Todos somos médiuns?
Todos somos portadores da mediunidade natural
que é o canal psíquico pelo qual recebemos as influências boas ou ruins que
estimulam as experiências do Espírito na vida terrena. Porém, nem todos somos
médiuns, conforme denominou Allan Kardec.
Então o que é um médium?
Segundo Allan Kardec, médium é todo aquele que
sente a presença ostensiva dos Espíritos, seria aquele que serviria de ponte
entre o mundo visível e o invisível. A prática da mediunidade é o intercâmbio
entre o mundo físico e o mundo espiritual. A faculdade mediúnica liga-se a uma
disposição orgânica, porém o uso que se faz.
Como sabemos se somos médiuns? E se formos, o
que devemos fazer?
Allan Kardec diz que todos somos mais ou menos
médiuns, pois todos possuem a mediunidade natural, canal psíquico através do
qual somos estimulados ao crescimento. Entretanto, médiuns propriamente ditos
são aqueles que recebem manifestações ostensivas dos Espíritos. A única forma
de sabermos se temos ou não mediunidade ostensiva é nos colocando como servidores
sinceros da causa de Jesus. Ou seja, deveremos primeiro fazer parte da equipe
de trabalhadores de uma casa espírita e lá, através dos estudos sérios e da
disciplina interior, procurarmos entender antes as nuanças do contato com os
Espíritos. Allan Kardec diz em O Livro dos Médiuns, que não se deve nunca
iniciar um trabalho de intercâmbio espiritual sem estudar a mediunidade.
Existem algumas pessoas que sentem influências dos Espíritos, em diversos graus
de intensidade, e acham que, por isso, estão prontas para trabalhar nesse campo.
Geralmente não aceitam a ideia de que precisam se instruir mais e mais. Vão às
casas espíritas somente para trabalhar com mediunidade e se não a aceitam
naquela, buscam outra, e assim permanecem por toda a vida.
Isto pode acarretar algum problema para as
pessoas?
Sim, pode. Desde perturbações leves, até
obsessões graves, o que infelizmente não é pouco frequente, pela forma com que
a mediunidade é tratada no Brasil. Todos somos suscetíveis às más influências
devido às imperfeições próprias dos Espíritos que habitam os planetas de provas
e expiações. Em muito maior escala são os médiuns que, se não cuidam do estudo
e do preparo moral, funcionam como verdadeiras antenas e situam-se como focos frequentes
de perturbações espirituais. Se os médiuns não tiverem os cuidados necessários
com a sua edificação e se colocarem a serviço do intercâmbio sem o devido
preparo, poderão cair presas de Espíritos pouco adiantados de que está cheia a
atmosfera.
Podemos nos comunicar com outros Espíritos?
Sim. Todos somos Espíritos vivendo em planos
diferentes da vida e estamos mergulhados na atmosfera fluídica que nos rodeia e
serve de elemento de contato. Portanto, podemos nos comunicar com o mundo
espiritual frequentemente, seja através da mediunidade ostensiva consciente,
dos fenômenos inconscientes, das preces ou intuições que recebemos
constantemente do mundo espiritual.
Existe a incorporação de Espíritos?
No sentido semântico do termo não existe
incorporação, pois nenhum Espírito conseguiria tomar o corpo de outra pessoa,
assumindo o lugar da sua Alma. O que ocorre é que o médium e o Espírito se
comunicam de perispírito a perispírito, ou seja, mente a mente, dando a impressão
de que o médium está incorporado. Na mediunidade equilibrada, o médium tem um
maior controle de sua faculdade e o fenômeno mediúnico acontece mais a nível
mental. Nos processos obsessivos graves (doenças mórbidas causadas por
Espíritos inferiores), onde a mediunidade está perturbada, podem ocorrer crises
nervosas. Observadores de pouco conhecimento podem achar que um Espírito mau
apoderou-se do corpo do enfermo. Foi esse fenômeno que deu origem às práticas
de exorcismo.
Tenho bastante dificuldade para definir a
diferença entre Clarividência, Vidência, Audiência, Clariaudiência, Dupla
vista.
