quarta-feira, 31 de julho de 2013

LEI DE CAUSA E EFEITO


1 – Ouve-se sempre o espírita falar em débito cármico, quando alguém passa por determinado sofrimento. O que é o carma?

A expressão não é espírita. Está no hinduísmo e no budismo. Define as consequências de nossas ações, boas ou más, que geram reações que nos atingem na mesma intensidade, nesta encarnação ou nas próximas.

2 – Mas é usada no Espiritismo...

É usada pelos espíritas. Não consta da Codificação. Mais correto falar em ação e reação ou causa e efeito. A diferença é que o carma costuma ter um sentido passivo. A pessoa deve sujeitar-se aos males que lhe são impostos, sem reagir, para fazer jus a algo melhor no futuro. A partir daí temos situações lamentáveis como o sistema de castas que vige na Índia, a consagrar a discriminação, principalmente dos párias, a casta inferior.

3 – O pária não está pagando dívidas?

Sendo a Terra um planeta de provas e expiações, habitada por Espíritos comprometidos com o egoísmo, podemos dizer que todos estamos em prova ou expiação, pobres e ricos, em qualquer segmento da sociedade. A condição social pode ser apenas uma contingência, como nascer numa favela, por falta de melhor localização. Não é pela vontade de Deus que surgem as favelas e as castas, mas pela incúria humana. Deus cria e sustenta a vida. A qualidade de vida é obra do homem.

4 – Se não é um carma, essa situação pode ser modificada?

É esse o ponto. Na lei do carma, a exclusão que caracteriza os párias é irremissível, algo a ser suportado pela vida toda. Sob o ponto de vista espírita, ainda que se trate de uma medida disciplinar envolvendo comprometimentos do passado, é passível de ser amenizada a partir da conscientização da sociedade e pelo esforço do pária em favor de sua própria renovação.

6 – Digamos que alguém tenha matado um desafeto, dando-lhe um tiro no peito. Numa existência futura não deveria morrer assim, também, para resgate de sua dívida?

Isso apenas perpetuaria o mal, porquanto alguém deveria fazê-lo, assumindo carma idêntico. Esse retorno implacável, na mesma proporção, evoca a pena de talião, o olho por olho, dente por dente, de Jeová, o sanguinário deus mosaico, substituído pelo Deus de amor e misericórdia, revelado por Jesus.

7 – E como fica o assassino?

Terá desajustes espirituais, decorrentes de seu ato criminoso, que tenderão a refletir-se em seus estados físicos e emocionais, na presente existência ou em futuras, originando males que lhe ensinarão a superar a agressividade. Paralelamente, será chamado ao compromisso de reajustar-se com sua vítima, compensando-a pelo mal que lhe fez.

8 – Todos estamos sujeitos a essas consequências?

Sim, mas o grau de comprometimento do criminoso dependerá de sua capacidade em distinguir o mal do bem, o certo do errado. Quanto maior o seu discernimento, maior a responsabilidade.

9 – Nossos sofrimentos estão sempre associados ao pagamento de dívidas contraídas em vidas anteriores?

Estão mais relacionados com nosso estilo de vida no presente: o que comemos, o que fazemos, como pensamos… A gordura excessiva, que sobrecarrega o organismo, é mera consequência de um regime alimentar desregrado sem nenhuma vinculação com existências passadas.

10 – O indivíduo obeso sabe que está pagando pela indisciplina na alimentação e o sedentarismo, o que o ajudará a superá-los. Quando se trate de débitos de vidas anteriores, não seria interessante ter consciência deles para suportar melhor suas consequências e ter um estímulo para não incorrer nos mesmos enganos?

O esquecimento do passado funciona em nosso benefício. Favorece abençoado recomeço, sem as lembranças do pretérito, a fim de que superemos paixões e fixações que determinaram nossos fracassos. Nem por isso deixamos de aprender as lições da mestra dor. Por reflexo condicionado, o criminoso que mata alguém e sofre as consequências, incorporará o sentimento de que a agressividade que o induziu ao crime lhe é danosa.

11 – Como saber se nossos males têm sua origem em vidas anteriores ou se são resultantes de nosso comportamento na vida atual?

Os males cármicos são mais entranhados e, não raro, nos acompanham pela vida toda. A perda de um membro, a doença crônica, a esterilidade, a grave limitação física ou mental… Os resultantes dos maus cuidados com nossa vida e nosso corpo desaparecem na medida em que nos tornamos mais disciplinados.

12 – É possível amenizar os rigores da Lei de Causa e Efeito?

Deus nos concede duas moedas para resgate de nossas dívidas – a dor e o amor. Se não há amor, aumenta a dor. Quanto mais amor, menos dor.

13 – Que amor é esse?

O amor evangélico preconizado por Jesus, que se exprime em fazer ao próximo o bem que gostaríamos nos fizessem. É ele que “cobre a multidão dos pecados”, como dizia o apóstolo Pedro em sua primeira epístola.

14 – Os sofrimentos e o exercício do amor promovem a quitação de nossos débitos perante a Justiça Divina?

