quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Félicité Robert de Lamennais



Nascido em uma família burguesa em 19 de junho de 1782, em Saint-Malo, na França, foi brilhante escritor, tornando-se uma figura influente e controversa na história da Igreja francesa.
Com seu irmão Jean, concebeu a ideia de reviver o Catolicismo Romano como uma chave para a regeneração social. Chegaram a esboçar um programa de reforma em sua obra, Reflexões do estado da Igreja..., em 1808.
Cinco anos mais tarde, no auge do conflito entre Napoleão e o Papado, os irmãos produziram uma defesa do Ultramontanismo (Doutrina e política dos católicos franceses que buscavam inspiração na Cúria Romana, defendendo a autoridade absoluta do Papa em matéria de fé e disciplina). Este livro valeu a Lamennais um conflito com o Imperador, ocasionando sua fuga para a Inglaterra, rapidamente, no ano de 1815.
Um ano depois, com seus 34 anos de idade, Lamennais retorna a Paris e é ordenado padre. Escritor fluente, político e filósofo, ele se esforçava para combinar a política liberal com o Catolicismo Romano, depois da Revolução Francesa. Por isso, já em 1817 publicou Ensaios sobre a indiferença em matéria de religião considerada em suas relações com a ordem política e civil, além de uma tradução da Imitação de Jesus Cristo. O Ensaio lhe valeu fama imediata.
Nele, Lamennais argumentava a respeito da necessidade da religião, baseando seus apelos na autoridade da tradição e a razão geral da humanidade, em vez do individualismo do julgamento privado. Embora advogasse o Ultramontanismo na esfera religiosa, em suas crenças políticas, era um liberal que advogava a separação do Estado da Igreja, a liberdade de consciência, educação e imprensa.
Depois da revolução de julho, em 1830, Lamennais, junto com Henri Lacordaire (Os expoentes da Codificação XVIII) e Charles de Montalembert, além de um grupo entusiástico de escritores do Catolicismo Romano Liberal, fundou o jornal L'Avenir. Neste jornal diário, defendia Lamennais os princípios democráticos, a separação da Igreja do Estado, criando embaraços tanto para si, tanto com a hierarquia eclesiástica francesa, quanto com o governo do rei Luís Felipe.
O Papa Gregório XVI desautorizou as opiniões de Lamennais na Encíclica Mirari vos, em agosto de 1831. A partir de então, Lamennais passa a atacar o Papado e as monarquias europeias, escrevendo o famoso poema "Palavras de um crente", condenado na Encíclica papal Singulari vos, em julho de 1834. O resultado foi à exclusão de Lamennais da Igreja.
Incansável, ele se devotou à causa do povo, colocando sua caneta a serviço do republicanismo e do socialismo. Escreveu trabalhos como O Livro do Povo (1838), Os afazeres de Roma e Esboço de uma Filosofia. Chegou a ser condenado à prisão, mas, já em 1848, foi eleito para a Assembleia Nacional, aposentando-se em 1851.
Por ocasião de sua morte, em Paris, em 27 de fevereiro de 1854, não desejando se reconciliar com a Igreja, foi sepultado em uma cova de indigente.
No Mundo Espiritual, não permaneceu ocioso, eis que em O Livro dos Espíritos, na pergunta de número 1009, encontra-se uma mensagem de sua lavra, ilustrando a resposta. Nela, revela os traços da sua fé, concitando as criaturas a aproximar-se do bom pastor e do Pai Criador, combatendo com vigor a crença das penas eternas.
Na mensagem que assina em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, item 15, ele se revela o ser compassivo, que conclama as criaturas a obedecer à voz do coração, oferecendo, se for necessário, a própria pela vida de um malfeitor.

Federação Espírita do Paraná


Madame Rivail (Sra. Allan Kardec)


AMÉLIE GABRIELLE BOUDET

Madame Rivail (Sra. Allan Kardec) nasceu em Thiais, cidade do menor e mais populoso Departamento francês, o Sena, aos 2 do frimário, do ano IV, segundo o Calendário Republicano então vigente na França, e que corresponde a 23 de novembro de 1795.
Filha de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, homem bem colocado na vida, e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, recebeu, na pia batismal, o nome de Amélie-Gabrielle Boudet.
A menina Amélie, filha única, aliando desde cedo grande vivacidade e forte interesse pelos estudos, não foi um problema para os pais, que, a par de fina educação moral, proporcionaram-lhe apurados dotes intelectuais.
Após cursar o colégio primário, estabeleceu-se em Paris com a família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada em professora de 1ª classe.
Revela-nos o Dr. Canuto de Abreu que a senhorinha Amélie também foi professora de Letras e Belas Artes, trazendo de encarnações passadas a tendência inata, por assim dizer, para a poesia e o desenho. Culta e inteligente chegou a dar à luz três obras, assim nomeadas: Contos Primaveris, 1825; Noções de Desenho, 1826; O Essencial em Belas Artes, 1828.
Vivendo em Paris, no mundo das letras e do ensino, quis o destino que, um dia, a Srta. Amélie Boudet deparasse com o Professor Hippolyte Denizard Rivail.
De estatura baixa, mas bem proporcionada, de olhos pardos e serenos, gentil e graciosa, vivaz no gesto e na palavra, denunciando inteligência admirável, Amélie Boudet, aliando ainda a todos esses predicados um sorriso terno e bondoso, logo se fez notar pelo circunspecto Prof. Rivail, em quem reconheceu de imediato, um homem verdadeiramente superior, culto, polido e reto.
Em 6 de Fevereiro de 1832, firmava-se o contrato de casamento. Amélie Boudet tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas tal era a sua jovialidade física e espiritual, que a olhos vistos aparentava a mesma idade do marido. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos.
Pouco tempo depois de concluir seus estudos com Pestalozzi, no famoso castelo suíço de Zahringen (Yverdun), o Prof. Rivail fundara em Paris um Instituto Técnico, com orientação baseada nos métodos pestalozzianos. Madame Rivail associou-se ao esposo na afanosa tarefa educacional, que ele vinha desempenhando, no referido Instituto, havia mais de um lustro.
Grandemente louvável era essa iniciativa humana e patriótica do Prof. Rivail, pois, não obstante as leis sucessivas decretadas após a Revolução Francesa em prol do ensino, a instrução pública vivia descurada do Governo, tanto que só em 1833, pela Lei Guizot, é que oficial e definitivamente ficaria estabelecido o ensino primário na França.
Em 1835, o casal sofreu doloroso revés. Aquele estabelecimento de ensino foi obrigado a cerrar suas portas e a entrar em liquidação. Possuindo, porém, esposa altamente compreensiva, resignada e corajosa, fácil lhe foi sobrepor-se a esses infaustos acontecimentos. Amparando-se mutuamente, ambos se lançaram a maiores trabalhos. Durante o dia, enquanto Rivail se encarregava da contabilidade de casas comerciais, sua esposa colaborava de alguma forma na preparação dos cursos gratuitos que havia organizado na própria residência, e que funcionaram de 1835 a 1840.
À noite, novamente juntos, não se davam a descanso justo e merecido, mas produtivo. O problema da instrução às crianças e aos jovens tornara-se para Prof. Rivail, como o fora para seu mestre Pestalozzi, sempre digno da maior atenção. Por isso, até mesmo as horas da noite ele as dividia para diferentes misteres relacionados com aquele problema, recebendo em todos a cooperação talentosa e espontânea de sua esposa. Além de escrever novas obras de ensino, que, aliás, tiveram grande aceitação, o Prof. Rivail realizava traduções de obras clássicas, preparava para os cursos de Lévi-Alvarès, frequentados por toda a juventude parisiense do bairro de São Germano, e se dedicava, ainda, em dias certos da semana, juntamente com sua esposa, a professorar as matérias estatuídas para os já referidos cursos gratuitos.