A vidência e a clarividência são essencialmente
anímicas. Trata-se da visão que o próprio Espírito encarnado tem do mundo
invisível. Não há interferência de Espíritos e por isso não deveria (segundo
Allan Kardec), ser considerada mediunidade. Mas, para fins de classificação,
ele é tida como sendo uma mediunidade. Mesmo nos casos em que um Espírito amigo
mostra um quadro projetado no ambiente astral, ainda assim, é o médium quem vê.
Há ajuda na formação do quadro, mas não na visão propriamente dita. Vidência é
a faculdade superficial. Clarividência, a mesma faculdade, mas com alcance mais
profundo, podendo estender-se no espaço e (em alguns casos) no tempo. A
dupla-vista é a clarividência, acompanhada da projeção do Espírito no mundo
astral. Trata-se do chamado "desdobramento". Entendemos a mediunidade
de audiência como aquela em que a voz aparece na intimidade do ser. A
clariaudiência é diferente, por tratar-se de uma voz clara, exterior.
O que é ideoplastia?
Ideoplastia é um fenômeno de transfiguração que
pode acontecer durante as manifestações dos Espíritos. Quando a influência do
desencarnado é muito intensa junto do campo psicossomático do médium ele poderá
assumir algumas feições do comunicante.
Já que não existe a incorporação, como médiuns
dão passividade a Espíritos menos esclarecidos, tomando formas físicas
diferentes, falando com voz alterada. Isto seria charlatanismo?
O processo de incorporação tal qual essa
palavra exprime não existe, pois ninguém pode "entrar" no corpo de
outro. Mas o Espírito pode, e é isso o que normalmente faz, agir no campo
mental através de sintonia (e por afinidade fluídica), assumindo a
personalidade e a vontade do indivíduo. Nos casos de subjugação, por exemplo, o
domínio é tão intenso que dá a impressão que o Espírito toma posse do corpo da
pessoa. Na prática da mediunidade, quanto maior o esclarecimento do médium
menor o domínio que o Espírito terá sobre ele. Se tem pouco esclarecimento
sobre essa faculdade, certamente deixará que Espíritos pouco adiantados a usem da
forma que bem entenderem. No que diz respeito à mudança de fisionomia, Allan
Kardec instrui que trata-se do fenômeno da transfiguração, coisa mais comum nas
manifestações dos Espíritos inferiores, podendo, sem dúvida acontecer também
com os superiores.
Qual o conceito e as características de médiuns
curadores e médiuns pneumatógrafos?
Os médiuns curadores são aqueles que têm o dom
de curar com a imposição das mãos (em alguns casos com o olhar ou com fenômenos
provocados à distância), secundados pelos Espíritos que trabalham na área de
cura das enfermidades físicas. Allan Kardec diz que são pessoas que possuem um
fluido humano especial, que potencializado pelos fluidos do mundo dos Espíritos,
podem modificar a estrutura da matéria, promovendo as curas. Os médiuns pneumatógrafos
são aqueles que têm aptidão para obter a escrita direta dos Espíritos em papel
guardado em gavetas ou recipientes fechados. Ou seja, o médium doa de seu
fluido especial para que os Espíritos escrevam diretamente sobre o papel. É muito
rara e limita-se aos casos de comprovação da existência das potências ocultas e
sua influência no mundo material.
Gostaria de saber se existe algum método para
aprofundar o dom da mediunidade, se existe algum meio de "exercitar"
a mediunidade.
O melhor meio para exercitar a mediunidade é
ingressando nas fileiras de trabalhadores de uma casa espírita idônea, que
prime pelos estudos em todos os sentidos. Sem o estudo sério, disciplinado e
consequentemente a necessidade da reforma interior, a possibilidade de cair sob
a influência dos Espíritos enganadores é muito grande. O exercício da
mediunidade deve ser feito dentro de um sentimento de dedicação, abnegação e
sinceridade, a fim de que possa-se merecer a atenção dos bons Espíritos.
Desconfie sempre de quem "descobre" sua mediunidade à primeira vista.
A mediunidade é estudo e prática.
Em que estado permanece o Espírito do médium
quando este recebe uma entidade desencarnada? Seu Espírito continua em seu
corpo ou fica à sua volta? A Codificação fala algo sobre este assunto?