A quitação definitiva, que exprime a tranquilidade de consciência, será alcançada na medida em que repararmos nossas faltas, compensando nossas vítimas pelos prejuízos que lhes causamos.

15 – Se alguém mata seu próprio irmão para entrar na posse de sua fortuna, como irá compensá-lo pelo mal que lhe fez?

Como se trata de alguém de seu círculo familiar poderá recebê-lo como filho, com o que estará lhe restituindo a vida e os bens roubados. Evidentemente, estamos no terreno das possibilidades. Se a vítima for um Espírito mais amadurecido, seguirá seus próprios caminhos, sem necessidade do concurso daquele que o agrediu. O ofensor também encontrará caminhos alternativos, envolvendo o esforço do Bem.

16 – As dificuldades de relacionamento no lar podem ter sua origem na convivência de inimigos do passado, ligados pela consanguinidade, visando uma harmonização?

Os problemas de relacionamento estão associados à inferioridade humana. Deus não reúne desafetos do passado no lar para se amassarem, mas para se amarem, a partir do exercício das virtudes evangélicas. Perdão, tolerância, caridade, paciência, são remédios infalíveis no presente para neutralizar a animosidade do passado.


Richard Simonetti

UM FOFOQUEIRO NO CENTRO...



     Realizava palestra em determinada cidade do interior de um estado brasileiro qualquer, quando após a apresentação um senhor me procura e narra sua experiência.

 “Moço, corria o ano de 1977 e eu labutava num centro espírita aqui da cidade. Nesta casa tínhamos um companheiro complicado, sujeito do vinagre, azedo, sua boca era um veneno só. Falava mal de todos, disseminava a fofoca, enfim, homem terrível de conviver. Mas eis que a vida não manda avisar quando a senhora da foice virá buscar e num certo dia recebemos a notícia do desencarne daquele indivíduo. Ataque cardíaco, fulminante! Enfim, estávamos livres dele!
     Bom... o tempo passou e eu me esqueci completamente daquela pessoa desagradável, até que no ano de 1997, numa reunião mediúnica, eu tenho vidência e vi um homem sorridente vindo em minha direção. Ele estava bem, como se fosse uma entidade bem resolvida com seus traumas. Por Deus! Identifiquei a presença daquele fofoqueiro. Era ele. Mas como? Como alguém tão malvado poderia apresentar-se bem no mundo dos Espíritos? Até que o mentor da reunião disse-me: Amigo, admira-se de nosso irmão? Pois bem, e eu me admiro de você...   Não percebeu que já se passaram 20 anos? Pelo visto, ele caminhou e você ficou estagnado, a julgar os outros, esquecendo-se de que com o tempo, seja aqui ou no além todos crescemos!”
     Jesus! Como ficamos presos ao que passou. Não sem motivo Deus estabeleceu como condição reencarnatória o esquecimento temporário. Claro, é preciso desvencilhar-se do passado e de todos os passados, tanto o nosso quanto o dos outros.

     Passado apenas para agregar experiência, jamais servir como elemento de condenação. Cada um de nós arca com as consequências de seus atos passados que repercutem, não raro, de forma dolorosa no presente. Portanto, o que não precisamos é de julgamentos, sentenças, vibrações contrárias, haja vista que responderemos pelos nossos atos.
     Todavia, o mais interessante é nossa visão limitada, de rótulos, que estigmatiza este ou aquele pelos seus equívocos do passado.
     Sem perceber, sem refletir, condenamos o outro às trevas quando fechamos o caminho para a luz.
     Explico-me: O sujeito errou demais e tenta recomeçar, vai à igreja, no centro ou sei lá, e vamos nós: “Você viu o fulano? Fez um monte de besteira na vida e hoje vai ao centro”. Isso é cruel de nossa parte. As pessoas têm o direito de recomeçar suas vidas, de levantar a poeira e dar a volta por cima.
     O que devemos fazer? Simples, orar por elas, orar para que prossigam firmes em seus propósitos. Não podemos ser nós os fiscais da vida alheia, aqueles que tentam impedir o outro de recomeçar. Que bom, que bom poder reconhecer os erros e procurar uma religião, enfim, mudar de vida.
     Deus possibilita-nos todas as chances do mundo. Ninguém está deserdado ao erro, ao equívoco, ao vício.
     Irmã Rosália, em O Evangelho segundo o Espiritismo deixa a mensagem de que não incomodar com as faltas alheias é caridade moral.
     É bem por ai. Caridade moral. Com a mesma ênfase que atendemos o pobre, o necessitado do pão material precisamos atender aquele que necessita do pão do espírito, ou seja, da compreensão, do carinho, da porta aberta para recolocar as coisas no lugar e seguir adiante. Nada de colocar o outro num balaio, estigmatizar. Quem nesta vida não erra?
     Se ainda não conseguimos esquecer nossos erros desta existência, que ao menos não lembremos os dos outros para que eles possam recomeçar; recomeçar a busca pela felicidade... Afinal, todos têm o direito de prosseguir, e se não queremos nós prosseguir, que ao menos não impeçamos os outros de “ajeitar” novos caminhos rumo ao progresso.
Pensemos nisto!

