A conquista do dinheiro e a acumulação das riquezas materiais são assuntos que precisamos entender sob o ponto de vista religioso, moral e espiritual para que sejamos bem sucedidos nesta jornada evolutiva da alma.
Nas obras de Allan Kardec encontramos as
respostas abaixo apresentadas que nos orientam acerca do ganho honesto do
dinheiro e do bom uso dos bens materiais acumulados.
Essas respostas:
1. Ampliam o nosso entendimento do contexto
amplo e complexo em que estamos inseridos na vida;
2. Levam-nos a fazer profundas reflexões sobre
as nossas condutas perante as finanças e as conquistas das coisas
materiais;
3. Modificam completamente as influências que
as ideias materialistas exercem sobre o nosso modo de vida, de administrar as
riquezas e de relacionar com os semelhantes:
POR
QUE EXISTE A DESIGUALDADE NA POSSE DAS RIQUEZAS?
Na Questão 811 de “O Livro dos Espíritos”, os
Espíritos superiores revelaram a Allan Kardec que:
“A
igualdade absoluta das riquezas não é possível, porque a isso se opõe a
diversidade das faculdades e dos caracteres dos homens.”
Além disso, evidentemente, outros fatores
determinam a desigualdade na posse das riquezas: a herança familiar, a
apropriação indébita, o roubo, os ganhos desonestos, a espoliação, etc.
Ainda sobre esse tema, Allan Kardec, no
Capítulo XVI: Servir a Deus e a Mamon, do livro “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, esclareceu:
“Os homens não são igualmente ricos, por uma
razão muito simples: é que não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos
para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar.”
Disso decorre que se a riqueza do mundo fosse
dividida igualmente entre todos os homens, com o passar do tempo, essa situação
estaria novamente desequilibrada e rompida em virtude da diversidade dos
caracteres, aptidões e condutas humanas.
POR
QUE DEUS CONCEDE A UNS A RIQUEZA E A OUTROS A POBREZA?
Allan Kardec perguntou aos Espíritos
superiores: por que Deus concedeu a uns a riqueza e o poder, e a outros, a
miséria?
A resposta revelou aspectos inusitados da vida
dos homens:
“Para experimentá-los de modos diferentes. Além
disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que
nelas, entretanto, sucumbem com frequência.” (Questão 814 de “O Livro dos Espíritos”.)
Portanto, antes da reencarnação, nós mesmos
escolhemos as provas que precisamos passar na vida material para obter o
desenvolvimento intelectual e moral e caminhar para a perfeição espiritual designada
por Deus.
Assim, passamos pelas provas difíceis da
abundância ou da escassez dos recursos materiais, nas quais podemos ser bem
sucedidos ou sucumbir; Testamos as nossas qualidades; Exercitamos e
desenvolvemos as nossas faculdades; Adquirimos habilidades; Acumulamos
experiências; desfrutamos da oportunidade de praticar as virtudes; E
revelamos o uso que fazemos da vontade e do livre-arbítrio em função das
condições de vida de riqueza ou de pobreza em que nos situamos temporariamente
na jornada terrena.
Se agirmos com elevação intelectual e moral e
formos bem sucedidos nessas provas difíceis escolhidas por nós mesmos, obtemos
a evolução e ascensão na hierarquia espiritual, que é a verdadeira.
QUAL
A FORMA CORRETA DE CONQUISTARMOS O DINHEIRO E AS RIQUEZAS MATERIAIS?
Para a conquista das riquezas materiais, os
Espíritos superiores indicaram a Allan Kardec a seguinte providência:
“O que, por meio do trabalho honesto, o homem
junta constitui legítima propriedade sua, que ele tem o direito de defender,
porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão sagrado
quanto o de trabalhar e de viver.” (Questão 882 de “O Livro dos
Espíritos”.)
Em complemento, afirmou o Espírito Protetor M.,
nas Instruções dos Espíritos, contidas no Capítulo XVI: Servir a Deus e a
Mamon, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:
“Não há dúvida que, se há uma fortuna legítima,
é a que foi adquirida honestamente, porque uma propriedade só é legitimamente
adquirida quando, para conquistá-la, não se prejudicou a ninguém.”