O processo de influenciação do médium pelo
Espírito se dá todo no campo mental. O médium é consciente de seu trabalho e
quanto mais desenvolvido nas lides mediúnicas, mais consciente de sua
capacidade permanece. Tudo se dá no sentido da afinidade fluídica, estimulando
a mente do médium a transmitir as sensações do mundo invisível à sua volta. A
influência será mais ou menos intensa, conforme o grau intensidade da
faculdade. Mesmos nos casos de mediunidade sonambúlica, o médium jamais
abandona seu corpo físico.
Devemos acreditar em tudo o que os Espíritos
dizem?
Os Espíritos desencarnados são almas de homens
que já viveram na Terra. Portanto podem ser portadores dos defeitos e
qualidades que tinham quando encarnados. Podemos acreditar nas palavras dos
homens bons, mas não devemos dar crédito aos conselhos daqueles de má índole.
Da mesma forma deveremos proceder com o mundo dos Espíritos. Devemos analisar
cada comunicação dada pelos Espíritos, qualquer que seja o nome que assinem. Os
bons trazem mensagens edificantes e com algum fim útil e querem sempre o bem da
humanidade. Os atrasados ou maus podem nos enganar com palavras belas e
melífluas, podendo tomar emprestado nomes de pessoas conhecidas ou Espíritos
iluminados para nos impressionar. Desses devemos nos precaver, conforme nos
ensina Allan Kardec em O Livro dos Médiuns.
Alguém pode ser obrigado a desenvolver sua
mediunidade?
Ninguém é obrigado a desenvolver a mediunidade.
É errada a ideia de que a mediunidade é a causa de sofrimentos e desajustes das
pessoas. Geralmente, sofre-se por ignorância e por falta de cuidados com a vida
no plano material. Aqueles que quiserem dedicar-se à tarefa mediúnica deverão
trabalhar para vencer suas imperfeições, além de ter que estudar a Doutrina Espírita
com seriedade e disciplina. Um médium que não toma esses cuidados poderá permanecer
sob a influência dos Espíritos maus. Quem for médium e não quiser praticar sua
mediunidade, deverá pelo menos esforçar-se para sua melhoria moral, procurando
libertar-se dos vícios mais grosseiros (cigarro, bebida e drogas).
As cirurgias espirituais são realmente feitas
por Espíritos? Nesse caso, como pode um Espírito elevado ser antiético,
exercendo ilegalmente a medicina?
Sim, as cirurgias espirituais são feitas por Espíritos de médicos
que atuam no corpo perispiritual, utilizando de técnicas ligadas à ciência
médica, usando fluidos humanos e espirituais, nada fazendo nesse campo que fira
as leis humanas. Um Espírito elevado jamais transgride qualquer lei. As curas
realizadas em nome do Espiritismo praticado com seriedade são feitas utilizando
apenas a fluidoterapia. As cirurgias mediúnicas feitas com instrumentos
cortantes podem ser feitas por Espíritos superiores, mas não são considerados
trabalhos espíritas. Em alguns casos de cirurgias de corte, como os de José
Pedro de Freitas (Arigó) e Edson Queiroz, existia uma missão a ser cumprida e
visava chamar a atenção da comunidade científica para a realidade da vida
espiritual. E parece que conseguiu, porém sem maiores consequências pelo
próprio atraso do homem para a compreensão das coisas do Espírito. Pelo lado
prático, no entanto, as cirurgias mediúnicas com instrumentos cortantes não
devem ser praticadas em centros espíritas orientados pela doutrina de Allan
Kardec, justamente por ferir a legislação vigente e não tratar-se de uma
prática que possa ser exercitada por qualquer pessoa. As curas no Espiritismo
são feitas exclusivamente com a imposição de mãos.
Gostaria de saber, se é possível uma pessoa que
está estudando kardecismo não poder ajudar por não ter dons mediúnicos. E no
caso, o que as pessoas devem fazer para saber se têm dons ou não?