Wellington Balbo – Bauru SP
Rede Amigo Espírita


terça-feira, 30 de julho de 2013

EFEITO DO PERDÃO


Dentre os ângulos do perdão, um existe dos mais importantes, que nos cabe salientar: os resultados dele sobre nós mesmos, quando temos a felicidade de desculpar.

Muito frequentemente interpretamos o perdão como sendo simples ato de virtude e generosidade, em auxílio do ofensor, que passaria a contar com a absoluta magnanimidade da vítima; acontece, porém, que a vítima nem sempre conhece até que ponto se beneficiará o agressor da liberalidade que lhe flui do comportamento, porquanto não nos é dado penetrar no íntimo mais profundo uns dos outros e, por outro lado, determina a bondade se releguem ao esquecimento os detritos de todo mal.

Urge perceber, no entanto, que, quando conseguimos desculpar o erro ou a provocação de alguém contra nós, exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco, ao mesmo tempo em que nos desvencilhamos de todos os laços suscetíveis de apresar-nos a ele. 
Pondera semelhante realidade e não te admitas carregando os explosivos do ódio ou os venenos da mágoa que destroem a existência ou corroem as forças orgânicas, arremessando a criatura para a vala da enfermidade ou da morte sem razão de ser.

Efetivamente, conhecerás muitas vezes a intromissão do mal em teu caminho, mormente se te consagras com diligência e decisão à seara do bem, mas não te permitas à leviandade de acolhê-lo e transportá-lo contigo, à maneira de lâmina enterrada por ti mesmo no próprio coração.
Ante ofensas quaisquer, defende-te, pacifica-te e restaura-te perdoando sempre. Nas trilhas da vida, somos nós próprios quem acolhe em primeiro lugar e mais intensivamente os resultados da intolerância, quando nos entrincheiramos na dureza da alma.

Sem dúvida, é impossível saber, quando venhamos a articular o perdão em favor dos outros, se ele foi corretamente aceito ou se produziu as vantagens que desejávamos; entretanto, sempre que olvidemos o mal que se nos faça, podemos reconhecer, de pronto, os benéficos efeitos do perdão conosco, em forma de equilíbrio e de paz agindo em nós


Emmanuel

segunda-feira, 29 de julho de 2013

ACORDEMOS



É sempre fácil:
- examinar as consciências alheias;
- identificar os erros do próximo; 
- opinar em questões que não nos dizem respeito;
- indicar as fraquezas dos semelhantes; 
- educar os filhos dos vizinhos; 
- reprovar as deficiências dos companheiros; 
- corrigir os defeitos dos outros; 
- aconselhar o caminho reto a quem passa; 
- receitar paciência a quem sofre,
- retificar as más qualidades de quem segue conosco. 

     Mas enquanto nos distraímos, em tais incursões à distância de nós mesmos, não passamos de aprendizes que fogem levianos, à verdade e à lição.
     Enquanto nos ausentamos do estudo de nossas próprias necessidades, olvidando a aplicação dos princípios superiores que abraçamos na fé viva, somos simplesmente, cegos do mundo interior, relegados à treva.
     Despertemos a nós mesmos, acordemos nossas energias mais profundas, para que o ensinamento do Cristo, não seja para nós, uma benção que passa sem proveito à nossa vida, porque o infortúnio maior de todos, para a nossa alma eterna, é aquele que nos infelicita, quando a graça do Alto, passa por nós em vão!...

Pelo Espírito André Luiz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Caridade. Lição nº 33. Página 121.


COMUNICAÇÃO MEDIÚNICA

“Na comunicação mediúnica o telefone toca de lá para cá, nunca daqui para lá” - Chico Xavier.

     Uns não acreditam nas comunicações dos espíritos, outros acreditam demais e querem obtê-las com a facilidade de uma ligação telefônica. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra! Se as comunicações entre as criaturas terrenas nem sempre são fáceis, que dizer das que se processam entre os espíritos e os homens? Muita gente procura o médium como se ele fosse uma espécie de cabina telefônica. Mas nem sempre o circuito está livre e muitas vezes o espírito chamado não pode atender. Não há dúvida que estamos na época profetizada por Joel, em que as manifestações se intensificam por toda parte. Nem todos os espíritos, porém, estão em condições de comunicar-se com facilidade. Além disso, a manifestação solicitada pode ser inconveniente no momento, tanto para o espírito quanto para o encarnado.

     A morte é um fenômeno psicobiológico que ocorre de várias maneiras de acordo com as condições ídeo-emotivas de cada caso, envolvendo o que parte e os que ficam. A questão 155 de O Livro dos Espíritos explica de maneira clara a complexidade do processo de desencarnação. Alguns espíritos se libertam rapidamente do corpo, outros demoram a fazê-lo e isso retarda a sua possibilidade de comunicar-se.
Devemos lembrar ainda que os espíritos são criaturas livres e conscientes. Não estão ao sabor dos nossos caprichos e nenhum médium ou diretor de sessões tem o poder de fazê-los atender aos nossos chamados. Quando querem manifestar-se, eles o fazem espontaneamente, e não raro de maneira inesperada. Enganam-se os que pensam que podem dominá-los. Já ensinava Jesus, como vemos nos Evangelhos: o espírito sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem nem para onde vai.

