''Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua
transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más
inclinações'', afirmou Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, elegendo a
reforma moral como a bandeira dos seus seguidores. Isso fez com que a Doutrina
Espírita se convertesse numa verdadeira oficina de aperfeiçoamento moral dos
seres humanos.
A prática da mediunidade tem sido grandemente
prejudicada pela pouca importância dada ao fator moral, muitas vezes deixado em
segundo plano por médiuns e dirigentes espíritas. O estudo que vamos
desenvolver neste tema trata justamente do problema moral dos médiuns e de sua consequente
influência nas comunicações.
Sabemos que a mediunidade em si é uma faculdade
orgânica, que depende de uma organização física mais ou menos apropriada para a
produção de fenômenos. Seu uso, no entanto, pode ser bom ou mau, conforme as
condições morais do seu portador. Kardec afirmou que a mediunidade é coisa
sagrada, que deve ser praticada religiosamente. Portanto, a boa prática da
mediunidade envolve aspectos muito mais graves do que supõe a maioria dos que
dela se servem.
Definindo a mediunidade
Normalmente se diz que a mediunidade é um outro
sentido do ser humano e que no homem do Terceiro Milênio, ela será tão natural
quanto os sentidos físicos. Isso levou muitos a acreditarem que ao se dedicar
ao desenvolvimento das faculdades mediúnicas, estariam no caminho da evolução,
do serviço no Bem, quando na verdade poderiam estar mergulhando em graves
problemas psicológicos e emocionais, se não forem observados os critérios de
segurança.
Examinando certos aspectos de O Livro dos
Espíritos, tem-se uma visão um pouco diferenciada da definição habitual que se
dá à mediunidade, esta sensibilidade comum a todos os seres animados. Vê-se com
clareza, que ela é um mecanismo que impulsiona a experiência evolutiva dos que
habitam a matéria, e que pode, em certos casos, ser usada como uma ponte entre
os dois planos da Vida, constituindo-se, então, na mediunidade segundo Kardec.
Mediunidade e evolução
Em O Livro dos Espíritos, no item
"Progressão dos Espíritos", encontram-se duas questões que nos dão um
panorama diferente sobre a finalidade da mediunidade. Façamos uma apreciação de
seus conteúdos.
Questão 122 - Como podem os Espíritos, em sua origem quando
ainda não têm a consciência de si mesmos, ter a liberdade de escolher entre o
bem e o mal? Há neles um princípio, uma tendência qualquer que os leve mais
para um lado que para o outro?
Resposta: O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o
Espírito adquire consciência de si mesmo. Não haveria liberdade se a escolha
fosse provocada por uma causa estranha à vontade do Espírito. A causa não está
nele, mas no exterior, nas influências a que ele cede em virtude de sua
espontânea vontade. Esta é a grande figura da queda do homem e do pecado original:
uns cederam à tentação e outros a resistiram.
Allan Kardec questionou os Espíritos superiores
a respeito da evolução das almas. Perguntou-lhes se no princípio, quando o
Espírito ainda não tem consciência de si mesmo, haveria na sua intimidade uma
causa qualquer que o levaria para o lado do bem ou do mal. Se os Espíritos
superiores respondessem que a causa estava dentro do Espírito, o Codificador
certamente colocaria uma outra questão: Por que Deus encaminharia alguns no bem
e outros no mal? Se assim procedesse, o Criador estaria tirando do Espírito o
seu livre-arbítrio, induzindo uns a boas ações e outros às más. A resposta das
entidades foi racional e esclarecedora:
"Não haveria liberdade, se a escolha fosse
provocada por uma causa contrária à vontade do Espírito". E completa:
"A causa não está nele, mas no exterior, nas influências a que ele cede em
virtude de sua espontânea vontade".
Pode-se deduzir daí que, mesmo na fase em que o
Espírito não tem consciência de si mesmo, quando ainda é vegetal ou animal,
sofre uma influência do exterior espiritual. Pergunta-se: por que caminho essa
influência chegaria ao "sensorium comune" da entidade encarnada? Só
há uma resposta: pela mediunidade generalizada ou mediunidade natural, como é
conhecido o canal psíquico que todos possuem e que liga o Espírito encarnado,
ao mundo invisível.
