeno de efeitos físicos que o Espiritismo se
ergueu. Allan Kardec, sendo adepto do magnetismo, tinha um amigo, que era
magnetizador, o Sr. Fortier. Este frequentava as sessões em que as mesas giravam.
O Sr. Fortier lhe disse um dia: "Eis aqui uma coisa que é bem mais
extraordinária: não somente se faz girar uma mesa, magnetizando-a, mas também
se pode fazê-la falar. Interroga-se, e ela responde." — Isso, replicou o
Sr. Rivail, é uma outra questão: eu acreditarei quando vir e quando me tiverem
provado que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir, e que pode
tornar sonâmbula. Até lá, permita-me que não veja nisso senão uma fábula para
provocar sono. (Kardec, 1981, p.14). Passou, depois, a estudar o fenômeno até a
publicação de O Livro dos Espíritos, em 1857.
8. O ESPIRITISMO
O Espiritismo é uma doutrina fundada sobre a
crença de existência de Espíritos e nas suas manifestações. A doutrina
pressupõe um conjunto de princípios. Os princípios são as molas propulsoras de
qualquer Filosofia, Ciência ou Religião. Os princípios espíritas diferem sobremaneira
de outros princípios, principalmente das doutrinas espiritualistas. Nesse
sentido, o Espiritismo difere das religiões pela ausência total de misticismo,
não invocando revelações nem o sobrenatural. O espiritismo só admite fatos
experimentais, com as deduções que deles se desprendem. Também se distingue da
Metafísica ao repelir todo o raciocínio a priori e toda a solução
puramente imaginativa.
9. CONCLUSÃO
O Espiritismo é a síntese de todo o processo
cognitivo. Fornecendo-nos uma dimensão mais acurada do mundo espiritual e do
seu relacionamento com o mundo físico, renova-nos a visão do "eu", do
"nós" e do "mundo" que nos rodeia. Baseando-se nos fatos
experimentais, os Espíritas têm mais facilidade de estabelecer um vínculo
racional entre o materialismo e o espiritualismo.
Sérgio Biagi Gregório
10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
DOYLE, A. C. História do Espiritismo.
São Paulo, Pensamento, s.d.p.
PIRES, J. H. O Espírito e o Tempo -
Introdução Antropológica do Espiritismo. 3. Ed., São Paulo,
Edicel, 1979.
GELEY, G. Resumo da Doutrina Espírita. 3. ed.,
São Paulo, Lake, 1975.
KARDEC, A. O Que é o Espiritismo. 23. ed.,
Rio de Janeiro, FEB, 1981.
O CONSOLADOR PROMETIDO
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é mostrar que a doutrina
codificada por Allan Kardec ajusta-se perfeitamente ao texto do evangelista
João sobre o Consolador Prometido. Para que possamos entender o alcance
daquelas palavras, convém refletirmos sobre os ensinamentos trazidos por Jesus
e o que os homens fizeram deles ao longo do tempo.
2. AS TRÊS REVELAÇÕES
Até o advento do Espiritismo, tínhamos duas
revelações:
1.ª) Moisés e o Decálogo;
2.ª) Jesus Cristo e a Lei do Amor.
Estas duas primeiras revelações foram pessoais e
locais. Há, por exemplo, duas partes distintas na lei mosaica: a lei de Deus,
promulgada sobre o Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por
Moisés; uma invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo,
que se modifica com o tempo. Jesus não veio destruir a lei de Deus; ele
veio cumpri-la, que dizer desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido, e
apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens. Em realidade, os seus
ensinamentos constituem o 11.º mandamento, expresso nos seguintes dizeres:
"Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo".
A 3.ª revelação, que é o Espiritismo, não foi nem
local e nem pessoal. Foram os Espíritos que a ditaram. Allan Kardec foi apenas
o Codificador, o organizador.
3. O TEXTO EVANGÉLICO
"Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e
eu pedirei a meu Pai, e ele vos enviará um outro Consolador, a fim de que
permaneça eternamente convosco: o Espírito de Verdade que o mundo não pode
receber, porque não o vê e não o reconhece. Mas quanto a vós, vós o conhecereis
porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas o Consolador, que é o
Santo-Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e
vos fará relembrar de tudo àquilo que eu vos tenha dito". (São João, cap.