     É natural que os familiares aflitos procurem obter a comunicação de um ente querido. Mas convém que se lembrem da necessidade de respeitar as leis que regem as condições do espírito na vida e na morte. O intercâmbio mediúnico é um ato de amor que só deve realizar-se quando conveniente para os dois lados. O Espiritismo nos ensina a respeitar a morte como respeitamos a vida, confiando nos desígnios de Deus. Só a misericórdia divina pode regular o diálogo entre os vivos da Terra e os vivos do Além. Façamos nossas preces em favor dos que partiram e esperemos em Deus a graça do reencontro que só Ele nos pode conceder.

     Muitos religiosos condenam as comunicações mediúnicas, alegando que elas violam o mistério da morte e perturbam o repouso dos mortos. Esquecem-se de que os próprios espíritos de pessoas falecidas procuram comunicar-se com os vivos. Foi dessa procura de comunicação dos mortos, tão insistente no mundo inteiro, que se iniciaram de maneira natural as relações mediúnicas entre o mundo visível e o invisível. O conceito errôneo da morte, como aniquilamento ou transformação total da criatura humana, gera e sustenta essas formas de superstição. O Espiritismo, revivendo os fundamentos esquecidos do Cristianismo puro, mostra-nos que a comunicação mediúnica é lei da vida a nos libertar de erros e temores supersticiosos do passado.

Fonte: Livro – Diálogo dos Vivos. Ditado pelo espírito Irmão Saulo / psicografia Chico Xavier e J. Herculano Pires.


EVANGELHO EM AÇÃO


     Meus amigos, muita paz.
    Nunca é demais salientar a missão evangélica do Brasil, na sementeira do espiritualismo moderno.
     Em outros setores da evolução planetária, eleva-se a inteligência aos cumes da prosperidade material, determinando realizações científicas e perquirições filosóficas de vasto alcance, comprometendo, porém, a obra do sentimento santificante.
     Em esferas outras, assinalamos a investigação de segredos cósmicos, na qual se transforma o homem no gênio destruidor da própria grandeza, alinhando canhões na retaguarda de compêndios valiosos e de comovedoras teorias salvacionistas, em todos os ângulos da política e da economia dirigidas.
     No Brasil, contudo, ergue-se espiritualmente o ciclópico e sublime santuário do Cristianismo Redivivo.
     Aqui a Doutrina Consoladora dos Espíritos perde as exterioridades fenomênicas para que o homem desperte à luz da Vida Eterna.
     Aqui, o Evangelho em movimento extingue a curiosidade ociosa e destrutiva que se erige em monstro devorador do tempo, descortinando o campo de serviço pela fraternidade humana, sob o patrocínio do Divino Mestre.
     É por isto que ao espiritista brasileiro muito se pede, esperando-lhe a decisiva atuação no trabalho restaurador do mundo, porquanto na pátria abençoada do Cruzeiro a amplitude da terra se alia à sublimidade da revelação.
     É necessário que em seus dadivosos celeiros de pão e amor se modifiquem as atitudes do crente renovado em Nosso Senhor Jesus, a fim de que o pensamento das Esferas Superiores se expanda livre e puro, nos círculos da inteligência encarnada, concretizando a celeste mensagem de que os novos discípulos são naturalmente portadores.
     Não basta, portanto, apreender o contingente de consolações do edifício doutrinário ou receber a hóstia do conforto pessoal no templo sagrado que o Espiritismo Evangélico representa para quantos lhe batam às portas acolhedoras.
     É imprescindível consagrar nossas melhores energias à extensão da fé vivificante que nos refunde e aperfeiçoa, à frente do futuro.
     Semelhante edificação, todavia, não se expressará senão por intermédio de nosso próprio devotamento à causa da libertação humana, transformando-nos pelo esforço e pelo estudo, pelo trabalho e pela iluminação íntima, em hífens de amor cristão, habilitados à posição de instrumentos do Plano Superior.
     O Espiritismo brasileiro congrega extensa caravana de servidores da renovação cultural e sentimental do mundo e complexas responsabilidades lhe revestem a ação com o Cristo.
     Estendamos, assim, o serviço evangélico na intimidade da filosofia espiritualista, insculpindo em mós, antes de tudo, os princípios da doutrina viva e redentora de que nos constituímos pregoeiros.
     Não cristalizemos, sobretudo, a tarefa que nos cabe à frente das exigências da Terra, refugiando-nos na expectativa inoperante, porque a ruína das religiões sectaristas provém da ociosidade mental em que se mergulham os aprendizes, aguardando favores milagrosos e gratuitos do Céu, com prejuízo flagrante da religião do dever bem cumprido na solidariedade humana, da qual depende a execução de qualquer sistema salvacionista das criaturas.
     Acordemos, desse modo, as nossas forças profundas, colaborando no nível real de nossas possibilidades dentro da tarefa que nos cabe realizar, individualmente, no imenso concerto de regeneração da vida coletiva.
     Enquanto houver um gemido na paisagem em que nos movimentamos, não será lícito cogitar de felicidade isolada para nós mesmos.
     Companheiros existem suspirando por um paraíso fácil, em que sejam asilados sem obrigações, à maneira de trabalhadores preguiçosos e exigentes que centralizam a mente nas noções do direito sem qualquer preocupação quanto aos imperativos do dever.
     Esses, em geral, são aqueles que cuidam de conservar alva rotulagem, na planície das convenções terrenas, muita vez à custa do sofrimento e da dilaceração de almas inúmeras que lhes servem de degraus, na escalada às vantagens de ordem material e perecível, para despertarem, depois, infortunados e desiludidos, nos braços da realidade amargurosa que a morte descerra, invariável.
     Nós outros, no entanto, não ignoramos que a Nova Revelação nos infunde energias renovadas ao coração e à consciência, com os impositivos de trabalho e responsabilidade no ministério árduo do aperfeiçoamento e sabemos, agora, que o homem é o decretador de suas próprias dores e dispensador das bênçãos que o cercam, de vez que a Lei de Justiça e Equilíbrio expressa em cada um de nós o resultado de nossa sementeira através do tempo.
     É indispensável a nossa conversão substancial e efetiva ao Espírito do Senhor, materializando-lhe os ensinos e acatando-lhe os desígnios, onde estivermos, para que, na condição de servidores de um país extremamente favorecido, possamos conduzir o estandarte da reabilitação espiritual do mundo que se perde, rico de glórias perecíveis e mendigo de luz e de amor.
     Esperando que a paz do Mestre permaneça impressa em nossas vidas, que devem traduzir mensagens cristalinas e edificantes de seu Evangelho Salvador, terminamos, invocando-vos a cooperação em favor do mundo melhor.
     — Entrelacemos corações em torno da Boa Nova que nos deve presidir às experiências na atividade comum! Enquanto os discípulos distraídos se digladiam, desprezando, insensatos, a bênção das horas, ouçamos a voz do Senhor que nos compele à disciplina no serviço do bem, revelando-se, glorioso e dominante, em seus sacrifícios da cruz, aprendendo, finalmente, em companhia d’Ele que só o Amor é bastante forte para defender a vida, que só o Perdão vence o ódio, que somente a Fé renasce de todas as cinzas das ilusões mortas e que somente o Sacrifício Individual, em Seu Nome, é o caminho da ressurreição a que fomos chamados.
     Unamo-nos, desse modo, não apenas em necessidades e dores para rogar o sustento e o socorro da Misericórdia Divina, mas estejamos integrados na fraternidade legítima, a fim de que não estejamos recebendo em vão as graças do Céu, convertendo nossas vidas em abençoadas colunas do templo Espiritual de Jesus na Terra, portadores devotados de sua paz, de sua luz, de sua confiança e de seu amor.
     Realizem outros as longas incursões do raciocínio, através da investigação intelectual, respeitável e digna, no enriquecimento do cérebro do mundo. E aproveitando-lhes o esforço laborioso, no que possuem de venerável e santo, não nos esqueçamos do Evangelho vivo, em ação.