Qualquer pessoa pode ajudar no centro espírita,
desde que disponha de boa vontade e preparo moral e doutrinário adequados. Isso
se consegue com estudo e boa dose de seriedade, dedicação, abnegação e
disciplina. Não é necessário ter dons mediúnicos para servir. Existem inúmeras
frentes de trabalho nas casas espíritas onde se pode desempenhar tarefas que
não dependem da mediunidade. Para se saber dos possíveis dons mediúnicos, Allan
Kardec nos diz que devemos testar as pessoas. Não existe uma fórmula e nem
podemos adivinhar quem tem ou não. Os melhores servidores nesta área são
aqueles formados dentro das casas espíritas que tratam o estudo da Doutrina
Espírita com seriedade. Aqui entra a grande responsabilidade do dirigente que
teoricamente deveria estar apto a conduzir as pessoas de forma equilibrada ao
desenvolvimento e exercício desta nobre tarefa. Os médiuns ostensivos, que já
demonstram algum dom desde cedo, devem ser submetidos igualmente ao estudo
disciplinado e à orientação de alguém experiente dentro do centro espírita que
possa dar-lhe direcionamento seguro de sua faculdade. Caso contrário, poderá
desequilibrar-se.
É certo o procedimento que alguns centros
espíritas têm de colocar pessoas, que estão indo pela primeira vez a casa, em
trabalhos mediúnicos?
Allan Kardec diz que não se deve lidar com a
mediunidade sem conhecê-la. O bom senso e a razão nos falam a mesma coisa. Em
todos os departamentos da vida o homem busca aperfeiçoar-se para servir melhor.
Sem conhecer o seu ofício não poderá desempenhar a tarefa a que se propõe com
conhecimento de causa. Portanto, colocar pessoas para lidar com Espíritos sem
se preparar para isso é o mesmo que realizar experiências químicas sem conhecer
as leis da química, diz o Codificador. Seria uma insensatez. Os medianeiros
devem ser preparados com muita cautela para servir nesse campo. Primeiro devem
estar inseridos nos trabalhos habituais da casa, servindo com dedicação e
seriedade, transformando-se em trabalhadores. Devem ser instruídos nas aulas
sobre a Doutrina Espírita e depois, então, poderão ser experimentados no
ministério da mediunidade. A pessoa que chega à casa espírita pela primeira vez
com a intenção de servir apenas no campo da mediunidade, não entendeu ainda o
papel do Espiritismo em sua vida, muito menos a oportunidade que está tendo de
servir com equilíbrio no campo do Bem. Necessita de instrução nesse ponto. Se
for sincero o seu desejo de servir, permanecerá no aprendizado. Se não,
procurará outra casa que lhe dê o que deseja.
Há algum impedimento de mulheres grávidas
participarem de reuniões mediúnicas?
Não é aconselhável. O processo reencarnatório do
Espírito é uma experiência delicada que envolve muitos aspectos energéticos e
psíquicos. Um deles é o estado psicológico da mãe que, sem sombra de dúvidas,
se altera por alguns meses, enquanto aguarda a chegada do Espírito que lhe foi
encaminhado como filho. Ela necessita de tranquilidade, descanso e não deve se
submeter a atividades que lhe exijam grandes perdas de energias de qualquer
natureza. Sabe-se que, nas atividades de intercâmbio espiritual, há toda uma
movimentação de fluidos energizados, podendo haver gastos que poderá ser
prejudicial para a mulher em estado de gravidez. Além disso, há o aspecto do
reencarnante. É sabido pela ciência oficial da extrema importância do
equilíbrio e interação mãe-filho desde o ventre. Por conta disso é prudente que
se isente a mulher grávida das tarefas da mediunidade. O melhor que ela poderá
fazer será cuidar de ter seu bebê em paz. Ao fazê-lo, estará praticando a
caridade maior, que é a de dar vida a um novo ser. Quando puder, retornará às
suas atividades mediúnicas normalmente.
Pode o Espírito encarnado promover fenômenos
físicos, tipo materialização ou transporte de objetos, sem o concurso dos
Espíritos do mundo invisível?
O fenômeno de transporte, materialização,
transcomunicação ou qualquer outro de efeitos físicos, necessita do concurso
dos Espíritos desencarnados, pois segundo Allan Kardec, em o Livro dos Médiuns,
capítulo IV, é necessária a união do fluido animalizado perispiritual (do
médium) com o fluido universal do Espírito para que aconteçam esses os
fenômenos. Não pode ser isolado, ou seja, sem o concurso de ambas as partes.
Alguns manipuladores desses fenômenos não acreditam em Espíritos, porém, mesmo
assim, estão sempre secundados por eles.
Grupo Espírita Bezerra de Menezes
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