Aos dezesseis anos de idade, despertou-me a curiosidade de saber como se vivia “do lado de lá”. Ao ganhar de um amigo Espírita o exemplar do livro Nosso Lar, fiquei sabendo como vivem os espíritos desencarnados na outra dimensão, segundo as narrativas do Espírito André Luiz (pelo médium Chico Xavier), que foi médico em sua última existência na Terra, descrevendo a vida deles em “Nosso Lar”, cidade localizada no mundo espiritual.
André Luiz conta que, após a sua desencarnação,
permaneceu durante oito anos em estado de perturbação no plano espiritual, em consequência dos
erros cometidos, principalmente, na sua juventude. Depois de ser socorrido por
uma equipe de Benfeitores Espirituais residentes em “Nosso Lar”, ele foi levado
para tratamento em um hospital dessa cidade, na condição de enfermo espiritual.
Já refeito do seu desequilíbrio, André Luiz
descobriu um mundo palpitante pleno de vida e atividades, constatando que os
Espíritos desencarnados procedentes da Terra, assim como ele, passam por um
estágio de recuperação e educação espiritual em diversos departamentos especializados
dessa cidade. Constatou, também, que lá existem setores visando o planejamento
de novas reencarnações na Terra para esses espíritos, que tratam da escolha da
família, da configuração do seu novo corpo, do mapa das provas que deverão
passar, etc.
“NOSSO
LAR” COMPROVADA POR OUTRO MÉDIUM
A existência dessa cidade foi comprovada
posteriormente pela médium Heigorina Cunha, que durante o sono, em
desdobramento espiritual, visitou varias vezes “Nosso Lar” utilizando a volitação,
que é a faculdade que o espírito goza para deslocar-se pelo espaço afora. Ao
despertar no corpo, Heigorina desenhava o que via em suas visitas durante a
emancipação de sua alma ao dormir, retratando jardins, avenidas, prédios e até
a planta baixa da cidade, que abriga cerca de um milhão de espíritos
desencarnados. Esses desenhos estão reunidos no livro Cidade no Além, trabalho mediúnico que recebeu a
assistência pessoal do médium Chico Xavier; além disso, a guisa de introdução,
o Espírito André Luiz, pelo próprio Chico, apresenta 22 anotações em torno de
“Nosso Lar”.
“O LIVRO DOS ESPÍRITOS”
E AS COLÔNIAS ESPIRITUAIS
Na questão 234 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec
formulou a seguinte pergunta aos Espíritos Instrutores, no item “Mundos
Transitórios”, quando aborda questões relativas à “Vida Espírita”:
234
– “Há de fato, como já foi dito, mundos que servem de estações ou pontos de repouso
aos Espíritos errantes?
RESPOSTA
- “Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que
lhes podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques de campos onde
descansem de uma demasiada longa erraticidade, estado este sempre penoso.
(...)
É claro que, como são graduais as revelações
dos Espíritos Superiores à humanidade, eles não poderiam em 1857 falar de
comunidades de Espíritos errantes, isto é, de espíritos que aguardam novas
reencarnações até chegar à perfeição espiritual, habitando cidades estruturadas
em edificações de natureza sólida na atmosfera terrestre sobre terreno fértil à
vegetação, e em tudo com estreita semelhança ao que conhecemos na crosta. Seria
bem possível que os adversários do Espiritismo, diante dessa revelação, e de
tamanha heresia, mandassem reacender certamente uma fogueira inquisitorial para
queimar Allan Kardec como herege. Só para ilustrar o que digo, nos idos de
1980, quando estive pessoalmente com Chico Xavier em sua casa em Uberaba, ele
me contou que, quando estava psicografando o livro Nosso Lar, na década de 30, foi taxado de
“médium fascinado”, criando uma situação que o deixou bastante confuso na época.
Porém, para desfazer tudo isso, o Benfeitor
Espiritual André Luiz levou-o em desprendimento num ponto bem acima de “Nosso
Lar”, para que ele visse de cima a cidade e pudesse constatar a realidade do
que estava psicografando. Nesse momento, Chico esclareceu-me, ainda, que o que
ele viu naquela noite, está exatamente desenhado no mapa da planta baixa da
colônia pela médium Heigorina Cunha, apresentado no livro Cidade no Além.