Assim, devemos trabalhar honestamente para
obter o dinheiro que permite a acumulação dos tesouros materiais. Isso
significa: • Fazer o emprego útil da inteligência no trabalho; • Trabalhar
praticando o bem e não causando prejuízo a ninguém; • Manter as condutas elevadas
nas atividades para realizar boas obras; E constituir um patrimônio material
legítimo, que permita o desfrute, com paz na consciência, das boas condições de
vida e do bem-estar.
A
RIQUEZA MATERIAL É UM MEIO DE PERDIÇÃO PARA A ALMA?
Allan Kardec, no Capítulo XVI: Servir a Deus e
a Mamon, do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, nos ensinou que:
“Se a riqueza tivesse de ser um obstáculo
absoluto à salvação dos que a possuem, Deus, que a distribui, teria posto nas
mãos de alguns um instrumento fatal de perdição, o que repugna à razão.”
Assim, por mais difícil e arriscada que seja
para a alma a prova da riqueza, (por prender o homem às coisas materiais;
levá-lo a promover abusos e males com o mau uso; desviar a sua atenção das
coisas espirituais; e facilitar os desvios morais), ela pode ser um meio de
salvação nas mãos daquele que a sabe utilizar com abnegação para promover a
expansão do bem.
Se Deus condenasse a riqueza material, e se ela
fosse só fonte do mal, Ele não a teria posto na Terra.
Se Deus condenasse a acumulação dos bens
materiais, o homem não estaria submetido à Lei do trabalho que a pode
proporcionar.
Portanto, para a salvação de sua alma, o homem
deve transformar a riqueza acumulada pelo trabalho honesto em:
• Fonte do bem;
• Meio de aumento da produção dos bens para
melhorar as condições de vida no globo;
• Instrumento de aperfeiçoamento das relações
entre as pessoas e os povos;
• Incentivo ao trabalho honesto, às atividades nobres
e ao progresso da ciência e das pesquisas que geram a prosperidade e beneficiam
a todos.
PORQUE
DEUS PERMITE QUE A RIQUEZA ESTEJA CONCENTRADA NAS MÃOS DE ALGUNS HOMENS?
Allan Kardec respondeu a essa questão difícil
no Capítulo XVI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, nos ensinando que:
“Se cada homem tivesse somente o necessário
para viver, haveria o aniquilamento dos grandes trabalhos que concorrem para o
progresso e o bem-estar da humanidade; desapareceria o estímulo que impulsiona
as grandes descobertas e os empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em
alguns lugares, é para que dos mesmos ela se expanda, em quantidades suficientes,
segundo as necessidades.”
Porém, se as pessoas que detêm as riquezas
usam-nas de forma inadequada, não as fazendo frutificar para o bem de todos, é
porque fazem mau uso do livre arbítrio concedido pela sabedoria e bondade de
Deus.
A prática do bem com a posse da fortuna depende
do discernimento, das experiências, da distinção entre o bem e o mal, dos esforços
e da vontade de cada homem.
O homem vence a provação moral da posse da
fortuna se sabe:
• Exercitar bem as suas faculdades com o seu
bom emprego no trabalho e nas atividades nobres;
• Agir sem egoísmo e orgulho na posição que
desfruta;
• E usar bem esse poderoso meio de ação para o
progresso de todos.
DEUS
NÃO É INJUSTO SITUANDO UMA PESSOA NA RIQUEZA E OUTRA NA POBREZA?
Allan Kardec respondeu a essa pergunta
complicada, da seguinte forma, no Capítulo XVI de “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”:
“É claro que, se o homem só tivesse uma
existência, nada justificaria semelhante repartição dos bens terrenos. Mas, se,
em lugar de limitar sua vida ao presente, se considerar o conjunto das
existências, vê-se que tudo se equilibra com justiça. O pobre não tem,
portanto, motivos para acusar a Providência, nem para invejar os ricos e estes
não os têm para se vangloriarem do que possuem.”
“(...) Cada qual possui a fortuna por sua vez.
