Sermão é, conforme os
dicionários, discurso religioso, doutrinal ou moral; reprimenda com intenção de
moralizar; admoestação e crítica. Em seu messianato, Jesus proferiu
quatro sermões, públicos e privados, com destinação certa e procurando atingir
seus objetivos. Os públicos eram feitos em lugares que marcaram a passagem do
Mestre, que ensinava caminhando. Os privados, feitos em reuniões fechadas com
seus discípulos.
§ O primeiro deles – e o mais importante – é o Sermão da Montanha, também chamado O Sermão das Bem-Aventuranças. (Mateus 5-7, Marcos 5 e
Lucas 6)
§ O segundo é o Sermão Profético. (Mateus
24, Marcos 13 e Lucas 17.20-37)
§ O terceiro é denominado Sermão do Cenáculo,
(João 14 - 17)
§ E o último representa uma reprimenda e severa admoestação aos
escribas e fariseus: é o Sermão dos Oito “Ais”.
(Mateus 23)
O 1º Sermão de Jesus de Nazaré
proferido no primeiro ano da sua pregação (c. 30 d.C.), tradicionalmente
localizado num monte na costa Norte do Mar da Galileia, perto da cidade de Cafarnaum
foi o Sermão da Montanha ou das Bem-aventuranças, é um longo discurso de Jesus
que pode ser lido no Evangelho de São Mateus. - Este discurso pode ser
considerado como um resumo dos ensinamentos de Jesus.
- Mahatma Gandhi disse: “Se
toda a literatura espiritual da Humanidade desaparecesse, e só se salvasse o
Sermão da Montanha, nada estaria perdido”.
- As Bem- aventuranças
representam o mais violento contraste entre os padrões do homem material e o
ideal do ser espiritual.
- Elas englobam uma série
de situações, humanas, em que no momento nos parecem que são prejuízo. Mas
atado a esse prejuízo, à sempre uma situação bonita que é prometida.
AS Bem-aventuranças
Bem-aventurados os pobres
em espírito, porque deles é o reino dos céus.
ü Pobres em espírito Jesus não entende os homens desprovidos de
inteligência, mas os humildes: Ele disse que o reino dos céus é deles e não dos
orgulhosos.
Bem-aventurados os que
choram porque serão consolados.
ü Os que choram: os que sofrem suportando resignadamente suas provas
e expiações, sem fazer outros sofrerem (quitar-se-ão e evoluirão, vendo que
valeu a pena tudo superar)
Bem-aventurados os mansos,
porque possuirão a terra.
ü Os mansos: os que não agridem nem violentam e, assim, não provocam
nem geram novos problemas (poderão reencarnar na Terra regenerada).
Bem-aventurados os que têm
fome e sede de justiça, porque serão saciados.
ü Os que têm fome e sede de justiça: os que querem a verdade e o bem
(essa é a justiça divina e terão com fartura se houverem semeado).
Bem-aventurados os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
ü O Evangelho nos ensina que a misericórdia é o complemento da
mansuetude, pois os que não são mansos, também não são misericordiosos. Mas
essa beatitude não deve ser apenas moral e filantrópica, nem se devem perdoar
as ofensas humilhando o ofensor ou ostentando generosidade para ser admirado
pelos homens.
Bem-aventurados os puros
de coração, porque verão a Deus.
ü Os limpos de coração: os que não têm malícia nem maldade e agem
com toda pureza e sinceridade de propósitos e, assim, não pactuam com o mal
(limpos na sensibilidade, percebem melhor o que é próprio da espiritualidade
superior).
Bem-aventurados os
pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
ü Os pacificadores: os que procuram conciliar tudo e todos,
favorecendo a harmonia geral (gozarão da paz que viveram e instalaram).
Bem-aventurados os que
sofrem perseguição, por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus.
ü Os que forem perseguidos e injuriados por seu anseio de justiça e
em nome de Jesus (é sinal de evolução e merecimento espiritual
- Bem-aventurado. Qual é a
tradução disso? Bem-encaminhado, feliz.
-Imaginem chamar felizes
os pobres em espírito, felizes os que choram, felizes os injustiçados, felizes
os que sofrem perseguição,…
-Existe uma aparente contradição…
mas Jesus proclama felizes, precisamente, aqueles que o mundo considera infelizes.