OUTRAS COLÔNIAS
No livro Quando
se Pretende Falar da Vida, o jovem de formação israelita
Roberto Muszkat, desencarnado em 14 de março de 1979, apresenta 22 mensagens
psicografadas através do médium Chico Xavier, endereçadas aos seus pais e
familiares. Na mensagem de 16 de novembro de 1979, ao relatar para a mãe o seu
desligamento do corpo, diz da ajuda de seu avô Moszek Aron, o qual, ao
pronunciar as palavras “Leshaná Habaá bi- Yerushalayim” (era um adeus,
significando o ano que vem em Jerusalém), tranquilizou-o, e fê-lo
dormir como uma criança.
Quando acordou, viu-se num leito alvo com a sua
avó Rachel velando por ele. Depois de algum tempo, viu seu avô Moszek, que o
levou ao encontro de outros espíritos amigos para um recinto dedicado à oração,
no amplo educandário-hospital. Esses amigos cantaram o hino Shalom Aleichem
(hino que dá as boas vindas aos anjos da paz, cantado na sexta-feira à noite) e
seu avô, em seguida o abençoou. As lágrimas banharam seu rosto, enquanto seu
avô promovia o Seder (reunião festiva na primeira e segunda noite da Páscoa
judaica), em cuja reunião teve a oportunidade de fazer muitas perguntas.
Diz ainda textualmente na mensagem o espírito
Roberto Muszkat:
“Vim, a saber, então, que me achava em Erets
Israel (Terra de Israel), ou Terra do Renascimento, cuja beleza é
indescritível. Ali, naquela província do Espaço Terrestre, se erguia uma outra
cidade luminosa dos Profetas (...). Com estes apontamentos não quero dizer que
estava tanto quanto prossigo, numa cidade privilegiada, porque outras nações as
possuem nas esferas que cercam o Planeta, mas aquele recanto era o meu coração
pulsando com milhares ou milhões de outros corações, consagrados ao Pai Único”.
Diante dessas informações, acredito
que devam existir milhares de colônias em torno da Terra, cada uma reunindo
espíritos afins de acordo com a raça, religião, cultura, progresso moral, etc.
Admitindo-se que em torno da Terra vivem em torno de 13 bilhões de Espíritos
desencarnados, e dividindo tal valor por um milhão de espíritos em cada colônia
(tomando por base a população de Nosso Lar), teremos no mínimo 13 mil colônias
espalhadas por todo o espaço em torno da Terra.
PROVAS CIENTÍFICAS
Agora, se dependermos da oficialização da
Ciência humana para comprovar a existência de colônias espirituais, lembremos
que, se Allan Kardec precisasse da confirmação científica da existência da alma
ou da reencarnação para publicar O Livro dos Espíritos, até
hoje ele estaria aguardando o pronunciamento oficial e por muito tempo ainda.
Ora, não podemos perder de vista o aspecto REVELADOR do Espiritismo, que se
antecipou ao conhecimento humano a respeito da existência da alma e da
reencarnação, inclusive à do perispírito.
Exemplo dessa antecipação reveladora do
Espiritismo é o caso da existência de água no solo de Marte. Desde 1939 o
Espírito Humberto de Campos, através do médium Chico Xavier, no livro Novas Mensagens, fala dessa existência; no
entanto, somente em 2004, ou seja, 65 anos após a publicação dessa obra, a NASA
apresentou as primeiras provas químicas e geológicas diretas da existência de
água no passado. Porém, em 31 de julho de 2008, com a sonda Phoenix o cientista William Boynton, da
Universidade do Arizona, declarou que “eles tinham evidência de gelo nas
observações da sonda Mars Express, mas essa é a primeira vez que a água em
Marte é tocada”.
Se para “tocar” coisas materiais a ciência
humana levou mais de 60 anos para confirmar a mensagem mediúnica, que dirá para
“tocar coisas da dimensão espiritual”, no caso as Colônias Espirituais, como
também, chegar à conclusão que a alma existe e de que ela reencarna várias
vezes... Naturalmente, vamos esperar muitos séculos para tanto.
Por último, é preciso lembrar que Allan Kardec,
em A Gênese, ao tratar dos
“Caracteres da Revelação Espírita”, esclarece: “A revelação Espírita, por sua
natureza, tem uma dupla característica: é ao mesmo tempo uma revelação Divina e
uma revelação científica”. Portanto, o ônus da prova das revelações feitas pelo
Espiritismo cabe à ciência humana, e não a ele.
Gerson
Simões Monteiro Vice-presidente da FUNTARSO
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