 “Aquele que encontrar uma mulher boa, encontrará o bem e achará gozo no Senhor” − disse Salomão. Amélie Boudet era dessas mulheres boas, nobres e puras, e que, despojadas das vaidades mundanas, descobrem no matrimônio missões nobilitantes a serem desempenhadas.
Nos cursos públicos de Matemática e Astronomia, em que o Prof. Rivail bissemanalmente lecionou, de 1843 a 1848, e aos quais assistiram não só alunos, mas também professores, no Liceu Polimático, que fundou e dirigiu até 1850, não faltou em tempo algum o auxílio eficiente e constante de sua dedicada consorte.
Todas essas realizações e outras mais, a bem do povo, originaram-se das palestras costumeiras entre os dois cônjuges, mas, como salientou a Condessa de Ségur, devem-se principalmente à mulher, as inspirações que os homens concretizam. No que toca à Madame Rivail, acreditamos que em muitas ocasiões, além de conselheira, foi ela a inspiradora de vários projetos que o marido pôs em execução. Aliás, é o que nos confirma o Sr. P. J. Leymarie, ao declarar que Kardec tinha em grande consideração as opiniões de sua esposa.
Graças principalmente às obras pedagógicas do professor Rivail, adotadas pela própria Universidade da França, e que tiveram sucessivas edições, ele e senhora alcançaram uma posição financeira satisfatória.
O nome Denizard Rivail tornou-se conhecido nos meios cultos e além do mais bastante respeitado. Estava aberto para ele o caminho da riqueza e da glória, no terreno da Pedagogia. Sobrar-lhe-ia, agora, mais tempo para dedicar-se à esposa, que, de acordo com a sua humildade e elevada posição espiritual, jamais reclamara coisa alguma.
A ambos, porém, estava reservada uma missão, grandiosa pela sua importância universal, mas plena de exaustivos trabalhos e dolorosos espinhos.
O primeiro toque de chamada verificou-se em 1854, quando o Prof. Rivail foi atraído para os curiosos fenômenos das “mesas girantes”, então em voga no mundo todo. Outros convites do Além se seguiram e vemos, em meados de 1855, na casa da Família Baudin, o Prof. Rivail iniciar os seus primeiros estudos sérios sobre os citados fenômenos, entrevendo, ali, a chave do problema que durante milênios viveu na obscuridade.
Acompanhando o esposo nessas investigações, era de se ver a alegria emotiva com que ela tomava conhecimento dos fatos que descerravam para a Humanidade novos horizontes de felicidade. Após observações e experiências inúmeras, o professor Rivail pôs mãos à maravilhosa obra da Codificação, e é ainda de sua cara consorte, então com 60 anos, que ele recebe todo o apoio moral nesse cometimento. Tornou-se ela verdadeira secretária do esposo, secundando-o nos novos e bem mais árduos trabalhos que agora lhe tomavam todo o tempo, estimulando-o, incentivando-o no cumprimento de sua missão.
Sem dúvida, nós espíritas, muito devemos a Amélie Boudet e estamos de acordo com o que acertadamente escreveu Samuel Smiles: "os supremos atos da mulher geralmente permanecem ignorados, não saem à luz da admiração do mundo, porque são feitos na vida privada, longe dos olhos do público, pelo único amor do bem".
O nome de Madame Rivail enfileira-se assim, com muita justiça, entre os de inúmeras mulheres que a História registrou como dedicadas e fiéis colaboradoras dos seus esposos, sem as quais talvez eles não levassem a termo as suas missões. Tais foram, por exemplo, as valorosas esposas de Lavoisier, de Buckland, de Flaxman, de Huber, de Sir William Hamilton, de Stuart Mill, de Faraday, de Tom Hood, de Sir Napier, de Pestalozzi, de Lutero e de tantos outros homens de gênio. A todas essas Grandes Mulheres, além daquelas muito esquecidas pela História, a Humanidade é devedora eterna!
Lançado O Livro dos Espíritos, da lavra de Allan Kardec, pseudônimo que tomou o Prof. Rivail, este, meses depois, a 1º de Janeiro de 1858, com o apoio tão somente de sua esposa, deu a lume o primeiro número da Revista Espírita, periódico que alcançou mais de um século de existência grandemente benéfica ao Espiritismo.
Havia cerca de seis meses que na residência do casal Rivail, então situada à Rua dos Mártires, nº 8, efetuavam-se sessões bastante concorridas, exigindo da parte de Madame Rivail uma série de cuidados e atenções, que por vezes a deixavam extenuada. O local chegou a se tornar apertado para o elevado número de pessoas que ali compareciam, de sorte que, em abril de 1858, Allan Kardec fundava, fora do seu lar, a “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”. Mais uma obra de grave responsabilidade!
Tomar tais iniciativas naquela recuada época, em que o despotismo clerical ainda constituía uma força, não era tarefa para muitos. Havia necessidade de larga dose de devotamento, firmeza de vistas e verdadeiro espírito de sacrifício.
Ao casal Rivail é que coube, apesar de todos os escolhos e perigos que se lhe deparariam na nova estrada, empreender, com a assistência e proteção do Alto, a maior revolução de ideias de que se teve notícia nos meados do século XIX.
Allan Kardec foi alvo do ódio, da injúria, da calúnia, da inveja, do ciúme e do despeito de inimigos gratuitos, que a todo custo queriam conservar a luz sob o alqueire.
Intrigas, traições, insultos, ingratidões, tudo de mal cercou o ilustre reformador, mas em todos os momentos de provas e dificuldades sempre encontrou, no terno afeto de sua nobre esposa, amparo e consolação, confirmando-se essas palavras de Simalen: “A mulher é a estrela de bonança nos temporais da vida.”
Com vasta correspondência epistolar, proveniente da França e de vários outros países, não fosse à ajuda de sua esposa nesse setor, sem dúvida não sobraria tempo para Allan Kardec se dedicar ao preparo dos livros da Codificação e de sua revista.
Uma série de viagens (em 1860, 1861, 1862, 1864, entre outras) realizou Kardec, percorrendo mais de vinte cidades francesas, além de várias outras da Suíça e da Bélgica, em todas semeando as ideias espíritas. Sua veneranda consorte, sempre que suas forças lhe permitiam, acompanhou-o em muitas dessas viagens, cujas despesas, cumpre informar, corriam por conta do próprio casal. Parafraseando o escritor Carlyle, poder-se-ia dizer que Madame Allan Kardec, pelo espaço de quase quarenta anos, foi à companheira amante e fiel do seu marido, com seus atos e suas palavras sempre o apoiou em tudo quanto ele empreendeu de digno e de bom.
Aos 31 de março de 1869, com 65 anos de idade, desencarnava, subitamente, Allan Kardec, quando ultimava os preparativos para a mudança de residência. Foi uma perda irreparável para o mundo espiritista, lançando em consternação a todos quantos o amaram. Madame Allan Kardec, quer partilhara com admirável resignação as desilusões e os infortúnios do esposo, agora, com os cabelos nevados pelos seus 74 anos de existência e a alma sublimada pelos ensinos dos Espíritos do Senhor, suportaria qualquer realidade mais dura. Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e estoicismo, conquanto, como é natural, abalada no profundo do ser.
No cemitério de Montmartre, onde, com simplicidade, aos 2 de abril, realizou-se o sepultamento dos despojos do mestre, comparecia uma multidão de mais de mil pessoas. Discursaram diversos oradores, discípulos dedicados de Kardec e, por último, o Sr. E. Muller, que logo no princípio do seu elogio fúnebre ao querido extinto assim se expressou: “Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartilhou as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido.”
Madame Allan Kardec recebeu da França e do estrangeiro numerosas e efusivas manifestações de simpatia e encorajamento, o que lhe trouxe novas forças para o prosseguimento da obra do seu amado esposo.
Desejando os espiritistas franceses perpetuar num monumento o seu testemunho de profundo reconhecimento à memória do inesquecível mestre, consultaram nesse sentido a viúva, que, sensibilizada com aqueles desejos humanos, mas sinceros, anuiu, encarregando desde logo uma comissão para tomar as necessárias providências. Obedecendo a um desenho do Sr. Sebille, foi então levantado no cemitério do Père-Lachaise um dólmen, constituído de três pedras de granito puro, em posição vertical, sobre as quais se colocou uma quarta pedra, tabular, ligeiramente inclinada, e pesando seis toneladas. No interior deste dólmen, sobre uma coluna também de pedra, fixou-se um busto, em bronze, de Kardec.