É pela mediunidade generalizada ou natural, que
o Espírito recebe as influências positivas e negativas a que resiste ou cede,
em face de sua vontade e do livre-arbítrio. Associe-se a isso a Lei de Causa e
Efeito e tem-se o móvel da evolução. A questão 122-B de O Livro dos Espíritos
completa o raciocínio.
Questão 122 - B - Esta influência só se exerce
sobre o Espírito na sua origem?
Resposta: Segue-o na vida de Espírito, até que ele tenha
de tal maneira adquirido o domínio de si mesmo, que os maus desistam de
obsediá-lo.
Até quando nos seguem as más influências,
indagou o Codificador. Até o período em que a criatura adquirir domínio sobre
si mesma, estando de posse da verdade e obtendo a liberdade espiritual,
responderam os Espíritos superiores!
Autoconhecimento
O Espiritismo é a revivescência dos
ensinamentos e práticas da doutrina de Jesus, o Cristo. E, sendo assim, não
poderá ter sentido prático se não estiver orientado pelo compromisso de autorrenovação,
comum à vida dos seus reais seguidores. Santo Agostinho nos aconselha, em O
Livro dos Espíritos, que o conhecimento de si mesmo é a chave do melhoramento
individual. Diz que, aquele que tem a verdadeira vontade de se melhorar,
explore sua consciência a fim de arrancar dali às más tendências como arranca
as ervas daninhas do seu jardim. Muito antes dele, a expressão "conhece-te
a ti mesmo", que estava gravada no pórtico do templo de Apolo, tornou-se a
divisa de Sócrates. Fez do autoconhecimento a condição primordial para compreensão
de todos os outros conhecimentos verdadeiros.
Em diversas situações, Jesus demonstra a
importância do autoconhecimento como instrumento de reforma íntima das
criaturas. Vejamos alguns exemplos:
A trave e o argueiro
''Não julgueis para que não sejais julgados.
Porque com o juízo que julgardes, sereis
julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
E por que reparas tu no argueiro que está no
olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?
Ou como dirás ao teu irmão: deixa-me tirar o
argueiro do teu olho; estando a trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave
do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão'' -
(Jesus, segundo Mateus, Capítulo 7, versículos 1 a 5).
O bom tesouro
''Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou
fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.
Raça de víboras, como podeis vós dizer boas
coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.
O homem bom tira boas coisas do seu bom
tesouro, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.
Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa
que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.
Porque por tuas palavras serás justificado e por
tuas palavras serás condenado'' - (Jesus, segundo Mateus, Capítulo 12,
versículos 33 a 37).
A mulher adúltera
'' E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma
mulher apanhada em adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta
mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.
E na Lei nos mandou Moisés que as tais sejam
apedrejadas. Tu, pois que dizes?
Isto, diziam eles, tentando-o para que tivessem
do que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe,
endireitou-se e disse-lhes: Aquele que dentre vós está sem pecado seja o
primeiro que atire pedra contra ela.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, saíram um a um, a começar
pelos mais velhos até os últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E, endireitando-se Jesus e não vendo ninguém
mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão àqueles teus acusadores?
Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe
Jesus: Nem eu também te condeno: vai-te, e não peques mais'' - (Jesus, segundo
João, Capítulo 8, versículos 3 a 11).
Assim, desde que nos colocamos sob a orientação
do Espiritismo, cabe a cada um de nós manter em pleno funcionamento um programa
de autoconhecimento e renovação de nossos hábitos e tendências, sejamos nós
médiuns ou não. No caso da mediunidade, como veremos, a conduta moral sadia é
condição fundamental para a obtenção de resultados satisfatórios. Os
ensinamentos de Jesus, sendo nosso código de conduta ética e moral, norteará os
nossos rumos, nos dando condições de servir neste tão delicado campo do
intercâmbio espiritual.