XIV, v. 15 a 17 e 26)
Se, pois, o Espírito de verdade deve vir mais
tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não disse tudo; se ele vem fazer
recordar aquilo que o Cristo disse, é porque isso foi esquecido ou mal
compreendido.
4. O ESPÍRITO DE VERDADE
O Espírito de Verdade diz: "Espírita!
Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as
verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de
origem humana".
Mas o que se deve entender como Espírito de
verdade?
De acordo com J. H. Pires, em Revisão
do Cristianismo, "O Espírito da verdade não é uma entidade
definida, uma criatura humana ou espiritual, mas simplesmente a essência do
ensino de Jesus, que se restabeleceria através dos homens que mais rapidamente
se aproximassem da sua verdadeira compreensão". (1983, p. 9) A breve
síntese do texto, que se expressa em "ensinar e relembrar", mostra
que a visão do Mestre abrangia todo o panorama das transformações históricas de
um longo futuro.
5. O CRISTIANISMO
5.1. VISÃO GERAL
O Cristianismo surge na confluência do misticismo
oriental, do messianismo judeu, do pensamento grego e do Universalismo romano.
O núcleo da doutrina cristã é a fé num Deus revelado como Trindade, o Pai, o
Filho e o Espírito Santo, crença comum a todas as igrejas. É uma religião
monoteísta que coloca em primeiro plano a comunhão com Deus, o Pai, por
intermédio de seu filho Jesus Cristo, o Salvador da Humanidade.
O Cristianismo, religião dos cristãos, está
centrado na vida e obra de Jesus Cristo. À semelhança de Sócrates, Cristo não
nos deixou nada escrito. Seus ensinamentos são anotados pelos apóstolos e
passam, mais tarde, a constituir os Evangelhos. A palavra Evangelho, no
singular, representa a unidade do pensamento de Jesus, ou seja, o alegre
anúncio; no plural, a diversidade de interpretação dos evangelistas. Por isso,
dizemos o Evangelho segundo Mateus, o Evangelho segundo Lucas, o Evangelho
segundo Marcos e o Evangelho segundo João.
5.2. AMBIENTE POLÍTICO-RELIGIOSO
O povo judeu, ao qual Jesus e os apóstolos
pertenciam, fazia parte do grande império romano que estendia as asas das suas
águias do Atlântico ao Índico. O jugo romano, porém, pesava de modo especial
sobre a Palestina ao contrário dos outros povos.
O ambiente histórico-religioso em que o Evangelho
nasceu é o do judaísmo formado e alimentado pelos livros sacros do Antigo
Testamento, condicionado pelos acontecimentos históricos, pelas instituições
nas quais se encontrou inserido e pelas correntes religiosas que o especificaram.
Embora o cristianismo seja uma religião revelada,
diferente da judaica, apareceu historicamente como continuação e
aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. Jesus era um
judeu, que nasceu e viveu na Palestina. Os apóstolos eram todos da sua gente e
da sua religião.
Por isso, nos Evangelhos encontramos descrições,
alusões e referências a pessoas, instituições, ideias e práticas religiosas do
ambiente judaico, frente às quais Jesus e os apóstolos tomaram posição,
aceitando-as ou rejeitando-as. (Battaglia, 1984, p. 118)
5.3 ALTERAÇÃO DO CRISTIANISMO: OS DOGMAS
A divulgação do Evangelho, desde as suas primeiras
manifestações, não foi tarefa fácil. A começar pela construção desses
conhecimentos — realizada sob um clima de opressão —, pois o jugo romano, como
vimos anteriormente, pesava de maneira especial sobre a Palestina. As mortes
dos primeiros cristãos, nos circos romanos, ainda ecoa de maneira indelével em
nossos ouvidos. Além disso, tivemos que assistir à ingerência política em
muitas questões de conteúdo estritamente religioso. Fomos desfigurando o
Cristianismo do Cristo para aceitarmos o Cristianismo dos vigários, como disse
o Padre Alta. A fé, o principal alimento da alma, torna-se dogmática nas mãos
de políticos e religiosos inescrupulosos. Para ganhar os céus, tínhamos que
confessar as nossas culpas, pagar as indulgências e obedecermos aos inúmeros
dogmas criados pela Igreja: o dogma do pecado original, o dogma da
infalibilidade papal, o dogma da Santíssima Trindade etc. Este desvirtuamento
da pureza religiosa que o Cristo nos trouxe, retirou da religião quase tudo o
que ela tinha de divino, sobrando apenas às injunções humanas, limitadas e
repletas de interesses pessoais.