Dessa maneira, o que hoje não a tem, já a teve no passado ou a terá no futuro,
numa outra existência, e o que hoje a possui poderá não tê-la mais amanhã. Há
ricos e pobres porque, Deus sendo justo, cada qual deve trabalhar por sua vez.
A pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riqueza é para
outros a prova da caridade e da abnegação.”
Portanto, com a Lei da reencarnação e com as
provas terrenas a que os Espíritos estão submetidos para o seu aprimoramento
intelectual e moral, entendemos a justiça de Deus aplicada à desigualdade na
posse das riquezas materiais.
A
SITUAÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO ESPIRITUAL DEPENDE DA QUANTIDADE DE BENS QUE
CONSEGUIRAM ACUMULAR NA VIDA TERRENA?
O Espírito Pascal, na mensagem publicada por
Allan Kardec nas Instruções dos Espíritos, contidas no Capítulo XVI de “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, respondeu a essa pergunta com sabedoria:
“O homem não possui como seu senão aquilo que
pode levar deste mundo. O que ele encontra ao chegar, e o que deixa ao partir,
goza durante sua permanência na Terra. Mas, desde que é forçado a deixá-los, é
claro que só tem o usufruto e não a posse real. O que é, então, que ele possui?
Nada do que se destina ao uso do corpo e tudo o que se refere ao uso da alma: a
inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Eis o que ele traz e leva
consigo, o que ninguém tem o poder de tirar-lhe e o que ainda mais lhe servirá
no outro mundo do que neste. Dele depende estar mais rico ao partir do que ao
chegar neste mundo, porque a sua posição futura depende do que ele houver
adquirido no bem.”
(...) “Quando o homem chega ao Mundo dos
Espíritos não será computado o valor dos seus bens, nem dos seus títulos, mas
serão contadas as suas virtudes e, nesse cálculo, o operário talvez seja
considerado mais rico do que o príncipe.” (...) “As posições daqui não são
compradas, mas ganhas pela prática do bem... aqui só valem as qualidades do
coração. Sois ricos dessas qualidades? Então, sede bem-vindo e vosso é o
primeiro lugar, onde todas as venturas vos esperam. Sois pobre? Ide para o
último, onde sereis tratado na razão de vossas posses.”
Portanto, em função dessas claras lições
espirituais, nesta jornada evolutiva devemos ter em mente a preexistência da
alma ao nascimento do corpo material e a sua sobrevivência à morte do
envoltório material.
Assim, não devemos buscar, libertando-nos das
influências das ideias materialistas sobre as finanças, apenas a acumulação
desenfreada do dinheiro e das riquezas materiais, visando obter grande conforto
e bem-estar material.
Devemos levar também em consideração a vida
futura da alma, para que ela mereça desfrutar das boas condições de vida que
existem no mundo espiritual. Para isto precisamos:
• Valorizar os conhecimentos úteis e
elevados;
• Aprimorar a inteligência pelo seu bom uso;
• Acumular as virtudes pela sua prática em
todas as circunstâncias da vida;
• E conquistar as qualidades morais pelo seu
exercício nas relações humanas, permitindo a difusão do bem.
Em corroboração a isso, temos a oportuna
indignação de um Espírito Protetor, contida nas Instruções dos Espíritos, do
Capítulo XVI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:
“Quando considero a brevidade da vida, causa-me
dolorosa impressão a vossa incessante preocupação com os bens materiais,
enquanto dedicais tão pouca importância e consagrais tão reduzido tempo ao aperfeiçoamento
moral, que vos será levado em conta na eternidade.”
COMO
CONSEGUIRMOS SER BEM SUCEDIDOS NAS PROVAS DO GANHO E DO EMPREGO DO DINHEIRO E
DAS RIQUEZAS MATERIAIS?
Com base nas lições de Allan Kardec e dos
Espíritos superiores, contidas no Capítulo XVI de “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, relacionamos abaixo os procedimentos que nos levam a vencer as
provas difíceis do ganho honesto e do bom emprego do dinheiro e das riquezas materiais:
• No “amai-vos uns aos outros” está à solução
para o melhor emprego da fortuna, pois evita a busca da satisfação pessoal;
está o segredo da boa aplicação das riquezas, pois leva à prática da caridade
plena de amor que elimina a desgraça com sabedoria e agrada a Deus.
