PARTE 1
"Pedi
e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; porquanto,
quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que bata à porta, abrir-se-á.
(...)” (Mateus, cap. VII, vv. 7 a 11.)
Jesus nos ensinava, quando assim se referia,
que devemos nos esforçar na busca do que necessitamos, uma vez que a ajuda de
Deus só ocorre para quem trabalha e se empenha na procura do desejado, usando
da humildade, sinceridade, fé e confiança. Embora Deus saiba o que precisamos e
nos auxilie sempre, a nossa ligação com ele é necessária para que possamos agir
com mais confiança e equilíbrio, garantindo-nos o sucesso do trabalho encetado.
Na questão 658, de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta: “Agrada a Deus
a prece?” E as Entidades espirituais respondem: “A prece é sempre agradável a
Deus, quando ditada pelo coração, pois, para ele, a intenção é tudo”.
Não devemos, contudo, pedir qualquer coisa a
Deus, pois nem sempre o que queremos é o de que necessitamos. A razão e a
inteligência nos foram concedidas pela Providência para nos auxiliar a agir com
critério e bom senso ao definirmos o que realmente devemos pedir a Deus.
Narra-se que “um sábio caminhava com os
discípulos por uma estrada tortuosa, quando encontraram um homem piedoso que,
ajoelhado, rogava a Deus que o auxiliasse a tirar seu carro do atoleiro. Todos
olharam o devoto, sensibilizaram-se e prosseguiram. Alguns quilômetros à
frente, havia um outro homem, que tinha, igualmente, o carro atolado num
lodaçal. Este, porém, esbravejava reclamando, mas tentava com todo empenho
liberar o veículo. Comovido, o sábio propôs aos discípulos retirar o transporte
do atoleiro. Após os agradecimentos, o viajante se foi feliz. Os aprendizes,
surpresos, indagaram ao mestre: Senhor, o primeiro homem orava, era piedoso e
não o ajudamos. Este, que era rebelde e até praguejava, recebeu nosso apoio.
Por quê? Sem perturbar-se, o nobre professor respondeu: Aquele que orava
aguardava que Deus viesse fazer a tarefa que a ele competia. O outro, embora
desesperado por ignorância, empenhava-se, merecendo auxílio”.
Muitos de nós costumamos agir como o primeiro
viajante. Diante das dificuldades que nos parecem insolúveis, acomodamo-nos,
esperando que Deus faça a parte que nos cabe para a solução do problema. Não
basta pedir ajuda a Deus, é preciso buscar, conforme o ensino de Jesus “buscai
e achareis”, “batei e abri-se-vos-á”. Devemos, portanto, fazer a nossa parte,
que Deus nos ajudará no que não estiver ao nosso alcance resolver.
PARTE 2
Ao analisarmos o Antigo e o Novo Testamento,
encontramos 152 vezes a palavra trabalho. Porém, é no Evangelho de João,
capítulo V, versículos de 1 a 17, que encontramos a inesquecível passagem em
que Jesus, curando o paralítico do tanque de Betesda, menciona que ele e o Pai
trabalham até hoje: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (versículo
17).
São
de O Livro dos Espíritos as questões esclarecedoras a seguir:
“674
– A necessidade do trabalho é lei da natureza?
O trabalho é lei da natureza, por isso mesmo
que constitui uma necessidade...
675
– Por trabalho só se devem entender as ocupações materiais?
Não; O Espírito trabalha, assim como o corpo.
Toda ocupação útil é trabalho”.
O Espírito de Emmanuel, no livro Caminho,
Verdade e Vida, lição 4, ensina-nos que em todos os recantos observamos
criaturas queixosas e insatisfeitas. A maioria revolta-se contra o gênero de
seu trabalho. Os que varrem as ruas querem ser comerciantes, já os
trabalhadores do campo prefeririam a existência na cidade. O problema, contudo,
não é de gênero de tarefa, mas o de compreensão da oportunidade recebida. De
modo geral, as queixas, nesse sentido, são filhas da preguiça inconsciente.
Para que saibamos honrar nosso esforço, Jesus referiu-se ao Pai que não cessa
de servir em sua obra eterna de amor e sabedoria e à sua tarefa própria, cheia
de imperecível dedicação à humanidade.
O Espírito de Joanna de Ângelis, no livro
Estudos Espíritas, psicografado por Divaldo Pereira Franco, diz que “o trabalho
é lei da natureza mediante a qual o homem forja o próprio progresso,
desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os
recursos de preservação da vida, por meio da satisfação das suas necessidades
imediatas na comunidade social onde vive”.
O trabalho honesto proporciona três realizações
que todas as pessoas buscam, segundo Rodolfo Calligaris, no seu livro As Leis
Morais: O trabalho fortalece o sentimento de dignidade pessoal; torna a pessoa
respeitada na comunidade em que vive; e, quando bem realizado, contribui para a
sensação de segurança.
Lembremos, sempre, que Deus a todos ampara, mas
a caminhada, os passos, a busca é por nossa conta. É preciso fazer esforços
para alcançar o fruto desejado, principalmente de frutos que saciam a sede da
Alma. É preciso saber o que se busca e por qual porta desejamos entrar. Nossa vontade
é que nos conduzirá aonde queremos chegar.
Mais uma vez é Joanna de Ângelis, no livro Leis
Morais da Vida, psicografado por Divaldo, no capítulo “A Bênção do Trabalho”,
que nos ensina que “o trabalho é, ao lado da oração, o mais eficiente antídoto contra
o mal, porquanto conquista valores incalculáveis com que o Espírito corrige as
imperfeições e disciplina a vontade”.
É
ainda em O Livro dos Espíritos que encontramos as elucidativas questões a
seguir:
682
– Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é também
uma lei da natureza?
Sem dúvida. O repouso serve para a reparação
das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à
inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.
685
– Tem o homem o direito de repousar na velhice?
Sim, que a nada é obrigado, senão de acordo com
as suas forças.
685.
a. – Mas, que há de fazer o velho que precisa trabalhar para viver e não pode?
O forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo
este família, a sociedade deve fazer às vezes desta. É a lei de caridade.
Assim, caros irmãos, como o trabalho é
imprescindível para o desenvolvimento da inteligência, para a evolução das
pessoas, da mesma forma também o é o repouso. Ele também está dentro das leis
da natureza. Hoje, mais do que nunca, isto é importante, porque a vida urbana
se caracteriza por uma agitação contínua, sendo despendido um gasto excessivo
de energias físicas e mentais. Lazer não significa falta de atividade, mas
mudança física, emocional e intelectual de atitude, de trabalho. O lazer é
necessário para facilitar o relaxamento das tensões, para possibilitar a
reflexão, a programação de novas atividades.
Tem o homem, portanto, que conhecer a si mesmo.
Deve colocar todo o seu esforço no trabalho digno e edificante em prol de si
próprio e do semelhante. Para isso, deve ele se utilizar de todos os recursos
orgânicos, materiais e intelectuais que possui.
Não nos esqueçamos, por fim, que Deus nos
ajuda, na medida em que nos esforçamos na busca do que precisamos. Tudo
concorrerá em nosso favor se trabalharmos com afinco, humildade, fé e
confiança. Não há milagres: as grandes obras, conquistas e vitórias são frutos,
unicamente, do trabalho digno.
Fonte:
O Consolador
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