6. ESPIRITISMO
"O Espiritismo vem, no tempo marcado, cumprir
a promessa do Cristo: o Espírito de Verdade preside a sua instituição, chama os
homens à observância da lei e ensina todas as coisas em fazendo compreender o
que o Cristo não disse senão por parábolas. O Cristo disse: "Que ouçam os
que têm ouvidos de ouvir"; o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos,
porque fala sem figuras e sem alegorias; ele ergue o véu deixado
propositadamente sobre certos mistérios, vem, enfim, trazer uma suprema
consolação aos deserdados da Terra e a todos aqueles que sofrem, dando uma
causa justa e um fim útil a todas as dores”. (Kardec, 1984, p. 97)
Debruçando-nos sobre o princípio da reencarnação,
encontramos explicações para todos os nossos sofrimentos: se nos falta uma
perna, podemos supor que numa encarnação passada a usamos de modo indevido; se
sofremos a prova da pobreza, podemos imaginar que já fomos ricos em outras
oportunidades e não soubemos usar o dinheiro a favor do próximo.
7. CONCLUSÃO
O Espiritismo tem resposta para todas as nossas
dúvidas e consolo para todos os nossos dissabores. É preciso, pois, penetrar
nele com um sentimento de humildade e de agradecimento a Deus.
Sérgio Biagi Gregório
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BATTAGLIA, 0. Introdução
aos Evangelhos — Um Estudo Histórico-crítico. Rio de Janeiro, Vozes,
1984.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39.
ed., São Paulo, IDE, 1984.
PIRES, J. H. Revisão do Cristianismo.
2. ed., São Paulo, Paidéia, 1983.
ALLAN
KARDEC
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é refletir sobre a vida e
obra de Allan Kardec e as razões pelas quais ele organizou o conteúdo
doutrinário do Espiritismo. Tencionamos, assim, formar uma linha psicológica do
Codificador, no sentido de melhor entender a sua nobre missão.
2. DADOS BIOGRÁFICOS
Hippolyte-Léon Denizard Rivail — Allan
Kardec — nasceu no dia 03 de outubro de 1804, às 19 horas, na Cidade de Lyon,
na França. Seu pai, Jean-Baptiste-Antoine Rivail, era magistrado, juiz de
direito; sua mãe, Jeanne Duhamel, era professora; sua esposa, Amélie Grabielle
Boudet, também, era professora. Como homem podemos dizer que foi professor,
escritor, filósofo e cientista. Faleceu no dia 31 de março de 1869, com 64 anos
de idade.
3. AS CIRCUNSTÂNCIAS HISTÓRICAS
Depois da Idade Média, em que se atrofiou o
espírito crítico, vimos, em todo o globo, o aparecimento de novas ideias,
quer seja na ciência, na filosofia, na religião etc. As ciências tornaram-se teórico-experimentais,
ou seja, toda a hipótese levantada deveria ser comprovada pelos fatos. A
Filosofia foi sensivelmente influenciada pelo racionalismo de Descartes, pelo
positivismo de Comte e pelo realismo crítico de Kant. Em outros campos de
conhecimento, lembramo-nos de Franz Anton Mesmer (1734-1815) e da sua
descoberta da teoria do magnetismo animal (1779). Afirmava existir um fluido
que interpenetrava tudo, dando, às pessoas, propriedades análogas àquelas do
ímã. Em 1787, o marquês de Puysegur descobre o sonambulismo. Em 1841, Braid
descobre o hipnotismo. Charcot o estuda metodicamente; Liebault o aplica à
clínica; Freud o utiliza ao criar a Psicanálise. No campo político, o advento
do Parlamentarismo na Inglaterra, em 1688, a Independência dos Estados Unidos,
em 1776 e a Revolução Francesa, em 1789 consolidaram os preceitos de liberdade
que o mundo necessitava. Contudo, de acordo com o Espírito Emmanuel, em A
Caminho da Luz, alguns Espíritos incumbidos de implantar a
liberdade em nosso planeta não conseguiram levar avante as suas missões. Marat
e Robespierre pelos excessos de violência durante o período revolucionário e
Napoleão Bonaparte pela escravidão de outros povos, por exemplo, criaram uma
espécie de provação coletiva para o povo francês.
