Relembrando Allan Kardec
A ideia que geralmente se faz dos Espíritos
torna à primeira vista incompreensível o fenômeno das manifestações. Como estas
não podem dar-se, senão exercendo o Espírito ação sobre a matéria, os que
julgam que a ideia de Espírito implica a de ausência completa de tudo o que
seja matéria perguntam, com certa aparência de razão, como pode ele obrar
materialmente. Ora, aí o erro, pois que o Espírito não é uma abstração, é um
ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito encarnado no corpo constitui
a alma. Quando o deixa, por ocasião da morte, não sai dele despido de todo o
envoltório. Todos nos dizem que conservam a forma humana e, com efeito, quando
nos aparecem, trazem as que lhes conhecíamos.
Observemo-los atentamente, no instante em que acabem de deixar a vida; acham-se em estado de perturbação; tudo se lhes apresenta confuso, em torno; veem perfeito ou mutilado, conforme o gênero da morte, o corpo que tiveram; por outro lado se reconhecem e sentem vivos; alguma coisa lhes diz que aquele corpo lhes pertence e não compreendem como podem estar separados dele. Continuam a ver-se sob a forma que tinham antes de morrer e esta visão, nalguns, produz, durante certo tempo, singular ilusão: a de se crerem ainda vivos. Falta-lhes a experiência do novo estado em que se encontram, para se convencerem da realidade. Passado esse primeiro momento de perturbação, o corpo se lhes torna uma veste imprestável de que se despiram e de que não guardam saudades. Sentem-se mais leves e como que aliviados de um fardo. Não mais experimentam as dores físicas e se consideram felizes por poderem elevar-se, transpor o espaço, como tantas vezes o fizeram em sonho, quando vivos¹. Entretanto, mau grado à falta do corpo, comprovam suas personalidades; têm uma forma, mas que os não embaraça; têm, finalmente, a consciência de seu eu e de sua individualidade. Que devemos concluir daí? Que a alma não deixa tudo no túmulo, que leva consigo alguma coisa.
Observemo-los atentamente, no instante em que acabem de deixar a vida; acham-se em estado de perturbação; tudo se lhes apresenta confuso, em torno; veem perfeito ou mutilado, conforme o gênero da morte, o corpo que tiveram; por outro lado se reconhecem e sentem vivos; alguma coisa lhes diz que aquele corpo lhes pertence e não compreendem como podem estar separados dele. Continuam a ver-se sob a forma que tinham antes de morrer e esta visão, nalguns, produz, durante certo tempo, singular ilusão: a de se crerem ainda vivos. Falta-lhes a experiência do novo estado em que se encontram, para se convencerem da realidade. Passado esse primeiro momento de perturbação, o corpo se lhes torna uma veste imprestável de que se despiram e de que não guardam saudades. Sentem-se mais leves e como que aliviados de um fardo. Não mais experimentam as dores físicas e se consideram felizes por poderem elevar-se, transpor o espaço, como tantas vezes o fizeram em sonho, quando vivos¹. Entretanto, mau grado à falta do corpo, comprovam suas personalidades; têm uma forma, mas que os não embaraça; têm, finalmente, a consciência de seu eu e de sua individualidade. Que devemos concluir daí? Que a alma não deixa tudo no túmulo, que leva consigo alguma coisa.
1 - Quem se quiser reportar a tudo o que
dissemos em O Livro dos Espíritos sobre os sonhos e o estado do Espírito
durante o sono (nos 400 a 418), conceberá que esses sonhos que quase toda gente
tem, em que nos vemos transportados através do espaço e como que voando, são
mera recordação do que o nosso Espírito experimentou, quando, durante o sono,
deixara momentaneamente o corpo material, levando consigo apenas o corpo
fluídico, o que ele conservará depois da morte. Esses sonhos, pois, nos podem
dar uma ideia do estado do Espírito, quando se houver desembaraçado dos entraves
que o retêm preso ao solo.
Allan Kardec
KARDEC, Allan. “O Livro dos Médiuns”. 55. Ed.
Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1987.
Segunda Parte. Das manifestações espíritas.
Cap. I item 53.
Nenhum comentário:
Postar um comentário