Um dos mais graves problemas humanos está na
dificuldade de convivência no lar. Pessoas que enfrentam desajustes físicos e
psíquicos tem, não raro, uma história de incompatibilidade familiar, marcada
por frequentes conflitos.
Há quem os resolva de forma sumária: o marido
que desaparece, a esposa que pede divórcio, o filho que opta por morar
distante.
Justificando-se em face das tempestades
domésticas alguns espíritas utilizam o conhecimento doutrinário para curiosas
racionalizações:
— Minha mulher é o meu carma: neurótica,
agressiva, desequilibrada. Que fiz de errado no passado, meu deus, para merecer
esse "trem"?
— Só o Espiritismo para me fazer tolerar meu
marido. Aguento hoje para me livrar depois. Se o deixar agora terei que voltar
a seu lado em nova encarnação. Deus me livre! Resgatando meu débito não quero
vê-lo nunca mais!
Conversávamos com idosa confreira que teve
conturbada convivência com o esposo, falecido há alguns anos e lhe dizíamos,
brincando:
— A senhora vai ficar feliz quando desencarnar.
Reencontrará seu querido. Ele a espera...
A resposta veio pronta, incisiva:
— Isso nunca! Prefiro ir para o inferno!
Um pai nos dizia:
— Certamente há um grave problema entre mim e
meu filho, relacionado com o passado. Em certas ocasiões sinto vontade de
esganá-lo. Ele me desafia, olha-me com ódio. Preciso controlar-me muito para
não perder a cabeça realmente, nesses relacionamentos explosivos que ocorrem em
muitos lares há o que poderíamos definir como "compromisso cármico".
Espíritos que se prejudicaram uns aos outros e que, não raro, foram inimigos
ferozes, reencontram-se no reduto doméstico.
Unidos não por afetividade, nem por afinidade,
e sim por imperativos de reconciliação, no cumprimento das leis divinas,
enfrentam inegáveis dificuldades para a harmonização, mesmo porque conservam,
inconscientemente, a mágoa do passado.
Daí as desavenças fáceis que conturbam a vida
familiar. Naturalmente situações assim não interessam à nossa economia física e
psíquica e acabam por nos desajustar.
Imperioso considerar, todavia, que esses
desencontros são decorrentes muito mais de nosso comportamento no presente do
que dos compromissos do pretérito. Não seria razoável Deus nos reunir no lar
para nos agredirmos e magoarmos uns aos outros.
"Deus espera que nos amemos e não que nos
amassemos".
Richard
Simonetti, do livro "Uma Razão para Viver".
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