Emmanuel (espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Doutrina de Luz


KARDEC E A ESPIRITUALIDADE



     Todas as missões dignificadoras dos grandes vultos humanos são tarefas do Espírito. Precisamos compreender a santidade do esforço de um Edson, desenvolvendo as comodidades da civilização, o elevado alcance das experiências de um Marconi, estreitando os laços da fraternidade, através da radiotelefonia. Apreciando, porém, o labor da inteligência humana, somos obrigados a reconhecer que nem todas essas missões têm naturalmente uma repercussão imediata e grandiosa no Mundo dos Espíritos.
     Daí a razão de examinarmos o traço essencial do trabalho confiado a Allan Kardec. Suas atividades requisitaram a atenção do planeta e, simultaneamente, repercutiram nas esferas espirituais, onde se formaram legiões de colaboradores, em seu favor
     Sua tarefa revelava ao homem um mundo diferente. A morte, o problema milenário das criaturas, perdia sua feição de esfinge. Outras vozes falavam da vida, além dos sepulcros. Seu esforço espalhava-se pelo orbe como a mais consoladora das filosofias; por isso mesmo, difundia-se, no plano invisível, como vasto movimento de interesses divinos.
     Ninguém poderá afirmar que Kardec fosse o autor do Espiritismo. Este é de todos os tempos e situações da humanidade. Entretanto, é ele o missionário da renovação cristã. Com esse título, conquistado a peso de profundos sacrifícios, cooperou com Jesus para que o mundo não morresse desesperado. E, contribuindo com a sua coragem, desde o primeiro dia de labor, organizaram-se nos Círculos da Espiritualidade os mais largos movimentos de cooperação e de auxílio ao seu esforço superior.
     Legiões de amigos generosos da humanidade alistaram-se sob a sua bandeira cooperando na causa imortal. Atrás de seus passos, movimentou-se um mundo mais elevado, abriram-se portas desconhecidas dos homens, para que a ciência e a fé iniciassem a marcha da suprema união, em Jesus Cristo.
     Não somente o orbe terrestre foi beneficiado. Não apenas os homens ganharam esperanças. O mundo invisível alcançou, igualmente, consolo e compreensão.
     Os vícios da educação religiosa prejudicaram as noções da criatura, relativamente ao problema da alma desencarnada. As ideias de um Céu injustificável e de um inferno terrível formaram a concepção do Espírito liberto, como sendo um ser esquecido da Terra, onde amou, lutou e sofreu.
      Semelhante convicção contrariava o espírito de sequência da Natureza. Quem atendeu as determinações da morte, naturalmente, continua, além, suas lutas e tarefas, no caminho evolutivo, infinito. Quem sonhou, esperou, combateu e torturou-se não foi à carne, reduzida à condição de vestido, mas a alma, senhora da Vida Imortal.
     Essa realidade fornece uma expressão do grandioso alcance “da missão de Allan Kardec”, considerada no Plano Espiritual.
     É justo o reconhecimento dos homens e não menos justo o nosso agradecimento aos seus sacrifícios “de missionário”, ainda porque apreciamos a atividade de um apóstolo sempre vivo.
     Que Deus o abençoe.
     O Evangelho nos fala que os anjos se regozijam quando se arrepende um pecador. E a tarefa santificada de Allan Kardec tem consolado e convertido milhares de pecadores, neste mundo e no outro.