Esta nova morada dos despojos mortais do Codificador foi inaugurada em 31 de março de 1870, e nessa ocasião o Sr. Levent, vice-presidente da “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”, discursou, a pedido de Madame Allan Kardec, em nome dela e dos amigos.
Cerca de dois meses após o decesso do excelso missionário de Lyon, sua esposa, no desejo louvável de contribuir para a realização dos planos futuros que ele tivera em mente, e de cujas obras, revista e Livraria passou a ser a única proprietária legal, houve por bem, no interesse da Doutrina, conceder todos os anos certa verba para uma “Caixa Geral do Espiritismo”, cujos fundos seriam aplicados na aquisição de propriedades, a fim de que pudessem ser remediadas quaisquer eventualidades futuras.
Outras sábias decisões foram por ela tomadas no sentido de salvaguardar a propaganda do Espiritismo, sendo, por isso, bastante apreciado, pelos espíritas de todo o mundo, o seu nobre desinteresse e devotamento.
Apesar de sua avançada idade, Madame Allan Kardec demonstrava um espírito de trabalho fora do comum, fazendo questão de tudo gerir pessoalmente, cuidando de assuntos diversos, que demandariam várias cabeças. Além de comparecer às reuniões, para as quais era convidada, todos os anos presidia à belíssima sessão em que se comemorava o dia dos Mortos, e na qual, após vários oradores mostrarem o que em verdade significa a morte à luz do Espiritismo, expressivas comunicações de Espíritos Superiores eram recebidas por diversos médiuns.
Se Madame Allan Kardec, conforme se lê na Revista Espírita de 1869, entregasse-se ao interesse pessoal, deixando que as coisas corressem por si mesmas e sem preocupação de sua parte, ela facilmente poderia assegurar tranquilidade e repouso à sua velhice. Mas, colocando-se num ponto de vista superior, e guiada, além disso, pela certeza de que Allan Kardec com ela contava para prosseguir, no rumo já traçado, a obra moralizadora que lhe foi objeto de toda a solicitude durante os últimos anos de vida, não hesitou um só instante. Profundamente convencida da verdade dos ensinos espíritas, ela buscou garantir a vitalidade do Espiritismo no futuro, e, conforme ela mesma o disse, melhor não saberia aplicar o tempo que ainda lhe restava na Terra, antes de reunir-se ao esposo.
Esforçando-se por concretizar os planos expostos por Allan Kardec, na Revista Espírita de 1868, ela conseguiu, depois de cuidadosos estudos feitos conjuntamente com alguns dos velhos discípulos de Kardec, fundar a “Sociedade Anônima do Espiritismo”.
Destinada à vulgarização do Espiritismo por todos os meios permitidos pelas leis, a referida sociedade tinha, contudo, como fito principal, a continuação da Revista Espírita, a publicação das obras de Kardec e bem assim de todos os livros que tratassem do Espiritismo.
Graças, pois, à visão, ao empenho, ao devotamento sem limites de Madame Allan Kardec, o Espiritismo cresceu a passos de gigante, não só na França, mas também no mundo todo.
Estafantes eram os afazeres dessa admirável mulher, cuja idade já lhe exigia repouso físico e sossego de espírito. Bem cedo, entretanto, os Céus a socorreram. O Sr. P. G. Leymarie, um dos mais fervorosos discípulos de Kardec desde 1858, médium, homem honesto e trabalhador incansável, assumiu, em 1871, a gerência da Revista Espírita e da Livraria e, logo depois, com a renúncia dos companheiros de administração da sociedade anônima, sozinho tomou sob os ombros os pesados encargos da direção. Daí por diante, foi ele o braço direito de Madame Allan Kardec, sempre acatando com respeito às instruções emanadas da venerável anciã, permitindo que ela terminasse seus dias em paz e confiante no progresso contínuo do Espiritismo.
Parecendo muito comercial, aos olhos de alguns espíritas puritanos, o título dado à Sociedade, Madame Allan Kardec, que também nunca simpatizara com esse título, mas que o aceitara por causa de certas conveniências, resolveu, na Assembleia Geral, de 18 de outubro de 1873, dar-lhe novo nome: “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, satisfazendo com isso a gregos e troianos.
Muito ainda fez essa extraordinária mulher em prol do Espiritismo e de todos quantos lhe pediam um conselho ou uma palavra de consolo, até que, em 21 de janeiro de 1883, às 5 horas da madrugada, docemente, com rara lucidez de espírito, com aquele mesmo gracioso e meigo sorriso que sempre lhe brincava nos lábios, desatou-se dos últimos laços que a prendiam à matéria.
A querida velhinha tinha então 87 anos, e, nessa idade, contam os que a conheceram, ainda lia sem precisar de óculos e escrevia ao mesmo tempo corretamente e com letra firme.
Aplicando-lhe as expressões de célebre escritor, pode-se dizer, sem nenhum excesso, que “sua existência inteira foi um poema cheio de coragem, perseverança, caridade e sabedoria”.
Compreensível, pois, era a consternação que atingiu a família espírita em todos os quadrantes do globo. De acordo com os seus próprios desejos, o enterro de Madame Allan Kardec foi simples, saindo o féretro de sua residência, na Vila Ségur, nº 39, para o Père-Lachaise, a 12 quilômetros de distância.
Grande multidão, composta de pessoas humildes e de destaque, compareceu em 23 de janeiro às exéquias junto ao dólmen de Kardec, onde os despojos da velhinha foram inumados e onde todos os anos, até à sua desencarnação, ela compareceu às solenidades de 31 de março.
Na coluna que suporta o busto do Codificador foram depois gravados, à esquerda, esses dizeres em letras maiúsculas: AMÈLIE GABRIELLE BOUDET – VEUVE ALLAN KARDEC – 21 NOVEMBRE 1795 – 21 JANVIER 1883.
No ato do sepultamento, falaram os Srs. P.G. Leymarie, em nome de todos os espíritas e da “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, Charles Fauvety, ilustre escritor e presidente da “Sociedade Científica de Estudos Psicológicos” e, ainda, representantes de outras instituições e amigos, como Gabriel Delanne, Cot, Carrier, J. Camille Chaigneau, poeta e escritor, Lecoq, Georges Cochet, Louis Vignon, que dedicou delicados versos à querida extinta, o Dr. Josset e a distinta escritora, a Sra. Sofia Rosen-Dufaure, todos fazendo sobressair os reais méritos daquela digna sucessora de Kardec. Por fim, com uma prece feita pelo Sr. Warroquier, os presentes se dispersaram em silêncio.
A nota mais tocante daquelas homenagens póstumas foi dada pelo Sr. Lecoq. Leu ele, para alegria de todos, bela comunicação mediúnica de Antônio de Pádua, recebida em 22 de janeiro, na qual esse iluminado Espírito descrevia a brilhante recepção com que elevados Amigos do Espaço, juntamente com Allan Kardec, acolheram aquele ser bem aventurado.
No improviso do Sr. P.G. Leymarie, este relembrou, em traços rápidos, algo da vida operosa da veneranda extinta, da sua nobreza d'alma, afirmando, entre outras coisas, que a publicação tanto de O Livro dos Espíritos, quanto da Revista Espírita, deveu-se em grande parte à firmeza de ânimo, à insistência, à perseverança de Madame Allan Kardec.
Sem deixar herdeiros diretos, pois não teve filhos, por testamento fez ela sua legatária universal à “Sociedade para Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”. Embora uma parenta sua, já bem idosa, e os filhos desta intentassem anular essas disposições testamentárias, alegando que ela não estava em perfeito juízo, nada, entretanto, conseguiram, pois as provas em contrário foram esmagadoras.
Em 26 de janeiro de 1883, o conceituado médium parisiense, Sr. E. Cordurié recebia espontaneamente uma mensagem assinada pelo Espírito de Madame Allan Kardec, logo seguida de outra, da autoria de seu esposo. Singelas nas formas, belas nos conceitos, tinham ainda um sopro de imortalidade e comprovavam que a vida continua...


