Em virtude do desencarne do filho de um grande
amigo, ainda recém-nascido, provocado por enfermidade grave, levantamos a
proposta de reflexão sobre o assunto. Sempre! Sempre! Nos questionamos o porquê
do desencarne prematuro das crianças. Perguntamos se a sensação de perda
é maior do que de uma pessoa que já convivemos há bastante tempo? Ou dói
ainda mais pelo fato de haver muitas expectativas, projetos para aquele ser em
formação? Propomos discutir esse assunto visto fazermos parte de um todo que
nos trata com igualdade e, por isso mesmo, há sempre a possibilidade de que nos
aconteça algo semelhante ou mesmo com alguma pessoa muito próxima, como um
familiar, por exemplo.
Rogamos ao Mestre Jesus que receba, ampare e
abençoe esse anjinho que retorna a sua verdadeira pátria. Também fortaleça e
console seus genitores pelo momento difícil porque passam.
O DESENCARNE NA
INFÂNCIA
Apesar de ser extremamente dolorosa a perda de
um filho pequeno, pense nele sempre com carinho e envie vibrações de amor
eterno.
Apenas quem já perdeu um filho na infância pode
descrever a dor que se sente neste momento tão doloroso. Como se o mundo
girasse ao seu redor, você pensa estar vivendo um pesadelo e que, ao acordar,
tudo voltará ao normal. Mas a realidade se mantém e você não entende o porquê
de estar acontecendo tudo aquilo. Chega a duvidar da justiça divina e as
perguntas constantes permanecem: Por que meu filho se foi tão jovem, cheio de
vida, com um futuro promissor? Por que eu não fui em seu lugar? As indagações
são muitas, mas a resposta só vem com o tempo.
A família tem que estar muito unida em um
momento como esse. A religião é um bálsamo para a dor que, em certos dias,
parece ser infinita. Temos que ser fortes e acreditar que nada acontece por
acaso. A revolta e o descrédito em Deus não são justos. Há momentos na vida em
que precisamos passar por determinadas experiências, para que possamos ter uma
visão de vida diferente da que temos atualmente.
O desencarne de uma criança comove até as
pessoas que mal conhecemos. Richard Simonetti descreve em seu livro "Quem
tem medo da morte?": "O problema maior é a teia de retenção formada
com intensidade, porquanto a morte de uma criança provoca grande comoção, até
mesmo em pessoas não ligadas a ela diretamente. Símbolo da pureza e da
inocência, alegria do presente e promessa para o futuro, o pequeno ser resume
as esperanças dos adultos, que se recusam a encarar a perspectiva de uma
separação".
LAMENTAR A PERDA
PREJUDICA O ESPÍRITO
As lamentações, o choro e a fixação no ente
querido que desencarnou prejudicam sua reabilitação no plano espiritual,
fazendo com que ele sofra vendo tamanho desespero de seus familiares. A oração
é o melhor remédio para todos. Pedir a Deus que proteja e auxilie seu filho no
plano espiritual é a maneira correta de lhe fazer o bem.
Reviver a tragédia que ocorreu no plano
terrestre pode ser um martírio, pois, no plano espiritual, há toda uma equipe
de trabalhadores dando o suporte necessário ao desligamento do espírito do
aparelho físico. Além do mais, conforme explica Simonetti, "o desencarne
na infância, mesmo em circunstâncias trágicas, é bem mais tranquilo, porquanto
nessa fase o espírito permanece em estado de dormência e desperta lentamente
para a existência terrestre. Somente a partir da adolescência é que entrará na
plena posse de suas faculdades".
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec
pergunta: "Por que a vida frequentemente é interrompida na infância"?
A resposta dos espíritos é a seguinte: "A duração da vida de uma criança
pode ser, para o espírito que está nela encarnado, o complemento de uma
existência interrompida antes de seu termo marcado e sua morte, no mais das
vezes, é uma prova ou uma expiação para os pais".
Ernesto Bozzano, em Enigmas da Psicometria,
escreve que não são desconhecidos os casos de mortes infantis nos quais o
espírito já tenha progredido bastante para suprimir uma provação, mergulhando
na Terra só com a finalidade de se revestir de elementos fluídicos
indispensáveis ao perispírito desejoso de se preparar para a próxima
reencarnação.
Com o tempo, você vai encontrando respostas
para suas indagações. A lembrança daquele filho que se foi talvez nunca sairá
de sua mente, mas sempre que pensar nele, pense com carinho, enviando boas
vibrações, para que, onde ele se encontrar, possa sentir todo o amor que você
emana.
REENCONTRO NO PLANO
ESPIRITUAL
Em entrevista publicada na edição nº 11 da
Revista Cristã de Espiritismo, Mauro Operti, quando perguntado sobre que
mensagem daria às pessoas que perderam seus entes queridos e acreditam que
nunca mais irão encontrá-los, respondeu:
"Para estas pessoas eu diria que Deus não
cometeria esta maldade de separar definitivamente dois seres que se amam. A
essência da vida é o outro. Por que Deus juntaria num breve tempo de uma
existência duas criaturas que se sentem felizes de estar juntas e depois as
separaria pela eternidade? A certeza da sobrevivência que a prática espírita
garante às criaturas está acompanhada da certeza da reunião daqueles que se
amam depois da perda do corpo físico. Esta é a maior consolação que poderíamos
desejar, mas não é só uma consolação piedosa, é uma certeza proveniente da
vivência que, aos poucos, vai nos tornando mais seguros e menos propensos às
crises de ansiedade e aflição que são tão comuns às pessoas hoje em dia. Temos
certeza e sabemos, não apenas acreditamos".
O Evangelho Segundo o Espiritismo diz que,
quando Jesus falou "deixai vir a mim as criancinhas", Ele se referia
ao fato de que "a pureza do coração é inseparável da simplicidade e da
humildade, excluindo todo pensamento egoísta e orgulhoso". Explica ainda
que "é por isso que Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como
a tinha tomado para o da humildade. Somente um espírito que tivesse atingido a
perfeição poderia nos dar o modelo da verdadeira pureza. Mas a comparação é
exata do ponto de vista da vida presente, pois a criança, não podendo ainda
manifestar nenhuma tendência perversa, oferece-nos a imagem da inocência e da
candura. Além disso, Jesus não diz de maneira absoluta que o reino de Deus é
para elas, mas sim para aqueles que se lhes assemelham".
Por Marco Túlio Michalick
Fonte: Instituto de Pesquisas Projeciológicas e
Bioenergéticas
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