Durante o mês de
setembro, a imprensa noticiou diversas vezes casos de adolescentes internados
após tomas injeções de anabolizante utilizado para engordar o gado. No
total, segundo informações veiculadas, foram mais de dez jovens, entre 15 e 25
anos, sendo que até o final de setembro, um deles havia desencarnado, outro
estava em estado de coma e outros estavam internados.
No início de julho, Marcus Menna, de 27 anos,
líder da banda LS Jack, foi internado e colocado em coma induzido após uma
parada respiratória causada por complicações no pós-operatório de uma
lipoaspiração.
A relação entre esses dois casos parece
distante, mas não é. A causa é a mesma: problemas originados pela vontade
de jovens saudáveis corresponderem aos padrões de beleza ditados pela
moda.
Natural e felizmente, em nenhum dos casos,
pode-se alegar desejo de atentar contra a própria vida. Ao contrário, o
que temos é uma apologia à vida, mesmo que seja à vida de sensações
físicas.
Mas então, o que nos move a apresentar esse
tema? A resposta está no quanto os seres humanos estão preocupados com a
própria aparência física e se escravizam aos padrões de beleza definidos por
designers de moda, figurinistas, artistas, modelos etc.
Claro que alguém pode se perguntar: Há erro em
cuidar da aparência e em se preocupar com a apresentação pessoal? Não,
não há incorreção alguma nesse sentido. Aliás, essa deve ser uma das
nossas preocupações constantes. O problema está no excesso, pois o ideal
está no equilíbrio. E necessitamos sempre lembrar do que somos em
essência: seres imortais vestidos por um corpo físico que favorece nossa vida
de relação e nos serve de instrumento de evolução.
Como máquina que é o corpo merece e precisa de
cuidados para bem funcionar. Devemos, então, dedicar atenção à nossa
porção física e à nossa parte espiritual para nos tornarmos perfeitos quanto
nos for possível. E aí surge uma questão: Como fazermos isso sem sermos tidos
como vaidosos e evitando incorrer em situações semelhantes às desses jovens?
É no equilíbrio que estão todas as respostas,
pois sermos extremistas é muito fácil. Quando somos vaidosos, cuidamos apenas
do corpo e, quando somos completamente desprendidos, preocupamo-nos apenas com
o espírito, ou seja, ou fazemos uma coisa ou outra... O difícil é realizar as
duas ações ao mesmo tempo, sem que uma prejudique a outra.
Sempre que analisamos nossa vida, vemos que é
no equilíbrio que estão todas as respostas, e que é para compreender e
desenvolver esse equilíbrio que aqui estamos.
Em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos um texto
intitulado Cuidar do corpo e do espírito, que nos fala precisamente
sobre essa necessidade de equilíbrio entre o corpo e o espírito.
Resumidamente, é frisado que para cuidar desse veículo de expressão
física é preciso atentar para a alimentação, higiene e saúde física e mental,
mas sem exageros, uma vez que nosso corpo exprime e mostra todos os nossos
exageros.
Voltemos ao que aconteceu nos dois casos
citados e apontaremos como causa a pressa em corrigir (ou será refazer?) o
corpo físico, pois uma lipoaspiração é muito mais rápida do que um regime ou
uma reeducação alimentar, assim como o uso de anabolizante leva a resultados
que em muitos casos não serão conseguidos nem com imensos esforços
físicos. Isso é castigar o corpo pelo uso indevido de nosso
livre-arbítrio.
Como meio que nos é disponibilizado para
fortalecimento e evolução do nosso espírito, o corpo material merece muitos
cuidados e atenção, desde que não desprezemos o ser espiritual. Devemos
amar e respeitar essa ferramenta, atentos a alguns limites, dizendo não aos
padrões definidos, que nos chamam a sermos exagerados, exigindo que nos
tornemos magros, musculosos etc.
Mas qual é o ponto de equilíbrio? Se não
somos todos iguais e se é essa diferença que nos dá a individualidade que tanto
gostamos, por que fazemos tanto esforço para sermos todos iguais?
No Templo de Apolo, em Delfos, na Grécia, está
escrito: Conhece-te a ti mesmo; nada em excesso. Refletindo sobre esses
dizeres, deixo aqui um convite: Que tal valorizarmos nossa individualidade e
usarmos a nossa limitação física em benefício de nosso crescimento
espiritual? A perfeição não está na perfeição das formas físicas, mas nas
reformas de nosso espírito.
Artigo
de Katia Penteado - 2004
Fonte:
Espirit Net
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