Allan Kardec perguntou aos
Espíritos:
"Com que fim fere Deus a
Humanidade por meio de flagelos destruidores?"
Os Espíritos
responderam: "Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a
destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada
nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se
veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do nosso
ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos,
por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são frequentemente
necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma ordem de coisas e para
que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos."
(questão 737) Há uma ordenação divina no Universo. Deus a tudo prevê e provê,
atendendo às necessidades evolutivas de seus filhos. Nada ocorre por acaso. Os
próprios Espíritos, os seres inteligentes da Criação que povoam o Universo fora
do mundo material, segundo a definição expressa na questão nº 76, de "O
Livro dos Espíritos", participam dessa ordenação, num sistema hierárquico
determinado exclusivamente pelo merecimento. Quanto mais evoluídos, mais complexas
e importantes as suas tarefas. Espíritos puros e perfeitos são promovidos a
prepostos do Criador, com largas responsabilidades que envolvem o progresso de
imensas coletividades, orientando-as em experiências compatíveis com suas
necessidades evolutivas. Sabe-se que as manchas solares, detectadas por
sofisticado instrumental científico, fruto de explosões atômicas que ocorrem no
astro-rei, são responsáveis por múltiplos fenômenos climáticos terrestres e não
raro promovem flagelos devastadores, como tufões, tempestades, nevascas, secas,
enchentes. . . Seriam casuais tais ocorrências? Para o materialista, certamente.
Mas o religioso, que concebe a onisciência e onipotência de Deus, não pode desenvolver
semelhante raciocínio, que equivaleria ao reconhecimento de que a Natureza
escapa ao comando divino. Admitindo, portanto, que o Criador controla os
fenômenos naturais, contando com a participação de seus prepostos, podemos
conceber que as convulsões solares são programadas por engenheiros siderais em
benefício dos planetas que se movem em sua órbita, como um todo, e, em
particular, beneficiando as coletividades terrestres, mais diretamente afetadas.
Os flagelos decorrentes beneficiam fisicamente o planeta, principalmente na
renovação de sua atmosfera, mas, sobretudo, impõem um agitar das consciências
humanas tanto para aqueles que desencarnam em circunstâncias dolorosas e
traumáticas, quanto para os que colhem as consequências da devastação ocasionada.
Experiências assim representam a oportunidade de resgate de seus débitos do
pretérito, ao mesmo tempo em que fazem sua iniciação nos domínios da
solidariedade. As vítimas das grandes calamidades tornam-se menos envolvidas
com as ilusões, mais dispostas a ajudar o semelhante, após sentirem na própria
carne a dor que aflige seus irmãos. A Lei de Destruição funciona, também, para
conter os impulsos desajustados da criatura humana (com a Natureza, com o corpo
físico, etc.). Não é preciso grande esforço de raciocínio para perceber que a
AIDS, a síndrome de insuficiência imunológica adquirida, representa uma
resposta da Natureza aos abusos cometidos pelo Homem nos domínios do sexo, a
partir da decantada liberdade sexual, na década de sessenta. A AIDS vem impondo
ao Homem disciplinas às quais não se submeteria em circunstâncias normais. O
mal terrível e assustador ajudá-lo-á a compreender que é preciso respeitar o
sexo, que podemos exercitá-lo com liberdade, desde que não resvalemos para a
liberalidade e muito menos para a licenciosidade. Sexo sem compromisso, sem
responsabilidade, é mera semeadura de frustrações e comprometimento com o
vício, resultando em inevitável colheita de desajustes e sofrimentos. Talvez a
AIDS faça parte de um elenco de medidas renovadoras que preparam a civilização
do terceiro milênio. Oportuno recordar que determinados surtos de progresso
para a humanidade são marcados por flagelos terríveis que dizimam populações
imensas. Exemplo típico foi a Peste Negra, no século XIV, enfermidade mortal provocada
por um bacilo que se instalava nos aparelhos digestivo e circulatório,
eliminando suas vítimas em poucos dias. Disseminada pelo Oriente e pela Europa,
exterminou perto de vinte e cinco milhões de pessoas, em plena Idade Média, um
período de obscurantismo, em que a civilização ocidental parecia imersa em trevas.
No entanto, após a Peste Negra floresceu o Renascimento, um abençoado sopro de
renovação cultural e artística, como o alvorecer de radioso dia precedido de
devastadora tempestade noturna.
Richard
Simonetti
Fonte: GRUPO DE ESTUDO ALLAN KARDEC
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