Federação Espírita do Paraná

Evangelização: A Fé: Mãe da Esperança e da Caridade


Objetivos:
 Explicar aos evangelizando a definição da fé - “certeza das coisas que não se vêem, mas das quais se esperam.” (Hb 11:1) - Levar as crianças à reflexão de que a fé se torna inabalável, quando reconhecemos o Cristo interno em cada um, que somos “partículas” de Deus, nosso Pai Maior (Fé Divina), e lembrar da importância de confiarmos em nossos pensamentos, mesmo com nossas incertezas, dúvidas e limitações. (Fé Humana).
 Auxiliar os evangelizando a compreender que a “fé remove montanhas”, e que estas são nossas dificuldades, resistências, imperfeições, limitações, etc... Enfatizando que estes obstáculos podem ser superados com o exercício da fé, que esta deve ser valorizada, pois mesmo pequena é claridade acesa no coração. 
Ressaltar o cuidado e atenção para que a fé não seja cega (aquela que acredita sem questionar) e sim humilde, serena e vivida à luz da razão.                                                                                                                      
 Explicar aos evangelizando que todos nós somos chamados para o trabalho na seara do mestre, agregando a esperança, a fraternidade e a melhoria interior, pois a fé com obras não esquece a caridade e o amor é seu maior exemplo.                                                                   
 Esclarecer aos evangelizando que todos nós temos oportunidade de sermos úteis, auxiliando em pequenas e não menos importantes atividades de nosso dia a dia, seja em casa, na escola, etc.

Referências – O Evangelho Segundo o Espiritismo: Cap. 19 – A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS

Abordagens atuais:
1 - Sensibilizar os evangelizando para perceberem a presença de Deus em toda a sua criação, ilumina todos os corações da Terra, alegrando o ser mais triste e desolado, brilhando a estrela mais apagada, derretendo o olhar frio do delinquente, fazendo a verdade surgir no maledicente, fazendo enxergar o cego, curando a doença do enfermo, trazendo a voz de volta ao mudo, brotando o bem no coração desalmado e fazendo o infeliz se sentir amado. Basta qualquer um a qualquer hora, ter a fé do um tamanhozinho de um grão de mostarda.
2 - Exemplificar com as crianças a fé que as mães possuem e seu poder de cura, assim como a intuição que nos livra de perigos e aflições.
3 - Refletir como a fé de Cristo e seus discípulos curaram feridas e mataram a fome dos   sofredores e calaram  a ignorância dos orgulhosos, redirecionando-os ao caminho do amor.
4 - Refletir como nosso pensamento pode se tornar vida e transformar nossos desejos em realidades, assim como invigilâncias em desastres. Despertar o senso de religiosidade.
5 - Desenvolver a semente da fé nas crianças, baseada no raciocínio e nas leis divinas, compreendendo que o espiritismo é consolação e esperança.
6 - Mediante as paixões transitórias do mundo, que levam as quedas e trazem vazios nos lares aos jovens da Terra, salientar que Jesus trouxe a lei do AMOR e da CARIDADE que são chamas inextinguíveis iluminando nossos caminhos.

Harmonização com música

Prece Inicial


PRIMEIRO MOMENTO: Dinâmica – Com fé em Deus e com meu esforço, poderei realizar muitas coisas!

Pedir a cooperação de alguns evangelizando para cumprir uma tarefa complicada para a idade deles, que poderá ser realizada com a turma toda também, como por exemplo, levar um desenho colar no quadro e pedir que desenhem.
Certamente alguns dirão que não conseguem, outros se aventurarão e outros nem vão querer tentar. Estimular e deixar que escolham fazer ou não.
Depois de cumprida a tarefa dizer que é importante ter confiança e realizar, mesmo que não consigamos da primeira vez, é importante realizar e acreditar.
*Apresentei um desenho ás crianças e pedi que o desenhasse.

