segunda-feira, 27 de maio de 2024

 

Os Trabalhadores da Última Hora




Por: Janaína Magalhães

O Evangelho Segundo o Espiritismo nos traz em seu capítulo XX a Parábola de Jesus sobre os Trabalhadores da Última Hora, ou Parábola da Vinha, a qual transcreve-se abaixo para uma análise posterior.

O Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu de madru­gada, a fim de assalariar trabalhadores para a sua vinha. Tendo conven­cionado com os trabalhadores que pagaria um denário a cada um por dia, mandou-os para a vinha. Saiu de novo à terceira hora do dia e, vendo outros que se conservavam na praça sem fazer coisa alguma, disse-lhes: “Ide tam­bém vós outros para a minha vinha e vos pagarei o que for razoável.” Eles foram. Saiu novamente à hora sexta e à hora nona do dia e fez o mesmo. Saindo mais uma vez à hora undécima, encontrou ainda outros que estavam desocupados, aos quais disse: “Por que permaneceis aí o dia inteiro sem trabalhar?” — “É”, disseram eles, “que ninguém nos assalariou.” — Ele então lhes disse: “Ide vós também para a minha vinha.”

Ao cair da tarde disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus negócios: “Chama os trabalhadores e paga-lhes, começando pelos últimos e indo até os primeiros.” — Aproximando-se então os que só à undécima hora haviam chegado, receberam um denário cada um. Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados em primeiro lugar, julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um denário cada um. Recebendo-o, queixaram-se ao pai de família, dizendo: “Estes últimos trabalharam apenas uma hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor.”

Mas, respondendo, disse o dono da vinha a um deles: “Meu amigo, não te causo dano algum; não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia? Toma o que te pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. Não me é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, por que sou bom?” Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos. (Mateus, 20:1 a 16).

Interpretando esta Parábola de Jesus conforme os ensinamentos espíritas, o pai de família é Deus; a vinha somos nós, a Humanidade terrena; e o trabalho, a aquisição de virtudes que devem enobrecer nossas almas.

Para ir evoluindo tanto moral quanto intelectualmente e ir adquirindo estas virtudes, uns Espíritos precisam de mais tempo e outros de menos, conforme os caminhos bem ou mal escolhidos. O prêmio, portanto, é a alegria, o gozo espiritual decorrente de mais um degrau alcançado na escada evolutiva até chegar à plenitude espiritual (Espíritos Puros). (Calligaris, 2011, P. 31-32)

Outra importante conclusão desta Parábola é a confirmação da doutrina reencarnacionista. Os trabalhadores da primeira hora são os profetas, Moisés e todos os iniciadores que marcaram as etapas do progresso, as quais continuaram a ser assinaladas através dos séculos pelos apóstolos, pelos mártires, pelos Pais da Igreja, pelos sábios, pelos filósofos e, finalmente, pelos Espíritas. Estes que por último vieram, foram anunciados e preditos desde a aurora do advento do Messias e receberão a mesma recompensa. O belo dogma da encarnação eterniza e precisa a filiação espiritual. Chamado a prestar contas do seu mandato terreno, o Espírito se apercebe da continuidade da tarefa interrompida, mas sempre retomada (KARDEC, 2023, p.241, capítulo XX, item 3).

A história nos lembra de que todos somos convidados a trabalhar no Reino de Deus e, independentemente do momento em que aceitamos o convite, somos recompensados.

Isto é, Deus sempre nos chama para o trabalho edificante e à prática do bem, mas nem sempre respondemos com prontidão e com boa vontade às tarefas que nos são confiadas.

Nossa meta é a evolução espiritual e, enquanto alguns estão sempre dispostos a alcançá-la, outros postergam e demoram demais para despertar para seu trabalho de purificação espiritual.

E, mesmo aqueles que levam mais tempo, ainda assim são agraciados na mesma intensidade, ou seja, desfrutam igualmente dos benefícios da plenitude do Espírito como os primeiros que atingiram o grau de adiantamento superior.

Isso quer dizer, que o trabalhador da última hora é tão merecedor quanto aqueles que o antecederam.

Desde que ele, na verdade, realize todas as tarefas que lhe cabem com muita dedicação e sacrifício. (Conteúdo Espírita – On-line)

No item 4 de O Evangelho Segundo o Espiritismo (p. 241), Allan Kardec nos fala sobre a missão dos Espíritas. Os Espíritas compreendem o amor de Deus como um impulso para a evolução, e sabem que o Espírito se eleva quando se esforça para viver sua vida baseada nos ensinamentos de Jesus.

Por isso, no final deste item, como resposta à pergunta: Se entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho?

“Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; os que seguem sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição. – Erasto, anjo da guarda do médium (Paris, 1863)”.

Neste momento de transição pelo qual passa o planeta Terra, os Espíritos que tiverem colaborado para que o bem prevaleça serão agraciados pelo cêntuplo do que tiverem esperado.

Deus procede, neste momento, ao censo de seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que Ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus” (KARDEC, 2023, p.243-244, capítulo XX, item 3).

 

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Referências:

1- CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas Evangélicas – 11.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2011.

2- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1. ed. Campos dos Goytacazes-RJ: Editora Letra Espírita, 2023.

3- Trabalhadores da última hora: A Parábola da Vinha [visão espírita] – Retirado do site: Conteúdo Espírita - Disponível em: https://conteudoespirita.com/trabalhadores-da-ultima-hora/ - Acesso em 24 de janeiro de 2024



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