A quem se destina a mensagem mediúnica
É muito comum os médiuns receberem advertências
da Espiritualidade sobre aquilo que eles vêm fazendo de suas faculdades. Porém,
movidos pela cegueira do orgulho, nem sempre eles dão importância às palavras
dos Espíritos. O Livro dos Médiuns nos apresenta um alerta quanto a isso e diz
que mesmo que a mensagem se destine a outras pessoas, os médiuns têm o dever de
verificar se ela não lhe serve também como forma de orientação. Este simples
procedimento evitaria muitos transtornos a que estão sujeitos os que militam
nesta espinhosa seara. A autoavaliação constante é precioso instrumento de que
se servem aqueles que tratam com a mediunidade de forma despretensiosa e
desinteressada. Quando os Espíritos superiores foram questionados sobre o fato,
disseram: ''Aquele que vê claramente e tropeça é mais censurável que o cego que
cai na valeta. ''
E ainda sobre o mesmo tema, Allan Kardec
instrui em O Evangelho Segundo o Espiritismo: ''Os médiuns que obtêm boas
comunicações são ainda mais repreensíveis por persistirem no mal, pois escrevem
frequentemente a sua própria condenação e, se não estivessem cegos pelo orgulho,
reconheceriam que os Espíritos se dirigem a eles mesmos''. E mais: ''O primeiro
pensamento de todo espírita sincero deve ser o de procurar, nos conselhos dados
pelos Espíritos, alguma coisa que lhe diga respeito''.
Observemos, pois, com humildade, os conselhos
dados pelos Espíritos, quando no exercício desta faculdade, o que nos torna
mais vigilantes e certamente menos expostos à ação dos maus.
Os bons médiuns e as mensagens ruins
Allan Kardec nos ensina que não basta ser um
bom médium para estar livre das más influências. O médium dotado de boas
qualidades também pode transmitir respostas falsas. Isto pode ser permitido
pelos bons Espíritos a título de aprendizado e para que se mantenham
vigilantes, além de testar os medianeiros que com eles trabalham. Além disso, é
preciso se levar em consideração que nem sempre se conhece a intimidade das
pessoas e uma vez que somos imperfeitos, ainda não nos livramos de certas
mazelas que nos associam a irmãos semelhantes. Eis aí a razão da necessidade da
análise criteriosa de todas as comunicações, não importando por qual médium ela
venha, tampouco qual nome a assine.
Os bons médiuns que se esforçam para bem
desenvolver suas atividades, não devem desanimar quando recebem comunicações
dessa natureza. Antes, devem agradecer a advertência, tomando o fato como
precioso aprendizado e como necessário alerta.
Médiuns perfeitos
Não existem médiuns perfeitos, disseram os
Espíritos, pois a perfeição não existe na face deste planeta. Logo, devemos
deixar de lado a ideia de que existem médiuns infalíveis. No item 10 da
pergunta 226 do Livro dos Médiuns, a resposta é clara e precisa: ''Os Espíritos
bons permitem que os melhores médiuns sejam às vezes enganados, para que
exercitem o seu julgamento e aprendam a discernir o verdadeiro do falso. Além
disso, por melhor que seja o médium, jamais é tão perfeito que não tenha um
lado fraco, pelo qual possa ser atacado. As comunicações falsas que recebe de
quando em quando são advertências para evitar que se julgue infalível e se
torne orgulhoso''.
Esta resposta dos Espíritos merece muita
reflexão, pois temos uma certa tendência ao endeusamento de personalidades, o
que pode levar a prejuízos na avaliação das mensagens, uma vez que se confunde
o instrumento com os acordes que dele saem.
No desenvolvimento da mediunidade, portanto,
procuremos nos conscientizar que cada um deve procurar servir em espírito de
humildade, sabendo que a perfeição só existe em Deus. Usemos no máximo a
palavra "bom médium".
Orgulho: o maior escolho da mediunidade
O Espírito, durante sua caminhada evolutiva,
passa pelos três reinos: o mineral, o vegetal e o animal. Quando inicia sua
caminhada em direção a Deus, as faculdades do Espírito dormitam. Já no reino
vegetal o "sensorium comune" se mostra mais complexo, apresentando-se
com os primeiros sinais das sensações. No reino animal, desabrocha o instinto,
uma espécie de inteligência rudimentar que tem a finalidade de preservar a
espécie das agressões da natureza e dos seus predadores.
Quando adentra o reino do homem, o Espírito
apresenta manifesta a inteligência. Associada ao instinto, ela torna mais
complexa a experiência material da entidade, conforme nos mostra a história do
homem primitivo.
