quinta-feira, 17 de julho de 2014

A NOSSA LUZ PRÓPRIA


Na Gênese, primeiro livro de Moisés, capítulo 1, versículos 3 e 4, lemos:
"Disse Deus: Haja luz; e houve luz.
E viu Deus que a luz era boa; e fez a separação entre a luz e as trevas."

Aqui, a narrativa da criação, "desde o primeiro dia", na forma alegórica, que colocamos para ilustrar a importância da luz nas nossas vidas.
Primordialmente, o nosso sol está no início da vida e foi considerado um deus na religião de muitos povos da antiguidade. Particularmente, foi cultuado no antigo Egito dos faraós, onde estes eram considerados divinos, filhos do deus solar.

Com efeito, segundo João 1: 9 Jesus é "a verdadeira luz que, vinda ao mundo, ilumina a todos".
Quando nascemos, disseram da nossa mãe: ela deu à luz. O símbolo do nosso nascimento é uma estrela que evoca a luz.
Todas as criaturas almejam a luz; se estamos nas trevas e vemos um foco de luz a ele nos direcionamos. Até os vegetais, quando crescem, buscam a luz e com esta ocorre a fotossíntese produzindo o oxigênio indispensável à vida.
Enfim, sem a luz natural do sol não há vida e, também, dependemos da luz artificial para nos movimentarmos; sem esta, teríamos a inércia. Desde as primeiras eras, o homem se preocupou com a iluminação dos ambientes em que se situa: reportamo-nos às tochas e archotes...
Não é possível fazer trevas; se o fosse, teríamos um interruptor para fazê-las. Assim, somente a luz é real e as trevas são, apenas, as ausências da luz.
Tais considerações são relativas à luz material. E a luz espiritual?
"Uma vez que a visão espiritual não se efetua pelos olhos do corpo, é que a percepção das coisas não ocorre pela luz comum: com efeito, a luz material está feita para o mundo material; para o mundo espiritual existe uma luz especial [...] Há, pois, a luz material e a luz espiritual. A primeira tem focos circunscritos nos corpos luminosos; a segunda tem seu foco por toda a parte: é a razão pela qual não há obstáculos para a visão espiritual; [...] O mundo espiritual é, pois, iluminado pela luz espiritual, que tem seus efeitos próprios, como o mundo material é iluminado pela luz solar." [1]
Temos que buscar, acima de tudo, a luz que representa o nosso crescimento moral e espiritual, a nossa luz própria; para tanto, temos que considerar a diferença entre crença e iluminação, conforme a seguinte lição de Emmanuel:
[...] "O que crê, apenas admite; mas o que se ilumina vibra e sente. O primeiro depende dos elementos externos, nos quais coloca o objeto da sua crença; o segundo é livre das influências exteriores, porque há bastante luz no seu próprio íntimo, de modo a vencer corajosamente nas provações a que foi conduzido no mundo." [2]
Enfatizamos que a nossa luz própria será o resultado das nossas conquistas morais e espirituais; logo, cabe-nos iniciar, desde já, o trabalho de iluminação que se faz abeberando-se do Evangelho de Jesus, redivivo pelos postulados espíritas, conforme outra lição de Emmanuel:
"[...] voltemos aos nossos propósitos, cumprindo-nos reconhecer nos evangelhos uma luz maravilhosa e divina, que o escoar incessante dos séculos só tem podido avivar e reacender. E que eles guardam a súmula de todos os compêndios de paz e de verdade para a vida dos homens, constituindo o roteiro de luz e de amor, através do qual todas as almas podem ascender às luminosas montanhas da sabedoria dos céus." [3]
Outrossim, a nossa luz própria propicia um modo de ver superior. Superior no sentido de ver o lado bom das pessoas, coisas e acontecimentos, pela iluminação que nos é inerente; porquanto, o lado mal, nós já o passamos e superamos; temos que respeitar àqueles que ainda estão na fase de superação. Neste entendimento, quanto mais vermos, com bons olhos, os nossos semelhantes e irmãos perante o nosso criador, mais luminosos nos tornaremos.
"São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!" (Mateus 6: 22/23)
Nascemos. Vivemos. Jovens, nos tornamos velhos. Velhos, apenas os nossos corpos que estão sujeitos aos desgastes face ao tempo, doenças e término da vitalidade. Contudo, podemos, através de uma vivência sadia espiritualmente considerada, melhorar, rejuvenescer os nossos corpos espirituais - períspiritos - e, ao deixarmos este plano, adentrarmos noutra dimensão da vida, nos tornar mais belos, mais dignos das bênçãos do Criador e da Espiritualidade Maior.
Evidentemente, temos que cuidar dos nossos corpos perecíveis; todavia, não como o fazem aqueles que, com exclusividade, cuidam da beleza exterior, até fazendo cirurgias plásticas, olvidando ou nem sequer cogitando sobre os corpos espirituais, pré-existentes, modeladores dos corpos atuais e sobreviventes na imortalidade.
Pela nossa desmaterialização e consequente espiritualização, vamos despojando a matéria mais grosseira e carreando conosco o que é de mais belo e sutil.
Enfim, os nossos corpos perecíveis ficam velhos, feios, mas os nossos períspiritos, segundo os nossos pensamentos e ações positivas, ficam novos, belos, luminosos e, aí, estaremos cumprindo a determinação amorável do nosso Mestre Jesus, portando-nos como seus lídimos seguidores:
"Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos que se encontram na casa. Assim, brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus." (Mateus 5: 14 - 16)
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Bibliografia:
[1] A Gênese, Allan Kardec, Cap. XIV, nº 24, pág. 253, Trad. Salvador Gentile, 18ª Ed. IDE - 1988.
[2] O Consolador, Emmanuel, psic. F. Cândido Xavier, 2ª Parte, IV, pág. 132, 6ª Ed. FEB - 1976.
[3] A Caminho da Luz, Emmanuel, psic. F. Cândido Xavier, Cap. XIV, pág. 129, Ed. FEB - 1972.
Julio Laurentino de Lima -
(Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo, mês de Janeiro/07, pág. 649)