- Jesus ensinou o avesso
daquilo que os homens pensavam.
- A proposta de
Jesus para a nossa vida passa o tempo todo, não pela solução mágica das situações,
mas pela proposta de um processo, parte por parte.
Exultai e alegrai-vos,
porque grande será a vossa recompensa nos Céus; porque também assim perseguiram
os profetas que vos precederam.
Vós sois o sal da terra!
Ora, se o sal se corromper, com que se há de salgar? Não serve para mais nada,
senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens.
-Jesus alerta-nos nesta
passagem que o sal é necessário para o equilíbrio devemos nós também ser
esse mesmo equilíbrio nem salgado nem insosso. Devemos ter moderação em nossos
atos e nossa conduta.
Vós sois a luz do mundo:
Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende a candeia
para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim em cima do velador, e assim alumia
a todos os que estão em casa. Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que,
vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus.
-Em A
Gênese aprendemos que inicialmente Deus criou a luz, não do sol ou das
estrelas, mas a luz cósmica. E Jesus diz "Eu sou a luz do mundo", mas
completa: "vós também sois a luz do mundo". E luz é vida, beleza,
alegria. A luz da essência humana veio da luz da Essência Divina. O próprio
Cristo afirma que também Ele veio da luz Infinita que ele chama o Pai. E diz
categórico: "Ninguém vai ao Pai a não ser por mim; eu sou o caminho, a
verdade e a vida; quem me segue não anda em trevas, mas tem a luz da vida".
Não penseis que vim
revogar a Lei ou os Profetas: Não vim revogá-la, mas completá-la. Porque, em verdade,
vos digo: Até que passem o Céu e a Terra, não passará um só jota ou um só ápice
da Lei, sem que tudo se cumpra.
-”Jesus não veio destruir
a lei, quer dizer, a lei de Deus, ele veio cumpri-la, por outras palavras
desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido, e apropria-la ao grau de
adiantamento dos homens.” Não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que
tudo se cumpra.” Jesus quis dizer que era necessário que a lei de Deus fosse
cumprida, ou seja, que fosse praticada sobre toda a terra, em toda a sua
pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas consequências. Pois
de que serviria estabelecer essa lei, se ela tivesse de ficar como privilégio
de alguns homens ou mesmo de um só povo? Todos os homens, sendo filhos de Deus,
são, sem distinções, objetos da mesma solicitude. Mas o papel de Jesus não foi
simplesmente o de um legislador moralista, sem outra autoridade que a sua
palavra. Ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado o seu advento. Sua
autoridade decorria da natureza excecional do seu Espírito e da natureza divina
da sua missão. Ele veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está na
Terra, mas no Reino dos Céus, ensinar-lhes o caminho que os conduz até lá, os
meios de se reconciliarem com Deus, e os advertir sobre a marcha das coisas
futuras, para o cumprimento dos destinos humanos. Não obstante, ele não disse
tudo, e sobre muitos pontos limitou-se a lançar o germe de verdades que ele
mesmo declarou não poderem ser então compreendidas. Falou de tudo, mas em
termos mais ou menos claros, de maneira que, para entender o sentido oculto de
certas palavras, era preciso que novas ideias e novos conhecimentos viessem
dar-nos a chave. Essas ideias não podiam surgir antes de um certo grau de
amadurecimento do espírito humano. A ciência devia contribuir poderosamente
para o aparecimento e o desenvolvimento dessas ideias. Era preciso, pois, dar
tempo à ciência para progredir.
Portanto, se alguém violar
um destes menores preceitos, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino
dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus.
Porque Eu vos digo: Se a vossa virtude não superara dos escribas e fariseus,
não entrareis no reino dos Céus.
Ouvistes que foi dito aos
antigos: "Não matarás; aquele que matar está sujeito a ser condenado".
Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o
tribunal; quem lhe disser «raca» será réu diante do Sinédrio. E quem lhe chamar
«louco» será réu da Geena do fogo.
Se fores, portanto,
apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem
alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro
reconciliar-te com o teu irmão; depois; volta para apresentar a tua oferta. Com
o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não
acontecer que te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. Em
verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.