O homem tem em si dois patrimônios: o
intelectual e o moral. No aspecto moral o "sensorium comune" é
constituído de vários sentimentos oriundos do grau evolutivo de cada ser. O orgulho
e o egoísmo fazem parte da estrutura psíquica de todas as criaturas que se
encontram no nosso grau de evolução.
Ambos são sentimentos nascidos do instinto
animal, inteligência rudimentar que leva algumas criaturas a terem por elas o
excesso de zelo e a valorizarem-se acima das outras.
Na mediunidade, o orgulho e o egoísmo são
portas abertas a processos obsessivos graves, que podem colocar a perder preciosas
faculdades. Allan Kardec, em seus estudos sobre o assunto, na Revista Espírita,
1859, diz: ''(...) de todas as disposições morais, a que maior entrada oferece
aos Espíritos imperfeitos é o orgulho. Este é para os médiuns um escolho tanto
mais perigoso quanto menos o reconhecem. É o orgulho que lhes dá a crença cega
na superioridade dos Espíritos que a eles se ligam porque se vangloriam de
certos nomes que eles lhes impõem. (...) Se insistimos longamente sobre este
ponto foi porque nos demonstrou a experiência, em muitas ocasiões, que isto
constitui uma das grandes pedras de tropeço para a pureza e a sinceridade das
comunicações dos médiuns''.
Desta forma vemos com que gravidade o
Codificador encarava o assunto, demonstrando a importância do esforço que devemos
empreender em extirpar de dentro de nós essa grave chaga do espírito.
Assim, toda instrução dada nas casas espíritas
deve ter um caráter essencialmente moralizador que leve seus membros a verem-se
como irmãos e a exercer um domínio sobre suas tendências instintivas.
Diz o Livro dos Médiuns que as condições
necessárias para que as mensagens dos Espíritos Superiores nos chegue sem
alterações são as seguintes: desejar o bem e repelir o egoísmo e o orgulho. Eis
o roteiro para bem servir neste ministério.
Abaixo, citaremos algumas importantes passagens
de O Livro dos Médiuns, para chamarmos a atenção para alguns procedimentos que
julgamos úteis à prática da mediunidade:
O médium, sua moral e o Espírito comunicante
''Se o médium, quanto à execução é apenas um
instrumento, no tocante à moral exerce grande influência nas comunicações.
Porque o Espírito comunicante se identifica com o Espírito do médium, e para
essa identificação é necessário haver simpatia entre eles, e se assim podemos
dizer, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito comunicante uma espécie de
atração ou de repulsão, segundo o grau de semelhança ou dessemelhança entre
eles. Ora, os bons tem afinidade com os bons e os maus com os maus, de onde se
segue que as qualidades morais do médium têm influência capital sobre a
natureza dos Espíritos que se comunicam por seu intermédio. As qualidades que
atraem os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade de
coração, o amor ao próximo e o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos
que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a
sensualidade e todas as paixões pelas quais o homem se apega à matéria'' -
(Questão 227).
A moral, o médium e a obsessão
'' Todas as imperfeições morais são portas
abertas aos Espíritos maus, mas a que eles exploram com mais habilidade é o
orgulho, porque é essa que menos a gente se confessa a si mesmo. O orgulho tem
posto a perder numerosos médiuns, dotados das mais belas faculdades, que, sem
ele, seriam instrumentos excelentes e muito úteis. Tornando-se presa de
Espíritos mentirosos, suas faculdades foram primeiramente pervertidas, depois
aniquiladas, e diversos se viram humilhados pelas mais amargas decepções'' -
(Questão 228).
''Necessário lembrar ainda que o orgulho é
quase sempre excitado no médium pelos que dele se servem. Se possui faculdades
um pouco além do comum, é procurado e elogiado, julgando-se indispensável e
logo afetando ares de importância e desdém, quando presta o seu concurso. Já
tivemos que lamentar, várias vezes, os elogios feitos a alguns médiuns, com a
intenção de encorajá-los'' - (Questão 228).
Qualidade dos bons médiuns
''O que mais importa considerar é a natureza
dos Espíritos que assistem o médium habitualmente, e para tanto o que mais nos
deve interessar não são os nomes, mas a linguagem.
