O Espiritismo nos ensina que a reencarnação é uma
lei divina que visa o nosso crescimento espiritual através do próprio esforço,
na medida em que nos permite, a cada vida no corpo físico, amealhar novas
conquistas ao patrimônio do Espírito imortal que somos.
Por essa razão, Jesus orienta ao Doutor da Lei,
Nicodemos, que é necessário nascer de novo para alcançar a vida eterna, o reino
dos céus, que é o símbolo da consciência em paz pelos deveres retamente
cumpridos, que nos trazem imensa alegria de viver a gerar nossa plenitude
interior.
Não obstante a crença na reencarnação, muitos
espíritas e simpatizantes do Espiritismo formulam as seguintes perguntas:
1) O que nos cabe fazer na atual existência
física?
2) Como saber se estamos aproveitando, do ponto de
vista espiritual, a oportunidade divina de estar reencarnados?
Para nos ajudar a refletir sobre essas questões,
trago à baila cinco pontos importantes a serem observados na atual
reencarnação, que nos ajudarão a aproveitar com mais intensidade as oportunidades
de progresso inerentes à vida física.
Obviamente que esses cinco tópicos não esgotam a
finalidade da reencarnação, porque certamente haverá outras questões de cunho
pessoal, íntimo, correlacionadas à evolução individual de cada Espírito, tendo
em vista as escolhas e ações consumadas em vidas passadas.
As
principais metas da reencarnação são:
1) Reparar equívocos do passado:
Sabemos que o planeta Terra é um mundo de prova e
expiação. Expiar significa retificar os erros.
Naturalmente, com a reencarnação, há o
esquecimento do passado, de tal sorte que, via de regra, não lembramos das
ações infelizes de outrora, mas deveremos enfrentar com equilíbrio e paciência
as situações adversas da atualidade, pois muitas delas surgem como quadros expiatórios.
Doenças, mudanças econômicas, relacionamentos
pessoais conturbados, lutas na área afetiva, familiar e profissional, poderão
se apresentar como ocorrências expiatórias. Graças à misericórdia divina
estamos tendo a oportunidade de quitar as nossas pendências espirituais, em razão
da incidência da lei de causa e efeito.
Com o hábito da oração e da meditação, poderemos
receber inspirações dos benfeitores espirituais, nas quais teremos acesso
às lembranças de vidas transatas, que nos explicarão o porquê de algumas aflições
atuais, todavia, tais recordações não são imprescindíveis para a vivência
equilibrada da expiação.
Lembremos, ainda, que o amor que praticamos em
favor do próximo e da vida será ponto positivo na nossa contabilidade divina, a
minimizar ou anular o erro do passado.
Algumas situações expiatórias são decorrentes de
condutas desequilibradas ou abusivas da atual reencarnação, portanto, sempre
que possível, após uma ação infeliz, procuremos reparar o mal causado. Não
precisamos ficar aguardando a incidência da lei de ação e reação como o
criminoso que espera a punição, pois a leis divinas não são punitivas e visam a
nossa reeducação espiritual.
2) Evolução intelectual:
O Espírito encarnado necessita buscar todo o
conhecimento que está ao seu alcance, a fim de que possa compreender as leis
materiais e morais que regem a sua vida. Atualmente, com as ferramentas
virtuais, como, por exemplo, o Google, podemos ter acesso a informações úteis.
Podemos e devemos ter noções básicas de física, química, biologia, psicologia,
matemática, etc., para entendermos algumas ocorrências comuns da vida.
Devemos estudar a língua portuguesa, a fim de
aprimorar a nossa fala e escrita, e, havendo tempo disponível, podemos iniciar
o estudo de outras línguas.
Vamos percebendo que a evolução intelectual não
abrange apenas o estudo das obras espíritas, mas temos que nos enriquecer de
cultura e conhecimentos variados, que nos ajudarão nesta e em futuras
reencarnações.
Todo conhecimento adquirido é patrimônio
inalienável do Espírito, de forma que levaremos as aptidões para as próximas
reencarnações. Quantos não possuem facilidade de aprendizado e compreensão para
algumas áreas do conhecimento, certamente são Espíritos que já estudaram essas
matérias em vidas pretéritas, ao passo que outros revelam extrema dificuldade
de entender alguns assuntos, porque nunca tiveram a oportunidade de estudá-los.
Como espíritas, também devemos ler e estudar as
obras do Espiritismo, com o escopo de ampliar o nosso entendimento sobre as
leis divinas e morais, a fomentar o nosso crescimento espiritual.
Infelizmente, muitos de nós somos preguiçosos para
a leitura e desperdiçamos o tempo com coisas inúteis.
Busquemos a boa leitura, a conversa edificante e
os programas de televisão mais educativos, o que nos propiciará aprendizados
nobres a melhorar a nossa vida na Terra.