Numa cultura dedicada quase que exclusivamente ao erotismo, é natural que o hedonismo predomine nas mentes e nos corações.
Como decorrência das calamidades produzidas pelas guerras contínuas de devastação com as suas armas inteligentes e de destruição em massa, o desespero substituiu a confiança que havia entre as criaturas, dando lugar ao desvario de todo porte que ora toma conta da sociedade...
Sem dúvida, tem havido um grande desenvolvimento científico e tecnológico, dantes jamais sonhado, entanto, não acompanhado pelos valores ético-morais, cada dia mais negligenciados e desrespeitados pelos indivíduos, assim como pelas nações.
A globalização, que se anunciava em trombetas como solução para os magnos problemas socioeconômicos do mundo, experimenta a grande crise, filha espúria da falência moral de muitos homens e mulheres situados na condição de executivos supremos, que regiam as finanças e os recursos de todos, naufragados por falta de dignidade, ora expungindo em cárceres os seus desmandos, deixando, porém, centenas de instituições de variado porte na falência irrecuperável...
Como efeito, o sexo tornou-se o novo deus da cultura moderna, exaltado em toda parte e elemento de destaque em todas as situações.
Enquanto enxameiam as tragédias, os crimes seriais com o suicídio imediato dos seus autores, os multiplicadores de opinião utilizam-se da mídia alucinada para a saturação das mentes com as notícias perversas que estimulam psicopatas à prática de hediondez que não lhes havia alcançado a mente.
Pessoas, ditas famosas, na arte, no cinema, na televisão, exibem, sem pudor, as suas chagas morais, narrando os abortos que praticaram, a autorização para a eutanásia em seres queridos que lhes obstaculizavam o gozo juvenil, a multiplicação de parceiros sexuais, os adultérios por vingança ou simplesmente por vulgaridade, os preços a que se entregam, as perversões que os caracterizam, vilipendiando os sentimentos daqueles que os veem ou leem, estarrecidos uns, com inveja outros, em lamentável comércio de degradação.
Jovens, masculinos e femininos, exibem-se no circo dos prazeres, na condição de escravos burlescos em revistas de sexo explícito ou em filmes de baixa qualidade, tornando-se ídolos da pornografia e da sensualidade doentia.
A pedofilia alcança patamares dantes nunca imaginados, graças à Internet, que lhe abre portas ao infinito, quando pais insensatos vendem os filhinhos para o vil comércio do sexo infanto-juvenil, despedaçando-lhes a meninice que vai cruelmente assassinada.
Por outro lado, a prostituição de menores é cada vez maior, porque o cansaço dos viciados exige carnes novas para os apetites selvagens que os consomem. (...) E, porque vivem sempre entediados e sem estímulos novos, o alcoolismo, o tabagismo, a drogadição constituem o novo passo no rumo da violência, da depressão, do autocídio.
As estatísticas da loucura que toma conta do Planeta, neste momento, são alarmantes! Vive-se, nestes tormentosos dias, a tirania do sexo em exaltação...
As dolorosas lições do passado, de religiosos que não se souberam comportar, desrespeitando os votos formulados, que desmoralizaram as propostas doutrinárias das crenças que abraçavam, o disfarce, a hipocrisia, ocultando as condutas reprocháveis, geraram tal animosidade às formulações espiritualistas, com as exceções compreensíveis, que os jovens não suportam, sequer, referências aos valores do Espírito imortal.
