Um grupo de discípulos estava reunido ouvindo as sábias mensagens de um mestre que diziam ser um iluminado.
Um dos discípulos perguntou ao mestre porque a vida era feita sempre de opostos, dia e noite, bem e mal, vazio e cheio, começo e fim, perdas e ganhos, vida e morte, etc. O mestre responde:
- Viemos ao mundo para vivenciar situações opostas, pois aprendendo a equilibrar os opostos em níveis cada vez mais profundos, nós aprendemos a nos conectar com a totalidade da vida universal.
- E por que os opostos nos provocam tanto sofrimento? Por que existe o começo e o fim? Por que existem as perdas? Por que, afinal de contas, existe a morte?
O mestre responde:
- Observe o dia e noite. A noite sucede o dia, e a noite tem a mesma duração do dia. O que acontece quando cai à noite e chegamos ao momento mais longo da escuridão?
- Nasce um novo dia… Disse o discípulo.
- Isso mesmo. Respondeu o mestre. – Assim que chegamos ao ponto mais longínquo e demorado da noite, o resultado nunca é a ampliação ou o prolongamento da noite, mas sempre o nascimento de um novo dia. O amanhecer resplandece trazendo luz para onde estivermos.
O mestre continuou:
- O mesmo ocorre com o começo e o fim de cada coisa. Da mesma forma que o fim da noite traz sempre um novo dia, todo o fim de alguma coisa é sempre um novo começo. Num sentido maior, não existe o término de qualquer coisa em todo o cosmos; há sempre o final de algo e o recomeço de outra coisa. Por isso, todo fim é sempre um novo começo.
Os discípulos ouviam atentamente as explicações do mestre.
- E as perdas que enfrentamos na vida? Perguntou outro discípulo.
O mestre respondeu:
- O mesmo princípio se aplica aqui. Toda perda sempre pressupõe o ganho de outra coisa. Quando perdemos algo sempre estamos ganhando outra coisa. Toda perda é uma libertação do algo que se perdeu, e essa libertação traz sempre uma coisa nova, uma conquista, e muitas vezes essa conquista não é exterior, mas interior. Por exemplo, quando perdemos nossa casa, podemos ganhar disposição e força para construir outra; perdemos a acomodação e ganhamos a disposição. Quando perdemos um objeto, nos libertamos da influência que esse objeto exercia sobre nós, que podia ser um apego. Ou seja, sempre que perdemos algo, ganhamos outra coisa, pois toda perda implica sempre num ganho.
- E com relação à vida e a morte? Perguntou outro discípulo.
O mestre respondeu:
- A vida e a morte não podiam ser diferentes. Toda morte é sempre um novo nascimento. Morremos no plano físico e nascemos no plano espiritual. O mesmo ocorre durante o nascimento. No nascimento físico morremos no plano espiritual e, consequentemente, nascemos no plano material, para uma nova forma de vida. A vida é sempre uma continuidade espiritual dentro da descontinuidade das formas e manifestações. Nada que existe traz qualquer prejuízo a nós, pois a roda da vida é harmonia e perfeição. A roda da vida sempre nos permite continuar, ganhar e viver eternamente.
Autor: Hugo Lapa
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