Jamais o médium deve esquecer-se de que a
simpatia entre os Espíritos bons estará na razão dos esforços feitos para
afastar os maus. Convicto de que sua faculdade é um dom que lhe foi concedido
para o bem, não se prevalecerá dela de maneira alguma, nem se atribuirá mérito
por possuí-la. Recebe como uma graça as boas comunicações, devendo esforçar-se
por merecê-las através de sua bondade, de sua benevolência e da sua modéstia''
- (Questão 229).
Allan Kardec nos deixou preciosas e seguras
instruções em O Livro dos Médiuns. Trata da questão com a clareza que lhe é
peculiar e faz sérias advertências em seus escritos, na Revista Espírita, sobre
o assunto. No que concerne às avaliações das mensagens, diz o Codificador que
nem sempre as boas intenções e a própria moralidade do médium bastam para
evitar a intromissão dos Espíritos levianos, mentirosos e pseudossábios nas
comunicações. É necessário pesar tudo quanto dizem os Espíritos, passando-os
pelo crivo da lógica e do bom senso, se não quisermos ser vítimas de Espíritos
levianos, diz ele. A seguir, veremos as advertências do espírito Erasto a
respeito das avaliações das mensagens mediúnicas.
"Mais vale rejeitar dez verdades, do que
admitir uma única mentira, uma única teoria falsa". ''Deve-se eliminar sem
piedade toda palavra ou frase equívocas, conservando no ditado somente o que a
lógica aprova ou o que a Doutrina já ensinou''.
''Eis porque é necessário que os dirigentes de
grupos sejam dotados de tato apurado e de rara sagacidade, para discernir as
comunicações autênticas e ao mesmo tempo não ferir os que se deixam iludir''.
''Se, portanto, um médium, seja qual for, por
sua conduta ou seus costumes, por seu orgulho, por sua falta de amor e de
caridade, der um motivo legítimo de suspeição, rejeitai as vossas comunicações,
porque há uma serpente oculta na relva''.
''Na dúvida abstém-te, diz um dos vossos
antigos provérbios. Não admitais, pois, o que não for para vós de evidência
inegável. Ao aparecer uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa,
passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom-senso reprovam,
rejeitai corajosamente''- (Erasto, questão 230).
Conclusão - Isto posto, convém estudarmos com cautela
redobrada qual tem sido nossa postura diante do mediunato. A situação de
heterogeneidade em que se encontram as práticas mediúnicas no país inteiro, nos
dá mostra da imensa responsabilidade que temos diante do quadro que aí está. A
mediunidade para bem produzir no campo da edificação do Ser carece de médiuns
dotados de boas faculdades, mas, sobretudo de bons valores morais que possibilitem
o acesso dos bons Espíritos e menor possibilidade de ser enganado pelos maus. A
primeira condição para se obter a boa vontade dos bons Espíritos é a que decorre
da humildade, do devotamento e da abnegação, afirmou Allan Kardec.
Se o lado moral do médium tem grande influência
na natureza das comunicações, faz-se mister a busca da melhoria íntima, através
do exame cuidadoso de si mesmo, esforçando-se para dominar as más tendências,
enfim, trabalhando pelo auto melhoramento de uma forma global. Dessa forma,
pode-se dar sentido útil à mediunidade, contribuindo efetivamente e de maneira
produtiva para a divulgação de uma Doutrina séria, isenta de fantasias e mitos,
e que leva muitos a mudarem os rumos de suas vidas quando em contato com seus
ensinamentos.
O papel da Doutrina Espírita é a regeneração da
humanidade. Os ensinamentos dos Espíritos superiores só chegarão até nós
através de médiuns seguros e conscientes de sua tarefa como intermediários
desse processo.
O exercício da mediunidade requer grande dose
de desprendimento, humildade e sinceridade de propósitos.
O médium, desprovido desses sentimentos e não
valorizando o esforço em melhorar-se, estará distante do verdadeiro objetivo
deste dom de Deus, que é servir com alegria aos objetivos do Criador.
José
Queid Tufaile Huaixan
PORTAL
DO ESPÍRITO
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