4. CAUSAS DO APARECIMENTO DO ESPIRITISMO EM FRANÇA
Podemos apontar pelo menos três causas para o
surgimento do Espiritismo na França:
1.ª) sendo o Espiritismo o Consolador Prometido,
os seus princípios codificados, já serviriam para mitigar as provações
coletivas da França;
2.ª) a França havia se tornado o centro cultural
do mundo ocidental, e tudo o que ali fosse feito, teria uma repercussão
mundial;
3.ª) Allan Kardec, na época de Júlio César, vivera
nas Gálias, região que representa a França atual.
5. PESTALOZZI
João Henrique Pestalozzi (1746-1827) é talvez a
personagem mais importante da história da pedagogia. Desenvolveu suas ideias em
conexão com experiências pedagógicas práticas, na Suíça, seu país de origem.
Dedicou-se especialmente à educação de crianças órfãs e abandonadas. Desejava
que se chegasse a um desenvolvimento harmônico da mente, do coração e da mão. A
leitura de Emílio, de Rousseau, romance sobre educação, levou-o a divulgar e
aplicar as ideias pedagógicas expostas nesta obra, considerando que a solução
para os problemas sociais deveria ser procurada na reforma do ensino. Empregou
o método indutivo. Dizia que as atividades dos alunos deveriam partir do
simples para o complexo, do conhecido para o desconhecido, do particular para o
geral, do concreto para o abstrato.
6. KARDEC, ALUNO DE PESTALOZZI
De acordo com Henri Sausse, em seu discurso sobre
a Biografia de Allan Kardec, Rivail Denizard fez em Lião os seus
primeiros estudos e completou em seguida a sua bagagem escolar, em Yverdun
(Suíça), com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou um dos mais
eminentes discípulos, colaborador inteligente e dedicado. Aplicou-se, de todo o
coração, à propaganda do sistema de educação que exerceu tão grande influência
sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha. Muitíssimas vezes, quando
Pestalozzi era chamado pelos governos, um pouco de todos os lados, para fundar
institutos semelhantes ao de Yverdun, confiava a Denizard Rivail o encargo de substituí-lo
na direção da sua escola. O discípulo tornado mestre tinha, além de tudo, com
os mais legítimos direitos, a capacidade requerida para dar boa conta da tarefa
que lhe era confiada. Era bacharel em letras e em ciências e doutor em medicina,
tendo feito todos os estudos médicos e defendido brilhantemente sua tese. Linguista
insigne conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e
o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta
língua.
7. ESCRITOS SOBRE EDUCAÇÃO
Allan Kardec, membro de várias sociedades sábias,
notadamente da Academia Real d’Arras, foi premiado, por concurso, em 1831, pela
apresentação da sua notável memória: Qual o sistema de estudo mais em harmonia com as
necessidades da época?
Dentre as suas numerosas obras convém citar, por
ordem cronológica:
Plano apresentado para o melhoramento da instrução
pública, em 1828;
Curso prático e teórico de aritmética, em 1829;
Gramática francesa clássica, em 1831;
Manual dos exames para obtenção dos diplomas de
capacidade, em 1846;
Catecismo gramatical da língua francesa, em 1848;
Ditados normais dos exames na Municipalidade e na
Sorbona; Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas, em 1849.
8. COMEÇO DA CODIFICAÇÃO ESPÍRITA
Foi em 1854 que o Sr. Rivail ouviu pela primeira
vez falar nas mesas girantes, a princípio do Sr. Fortier, magnetizador, com o
qual mantinha relações, em razão dos seus estudos sobre o Magnetismo. O Sr.
Fortier lhe disse um dia: “Eis aqui uma coisa que é bem mais extraordinária:
não somente se faz girar uma mesa, magnetizando-a, mas também se pode fazê-la
falar. Interroga-se, e ela responde.”