SEGUNDO MOMENTO: Tópicos a serem abordados:

- Fé significa acreditar que algo seja verdadeiro, sem nenhuma prova de que este algo seja verdade, pela absoluta confiança que depositamos neste algo ou alguém.

- É uma força que nasce na própria alma. Ter fé é guardar no coração a confiança em Deus, sabendo que Ele é um Pai Bondoso que não desampara nenhum de seus filhos.

- A palavra fé, tem origem do latim, ''fides'', que significa fidelidade. Portanto, ter fé não é apenas crer, mas ser fiel a Deus, ou seja, sintonizar-se com as leis divinas; fazer a sua vontade.

- Num outro sentido, a fé é também a confiança que se tem no cumprimento de uma coisa, da certeza de atingir um fim. Há a fé em si mesmo, numa obra material qualquer, a fé nas pessoas, a fé na pátria, etc.

- Mas a verdadeira fé se alia à humildade, aquele que a possui coloca sua confiança em Deus mais do que em si mesmo, porque sabe que é simples instrumento da vontade de Deus e não pode nada sem Ele.

- A fé sincera é sempre calma e proporciona segurança, não se desespera diante das dificuldades, é otimista e esperançoso, paciente e sabe esperar. Tudo isso a Fé nos faz sentir.  Mas, quando é vacilante, não pensa que pode vencer, é fraca e denota dúvida de si mesmo.

- Quando Jesus disse: ''Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: transporta-te daqui para ali, e ela se transportaria, e nada vos seria impossível''; ele quis ensinar que as montanhas  que a fé transporta são as dificuldades, as resistências, a má vontade; é também os preconceitos, o egoísmo, os vícios que são obstáculos para o progresso da humanidade.

-  Nossos vícios, muitas vezes, aos nossos olhos, podem parecer gigantescas montanhas. 
Diga-me se estou errado: não é difícil controlar o desejo de se empanturrar  de chocolate? Não é difícil controlar o desejo de brincar em vez de ficar estudando? Não é difícil controlar o desejo de agredir alguém que acabou de nos xingar? O desejo de roubar um brinquedo lindo quando ninguém está olhando? Mas se tivermos fé na lei do Cristo que pede para amarmos ao próximo como a nós mesmos, encontraremos forças para mover as montanhas desses desejos.

- A fé vai se parecer com um grão de mostarda (a menor de todas as sementes), quando já é capaz de “transportar montanhas” as montanhas de seus vícios, defeitos e as más tendências como, por exemplo, para mentir, enganar pessoas, fofocar, etc., elas podem nos servir para nosso crescimento, pois são elas que nos indica onde devemos melhorar.

- Para se possuir bens materiais na Terra (como por exemplo: brinquedos, livros, roupas, comida etc.), é indispensável o trabalho, o esforço, estudo, a disciplina. Assim também para se adquirir a verdadeira fé, devemos cultivar apenas virtudes, transportar as montanhas das nossas más tendências.

- Ela desperta todos os sentimentos que nos conduzem ao bem: é o sentimento base para regeneração dos defeitos que guardamos na alma.

- A Fé é um sentimento inato no indivíduo. A direção desse sentimento pode ser cega ou raciocinada. A Fé cega, não examinando nada, aceita sem controle o falso como o verdadeiro; em excesso produz o fanatismo. A Fé raciocinada,  se apoia sobre os fatos e a lógica, não aceita nada obscuro; pesquisa e investiga.

- Aquele que tem fé sincera e verdadeira é sempre calmo, paciente, humilde, ele nunca desespera.

- Quem a tem de verdade, tem amor ao semelhante.

- A esperança e a caridade são resultados da fé.

E essas três virtudes formam uma trindade inseparável.  Eles estão relacionados, ou seja, um depende do outro para que o ser humano possa se expressar no mundo. Não é a fé que sustenta a esperança de vermos cumpridas as promessas do senhor; porque, se não tivermos fé, que esperaremos? Não é a fé nos dá o amor? Pois, se não tiverdes fé, que reconhecimento tereis, por conseguinte, que amor?

Pela fé, cremos em Deus, e ela se expressa de maneira concreta em atitudes e gestos de amor ao semelhante; aqueles que realmente têm fé em Deus tem amor ao semelhante, ela é proveitosa.

·        
      Pela Esperança (de esperar com paciência), acreditamos que alcançaremos, temos otimismo e forças.
·       
         Pela Caridade Amamos a Deus e ao próximo, pois a fé verdadeira põe em prática o amor.

- Aqueles que não têm Fé: O Fato o que impede seu crescimento em nós, é o orgulho, egoísmo, os vícios e os defeitos (falar mal, impaciência, intolerância).

- Aqueles que têm Fé: fez conquistas espirituais, não sofre tanto nas dificuldades.

- A fé é um motor que nos impulsiona a praticar o bem. Jesus realizou verdadeiros milagres através da fé. Curou cegos, paralíticos, expulsou Espíritos maus e mostrou que os homens poderiam realizar estes milagres por sua vontade e pela certeza que a fé proporciona. Os apóstolos, com o seu exemplo, também não fizeram milagres? O poder da fé tem aplicação direta e especial na ação magnética. O Espiritismo nos esclarece que tais milagres não são efeitos sobrenaturais (inexplicáveis), mas são causas naturais, as quais chamam de magnetismo (ação fluídica).


TERCEIRO MOMENTO: Atividade escrita.

PRECE FINAL


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Fanatismo e tolerância


É natural que nas nossas escolhas, nas nossas andanças, encontremos essa ou aquela filosofia de vida que mais nos pareça adequada.
É compreensível que a escolha religiosa de cada um de nós tenha um caráter próprio e pessoal, que mais concorde com nossa visão de mundo e de Deus.
Assim também escolhemos o partido político, o time de futebol, o esporte preferido para praticar, o hobby para os momentos de lazer, que nos pareça o melhor, e que tenha mais significado para nós.
Como temos histórias de vida diferentes, percepções de mundo, valores, capacidades intelectuais e emocionais muito pessoais e individualizadas, cada um de nós faz suas escolhas externas em coerência com aquilo que já conquistou intimamente.
Dessa forma, mesmo que não concordemos com a opção de vida de outrem, mesmo que tal ou qual situação jamais possa ser nossa escolha, para alguém isso pode ser o melhor.
Portanto, compreender que não serão todos que aceitarão a nossa religião como a melhor, que verão nossa profissão como a mais acertada escolha ou que conseguirão entender nossas opções, tudo isso faz parte da vida.
Todas as vezes que tentarmos forçar alguém a pensar como nós, entraremos em campo perigoso.
Quando somos intolerantes com as opções distintas das nossas, quando não vemos com naturalidade outros caminhos trilhados por tantos, estamos demonstrando nossa inflexibilidade com a diversidade do pensar e do agir alheios.
O próximo passo, seguido à intolerância, será certamente o do fanatismo.
Quando não conseguimos aceitar as opções alheias, não conseguimos ver outros caminhos para trilhar, tendemos a impor nossas escolhas como a única verdade e a única opção lícita e saudável.
Seremos aqueles que tentaremos impor nossa religião, nossa filosofia de vida, nosso esporte ou nosso hobby aos que nos cercam, para que eles se convençam da nossa certeza, esquecendo-nos de que ela é nossa e de mais ninguém.
Disso concluímos que não nos cabe impor a ninguém nossa crença, seja religiosa, seja de vida, ou de qualquer matiz.
* * *
Se convidados a opinar sobre o que seja, que possamos expor nosso ponto de vista com naturalidade e tranquilidade, mas sem pretensão ou arrogância, como se o nosso caminho fosse o único que conduz para a felicidade, para o bem-estar.
Quando temos necessidade de impor o que pensamos, mostramos não só a fragilidade e incertezas que carregamos, como a necessidade constante de autoafirmar nossas crenças.
Numa sociedade tão diversificada como a nossa, pratiquemos a tolerância e a compreensão para com o próximo.
Mesmo as opções errôneas que o outro, porventura, tenha feito, serão lições preciosas para seu aprendizado, que talvez não ocorressem se não fosse de tal maneira.

