Assistindo à comoção das pessoas com a morte do
jovem artista, Cristiano Araújo, resolvi refletir no tema – a morte e os jovens
– e decidi redigir o resultado das minhas reflexões à luz da Doutrina Espírita.
Ela
sempre surpreende seja qual for a idade.
Acontecimento natural em um mundo como a Terra, a morte é vista pela grande maioria
por fato injusto.
A vida na Terra pode ser comparada a uma viagem muito especial para a evolução
espiritual do ser e, verdadeiramente, é isso que acontece.
Desembarcamos aqui pela bênção da reencarnação, sem bagagem alguma, trazendo
apenas o coração como mochila, carregado de esperanças e com o aprendizado de
vidas passadas.
À medida que crescemos, nosso deslumbramento aumenta e passamos a acreditar que
somos daqui e que viemos para ficar.
Nosso orgulho ancestral vai se mostrando e criamos grande confusão, imaginando
que os bens e conquistas materiais sejam de nossa propriedade.
Na idade juvenil, o corpo, estuante de energias, alimenta a crença de que nada
pode acontecer aos jovens, pois a ordem natural das coisas é que os mais velhos
partam primeiro e os jovens depois.
Galera, não existe ordem natural para a morte acontecer.
A morte não pede certidão de nascimento para verificar o tempo de vida do ser
humano.
O Espiritismo vem detonar a ideia da morte, pois a vida continua, mas acima de
tudo, a doutrina dos imortais vem nos pedir mais responsabilidade com a vida.
A imprensa diz: “Se ele e a namorada estivessem utilizando cinto de segurança,
teriam sobrevivido”.
Quem é que pode afirmar o contrário?
Imagino que as montadoras de automóveis, após horas intermináveis de testes, batendo
carros em muro, não instalaram cintos de segurança na parte de trás dos
automóveis por simples adereço e enfeite.
A colocação acima é apenas para a nossa reflexão, pois a vida é um bem precioso
e nós ainda agimos de maneira descuidada com esse presente.
Quando a morte vem, não dá tempo de apanhar as roupas, diplomas e outras conquistas,
sejam elas quais forem, a gente apenas parte.
Está no coração tudo que pode ser amealhado nessa e em outras vidas.
Muitos jovens vivem como se nada fosse lhes acontecer, e por isso muitos morrem
de maneira inconsequente.
Para os que ficam, a dor profunda é a herança.
Sabemos que existe vida depois da morte, está aí a mediunidade para nos
mostrar, e ainda todo legado que o Espiritismo vem ofertando à humanidade.
Quando estamos encarnados, parece que uma névoa nos confunde a razão, entorpecendo
nosso senso de realidade.
Essa névoa é a ilusão, e é na idade juvenil, que essa realidade é mais
palpável.
É preciso saber viver, tratando a vida como o bem mais precioso que Deus nos
ofertou.
Quando a morte nos emocionar pela partida de uma pessoa pública ou não, devemos
refletir acerca do momento da nossa própria partida, isso certamente nos dará
senso de humildade para valorizar esse bem precioso.
Encher a mochila do nosso coração de conquistas e alegrias espirituais é a
nossa meta.
Amar as pessoas, fazer o bem, aproveitar as oportunidades é a essência da vida.
A morte acompanha nossos passos a cada dia de vida, não para impedir nossa
felicidade, mas para dar mais gosto a cada vitória, a cada sonho realizado.
O que nos falta na verdade é aceitar que estamos de passagem por esse mundo, e
que não existe ordem cronológica para a partida.
Chico Xavier afirmava de maneira sábia:
Escapamos
da morte quantas vezes for preciso, mas da vida nunca nos livraremos.
Cuide
da sua vida física como uma flor delicada, evite os vícios e toda sorte de imprudência
que a ilusão do mundo traz.
Carregue na mochila do seu coração sentimentos leves e gratidão, para que na
hora da partida, seja em qualquer idade, nada possa impedir seus passos
ligeiros em direção a Deus.
Adeilson
Salles
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