OS ÓRFÃOS
Meus irmãos, amai os órfãos. Se soubésseis
quanto é triste ser só e abandonado, sobretudo em tenra idade! Deus permite que
haja órfãos para nos induzir a lhes servir de pais. Que divina caridade ajudar
uma pobre criaturinha abandonada, evitar que sofra fome e frio, dirigir sua
alma, para que não se perca no vício! Quem estende a mão a uma criança
abandonada é agradável a Deus, porque compreende e pratica a sua lei. Pensai
ainda que, muitas vezes, a criança que socorreis
vos tenha sido querida em outra vida. E se vós a pudésseis lembrar, isto não
seria caridade, mas dever.
Assim, pois, meus amigos, todo ser sofredor é vosso
irmão e tem direito à vossa caridade; não essa caridade que fere o coração,
essa esmola que queima a mão onde cai, porque os vossos óbolos são, por vezes,
muito amargos. Quantas vezes elas seriam recusadas, se nas águas-furtadas não
as esperassem a doença e a fome! Dai delicadamente; juntai aos benefícios o
mais precioso de todos: uma boa palavra, uma carícia, um sorriso amigo; evitai
esse tom de piedade e de proteção, que revolve o ferro no coração que sangra, e
pensai que, fazendo o bem, trabalhais por vós e pelos vossos. (Espírito Jules
Morin - R. E. 1860).
OBS.: O Espírito que assim assina é completamente
desconhecido. Podemos ver pela comunicação acima, e por muitas outras do mesmo
gênero, que nem sempre é preciso um nome ilustre para obter belas coisas. É uma
puerilidade prender-se ao nome. Deve-se aceitar o bem de qualquer parte que
venha; aliás o número de nomes ilustres é muito limitado; o dos Espíritos é infinito.
Por que, pois, não os haveria também capazes entre os que não são conhecidos? Fazemos
esta reflexão porque há pessoas que julgam nada poder obter de sublime, senão
chamando celebridades. A experiência prova o contrário todos os dias, e nos
mostra que podemos aprender alguma coisa com todos os Espíritos, se soubermos
aproveitar as oportunidades.
Allan Kardec
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