- Há na prática do perdão,
e na prática do bem, em geral, além de um efeito moral, um efeito também
material. A morte, como se sabe, não nos livra dos nossos inimigos. Os
Espíritos vingativos perseguem sempre com o seu ódio, além da sepultura,
aqueles que ainda são objeto do seu rancor. Daí ser falso, quando aplicado ao
homem, o provérbio: “Morto o cão, acaba a raiva”. O Espírito mau espera que
aquele a quem queira mal esteja encerrado em seu corpo, e assim menos livre,
para mais facilmente o atormentar, atingindo-o nos seus interesses ou nas suas
mais caras afeições.
Ouvistes que foi dito:
"Não cometerás adultério". Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar
para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração.
Portanto, se o teu olho for para ti origem de pecado, arranca-o e lança-o fora,
pois é melhor perder-se um dos teus membros do que todo o corpo ser atirado à
Geena. E se a tua mão direita for para ti origem de pecado, corta-a e deita-a fora,
porque é melhor perder-se um só dos membros do que todo o teu corpo ser lançado
à Geena.
Também foi dito: "Aquele que rejeitar
sua mulher, dê-lhe carta de repúdio". Eu, porém, digo-vos: Aquele que
repudiar sua mulher exceto em caso de adultério expõem-na a adultério, e quem
casar com a repudiada comete adultério.
- Mas nem mesmo Jesus
consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. Não disse ele: “Moisés,
pela dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar as vossas mulheres”?
Isto significa que, desde os tempos de Moisés, não sendo a mútua afeição o
motivo único do casamento, a separação podia tornar-se necessária. Mas
acrescenta: “no princípio não foi assim”, ou seja, na origem da Humanidade,
quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo egoísmo e orgulho, e viviam
segundo a lei de Deus, as uniões, fundadas na simpatia recíproca e não sobre a
vaidade ou a ambição, não davam motivo ao repúdio.
E
vai ainda mais longe, pois especifica o caso em que o repúdio pode verificar-se:
o de adultério. Ora, o adultério não existe onde reina uma afeição recíproca
sincera. É verdade que proíbe ao homem desposar a mulher repudiada, mas é
necessário considerar os costumes e o caráter dos homens do seu tempo. A lei
mosaica prescrevia a lapidação para esses casos. Querendo abolir um costume
bárbaro, precisava, naturalmente, de estabelecer uma penalidade, que encontrou
na ignomínia decorrente da proibição de novo casamento. Era de qualquer maneira,
uma lei civil substituída por outra lei civil, que, por sua vez, como todas as
leis dessa natureza, devia sofrer a prova do tempo.
Do mesmo modo, ouvistes
que foi dito aos antigos: "Não perjurarás, mas cumprirás os teus
juramentos ao Senhor". Eu, no entanto, digo-vos: Não jureis de maneira
nenhuma: Nem pelo Céu, que é o trono de Deus, nem pela Terra, que é o escabelo
dos Seus pés, nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei.
Não jures pela tua cabeça,
porque não te é dado transformar um só dos teus cabelos em branco ou preto.
Seja este o vosso modo de falar: Sim, sim; não, não; tudo o que for, além
disto, procede do espírito do mal.
Ouviste que foi dito:
"Olho por olho, e dente por dente". Eu digo-vos: Não oponhais
resistência ao mau; se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a
outra. E se alguém quiser pleitear contigo para te tirar a túnica dá-lhe também
a capa. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o
durante duas. Dá a quem te pede, e não voltes às costas a quem te pedir
emprestado.
-Para o orgulhoso, esta
máxima parece uma covardia, porque ele não compreende que há mais coragem em
suportar um insulto, que em se vingar. E isto, sempre, por aquele motivo que
não lhe permite enxergar além do presente. Por essas palavras, Jesus não
proibiu a defesa, mas condenou a vingança.
Dizendo-nos, para oferecer uma face quando formos batidos na outra, disse, por
outras palavras, que não devemos retribuir o mal com o mal; que o homem deve
aceitar com humildade tudo o que tende a reduzir-lhe o orgulho; que é mais
glorioso para ele ser ferido que ferir; suportar pacientemente uma injustiça
que cometê-la; que mais vale ser enganado que enganar ser arruinado que
arruinar os outros. Isto, ao mesmo tempo, é a condenação do duelo, que nada
mais é que uma manifestação do orgulho.