Permitamos a cada um a liberdade do pensar e do agir, fazendo, de nossa parte, as opções que nos levem à felicidade, à paz e à consciência tranquila.

Redação do Momento Espírita.

PRECE DE GRATIDÃO


Senhor, muito obrigado, pelo que me deste, pelo que me dás!
pelo ar, pelo pão, pela paz!
Muito obrigado, pela beleza que meus olhos veem no altar da natureza.
Olhos que contemplam o céu cor de anil, e se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil!
Pela minha faculdade de ver, pelos cegos eu quero interceder, por aqueles que vivem na escuridão e tropeçam na multidão, por eles eu oro e a Ti imploro comiseração, pois eu sei que depois dessa lida, numa outra vida, eles enxergarão!
Senhor, muito obrigado pelos ouvidos meus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro, a melodia do vento nos ramos do salgueiro, a dor e as lágrimas que escorrem no rosto do mundo inteiro.
Ouvidos que ouvem a música do povo, que desce do morro na praça a cantar.
A melodia dos imortais que a gente ouve uma vez e não se esquece nunca mais.
Diante de minha capacidade de ouvir,
pelos surdos eu te quero pedir, pois eu sei, que depois desta dor, no teu reino de amor, eles voltarão a ouvir!
Muito obrigado Senhor, pela minha voz!
Mas também pela voz que canta, que ensina, que consola.
Pela voz que com emoção, profere uma sentida oração!
Pela minha capacidade de falar, pelos mudos eu Te quero rogar, pois eu sei que depois desta dor, no teu reino de amor, eles também cantarão!
Muito obrigado Senhor, pelas minhas mãos, mas também pelas mãos que aram, que semeiam, que agasalham.
Mãos de caridade, de solidariedade. Mãos que apertam mãos.
Mãos de poesias, de cirurgias, de sinfonias, de psicografias, mãos que numa noite fria, cuida ou lava louça numa pia.
Mãos que a beira de uma sepultura, abraça alguém com ternura, num momento de amargura.
Mãos que no seio, agasalham o filho de um corpo alheio, sem receio.
E meus pés que me levam a caminhar, sem reclamar.
Porque eu vejo na Terra amputados, deformados, aleijados...e eu posso bailar!!...
Por eles eu oro, e a ti imploro, porque eu sei que depois dessa expiação, numa outra situação,
eles também bailarão.
Por fim Senhor, muito obrigado pelo meu lar!
Pois é tão maravilhoso ter um lar...
Não importa se este lar é uma mansão, um ninho, uma casa no caminho, um bangalô, seja lá o que for!
O importante é que dentro dele exista a presença da harmonia e do amor!
O amor de mãe, de pai, de irmão, de uma companheira...
De alguém que nos dê a mão, nem que seja a presença de um cão, porque é tão doloroso viver na solidão!
Mas se eu ninguém tiver, nem um teto para me agasalhar, uma cama para eu deitar, um ombro para eu chorar, ou alguém para desabafar..., não reclamarei, não lastimarei, nem blasfemarei.
Porque eu tenho a Ti!
Então muito obrigado porque eu nasci!
E pelo teu amor, teu sacrifício, tua paixão por nós,
Muito obrigado Senhor!

Amélia Rodrigues

Divaldo Pereira Franco

A POBREZA


Alguns acreditam que ser pobre é viver destituído de bens, serviços e necessidades fundamentais.
Quanto menos dinheiro se tem, mais pobre se é, pensam alguns.
Mas pobreza não consiste na ausência de capital, de salário ou de patrimônio.
A pobreza existe e se instala quando necessitamos de muitas coisas para viver.
O pobre pode ser pobre por precisar de muito, por muito desejar e por criar muitas dependências.
O rico pode igualmente ser pobre, pois mesmo tendo muito, ainda quer mais e mais, e sente que tem pouco.
Se tens muito e sente que tens pouco, serás pobre.
Se possuis o necessário e sentes que tem muito, serás rico.
Há muitos pobres mais ricos que os ricos.
E muitos ricos mais pobres que muitos pobres.
Pois a pobreza é desejar além do que a vida pode te dar.
A pobreza é um estado de espírito, e não a ausência de bens e dinheiro.
É pobre todo aquele que, tendo muito, está sempre insatisfeito.
E é rico aquele que, tendo pouco, está sempre satisfeito.
Quem considera pouco o suficiente vive sempre na infelicidade e insatisfação.
Quem considera o suficiente com satisfação, pode viver tranquilo e feliz.
Nada te satisfará se não estiveres satisfeito e em paz contigo mesmo.
As satisfações e prazeres humanos duram bem pouco,
O júbilo espiritual e a paz interior podem durar uma eternidade.
O rico que quer muito além do que possui, nada possui.
Vive mendigando mesmo dentro de um monumental palácio.
A maior riqueza é interior, é aquela que nada externo pode acrescentar ou diminuir.
O maior tesouro é aquele que não pode ser destruído,
Aquele que está eternamente guardado no mais impenetrável cofre do mundo: nosso coração.
De que nos adianta esmolar as migalhas deste mundo de ilusão e transitoriedade?
Contenta-te com o que tens, sede feliz com o que já possuis,
Alegra-te com a gratuidade da vida, que nada cobra e nada deixa faltar.
Quanto maior a tua ambição com o supérfluo, mais pobre serás.
Quanto maior a tua felicidade com o necessário, mais rico serás.
A maior riqueza é tudo aquilo que dinheiro nenhum no mundo pode comprar
E que tu não venderias por coisa alguma.
Nossa família, nossos amigos, nossos amores, nossa paz, nossas virtudes e nosso caminho espiritual.
Qualquer um pode ser tão rico quanto sua alegria espontânea de viver
E tão pobre quanto sua carência, sua mágoa, e seus intermináveis desejos materiais.
A solidão num imenso palácio pode ser maior do que a solidão num pequeno casebre.
Atenta para a verdade: nunca teu vazio interior será preenchido por ganhos mundanos.
Preferes ser o mendigo de tudo o que você não possui?
Ou o rei de tudo o que ganhaste com trabalho duro e honesto?
Cultive a paz, a graça, a verdade e o amor,
Estes são os maiores tesouros que terás acesso.