• O emprego da riqueza deve estar assentado na
base segura que garante grandes lucros: a das boas obras.
• Para a boa aplicação da riqueza, o homem que
desfruta dos benefícios de uma vida social sustentada pela fortuna deve cumprir
os seus deveres de solidariedade fraterna.
• O homem rico deve saber que é depositário, o
administrador dos bens que Deus lhe depositou nas mãos. Então, severas contas
lhe serão pedidas do emprego que fizer dos recursos, em virtude do seu
livre-arbítrio. Assim, não deve utilizá-los na sua satisfação pessoal, nos gozos
materiais do egoísmo, na prodigalidade em proveito próprio, na satisfação das
fantasias, do orgulho e da sensualidade. Deve empregá-los no que resulta em
algum bem para os outros.
• O homem que emprega a sua fortuna na
beneficência que alivia a miséria aplaca a fome, preserva do frio e dá asilo ao
abandonado torna-se vitorioso na vida terrena.
• O homem que detém a grande fortuna tem a
missão de prevenir a miséria com os trabalhos de toda espécie e o salário que
pode oferecer para o próximo desenvolver a inteligência, exaltar a dignidade,
ganhar o próprio pão e obter o bem-estar.
• O homem rico administra bem a sua fortuna,
quando obtém o desapego dos bens materiais, que é um dos mais fortes entraves
ao seu adiantamento moral e espiritual.
• O homem que conquistou a sua fortuna com um
trabalho constante e honrado é digno de louvor e Deus aprova seu esforço. Mas,
deve exercitar na sua posição o desapego aos bens acumulados, para não anular
os bons sentimentos, cair na avareza sórdida e deixar de praticar a caridade.
• O homem rico administra bem suas posses
quando está consciente de que tudo vem de Deus e tudo a Deus retorna; que é
depositário e não proprietário; que Deus lhe emprestou os recursos para que,
pelo menos, beneficie aquele que também é Seu filho e que não tem o necessário.
• O homem que acumula a sua fortuna pensando em
deixá-la para os seus herdeiros, sem praticar a caridade, comete a falta grave
do egoísmo, da cupidez e da avareza. Ao acumular ouro sobre ouro, esquecendo-se
de ajudar seus irmãos perante Deus, e dizendo que é para deixar para os seus
familiares, age de modo insensato, pois tenta justificar seu egoísmo, revela apego
pessoal aos bens terrenos e se ilude ao ignorar que não vai fazer falta aos
herdeiros o pouco a menos de supérfluo que vai lhes deixar, por beneficiar o
próximo.
• O homem rico que trabalhou bastante e
acumulou bens com o suor em seu rosto, deve fazer a caridade segundo as suas
posses, aliviar as dores ocultas da miséria e socorrer os sofredores, para adquirir
méritos morais e espirituais. Deve, ao mesmo tempo, combater o orgulho que o
torna duro para com os pobres, leva a aturdir o infeliz que lhe pede
assistência, venda os olhos e tampa os ouvidos para os sofrimentos alheios.
• O homem rico que desperdiça seus bens e a sua
fortuna por descuido ou indiferença torna-se mau depositário dos bens, pois não
tem o direito de dilapidá-los, nem de confiscá-los para beneficiar somente a si
próprio e aos seus familiares. Ele deve administrar a fortuna que lhe foi confiada
por Deus em proveito de todos com sabedoria e responsabilidade; empregá-la utilmente
para espalhar o bem; prestar auxílio aos necessitados, para beneficiá-los
exercitando a generosidade.
• O homem que é sensato descobre logo que a
fortuna não é necessária à sua felicidade, nem na vida presente, nem na vida
futura; que a felicidade duradoura é conquistada com a prática do amor e a
expansão do bem; ao se tornar fiel depositário das riquezas que foram postas ao
seu cuidado por empréstimo; ao agir com desprendimento dos bens terrenos; ao
contentar-se com pouco e não ter inveja; ao estar sempre pronto a prestar
contas da missão que tem que cumprir com a tutela e o emprego da fortuna.
Geziel
Andrade
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