Somente há interesse pelos esportes, particularmente por aqueles de natureza física, no culto apaixonado pela beleza e pela estética de que se tornam escravos por livre opção.
Num período, porém, em que uma boneca serve de modelo, ao invés de haver copiado um ser humano, exigindo que cirurgias corretoras modifiquem a aparência de algumas mulheres, a fim de ficarem com as medidas do brinquedo erótico, é quase normal que haja um verdadeiro ultraje no que diz respeito aos valores reais da vida.
A desconsideração de muitos governantes, em relação ao povo que estorcega na miséria, faz que as favelas e os morros vomitem os seus revoltados habitantes para as periódicas ondas de arrastão que estarrecem.
Sucede que o bem, não indo ao seu encontro, tem que enfrentar o mal que prolifera e que desce do lugar em que se homizia, buscando solução, mantendo comportamentos selvagens.
As cidades, grandes e pequenas, tornam-se praças de guerras não declaradas, porque as necessidades dos sofredores não são atendidas e alguns poderosos que governam locupletam-se com os valores que deveriam ser destinados à educação, à saúde, ao trabalho, ao recreio dos cidadãos...
É compreensível que aumentem as estatísticas das enfermidades dilaceradoras como o câncer, a tuberculose, as cardiovasculares, a Aids, outras sexualmente transmissíveis, as infecções hospitalares, dentre diversas, acompanhadas pelos transtornos psicológicos e psiquiátricos que demonstram o atraso em que ainda permanecem as conquistas na área da saúde, embora as suas indescritíveis realizações...
O ser humano estertora!...
Em razão da falta de orientação sexual, nestes dias de disparates, a gravidez entre meninas desprevenidas aumenta de forma chocante, como fruto de experiências estimuladas pela vulgaridade, sem qualquer preparo para a maternidade, jogando nas ruas diariamente crescente número de abandonados...
Faltam programas de orientação moral, porque o momento é de prazer e de gozo, condenando a maioria dos incautos ao desespero e à ilusão.
Ainda se prolongará o reinado erótico por algum tempo, até o momento quando as divinas leis convidem os responsáveis pelo abuso ao comedimento, à reparação, encaminhando-os para mundos inferiores, onde se encontrarão sob a injunção de acerbas aflições, recordando o paraíso que perderam, mas que o podem alcançar novamente após as lutas redentoras.
Especialmente nesta hora chegou a Terra o Espiritismo, a fim de convidar as criaturas desnorteadas a encontrar o rumo nos deveres éticos, restaurando a paz e a alegria real nos corações, sem a música mentirosa das sereias mitológicas...
Restaurando a palavra de Jesus, propõe uma revisão ética dos postulados do Cristianismo também ultrajado, a fim de que se revivam os comportamentos de Jesus e dos Seus primeiros discípulos, dando lugar à lídima fraternidade, à iluminação de consciências, ao serviço da caridade.
Mantém-te vigilante, a fim de que não te iludas nem enganes a ninguém, contribuindo com a tua parte, por mais modesta que seja de modo a fazeres instalar-se a era do amor pela qual todos anelam.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco.

Do livro Vitória sobre a depressão, cap. 3

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