Ouvistes que foi dito: "Amarás o teu
próximo e odiarás o teu inimigo". Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos
do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz que o sol se levante sobre os bons
e os maus e faz cair à chuva sobre os justos e os pecadores. Porque, se amais
os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não o fazem já os publicanos? E,
se saudais somente os vossos irmãos que fazeis de extraordinário? Não o fazem
também os pagãos? Sede, pois, perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste.
- Se o amor do próximo é o princípio
da caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, porque essa virtude
constitui uma das maiores vitórias conquistadas sobre o egoísmo e o orgulho.
Não
obstante, geralmente nos equivocamos quanto ao sentido da palavra amor, aplicada a esta circunstância. Jesus não
pretendia, ao dizer essas palavras, que se deve ter pelo inimigo a mesma ternura
que se tem por um irmão ou por um amigo. A ternura pressupõe confiança. Ora,
não se pode ter confiança naquele que se sabe que nos quer mal. Não se pode ter
para com ele as efusões da amizade, desde que se sabe que é capaz de abusar
delas. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver os impulsos
de simpatia existentes entre aquelas que comungam nos mesmos pensamentos. Não
se pode, enfim, ter a mesma satisfação ao encontrar um inimigo, que se tem com
um amigo.
Esse
sentimento, por outro lado, resulta de uma lei física: a da assimilação e repulsão
dos fluidos. O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa
impressão; o pensamento benévolo envolve-nos num eflúvio agradável. Daí a
diferença de sensações que se experimenta, à aproximação de um inimigo ou de um
amigo. Amar aos inimigos não pode, pois, significar que não se deve fazer
nenhuma diferença entre eles e os amigos. Amar aos inimigos, não é, pois,
ter por eles uma afeição que não é natural, uma vez que o contato de um inimigo
faz bater o coração de maneira inteiramente diversa que o de um amigo. Mas é
não lhes ter ódio, nem rancor, ou desejo de vingança. É perdoá-los sem segunda intenção e incondicionalmente, pelo mal que
nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhes o bem
em vez do mal. É alegrar-nos em lugar de aborrecer-nos com o bem que os atinge.
É estender-lhes a mão prestativa em caso de necessidade. É abster-nos, por atos e palavras, de tudo o que possa prejudicá-los.
É, enfim, pagar-lhes em tudo o mal com o bem, sem a intenção de humilhá-los. Todo aquele que assim
fizer, cumpre as condições do mandamento: Amai aos vossos inimigos.
Guardai-vos de fazer as
vossas boas obras diante dos homens, para vos tornardes notados por eles. De
contrário, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus.
Quando, pois, deres
esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os
hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em
verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Quando deres esmola, que a
tua mão esquerda não saiba o que fez a direita, a fim de que a tua esmola
permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, premiar-te-á. Quando orardes,
não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar, de pé, nas sinagogas, e nos
cantos das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já
receberam a sua recompensa. Tu, quando orares, entra no teu quarto, e, fechada
a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto,
recompensar-te-á. Nas vossas orações não sejais como os gentios, que usam de
vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais
como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós Lho
pedirdes.
- Fazer o bem sem
ostentação tem grande mérito. Esconder a mão que dá é ainda mais meritório, é o
sinal incontestável de uma grande superioridade moral. Porque, para ver as
coisas de mais alto que o vulgo, é necessário fazer abstração da vida presente
e identificar-se com a vida futura. É necessário, numa palavra, colocar-se
acima da humanidade, para renunciar à satisfação do testemunho dos homens e esperar
a aprovação de Deus. Aquele que preza mais a aprovação dos homens que a de
Deus, prova que tem mais fé nos homens que em Deus, e que a vida presente é
para ele mais do que a vida futura, ou até mesmo que não crê na vida futura. Se
ele diz o contrário, age, entretanto, como se não acreditasse no que diz.
-Rezai, pois, assim: “Pai-nosso,
que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino;
faça-se a Vossa vontade, assim na terra como no Céu”.
“O pão nosso de cada dia
nos dê hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos
tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.