3) Aprimoramento dos sentimentos:
O sentido da vida é a busca do amor nas suas
expressões mais elevadas, que são as virtudes. Dessa forma, temos que
desenvolver a paciência, a humildade, o perdão, a compaixão, a resignação, o
otimismo, a alegria de viver, a caridade, etc., que estão latentes em nosso
mundo íntimo, já que trazemos as potencialidades divinas em germe, porque somos
filhos de Deus, destinados à plenitude.
Cabe a cada de nós a tarefa diária de nos observar
nas relações sociais, profissionais e familiares, a fim de notarmos quais as
virtudes que já temos e que necessitam de reforço, e quais ainda não possuímos
e deveremos nos esforçar para desenvolvê-las.
Obviamente que as conquistas morais exigem muitos
mais dedicação e perseverança do que as intelectuais. Para aprender determinado
conceito de matemática, basta à leitura e alguns exercícios, mas para perdoar
será necessário muito mais tempo e persistência, porque lidar com as nossas
emoções é algo mais complexo e profundo.
Mostra-se impossível adquirir todas as virtudes
numa única vida física, por isso Deus criou a lei da reencarnação, portanto,
tenhamos paciência (que já é uma virtude) para as conquistas nessa área, mas
não acomodemos. Quanto maior a nossa dedicação, mais rápido veremos os resultados.
Notemos quais são as nossas maiores carências e
limitações morais, normalmente impulsionadas pelo egoísmo e o orgulho, e
busquemos superá-las através da conquista da respectiva virtude. Por exemplo,
se somos irritadiços, esforcemo-nos para ter calma, se ainda gostamos de
atritos, busquemos a pacificação interior, se o egoísmo domina as nossas ações,
reflitamos sobre a importância da solidariedade,...
Anote-se que as nossas carências morais se
mostrarão com mais intensidade na convivência familiar, uma vez que, longe do
verniz social, mostramos verdadeiramente como somos.
A última etapa para a consolidação de uma virtude
é enfrentar a denominada “prova”, quando vivemos situações extremamente
adversas e temos que manter uma conduta elevada. Não basta ser bom quando tudo
está fácil e ninguém nos contraria. Provaremos que somos Espíritos amorosos,
pacientes, humilde, quando vivermos com pessoas difíceis, egoístas,
mal-educadas, e, mesmo assim, mantivermos uma conduta genuinamente cristã.
Eduquemos os nossos sentimentos, para que a nossa
vida seja mais plena e feliz.
4) Superação de conflitos:
Em nosso estágio evolutivo é comum à vivência de
situações e emoções mal resolvidas ou traumáticas, fazendo surgir os
denominados conflitos psicológicos.
Temos alguns que são mais comuns, tais como, a
ansiedade perturbadora, a depressão, a insegurança, o vazio existencial, a
síndrome de pânico, os medos, as dependências químicas, etc.
Cabe-nos a tarefa de identificar a possível
existência de um ou mais conflitos, oriundos desta ou de vidas passadas, sendo
que em casos mais complexos, certamente poderemos buscar a ajuda de
profissionais especializados da psicologia e da psiquiatria.
A benfeitora espiritual Joanna de Ângelis é autora
de diversos livros de cunho psicológico (conhecido como “série psicológica”),
dentre eles destacamos a obra “Conflito Existencial”, onde ela nos ajuda a
diagnosticar a presença dos conflitos e apresenta-nos a terapêutica à luz do
evangelho e do Espiritismo.
A meditação, o autoconhecimento e a oração nos
auxiliarão na identificação e na solução desses desconfortos emocionais.
5) Ser útil no meio social:
A citada benfeitora afirma que o cristão deve ser
ativo na sociedade em que se movimenta, o que significa dizer que temos que ser
úteis no meio em que vivemos.
À medida que o evangelho ilumina-nos
interiormente, sentimos necessidade de compartilhar o amor com as demais
pessoas.
Esse desejo de ser útil impulsiona-nos a realizar tarefas
edificantes na rua em que moramos, no bairro em que vivemos e no meio social
que frequentamos.
Poderemos participar de uma associação de
moradores de determinado bairro, com a finalidade de buscar pacificamente
melhorias para todos (construção de creches, escolas, reparos na via pública,
...).
Temos a possibilidade de criar uma Organização Não
governamental, com a meta difundir o bem, a paz, através de campanhas
organizadas, ou poderemos trabalhar voluntariamente nas entidades que cuidam de
animais desamparados, do meio ambiente, enfim, as possibilidades de cooperar
com o meio em que vivemos é ampla e variada, basta à boa vontade de sermos
verdadeiros cristãos.
Diante de todo o exposto, vemos que a reencarnação
à luz do Espiritismo é bendita concessão divina, que nos permite o crescimento
intelecto-moral, a fim de que a inteligência guiada pelo amor possa nos
conduzir na direção do Pai da Vida. Aproveitemos o tempo e as oportunidades,
que também são dádivas divinas.
Alessandro
Viana Vieira de Paula
Publicado em:
“O Consolador”
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