- Isso, replicou o Sr. Rivail, é uma outra
questão; eu acreditarei quando vir e quando me tiverem provado que uma mesa tem
cérebro para pensar, nervos para sentir, e que se pode tornar sonâmbula. Até
lá, permita-me que não veja nisso senão uma fábula para provocar o sono.
Tal era a princípio o estado de espírito do Sr.
Rivail, tal o encontraremos muitas vezes, não negando coisa alguma por parti
pris, mas pedindo provas e querendo ver e observar para crer; tais
nos devemos mostrar sempre no estudo tão atraente das manifestações do Além.
9. AS SUAS DUAS ENCARNAÇÕES PASSADAS
1.ª) COMO SACERDOTE DRUIDA
Segundo os historiadores, o pseudônimo Allan
Kardec decorre do fato de que, no início do seu trabalho de pesquisa sobre
o Espiritismo, estando Denizard Rivail consciente de que
tudo acontecia em relação aos indivíduos, quando ainda parecia mistério,
baseava-se na Reencarnação (princípio das vidas sucessivas e interdependentes),
um Espírito lhe revelou que, desde remotas
existências, já o conhecia, pois o mesmo fora, em vida física passada no solo
francês, um DRUÍDA com o nome de ALLAN KARDEC.
Como observação, esclarecem os historiadores que
o Druidismo é a religião dos druidas, sacerdotes
pagãos dos povos celtas que habitavam a Gália e a Bretanha no período anterior
ao Cristianismo, mais especificamente entre o século II A.C. e o século II, D.C.
O Druida, por sua vez, era o nome pelo qual era
identificado, entre os Celtas, importante grupo social que desempenhava
variadas funções, sendo os responsáveis por manutenção e guarda dos valores da
civilização céltica. Acrescentam ainda que os sacerdotes druidas se
posicionavam contrários “à construção de templos e à representação dos Deuses
ou Espíritos”.
2.ª) COMO JOÃO HUSS
João Huss nasceu em Hussinet, perto de
Fichtelgebirge, na Boêmia, cerca da fronteira bávara e do limite linguístico
entre o alemão e o checo, em 1373, e morreu queimado na fogueira em 1415. Huss
foi influenciado pelas ideias de Wiclef (1333-1384), teólogo e reformador
inglês. Wiclef desenvolveu alguns tratados sobre odominiun, ou
seja, a ideia de que o poder vem de Deus e apenas é legítimo naqueles que se
encontram em estado de graça. As suas teses contrariavam os interesses da
Igreja católica: expressava-se contra o poderio papal, os votos religiosos, os
benefícios e riquezas do clero, as indulgências e a concepção tradicional
acerca do sacerdócio.
Huss, como professor da Universidade de Praga,
distinguiu-se nas discussões mais abstratas e no conhecimento de Aristóteles,
da Bíblia e dos Santos Padres. Como tradutor das obras de Wiclef, propagou
várias teses antidogmáticas. Baseando-se nos escritos de Wiclef, negou a necessidade
de confissão auricular, atacou como idolátrico o culto de imagens, da Virgem
Maria e dos Santos e a infalibilidade papal. Com isso, teve a ira do clero
contra a sua pessoa, que após várias admoestações acabou sendo queimado no dia
06/07/1415. Ao seu lado morreu Jerônimo de Praga. (Enciclopédia Luso-Brasileira
de Cultura)
10. OBRAS BÁSICAS
As Obras Básicas, também,
cognominadas de Pentauteco Espírita, compõem-se dos seguintes livros :
O Livro dos Espíritos (1857);
O Livro dos Médiuns - ou Guia dos Médiuns e dos
Doutrinadores (1861);
O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864);
O Céu e o Inferno - ou Justiça Divina Segundo o
Espiritismo (1865);
A Gênese - os Milagres e as Predições Segundo o
Espiritismo (1868).