Porque, se perdoardes aos
homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se,
porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não
perdoará as vossas. E, quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio, como os
hipócritas que desfiguram o rosto para que os outros vejam que jejuam. Em
verdade vos digo que esses já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando
jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que o teu jejum não seja
conhecido dos homens, mas de teu Pai que está presente no oculto; e teu Pai,
que vê no oculto, recompensar-te-á.
Não acumuleis tesouros na
terra, onde a ferrugem e a traça os corroem e os ladrões arrombam os muros, a
fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem os
corroem nem os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Pois onde estiver
o teu tesouro, aí estará também, o teu coração. A lâmpada do corpo é o olho; se
o teu olho estiver são, todo o teu corpo andará iluminado, Se, porém, o teu
olho for mau, todo o teu corpo andará em trevas. Portanto, se a luz que há em
ti são trevas quão grandes serão essas trevas!
- Se a riqueza é a fonte
de muitos males, se excita tantas más paixões, se provoca mesmo tantos crimes,
não é a ela que devemos ater-nos, mas o homem que dela abusa como abusa de
todos os dons de Deus. Pelo abuso, ele torna pernicioso o que poderia ser-lhe
mais útil, o que é uma consequência do estado
de inferioridade do mundo terreno. Se a riqueza só tivesse de produzir o mal,
Deus não a teria posto na Terra. Cabe ao homem transformá-la em fonte do bem.
Se ela não é uma causa imediata do progresso moral, é, sem contestação, um
poderoso elemento do progresso intelectual.
Ninguém pode servir a dois
senhores, porque, ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará
o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Por isso vos digo: Não vos
inquieteis quanto á vossa vida, com o que haveis de comer ou de beber, nem
quanto ao, vosso corpo com o que haveis de vestir. Porventura não é o corpo
mais do que o vestido e a vida mais do que o alimento? Olhai para as aves do
céu: Não semeiam, nem ceifam, nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste
alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas? Qual de vós, por mais que se
preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?
Porque vos preocupais com
o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo! Não trabalham nem fiam.
Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como
qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e
amanhã é lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
Não vos preocupeis, dizendo:
"Que comeremos nós,
que beberemos, ou que vestiremos?". Os pagãos, esses sim, afadigam-se com
tais coisas; porém, o vosso Pai Celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo
isso. Procurai primeiro o Seu reino e a Sua justiça, e tudo o mais se vos dará
por acréscimo. Não vos inquieteis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de
amanhã já terá as suas preocupações. Bem basta a cada dia o seu trabalho.
Não julgueis para não
serdes julgados, pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis
julgados; e, com a medida com que medirdes, assim sereis medidos. Porque
reparas no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está
no teu olho? Como ousas dizer ao teu irmão: "Deixa-me tirar o argueiro do
teu olho", tendo tu uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do
teu olho e então verás para tirar o argueiro do olho do teu irmão. Não deis as
coisas santas aos cães nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, para não acontecer
que as pisem aos pés, e, acometendo-vos, vos despedacem.
- Jesus não podia proibir
de se reprovar o mal, pois ele mesmo nos deu o exemplo disso, e o fez em termos
enérgicos. Mas quis dizer que autoridade da censura está na razão da autoridade
moral daquele que a pronuncia. Tornar-se culpável daquilo que se condena nos
outros é abdicar dessa autoridade, e mais ainda, arrogar-se arbitrariamente o
direito de repressão. A consciência íntima, de resto, recusa qualquer respeito
e toda submissão voluntária àquele que, investido de algum poder, viola as leis
e os princípios que está encarregado de aplicar. A única autoridade legítima,
aos olhos de Deus, é a que se apoia no bom exemplo. É o que resulta evidentemente
das palavras de Jesus.
Pedi e dar-se-vos-á;
procurai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois, quem pede recebe; e quem
procura encontra; e ao que bate abrir-se-á. Qual de vós, se o seu filho lhe
pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?
Ora bem: Se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto
mais o vosso Pai que está nos Céus dará coisas boas àqueles que Lhas pedirem.