Emmanuel (espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Doutrina de Luz

domingo, 28 de julho de 2013

As Três Bandeiras do Espiritismo


Aprendizes do Espiritismo, recebemos três diretrizes, verdadeiros fundamentos para a nossa vida: “Trabalho, solidariedade e tolerância”; reforma íntima e “fora da caridade não há salvação”.
A visão espírita do trabalho ultrapassa de largo o exercício de uma profissão. O trabalho é uma lei moral, tem a ver com o ensino de Jesus: “Meu Pai trabalha sempre!”. Portanto, trabalhar é uma permanência, uma indispensabilidade, uma decorrência de nossa condição humana. Tudo trabalha em a natureza. Mas o trabalho do homem é mais que automatismo. Semear, cuidar, compartilhar, criar, servir, são alguns verbos associados ao nosso conceito de trabalho. Mesmos idosos ou doentes, podemos trabalhar com a mente, o coração vibrando de amor, ternura e paz.
O ser solidário antepõe-se ao ser solitário. Não se trata de um jogo de palavras. Na verdade nossa humanidade está muito cheia de solitários. Os famintos, os excluídos de toda ordem, que não têm atenção, carinho, respeito, compreensão. Tanto no plano espiritual quanto entre as nações, é ainda muito recente o conceito de apoio mútuo, de interdependência.   Tais solidões geram dor, sofrimento, iniquidades. O mundo está cansado de sofrer. Necessita de nova economia, nova gestão de recursos naturais, renovada preocupação com o meio ambiente e, sobretudo, nova leitura a respeito das relações humanas.
Tolerar é aceitar e conviver com as diferenças. Ainda bem que há diferenças! A riqueza da criação está justamente nas coisas distintas, nas escolhas diversas. Como se fosse um caleidoscópio, ajustadas e aceitas as partes, o todo se renova e provoca novas e desafiadoras surpresas a cada momento. O outro é legítimo, preciso aceitar isso a priori, a fim de que, juntos, possamos construir uma realidade mais bela e melhor. Naturalmente implica em abdicar de posições próprias definitivas e excludentes. Mas esse é o exercício do cidadão espírita universal.
No entanto, como ser solidário, aceitas diferenças e entender o trabalho como um dever moral se mantivermos os mesmos padrões do homem velho, hostil, maledicente, egoísta? É aí que a segunda bandeira, bússola comportamental, a reforma íntima, entra em ação em nós. Renovação! Novos hábitos físicos, mentais, espirituais. Oração, vigilância, disciplina, todo dia, toda hora, pensamento a pensamento, palavra a palavra, atitude a atitude. Desafio em que o velho homem das cavernas continua firme, um pouco escondido pela educação aparente, mas firme e forte, dentro de nós. Qualquer invigilância ele retorna num comentário mais ferino, num deboche azedo, na velha preguiça, na paixão sem controle.
A melhor ferramenta da reforma íntima é a caridade, conforme aprendemos na questão 886 de O Livro dos Espíritos. Há três palavras-chave da caridade: benevolência, indulgência e perdão. Para que haja caridade temos que querer o bem do próximo, adoçarmo-nos internamente e oferecer a ele o melhor de nós mesmos. Estes são os sentidos de bene + forma derivada do verbo latino vo-lo: trata-se de uma força íntima que nos faz querer bem ao outro, independente de quem o outro seja; de indulgência, forma latina para apreço, concordância; e do latim per, que significa complemente + forma do verbo latino dono, que significa dar, dar de presente, perdoar.
A caridade, portanto, é de ordem moral. Trata-se de uma visão salvadora de dentro para fora do ser, ao contrário de outras visões de salvação, de fora para dentro da criatura. A caridade, enquanto não se torna espontânea, natural em nós, exige esforço. Os espíritos superiores vivem em estado de caridade. Nós exercitamos a caridade ainda ocasionalmente. Dia virá, no entanto, que nosso comportamento usual será verdadeiramente caritativo. Aí poderemos dizer, parafraseando Paulo “… já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim”. (Gálatas 2,20).

