Quantos
aqui já oraram pedindo um amor?
Não
precisa muita reflexão, para descobrir que uma oração para se pedir um amor é
transformar o amor em um objeto, um presente, algo que você recebe para sua
satisfação.
Entretanto,
amor é um sentimento.
E
amar é um verbo.
Em
nossos estudos sobre conscienciologia, nos deparamos com o conceito de “dupla
evolutiva”. Seriam duas pessoas que pelo compromisso de evoluírem
espiritualmente, fizeram a opção por caminhar juntas de forma a um apoiar a
outra.
Em
nossa sociedade, grande parte do que atrai um ao outro não é essa motivação.
Quantos
não se aproximam de outra pessoa atraídos pela projeção de imagem que o outro
lhe trará?
O
raciocínio é mais ou menos esse:
“Com esta pessoa, eu serei reconhecido como:
Mais sofisticado? Mais bonito? Mais confiante? Mais isso? Mais aquilo?”
“Com esta pessoa, eu serei reconhecido como:
Mais sofisticado? Mais bonito? Mais confiante? Mais isso? Mais aquilo?”
E
por outro lado, se afastaria que alguém que fizesse a pessoa se sentir “menos”.
Porque
elas naturalmente dentro de si já se sentem “menos”. Logo, quebram o espelho
por não gostarem do que veem.
Mesmo
pessoas que vivem em um meio mais “espiritualizado” agem dessa forma: quando se
começa a aprender os jargões do meio espiritual, passam todos a mostrarem
“gratidão por isso ou por aquilo”, a fazer gestos de paz e escrever frases de
compaixão.
Aprende-se
a interpretar um personagem, pois as falas corretas já foram decoradas. Mas as
ações – principalmente quando a relação já está terminada - mostram que não
havia real respeito ou gratidão.
Em
todos os casos acima e em muitos outros as associações são na verdade
autointeressadas e muito condicionais, ou seja, dependem da sustentação de
várias condições para que as pessoas permaneçam juntas.
A
lógica central é: como o outro me serve?
Já
leram que “se alguém foi que vá, pois alguém melhor aparecerá”?
Uma frase carregada de julgamento e que também ilustra a atitude autointeressada de quem está buscando o “amor”.
Uma frase carregada de julgamento e que também ilustra a atitude autointeressada de quem está buscando o “amor”.
Esta
frase rebaixa quem foi embora e tira a responsabilidade de quem “ficou” sobre a
reflexão do fim da relação. O que se percebe? Um ego ferido se enganando e se
vingando inconscientemente do outro que “o fez sofrer”.
Quanto
autoengano.
Nada
que no momento em que todos estiverem no plano espiritual já não fique claro a
cada um a verdade sobre a real condição de cada um. Até lá, tudo que podemos
ver são as máscaras que todos usam no dia a dia. Este dia chegará para todos.
Lemos
recentemente uma brilhante peça budista sobre relacionamento amoroso e caminho
espiritual que nosso coração pediu para compartilhar aqui.
Eis
um trecho: “O amor compreende o outro. Esta ligado ao que temos a oferecer e
não ao que temos a ganhar. É dito que ao conhecer e se desenvolver maestria dos
potenciais naturais de nossa mente passamos a ter muito mais a oferecer aos
outros e ao mundo. Há riqueza em um relacionamento que surge quando há
confiança e regozijo nas coisas boas que se tem a compartilhar. Verdadeiro amor
nos concede o potencial e interesse de explorarmos as qualidades e potenciais
de nosso parceiro(a), mesmo que este potencial revele suas partes mais vulneráveis.
Como o amor não é condicional, esta livre do interesse próprio e inclui o mundo
do outro, as partes vulneráveis se tornam caminho de transformação, de
aprendizado e evolução mútua. Esse olhar magnetiza nosso companheiro(a), atrai
positivamente, guia e conduz. Nos direciona ao verdadeiro amor, a relações mais
duradouras, estáveis e genuínas. A bondade amorosa nos capacita a acolher
carinhosamente nosso amado (a), a nutri-lo oferecendo suporte para seu
desenvolvimento, a magnetizá-lo e guiá-lo a direções positivas, a protegê-lo e
orientá-lo e a partilhar da verdade das coisas e estar aberto a ouvir também
sua verdade
Bom,
amigos de caminhada, aqueles que estão esperando a chegada do Amor podem parar
de esperar.
Ele
já chegou.
O
que não chegou ainda é nossa capacidade de amar.
E
esta aspiração seria muito mais nobre de pedirmos em nossas orações.
JIGME LHAWANG
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