- Mas o progresso que cada
homem realiza individualmente, durante a vida terrena, é coisa insignificante,
e num grande número deles, até mesmo imperceptível. Como, então, a Humanidade
poderia progredir, sem a preexistência e a existência da
alma? Se as almas deixassem a Terra todos os dias, para não mais voltar, a
Humanidade se renovaria sem cessar com as entidades primitivas, que teriam tudo
a fazer e tudo a aprender. Não haveria razão, portanto, para que o homem de
hoje fosse mais adiantado que o dos primeiros tempos do mundo, pois que, para
cada nascimento, o trabalho intelectual teria de recomeçar. A alma voltando, ao
contrário, com o seu progresso já realizado, e adquirindo de cada vez alguma
experiência a mais, vai assim passando gradualmente da barbárie à civilização material,
e desta à civilização moral. A essa autoridade, de natureza
religiosa, virá juntar-se no plano filosófico, a das provas que resultam da
observação dos fatos. Quando dos efeitos se quer remontar às causas, a reencarnação
aparece como uma necessidade absoluta, uma condição inerente à humanidade, em
uma palavra, como uma lei da natureza. Ela se revela, pelos seus resultados, de
maneira por assim dizer material, como o motor oculto se revela pelo movimento
que produz. Somente ela pode dizer ao homem de onde ele vem, para onde vai, por
que se encontra na Terra, e justificar todas as anomalias e todas as injustiças
aparentes da vida.
Sem o princípio da
preexistência da alma e da pluralidade das existências, a maior parte das
máximas do Evangelho são ininteligíveis, e por isso tem dado motivo a interpretações
tão contraditórias. Esse princípio é a chave que deve restituir-lhes o
verdadeiro sentido.
Portanto, o que quiserdes
que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque esta é a Lei e os Profetas.
Entrai pela porta
estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e
muitos são os que seguem por ele. Como é estreita a porta e quão apertado é o
caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!
Acautelai-vos dos falsos
profetas que se vos apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos
vorazes. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Porventura podem-se colher uvas dos
espinhos ou figos dos abrolhos? Toda a árvore boa dá bons frutos, e toda a
árvore má dá maus frutos. A árvore boa não pode dar maus frutos, nem árvore má
dar bons frutos. Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao
fogo. Pelos frutos, pois, os conhecereis.
- Desde todos os tempos, certos homens
exploram, em proveito de sua ambição, de seus interesses e de seu desejo de
dominação, certos conhecimentos que possuíam, para conseguirem o prestígio de
um poder supostamente sobre humano ou de uma pretensa missão divina.
São
esses os falsos cristos e os falsos profetas. A difusão dos conhecimentos vem desacreditá-los,
de maneira que o seu número diminui, à medida que os homens se esclarecem. O
fato de operarem aquilo que, aos olhos de algumas pessoas, parece prodígio não
é, portanto, nenhum sinal de missão divina. Esses prodígios podem resultar de conhecimentos
que qualquer um pode adquirir, ou de faculdades orgânicas especiais, que tanto
o mais indigno como o mais digno podem possuir. O verdadeiro profeta se
reconhece por características mais sérias, exclusivamente de ordem moral.
Nem todo o que Me diz:
Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de
Meu Pai que está nos Céus. Muitos Me dirão naquele dia: "Senhor, Senhor,
não foi em Teu nome que profetizamos, em Teu nome que expulsamos os demônios e
em Teu nome que fizemos muitos milagres. E, então, dir-lhes-ei: Nunca vos
conheci; afastai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade".
Quem escuta as Minhas
palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa
sobre a rocha. Caiu à chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela
casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Aquele, porém, que
ouve as Minhas palavras e não as põe em prática, é semelhante ao néscio que
edificou a sua casa sobre a areia. Caiu à chuva, engrossaram os rios, sopraram
os ventos contra aquela casa, e ela desmoronou-se; e grande foi a sua ruína.
- As palavras de
Jesus são eternas, porque são as verdades. Não são somente as salvaguardas da
vida celeste, mas também o penhor da paz, da tranquilidade e da estabilidade do
homem entre as coisas da vida terrena. Eis porque todas as instruções humanas,
políticas, sociais e religiosas, que se apoiarem nas suas palavras, serão
estáveis como a casa construída sobre a pedra. Os homens as conservarão, porque
nelas encontrarão a sua felicidade. Mas aquelas que se apoiarem na sua
violação, serão como a casa construída sobre a areia: o vento das revoluções e
o rio do progresso as levarão de roldão.
Trabalho elaborado por Rosa
Mina
Em 31-03-2013
Baseado no Evangelho
segundo o Espiritismo
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