Cesar Reis
Revista Cultura Espírita – nº 33 – página: 11 – dezembros / 2011

ICEB (Instituto de Cultura Espírita do Brasil / Rio de Janeiro)

sábado, 27 de julho de 2013

ANJO DA GUARDA EXISTE?



     Embora não exista nenhuma citação específica na Bíblia, a respeito de "Anjos da Guarda", nas religiões cristãs este termo passou a designar o Espírito Bondoso, que vela individualmente por nós, encarnados, afastando-nos do mal, inclinando-nos ao Bem, em nome de Deus.
     O Espiritismo esclarece a inexistência dos "Anjos", enquanto seres especiais da criação, criados superiores a nós, em inteligência e virtudes, o que seria incompatível com a Justiça, Amor e Bondade Divinas, pois Deus nos criou para progredir desde a total ignorância até a perfeição.
     Sim, existem "Anjos de Guarda", no entanto o Espiritismo esclarece quem são, porque estão entre nós, quais os laços que os aproximam, e qual sua influência.
     O termo "Anjo", palavra de origem não espírita, foi também utilizado algumas vezes por Allan Kardec, porém, a forma como o Espiritismo prefere dirigir-se a estes amigos da espiritualidade é desvinculada de outras religiões, ofertando melhor compreensão de seu papel: “Mentores espirituais", "Espíritos Guardiões", "Espíritos Protetores", "Amigos Espirituais", são os títulos utilizados por serem mais compatíveis com as relações que mantemos com eles.
     Na visão espírita, "Anjos da Guarda" são Espíritos que atuam fora da matéria, e tem por missão acompanhar o homem durante a vida carnal, ajudando-o a progredir através de intuições, de caráter moral elevado, pois são de natureza superior àqueles que protegem.
     Estes "Espíritos Protetores" tem missão específica junto a nós: aconselhar, consolar, sustentar, durante as provas que a vida impõe, provas que servem para nosso desenvolvimento e quitação da consciência perante as leis divinas.
     Cada "Mentor Espiritual" é designado a seu protegido antes do nascimento, acompanhando-o do nascimento até a morte física. Laços de afeto são criados entre eles e nós, e não raro já fazem parte de nossa história espiritual, tendo conosco transitado pelas diversas encarnações. Como evoluíram mais rapidamente que nós, doam-se amorosamente na missão de nos auxiliar a encontrar o caminho do verdadeiro Amor.
     Ao contrário do que pensamos muitas vezes, nossos "Espíritos Guardiões" não nos salvam de nós mesmos; não nos impedem de errar, através de alguma interferência sobrenatural; não nos desviam de nossas provas; não evitam nossas expiações. Sabem eles que estamos na escola da vida, e que dor e sofrimento são educadores da alma rebelde, e que se estão em nossa jornada, é porque semeamos também, por ignorância, amargura e lágrimas.
     Como seres que nos amam, comprometidos que são com nosso sucesso moral, sabem que as experiências nos auxiliarão no despertar para o Amor, Caridade, Fraternidade, Moral Crística, Fé… A lágrima derramada ao receber a vacina da dor, cura-nos do vírus da indiferença, do ódio, da mágoa doentia, da preguiça. O remédio é amargo, mas como pais amorosos, estão ao nosso lado, dando-nos força e coragem.
     Estes "Amigos Espirituais" sempre nos oferecem o colo carinhoso, o estímulo à coragem, a intuição da necessidade de resignação… Em vários momentos, do mais delicado ao mais importante, estão conosco. Não nos ajudam a acertar na loteria material, mas nos apoiam na conquista do enriquecimento dos bons sentimentos, nas experiências da vida carnal.
     Uma prece dirigida a tais amigos, é como um abraço… Oremos por eles, em gratidão; oremos com eles, para nosso sucesso, que é o que desejam, mais que tudo.

Vania Mugnato de Vasconcelos
Este texto foi escrito para a 2ª Edição do JORNAL À LUZ DO ESPIRITISMO

