Para compreendermos a lei da reencarnação,
antes é importante saber da existência de outra lei divina, a que rege o
esquecimento das vidas passadas quando reencarnamos.
Deus não erra, nunca. Logo, por ser uma lei
divina, ela é boa, útil e necessária.
Se esquecemos o passado deixando de lembrar
quem fomos e o que fizemos em outras vidas anteriores, isso assim ocorre para
que sejamos preservados de conflitos íntimos perturbadores.
É fácil entender isso! Cada um de nós sente na
vida atual a aplicação dessa lei de Deus. Afinal, quem se lembra, com perfeita
exatidão e riqueza de detalhes, a personalidade que viveu em cada
uma das vidas passadas?
Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”,
perguntou e os espíritos iluminados esclareceram sobre esse assunto.
Esquecimento do passado
392. Por que perde o Espírito
encarnado a lembrança do seu passado?
“Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus
assim o quer em Sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria
ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro. Esquecido de
seu passado ele é mais senhor de si.”
(O
Livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. 91 ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2008. Questão 392. P. 242.)
Também no livro “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, encontramos no capítulo V, item 11, outra valiosa explicação
sobre as especificidades dessa lei divina:
“Havendo Deus entendido de lançar um véu
sobre o passado, é que há nisso vantagem”. Com efeito, a lembrança traria
gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos
singularmente, ou então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio.
Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações
sociais.
Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo
meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a
fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem
odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele
se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.
Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus,
precisamente, o de que necessitamos e nos basta: a voz da consciência e as
tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial."
(O
Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro.
FEB. 79ª ed. 1980. Capítulo V, item 11. P. 109)
A lei que rege o esquecimento do passado foi
determinante para que João Batista não se lembrasse com exatidão que era a
reencarnação do profeta Elias, embora tivesse consciência da sua missão de
anunciar a chegada do Messias.
João Batista assim responde às perguntas dos
sacerdotes e levitas:
" (...) - Quem és tu? Disse João Batista:
Eu não sou o Cristo. E perguntaram-lhe: Então quem és? És tu Elias? E disse:
Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não. Disseram, pois. Quem és? Para que
demos respostas àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou
a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o
profeta Isaías.".
(Evangelho
de João, 1:19-23. Bíblia Sagrada traduzida por João Ferreira de Almeida. 4ª
impressão. 2ª edição. Editora Geográfica. São Paulo. 2000.)
Mas a lei do esquecimento do passado não muda a
verdade de quem fomos ou fizemos em outras vidas. Tanto que, posteriormente,
Jesus Cristo confirmou que João Batista era, sim, a reencarnação do profeta
Elias. Entraremos em maiores detalhes sobre isso nas próximas postagens.
Marcelo Badaró Duarte
Fonte: Universo Espírita
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