No livro "Obreiros da Vida Eterna", cap. XIV, Fabriciano contou
para André Luiz a história de uma jovem e respeitável senhora, atuante no campo
da benemerência social, que se deparou com pequenas brigas com o esposo, e
tendo conhecimento da imortalidade da vida além do sepulcro, desejou
ardentemente morrer. Todas as leviandades do marido bastaram para que
maldissesse o mundo e a Humanidade. Não soube quebrar a concha do personalismo
inferior e colocar-se a caminho da vida maior. Pela cólera, pela intemperança
mental, criou a ideia fixa de libertar-se do corpo de qualquer maneira, sem
utilizar o suicídio direto. Não dava ouvidos aos conselhos e advertências
fraternas dos amigos espirituais a que se uniu pelo trabalho de caridade. E
tanto pediu a morte, insistindo por ela, entre a mágoa e a irritação
persistentes, que veio a desencarnar em manifestação de icterícia complicada
com simples surto gripal. Tratava-se de verdadeiro suicídio inconsciente, mas a
senhora, no fundo, era extraordinariamente caridosa e ingênua. Apesar disso,
não foi concedido qualquer autorização para que ela recebesse descanso e muito
menos auxílio especial em sua desencarnação. Mas, o diretor da comissão de
serviço, a que ela se afiliou, recolheu-a, por compaixão, já que não achou
aconselhável entregá-la a própria sorte, em face das virtudes potenciais de que
era portadora. Apesar de eficiente intercessão em benefício da infeliz, somente
puderam afastá-la das vísceras cadavéricas, em condições impressionantes e
tristes.
Para finalizar, Fabriciano explicou:
- Não frutifica a paz legítima sem a semeadura necessária. Alguém para gozar o descanso, precisa, antes de tudo, merecê-lo. As almas inquietas entregam-se facilmente ao desespero, gerando causas de sofrimento cruel.
OBSERVAÇÃO: Nesta história podemos tirar quatro advertências: 1ª) Há
um suicídio lento e silencioso, que chamamos de SUICÍDIO INDIRETO OU
INCONSCIENTE. Este é o que mais mata. Este tipo de suicídio acontece quando aniquilamos
lentamente nosso corpo físico com vários tipos de abusos; 2º) O sofrimento da
suicida após a desencarnação só foi amenizado graças à caridade que estendeu
quando estava encarnada; 3º) Tomemos cuidado com nossos pensamentos. Diz o
espírito Scheilla: "A saúde do corpo, muitas vezes, começa no pensamento
sadio. Não dê guarida a mágoas e rancores. Entregue ao tempo toda ofensa. Se
você já é capaz de escolher o alimento de que seu corpo necessita, também pode
selecionar os pensamentos que nutrem seu espírito.”; 4º) Allan Kardec no livro
"O Evangelho segundo o Espiritismo”, capítulo V, diz que: "A calma e
a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a fé no futuro,
dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do
suicídio (...)" E Joanna de Ângelis completa dizendo: "Espera pelo
amanhã, quando o teu dia se te apresente sombrio e apavorante. Se te parecerem
insuportáveis às dores, lembra-te de Jesus, ora, aguarda e confia."
André Luiz
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