Autor: Hugo Lapa

A MORTE E OS JOVENS



         Assistindo à comoção das pessoas com a morte do jovem artista, Cristiano Araújo, resolvi refletir no tema – a morte e os jovens – e decidi redigir o resultado das minhas reflexões à luz da Doutrina Espírita.
Ela sempre surpreende seja qual for a idade.
            Acontecimento natural em um mundo como a Terra, a morte é vista pela grande maioria por fato injusto.
            A vida na Terra pode ser comparada a uma viagem muito especial para a evolução espiritual do ser e, verdadeiramente, é isso que acontece.
            Desembarcamos aqui pela bênção da reencarnação, sem bagagem alguma, trazendo apenas o coração como mochila, carregado de esperanças e com o aprendizado de vidas passadas.
            À medida que crescemos, nosso deslumbramento aumenta e passamos a acreditar que somos daqui e que viemos para ficar.
            Nosso orgulho ancestral vai se mostrando e criamos grande confusão, imaginando que os bens e conquistas materiais sejam de nossa propriedade.
            Na idade juvenil, o corpo, estuante de energias, alimenta a crença de que nada pode acontecer aos jovens, pois a ordem natural das coisas é que os mais velhos partam primeiro e os jovens depois.
            Galera, não existe ordem natural para a morte acontecer.
            A morte não pede certidão de nascimento para verificar o tempo de vida do ser humano.
            O Espiritismo vem detonar a ideia da morte, pois a vida continua, mas acima de tudo, a doutrina dos imortais vem nos pedir mais responsabilidade com a vida.
            A imprensa diz: “Se ele e a namorada estivessem utilizando cinto de segurança, teriam sobrevivido”.
            Quem é que pode afirmar o contrário?
            Imagino que as montadoras de automóveis, após horas intermináveis de testes, batendo carros em muro, não instalaram cintos de segurança na parte de trás dos automóveis por simples adereço e enfeite.
            A colocação acima é apenas para a nossa reflexão, pois a vida é um bem precioso e nós ainda agimos de maneira descuidada com esse presente.
            Quando a morte vem, não dá tempo de apanhar as roupas, diplomas e outras conquistas, sejam elas quais forem, a gente apenas parte.
            Está no coração tudo que pode ser amealhado nessa e em outras vidas.
            Muitos jovens vivem como se nada fosse lhes acontecer, e por isso muitos morrem de maneira inconsequente.
            Para os que ficam, a dor profunda é a herança.
            Sabemos que existe vida depois da morte, está aí a mediunidade para nos mostrar, e ainda todo legado que o Espiritismo vem ofertando à humanidade.
            Quando estamos encarnados, parece que uma névoa nos confunde a razão, entorpecendo nosso senso de realidade.
            Essa névoa é a ilusão, e é na idade juvenil, que essa realidade é mais palpável.
            É preciso saber viver, tratando a vida como o bem mais precioso que Deus nos ofertou.
            Quando a morte nos emocionar pela partida de uma pessoa pública ou não, devemos refletir acerca do momento da nossa própria partida, isso certamente nos dará senso de humildade para valorizar esse bem precioso.
            Encher a mochila do nosso coração de conquistas e alegrias espirituais é a nossa meta.
            Amar as pessoas, fazer o bem, aproveitar as oportunidades é a essência da vida.
            A morte acompanha nossos passos a cada dia de vida, não para impedir nossa felicidade, mas para dar mais gosto a cada vitória, a cada sonho realizado.
            O que nos falta na verdade é aceitar que estamos de passagem por esse mundo, e que não existe ordem cronológica para a partida.
            Chico Xavier afirmava de maneira sábia:
            Escapamos da morte quantas vezes for preciso, mas da vida nunca nos livraremos.
            Cuide da sua vida física como uma flor delicada, evite os vícios e toda sorte de imprudência que a ilusão do mundo traz.
            Carregue na mochila do seu coração sentimentos leves e gratidão, para que na hora da partida, seja em qualquer idade, nada possa impedir seus passos ligeiros em direção a Deus.


Adeilson Salles

A TUA PARTE



Há quem diga que a Terra é uma "vale de lágrimas", numa atitude pessimista e recriminatória contra o Planeta que nos serve de colo materno, auxiliando-nos no processo evolutivo.
Algumas pessoas informam que detestavam a vida terrestre, somente enxergando, no mundo, aflição e dor, numa constante de ignóbeis tormentos.
Outras insistem em que a existência física não passa de um purgatório infeliz, onde a lágrima e a sombra se unem, compondo uma singular patética de desespero sem fim.
Os que têm, porém, conceitos de tal natureza, encontram-se com uma visão deficiente da realidade.
A Terra é o que dela temos feito, aguardando nosso contributo, a fim de ascender na escala dos mundos.
Escola de almas, é o educandário eficiente, no qual adquirimos sabedoria e experiência viva.
Hospital abençoado, enseja a recuperação da saúde do corpo e do espírito, mediante a terapia do amor e da beneficência.
Lar formoso, recebe os trânsfugas e auxilia-os na fixação dos valores transcendentes indispensáveis à felicidade real.
Anota, no teu canhenho de compromissos habituais, o encontro com a dor do próximo, como exercício para a avaliação do sofrimento purificador.
Visita hospitais, de modo a confraternizar com os enfermos, que necessitam de uma palavra gentil, que lhes diminua a aflição, promovendo-os, na soledade em que se encontram.
Realiza uma excursão a um presídio, objetivando levar estímulo aos que ali estão, após o delito em que tombaram.
Experimenta conhecer a necessidade, num bairro pobre, conduzindo amizade e pão a alguém desfalecente nas garras da miséria.
Intenta doar um pouco do que te sobra.
Não incumbas a outrem fazê-lo por ti.
Propõe te realizá-lo e verás o quanto de bem te ensejará o tentame.
É muito melhor e mais ditoso do que receber.
Assim procedendo, modificarás a situação dos menos felizes, alterando a face sócio moral da Terra.
Facilmente se podem identificar problemas e desaires, diagnosticar males e misérias.
Importante, todavia, será sanar a face prejudicial das coisas, facultando o aparecimento dos valores positivos que se encontram em toda criatura como em todo lugar, embora ocultos.
O homem é divino investimento do Pai Criador com todas as potencialidades em gérmen.
Auxiliá-lo a desabrochar esses tesouros latentes é o objetivo da reencarnação.
Torna a Terra, pelo seu contributo de amor, o pórtico do reino de venturas, que logo mais se estabelecerá, não aderindo aos conceitos perniciosos e pessimistas em que muitos se estribam para negar-se operosidade e ação beneficente.
Ergue o caído, ajuda o aturdido, socorre o aflito, doa-te a vida e a vida te responderá em dádivas de esperança e progresso superior.
Esta será a tua parte na obra do Pai.