Porém, além destes livros, Kardec escreveu também:
O que é o Espiritismo (1859);
O Espiritismo em sua Expressão Mais Simples
(1862);
Viagem Espírita (1862);
Obras Póstumas (1.ª edição — 1890);
Revista Espírita, periódico mensal (1.ª edição —
1.º de janeiro de 1858)
11. UNIVERSALIDADE DOS PRINCÍPIOS
A característica fundamental do Espiritismo é a
UNIVERSALIDADE dos seus princípios.
Para que o conteúdo doutrinário não ficasse
restrito à autoridade de um único Espírito ou de um único médium, Kardec
submetia toda a manifestação mediúnica ao crivo da razão. Apoiando-se no método
teórico-experimental das ciências naturais, cruzava as diversas respostas dadas
por diversos Espíritos a diversos médiuns espalhados pelo mundo inteiro. Assim
sendo, dizia que "a única garantia séria do ensinamento dos Espíritos está
na concordância que existe entre as revelações feitas espontaneamente, por
intermédio de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em
diversos lugares". (Kardec, 1984, p. 11 a 18)
12. CONCLUSÃO
O Espiritismo está penetrando no rádio, na
televisão e nos demais meios de comunicação social. Sendo assim, é imperioso
conhecermos alguns fatos da vida do seu Codificador. Sem esse esforço de nos
inteiramos da sua obra, da sua abnegação, do seu estado de espírito, jamais
alcançaremos a plena compreensão da Doutrina dos Espíritos.
Sérgio Biagi Gregório
13. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Verbo, s. d. p.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39.
ed., São Paulo, IDE, 1984.
KARDEC, A. O Que é o Espiritismo. 23. ed.,
Rio de Janeiro, FEB, 1981.
XAVIER, F. C. A Caminho da Luz - História
da Civilização à Luz do Espiritismo, pelo Espírito Emmanuel.
Rio de Janeiro, FEB, 1972.
14. LIVROS QUE TRATAM DA VIDA E OBRA DE ALLAN
KARDEC
AMORIM, D. Allan Kardec. 2. ed., Minas Gerais,
Instituto Maria, 1976.
IMBASSAHY, C. A Missão de Allan Kardec.
2. ed., Curitiba, FEP, 1988.
MOREIL, A. Vida e Obra de Allan Kardec. 4. ed.,
São Paulo, Edicel, 1977.
SAUSSE, H. Biografia de Allan Kardec. São Paulo,
Lake, 1972.
WANTUIL, Z. (Org.) Grandes
Espíritas do Brasil. Rio de Janeiro, FEB, 1968.
WANTUIL, Z. e THIESEN, F. Allan
Kardec: Meticulosa Pesquisa Biobibliográfica. Rio de Janeiro, FEB.
EM NOSSO AUXÍLIO
Cada manhã, enderecemos a Deus o nosso reconhecimento pelas bênçãos da vida.
Agradeçamos com alegria o privilégio de trabalhar.
Recorde que servir é o nosso melhor investimento.
Observe com otimismo as dificuldades que apareçam, interpretando-as por lições necessárias.
Compreendamos que as Leis da Vida estão funcionando nas ocorrências do dia-a-dia e aceitemos as provações e as adversidades com paciência.
Controle as próprias emoções, de modo a falar sem ferir.
Coloque sobriedade no programa de seus hábitos.
Não abrigue rancor em momento algum.
Estime as pessoas como são sem exigir que elas se façam a seu modo.
Em qualquer tempo, conserva a certeza de que o bem aos outros, conforme as Leis de Deus será sempre o melhor que você fará em auxílio a você mesmo.
Pelo Espírito ANDRÉ LUIZ
Do livro: BUSCA E ACHARÁS
Psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Cada manhã, enderecemos a Deus o nosso reconhecimento pelas bênçãos da vida.
Agradeçamos com alegria o privilégio de trabalhar.
Recorde que servir é o nosso melhor investimento.
Observe com otimismo as dificuldades que apareçam, interpretando-as por lições necessárias.
Compreendamos que as Leis da Vida estão funcionando nas ocorrências do dia-a-dia e aceitemos as provações e as adversidades com paciência.
Controle as próprias emoções, de modo a falar sem ferir.
Coloque sobriedade no programa de seus hábitos.
Não abrigue rancor em momento algum.
Estime as pessoas como são sem exigir que elas se façam a seu modo.
