Ninguém
é mais espírita do que outrem pelo simples e natural fato de ser médium ostensivo;
nem se é menos, por não ser medianeiro.
Afora
a mediunidade de efeitos físicos (por exemplo, materialização e aparição de Espíritos), os
fenômenos mediúnicos mais recorrentes são de ordem subjetiva, tais como
psicofonia, psicografia, vidência e audiência.
Gosto
(e recomendo) o estudo feito pela experiente Profª. Maria Aparecida Martins que
diz ser a mediunidade a capacidade de captar, de sentir frequências
vibratórias oriundas de seres de dimensões extrafisicos. Captar é
perceber uma sensação, é sentir algo. Já a percepção,
a decodificação da sensação, é da esfera da personalidade do médium. Mediunidade
é captação sensorial; a percepção crítica está a cargo da personalidade
da pessoa (seja médium ostensivo ou não).
Com
base em suas pesquisas e observações, Allan Kardec asseverou que “todo
aquele que sente em grau qualquer a influência dos Espíritos é, por esse
fato, médium“. Disse mais: “Pode-se dizer que todos são mais ou menos
médiuns.” A partir dessas duas premissas bastante inclusivas, transcrevo alguns
trechos do livro “Seara dos Médiuns” (1961) do Espírito Emmanuel,
através da psicografia do medianeiro Francisco Cândido Xavier:
-
“Se tens a consciência desperta, perante as necessidades da própria alma,
entenderás facilmente que a mediunidade é recurso de trabalho como
qualquer outro.”
-
“Há inúmeros (médiuns) que se propõem instruir e escrever, falar e
materializar, aliviar e consolar, em nome dos Mensageiros da Luz;
entretanto, não passam da região do ‘muito desejo’.”
-
“Com muita propriedade, afirmou Allan Kardec que os Espíritos elevados se
ligam de preferência aos que procuram instruir-se.”
-
“Mediunidade, assim, tanto quanto a visão física representa do ponto de vista moral, força
neutra em si própria.”
-
E, através da oração, a Bênção Divina te fará perceber onde guardas também
contigo a brecha triste do lado fraco.”
-
“Em qualquer consideração sobre a mediunidade, não te esquives à inspiração, campo
aberto a todos nós e no qual todos podemos construir para o bem,
assimilando o pensamento da Esfera Superior.”
-
“Educa-te e assimilarás a influência das forças espirituais que iluminam.”
-
“Pede a todos eles para que te amparem o próprio aperfeiçoamento, porque, aprimorando
a ti mesmo, perceberás que a existência na Terra é estágio na escola da
evolução, em que o trabalho constante nos ensina a servir para merecer e
a raciocinar para discernir.”
——————————–
As
colocações de Emmanuel nos dá margem para muitas reflexões, em especial quando
nos relacionamos com a nossa própria mediunidade e mais ainda com a sensibilidade
dos outros médiuns, por conta da subjetividade da percepção crítica do
sensitivo.
Toda
esta complexidade nos exige cautela, prudência e cuidado a fim de evitar recebermos
mensagens que tem mais do mundo do médium do que do Espírito comunicante. Já
escrevi antes que o médium é semelhante a um filtro, cujas velas podem
modificar a pureza da “água” que venha dos Espíritos. A grande dificuldade é
distinguir quais partes vêm dos Espíritos e quais vêm dos médiuns.
Daí
é preciso uso da razão, do discernimento, equilíbrio
emocional e bastante estudo da Doutrina Espírita para começar a
aprender a separar o “joio” do “trigo”. Importante também lembrar que Jesus nos
alertou que o Reino dos Céus está dentro de nós, ponto em que convergiu
Sócrates quando disse que a Verdade está dentro de nós. É um convite para
buscarmos Luz, informação, inspiração, dentro de nós mesmos e estarmos atentos
para evitar cair na armadilha da dependência do que vem de fora.
A
sabedoria popular ensina e a experiência corrobora que não basta
unicamente boa intenção, não haver cobrança pecuniária, para garantir a
fidelidade do conteúdo de uma faculdade mediúnica. Afinal, “De
bem-intencionados, …“.
Fonte: Grupo
Espírita Paz e Bem
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