sexta-feira, 15 de novembro de 2013

SOMOS ALMAS



Somos almas. Almas que descemos dos planos da imortalidade para desincumbir-nos de tarefas libertadoras. E com este objetivo vimos, carnalmente, vestidos de homem ou de mulher. Cada qual com a sua programação de trabalho perfeitamente definida. Aqui, na Crosta, materialmente, nos distinguimos somente pelas características do sexo, mas na essência somos Espíritos. O sexo, neste desvão do Infinito, apenas deve corresponder às imposições biológicas de reprodução, ou, espiriticamente falando, às exigências biológicas da construção dos corpos necessários à vestidura do Espírito, para que possa, adaptando-se à natureza física do planeta, desobrigar-se a alma dos serviços de redenção própria e alheia, na pauta do amor divino. O conúbio sexual é uma necessidade biológica; nem ninguém de boamente poderá negá-lo. Antes, pelo contrário todos o afirmam alto e bom som. Mas não se deve confundir sexo com sexualismo, luxúria e animalidade, do mesmo modo que não devemos confundir sabedoria com ciência; arte, com esdrúxulos exibicionismos de feixes de linhas sem expressão de harmonia e beleza; nem medicina, com curandeirismo perigoso; nem sacerdócio, com mercantilismo religioso.
Somos almas em busca da libertação espiritual, respeitando-nos reciprocamente, em nossas relações sociais pelos caminhos da Crosta. Se somos almas vestidas de carne por necessidade de trabalho redentor, porque impedirmos uns aos outros o cumprimento de tarefas próprias? Porque desviarmos, de suas rotas certas e seguras, os nossos companheiros de viagem, homens ou mulheres? Se nós, homens e mulheres, já dispuséssemos de compreensão bastante, estabeleceríamos o serviço de ascese espiritual, no capítulo da cooperação libertadora, como espíritos e não somente como homens, ou seres humanos. O homem não assediaria a mulher, por conquistar-lhe o fruto das relações criminosas ou ilícitas. Do mesmo modo, a mulher não procuraria despertar no homem - almas fracassadas nas experiências do Sexo - os velhos instintos do deboche adormecidos em seu mundo interior. 
Mas quem se colocou a cavaleiro dos desvios do Sexo? Pois não é verdade que o homem procura a mulher apenas como instrumento de gozo bestial, tanto quanto ela ao homem, deslembrados um e outra que o contato sexual visa tão somente à oportunidade divina de fornecer ao Espírito postulante a uma encarnação, na Crosta, o vaso em que ou com que se apresentará nas rudes incumbências da vida planetária, para alcançar a liberdade espiritual? Quem já espiritualizou o comércio carnal? Quem já exerceu o sexo, visando, não à animalidade, mas à alegria de cooperar, neste Departamento do Infinito, com as Forças da Vida, para a realização de uma política migratória de almas tocadas pelas divinas disposições de redenção? Somos todos, uns impenitentes perdulários de oportunidades salvadoras. 

(Fernando do Ó - Apenas uma sombra de mulher).

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