Em qualquer tempo, conserva a certeza de que o bem aos outros, conforme as Leis de Deus será sempre o melhor que você fará em auxílio a você mesmo.
Pelo Espírito ANDRÉ LUIZ
Do livro: BUSCA E ACHARÁS
Psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Anjos Guardiães
É uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos pelo seu encanto e pela sua doçura: a dos anjos guardiães. Pensar que se têm, junto de si, seres que vos são superiores, que
estão sempre aí para vos aconselhar, vos sustentar, para vos ajudar a escalar a áspera
montanha do bem, que são amigos mais seguros e mais devotados que as mais íntimas
ligações que se possa contrair nesta Terra, não é uma ideia bem consoladora? Esses seres
estão aí por ordem de Deus; foi ele quem os colocou junto de nós, e estão aí pelo amor dele,
e cumprem, junto de nós, uma bela, mas penosa missão. Sim, em qualquer parte que
estejais ele estará convosco: os calabouços, os hospitais, os lugares de deboche, a solidão,
nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas do qual vossa alma sente os mais
doces impulsos e ouve os sábios conselhos.
Por que não conheceis melhor essa verdade! Quantas vezes ele vos ajudou nos momentos de crise, quantas vezes vos salvou das mãos de maus Espíritos! Mas, no grande dia, esse anjo
do bem terá, frequentemente, a vos dizer: "Não te disse isso? E tu não o fizeste. Não te
mostrei o abismo, e tu nele te precipitaste; não te fiz ouvir na consciência a voz da verdade,
e não seguiste os conselhos da mentira?" Ah! Questionai vossos anjos guardiães; estabelecei,
entre ele e vós, essa ternura íntima que reina entre os melhores amigos. Não penseis em não
lhes ocultar nada, porque são os olhos de Deus, e não podeis enganá-los. Sonhai com o futuro,
procurai avançar nesse caminho, vossas provas nele serão mais curtas vossas existências
mais felizes. Ide! Homens de coragem; lançai longe de vós, uma vez por todas, preconceitos
e dissimulações; entrai no novo caminho que se abre diante de vós; caminhai, caminhai,
tendes guias, segui-os: o objetivo não pode vos faltar, porque esse objetivo é o próprio Deus.
Àqueles que pensam que é impossível a Espíritos verdadeiramente elevados se sujeitarem a uma tarefa tão laboriosa e de todos os instantes, diremos que influenciamos vossas almas
estando a vários milhões de léguas de vós: para nós o espaço não é nada, e mesmo vivendo
em um outro mundo, nossos espíritos conservam sua ligação com o vosso. Gozamos de
qualidades que não podeis compreender, mas estejais seguros que Deus não nos impôs uma
tarefa acima de nossas forças, e que não vos abandonou sozinhos na Terra, sem amigos e
sem sustentação. Cada anjo guardião tem o seu protegido, sobre o qual ele vela, como um
pai vela sobre seu filho; ele é feliz quando o vê seguir o bom caminho, e geme quando seus
conselhos são desprezados.
Não temais nos cansar com vossas perguntas; ficai, ao contrário, em relação conosco: sereis mais fortes e mais felizes. São essas comunicações, de cada homem com seu Espírito
familiar, que fazem todos os homens médiuns, médium ignorados hoje, mas que se
manifestarão mais tarde, e que se espalharão como um oceano sem limites para refluir a
incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instruí; homens de talento elevai vossos
irmãos. Não sabeis que obra cumpris assim: é a do Cristo, aquela que Deus vos impôs. Por
que Deus vos deu a inteligência e a ciência, se não para partilhá-las com vossos irmãos,
certamente para avançá-los no caminho da alegria e da felicidade eterna.
São Luís, Santo Agostinho.
Nota. - A doutrina dos anjos guardiães, velando sobre seus protegidos, apesar da distância
que separa os mundos, nada tem que deva surpreender; ela é, ao contrário, grande e
sublime. Não vedes sobre a Terra, um pai velar sobre seu filho, embora dele esteja distante,
ajudar com seus conselhos por correspondência? Que haveria, pois, de espantoso que os
Espíritos possam guiar aqueles que tomam sobre sua proteção, de um mundo ao outro, uma
vez que, para eles, a distância que separa os mundos é menor que aquela que, na Terra,
separa os continentes?
