Por: Rodrigo Fonseca
Abençoados
somos nós por termos tido, nesta encarnação, a dádiva do contato e do
aprendizado da doutrina Espírita e a possibilidade de trabalhar e empregá-la no
nosso cotidiano. Muitos de nós, espíritas, frequentamos o centro assiduamente;
fizemos os cursos estabelecidos sobre a doutrina, a mediunidade e a reforma
íntima; participamos de eventos de caridade e quando nos perguntam da nossa
religião, orgulhosamente respondemos: eu sou espírita. Mas, indo para além de
uma mera resposta sobre nossa fé, o que de fato nos torna espíritas e, mais do
que isso, um bom espírita?
O bom
espírita é, a priori, aquele que não apenas conhece o Espiritismo, mas tenta
inserir seus aprendizados no dia a dia em casa com a família, no trabalho com
os colegas, na vida social com os amigos e na sociedade com as demais pessoas.
É aquele que respeita as leis de Deus e as leis do homem por naturalidade, não
por temor. É aquele que traz o amor e a caridade como lemas de norte de sua
vida de maneira pura, sem o sentimento de fardo e obrigação.
O bom
espírita frequentemente se questiona sobre sua própria conduta, se não está
prejudicando a si mesmo ou ao próximo com algum comportamento inadequado, se
não violou alguma lei divina em suas relações interpessoais, se há algo mais
que pode fazer pelos outros, como ajudar o próximo e como melhorar a si mesmo.
Além disso, busca constantemente a expansão de sua consciência através do
estudo contínuo da doutrina em seu tríplice aspecto: religioso, filosófico e
científico.
O bom
espírita sabe que não é feito de aço, por isso certamente às vezes se
entristece, se isola, chora. Porém, passado o mau momento, reergue-se e segue
em frente com plena convicção de que Deus, em sua infinita bondade, justiça e
sabedoria, nunca desampara seus filhos e, justamente por isso, confia-Lhe suas
angústias e problemas.
Nos tempos
conturbados que estamos atravessando, muitos já perderam a fé no mundo e na
humanidade. O bom espírita segue alimentando a fé no futuro, pois acredita
veemente que os bens espirituais estão acima dos bens efêmeros e de que a luz
sempre há de vencer as trevas. Os problemas, as dores, as decepções que
atravessamos são nos dadas como lições para o nosso crescimento espiritual e
amadurecimento emocional. Como dizia Chico Xavier: “tudo passa”. O que é bom,
passa. O que é ruim, também passa.
Allan
Kardec já dizia que “Fora da caridade, não há salvação”. Portanto, o bom
espírita está sempre pensando e cultivando o sentimento de caridade, de fazer o
bem sem esperar nada em troca e, não titubeia a participar de eventos de
caridade. Quando testado fora do ambiente religioso e familiar, não hesita em
estender a mão àquele que lhe pede ajuda. A caridade para o bom espírita é
imensa alegria para o seu coração.
Ainda sobre
caridade e amor ao próximo, o bom espírita não faz distinção quanto a raças,
classes sociais, crenças, ideologias políticas, times de futebol e demais
categorias que muitos teimam em se enquadrar e enquadrar os outros. Na hora de
prestar auxílio, o bom espírita enxerga a todos os seus semelhantes como irmãos
e lhes presta ajuda sem rancor nem estresse. Pois, compreende que cada um tem o
direito de ter suas convicções e defender o que lhe parece bom, belo e justo.
Não faz
parte da conduta do bom espírita prejudicar quem quer que seja com palavras
agressivas, de comprar briga a troco de nada, de cultivar o ódio, a raiva e a
mágoa contra seu irmão em Cristo. Ao contrário, procura na medida do possível,
perdoar e deixar para lá os dissabores que de vez em quando sucedem.
O bom
espírita busca sempre ser humilde, pois tal como Jesus havia dito que os
cristãos seriam reconhecidos por sua humildade, esta é uma lição a ser colocada
em prática dentro e fora do centro espírita. Logo, não é do feitio do bom
espírita ser soberbo e se sentir melhor do que os outros por suas posses
materiais ou por seus dons mediúnicos. Sabendo que o orgulho e a vaidade podem
ser a pedra onde o médium é testado pela espiritualidade, procura realizar seu
trabalho espiritual de maneira respeitosa, empática e tranquila.
Por fim,
podemos resumir o bom espírita como aquele que é respeitoso à Deus, aos
ensinamentos de Jesus, à doutrina Espírita e, acima de tudo, aquele que não
apenas prega o que crê, mas pratica o que prega. N’outras palavras, o que nos
torna bons espíritas é colocar a passagem do livro Evangelho Segundo o
Espiritismo, de Allan Kardec, que nos aponta o que é o homem de bem, em
prática. Fica então resumido, o caminho que devemos tomar no esforço contínuo,
no intuito de nos tornarmos quiçá um dia, bons espíritas.