Joanna de Angelis

Divaldo Pereira Franco

Ação da Amizade


A amizade é o sentimento que imanta as almas unas às outras, gerando alegria e bem-estar.
A amizade é suave expressão do ser humano que necessita intercambiar as forças da emoção sob os estímulos do entendimento fraternal.
Inspiradora de coragem e de abnegação. a amizade enfloresce as almas, abençoando-as com resistências para as lutas.
Há, no mundo moderno, muita falta de amizade!
O egoísmo afasta as pessoas e as isola.
A amizade às aproxima e irmana.
O medo agride as almas e infelicita.
A amizade apazigua e alegra os indivíduos.
A desconfiança desarmoniza as vidas e a amizade equilibra as mentes, dulcificando os corações.
Na área dos amores de profundidade, a presença da amizade é fundamental.
Ela nasce de uma expressão de simpatia, e firma-se com as raízes do afeto seguro, fincadas nas terras da alma.
Quando outras emoções se estiolam no vaivém dos choques, a amizade perdura, companheira devotada dos homens que se estimam.
Se a amizade fugisse da Terra, a vida espiritual dos seres se esfacelaria.
Ela é meiga e paciente, vigilante e ativa.
Discreta, apaga-se, para que brilhe aquele a quem se afeiçoa.
Sustenta na fraqueza e liberta nos momentos de dor.
A amizade é fácil de ser vitalizada.
Cultivá-la, constitui um dever de todo aquele que pensa e aspira, porquanto, ninguém logra êxito, se avança com aridez na alam ou indiferente ao elevo da sua fluidez.
Quando os impulsos sexuais do amor, nos nubentes, passam, a amizade fica.
Quando a desilusão apaga o fogo dos desejos nos grandes romances, se existe amizade, não se rompem os liames da união.
A amizade de Jesus pelos discípulos e pelas multidões dá-nos, até hoje, a dimensão do que é o amor na sua essência mais pura, demonstrando que ela é o passo inicial para essa conquista superior que é meta de todas as vidas e mandamento maior da Lei Divina.
* * *

Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Divaldo Pereira Franco.
Da obra: Momentos de Esperança.

Reformas Sociais



    O assunto surgiu na reunião de estudos pa­ra a edificação de uma sociedade justa, não seria razoável a participação em movimentos que defen­dem uma mudança nas estruturas sociais?
Várias opiniões foram apresentadas. Houve quem preconizasse um engajamento do Centro, contribuindo até mesmo para a constituição de par­tido político capaz de pugnar pelos ideais espíritas. Outros defendiam uma mobilização popular, se ne­cessário, pressionando os governantes, a fim de que as legítimas aspirações do povo fossem aten­didas.
Terminada a discussão, ofereceu-se a pala­vra a Josefo, dedicado mentor espiritual que, após saudar os presentes pela psicofonia mediúnica, fa­lou:
– O assunto hoje foi empolgante. É louvável o interesse que demonstraram na procura de soluções para os grandes problemas sociais. Conside­rem, entretanto, que todas as mudanças envolven­do a sociedade, para serem legítimas e proveitosas, pedem antes a renovação do Homem, o que não pode ser feito à custa de meras reivindicações, de verbalismo ou do exercício da força, porquanto, para tanto, é preciso entrar em seu coração e não há outro caminho senão o Amor. Pode parecer pie­gas aos doutos, mas é a pura expressão da reali­dade. Jesus o demonstrou incansavelmente em seu apostolado. O Espiritismo faz a mesma proposta, apresentando a caridade como a base da salva­ção humana. Com a caridade desenvolveremos a vocação de servir, que é o Amor em ação, atuan­te, empreendedor, irresistível no apelo à renova­ção.
– No entanto – retrucou Luiz, um dos defen­sores do engajamento político –, o amigo não nega que uma mobilização dos espíritas poderia favore­cer as mudanças pretendidas.
– Sim, todos podem participar de tais inicia­tivas, desde que observem a ordem e a disciplina, com respeito aos poderes constituídos, mas sem envolver a Doutrina Espírita como movimento, a fim de que não tenhamos a reedição dos perigosos en­ganos cometidos pelos líderes religiosos no passa­do, que terminaram por atrelar a religião ao poder, assimilando os males que pretendiam combater.
– Mas o irmão não admite que uma mobili­zação popular, até com eventual exercício de força, apressaria as mudanças pretendidas? — indaga Gabriel, um dos defensores das medidas revolucioná­rias.
– Semelhantes iniciativas realmente promo­vem modificações nas estruturas sociais, mas em nada contribuem para a edificação de um Mundo melhor. Muitos movimentos de força têm sido dis­parados. Sistemas se sucedem, mas perpetuam-se os males humanos... Países desenvolvidos resol­vem transitoriamente os problemas da miséria ma­terial, mas caem na miséria moral, que é muito pior: a primeira é provação para coletividades imensas, funciona como cadinho purificador; a segunda é semeadura de dores... Ocioso pretender-se a refor­ma da sociedade sem a renovação do cidadão. Im­possível construir uma casa sólida com tijolos crus.
Josefo fez pequena pausa, como a esperar que seus conceitos fossem assimilados, concluindo, incisivamente:
– Quando Jesus proclamou que o Reino de Deus está dentro de nós, deixou bem claro que ele não se estenderá sobre o planeta antes dessa glo­riosa conquista. Por isso, meus amigos, o nosso trabalho é junto ao coração humano, sem pressões e sem pressa, com o exemplo de nosso próprio empenho no Bem, a fim de que o Reino Divino se estenda ao nosso redor.
 * * *
 Qualquer sistema de governo funcionará sa­tisfatoriamente se governados e governantes se ajustarem aos princípios da Justiça e da Verdade, da Fraternidade e da Solidariedade, do Trabalho e da Disciplina, do Respeito e da Compreensão.
Semelhantes realizações, que jamais pode­rão ser impostas, se concretizarão na medida em que os homens se dispuserem a seguir o Cristo pelos caminhos do Amor.


Por: Richard Simonetti

Os problemas são desafios para o homem


Toda pessoa que pensa, enfrenta problemas, porquanto a vida no
corpo transcorre sob a ação de variadas situações difíceis.
Aprende a conviver com eles, tentando resolvê-los, quanto possível, sozinho. Se não o conseguires, busca a experiência de outrem e luta até solucioná-los no momento próprio.
Não os transfiras para os outros, que também os têm, embora
não o demonstrem.
É desrespeito sobrecarregar o próximo com os nossos problemas,
sem considerar as aflições que, certamente, lhe pesam sobre
a existência.
Um problema hoje solucionado é lição para os que estão por vir.
Aprende a resolvê-los, para viver em paz.

Joanna de Ângelis
Divaldo Franco

VIDA FELIZ