Allan Kardec
Revista Espírita Janeiro de 1859.
É uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos pelo seu encanto e pela sua doçura: a dos anjos guardiães. Pensar que se têm, junto de si, seres que vos são superiores, que
estão sempre aí para vos aconselhar, vos sustentar, para vos ajudar a escalar a áspera
montanha do bem, que são amigos mais seguros e mais devotados que as mais íntimas
ligações que se possa contrair nesta Terra, não é uma ideia bem consoladora? Esses seres
estão aí por ordem de Deus; foi ele quem os colocou junto de nós, e estão aí pelo amor dele,
e cumprem, junto de nós, uma bela, mas penosa missão. Sim, em qualquer parte que
estejais ele estará convosco: os calabouços, os hospitais, os lugares de deboche, a solidão,
nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas do qual vossa alma sente os mais
doces impulsos e ouve os sábios conselhos.
Por que não conheceis melhor essa verdade! Quantas vezes ele vos ajudou nos momentos de crise, quantas vezes vos salvou das mãos de maus Espíritos! Mas, no grande dia, esse anjo
do bem terá, frequentemente, a vos dizer: "Não te disse isso? E tu não o fizeste. Não te
mostrei o abismo, e tu nele te precipitaste; não te fiz ouvir na consciência a voz da verdade,
e não seguiste os conselhos da mentira?" Ah! Questionai vossos anjos guardiães; estabelecei,
entre ele e vós, essa ternura íntima que reina entre os melhores amigos. Não penseis em não
lhes ocultar nada, porque são os olhos de Deus, e não podeis enganá-los. Sonhai com o futuro,
procurai avançar nesse caminho, vossas provas nele serão mais curtas vossas existências
mais felizes. Ide! Homens de coragem; lançai longe de vós, uma vez por todas, preconceitos
e dissimulações; entrai no novo caminho que se abre diante de vós; caminhai, caminhai,
tendes guias, segui-os: o objetivo não pode vos faltar, porque esse objetivo é o próprio Deus.
Àqueles que pensam que é impossível a Espíritos verdadeiramente elevados se sujeitarem a uma tarefa tão laboriosa e de todos os instantes, diremos que influenciamos vossas almas
estando a vários milhões de léguas de vós: para nós o espaço não é nada, e mesmo vivendo
em um outro mundo, nossos espíritos conservam sua ligação com o vosso. Gozamos de
qualidades que não podeis compreender, mas estejais seguros que Deus não nos impôs uma
tarefa acima de nossas forças, e que não vos abandonou sozinhos na Terra, sem amigos e
sem sustentação. Cada anjo guardião tem o seu protegido, sobre o qual ele vela, como um
pai vela sobre seu filho; ele é feliz quando o vê seguir o bom caminho, e geme quando seus
conselhos são desprezados.
Não temais nos cansar com vossas perguntas; ficai, ao contrário, em relação conosco: sereis mais fortes e mais felizes. São essas comunicações, de cada homem com seu Espírito
familiar, que fazem todos os homens médiuns, médium ignorados hoje, mas que se
manifestarão mais tarde, e que se espalharão como um oceano sem limites para refluir a
incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instruí; homens de talento elevai vossos
irmãos. Não sabeis que obra cumpris assim: é a do Cristo, aquela que Deus vos impôs. Por
que Deus vos deu a inteligência e a ciência, se não para partilhá-las com vossos irmãos,
certamente para avançá-los no caminho da alegria e da felicidade eterna.
São Luís, Santo Agostinho.
Nota. - A doutrina dos anjos guardiães, velando sobre seus protegidos, apesar da distância
que separa os mundos, nada tem que deva surpreender; ela é, ao contrário, grande e
sublime. Não vedes sobre a Terra, um pai velar sobre seu filho, embora dele esteja distante,
ajudar com seus conselhos por correspondência? Que haveria, pois, de espantoso que os
Espíritos possam guiar aqueles que tomam sobre sua proteção, de um mundo ao outro, uma
vez que, para eles, a distância que separa os mundos é menor que aquela que, na Terra,
separa os continentes?
Allan Kardec
Revista Espírita Janeiro de 1859.
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