COMO ESTRELAS NA TERRA


     Os filhos são, sem dúvida, empréstimo Divino.
     Deus proporciona o ensejo da paternidade e maternidade para que nos dediquemos a transformar as nossas crianças em pessoas de bem e prepará-los para serem cidadãos do mundo.
     Porém, existem pais e mães muito especiais que, na sua caminhada, têm filhos igualmente especiais. Crianças que nascem com alguma limitação, física ou intelectual, e que necessitarão de cuidados por toda a vida.
     Com certeza, essa é uma grande e inadiável chance de crescimento espiritual para esses pais.
     Temos casos em que os genitores delegam para instituições especializadas o cuidado integral com filhos portadores de necessidades especiais.
     Por outro lado, temos exemplos em que pais e mães, muitas vezes, mesmo sem ter as condições físicas e financeiras adequadas, movem o mundo para oferecer o melhor em termos de tratamentos de saúde e conforto para seus filhos.
     Qualquer obstáculo se torna pequeno quando o objetivo é promover o desenvolvimento e o estímulo de suas crianças.
     Vibram com cada pequena conquista. Cada sorriso, cada novo movimento aprendido, por menor que seja, é motivo de grande alegria.
     Pais maravilhosos e sensíveis que percebem que cada indivíduo tem o seu talento e que enxergam que o potencial de cada um é infinito como o céu. E estão sempre, de alguma forma, preparando-os para o mundo.
     Olhemos para essa criança especial, com todo o amor que possamos ter em nossos corações, e tenhamos a certeza de que se ela está no seio da nossa família, em nosso lar, não é por acaso.
     Abramos as janelas do coração e olhemos lá dentro para ver como as pequeninas gotas de chuva encontram o sol, formando um arco-íris.
     Olhemos para essas crianças como gotas frescas de orvalho repousando nas folhas, presentes do céu, esticando e virando, escorregando e caindo, como pérolas delicadas.
     Não deixemos que se percam essas pequenas estrelas na Terra.
     Assim como o brilho do sol em um dia de inverno banha o jardim dourado, elas afugentam as trevas dos nossos corações e aquecem o nosso ser.
     São como um bom sono onde os sonhos flutuam, como fonte de cores ou borboletas sobre as flores, doces anjos, mostrando-nos que o amor se basta.
     Elas são ondas de esperança, são a aurora dos sonhos e eterna alegria.
     Elas são a chama que dispersa o temor, como a fragrância de um pomar que preenche os ares, como um caleidoscópio e suas miríades de cores, como flores crescendo em direção ao sol. Como notas de flauta em uma quieta floresta.
     Elas são o sopro de ar fresco, o ritmo e música da vida.
     São como a vida que pulsa, como botões destinados a florir.
     Sonham acordadas, com os olhos abertos. Perto das nuvens fica seu mundo.
     Deixe-as entrar, existem outras assim, sonhando acordadas, pisando, tropeçando, não estão sozinhas.
     Só querem ter mil asas para voar, para explorar os vastos ares e então flutuar como um pássaro.
     Não deixemos que se percam essas pequenas estrelas na Terra.

Redação do Momento Espírita, com base, na trilha sonora do filme
Taare Zameen Par, do produtor indiano Aamir Khan.

O FAROL



Em meio ao mar, surge a construção de pedras, solene. É um farol, destinado a orientar o rumo dos viajores, nas noites escuras.
Quem quer que viaje em alto mar se sente seguro quando, em meio à escuridão, vê surgir o farol.
Ele está lá para servir, para advertir, para salvar.
A sua luz se projeta a distâncias enormes e, espancando a escuridão, permite que os que navegam possam perceber a proximidade dos recifes, os perigos imersos na noite.
O mar investe contra ele, noite e dia. Lança sobre ele as suas ondas, com furor. Vagas enormes lambem as pedras que se erguem, majestosas.
No fluxo e refluxo das ondas, o farol continua a iluminar, imperturbável.
Seu objetivo é servir. Noite após noite, ele estende a sua luz. Não se incomoda com os continuados e perigosos golpes que o mar lhe desfere.
Se, em algumas noites, ninguém se aproxima, desejando a sua orientação, também não se perturba.
Solitário, ele lança sua luminosidade, sem se preocupar com o isolamento.
Ele continua a postos para qualquer eventualidade, quando a necessidade surja, quando alguém precise dele.

* * *

No mar das experiências em que nos encontramos, aprendamos a trabalhar e cooperar, sem desânimo.
Permaneçamos sempre a postos, prontos a estender as mãos a quem necessite. Poderá ser um amigo, um irmão ou simplesmente alguém a quem nunca vimos.
Com certeza não solucionaremos todos os problemas do mundo. No entanto, podemos contribuir para que isso aconteça.
Se não podemos impedir a guerra, temos recursos para evitar as discussões perturbadoras que nos alcançam.
Se não conseguimos alimentar a multidão esfaimada, podemos oferecer o pão generoso para alguém.
Se não dispomos de saúde para doar aos enfermos, podemos socorrer alguém que sofre dores, oferecendo a medicação devida. Talvez possamos ser o intermediário entre o doente e o hospital, facilitando-lhe o internamento.
Se não podemos resolver a questão do analfabetismo, podemos criar condições propícias para que alguém tenha acesso à escola.
Mais do que isso. Podemos nos interessar pelos filhos dos que nos servem, buscando saber se não lhes faltam cadernos e livros, para a continuidade dos estudos básicos.
Enfim, o importante é continuarmos a fazer a nossa parte, contribuindo com a claridade que possamos projetar, por mínima que seja.
Imitemos o farol em pleno mar. Aprendamos a fazer luz.

* * *

A maior glória da alma que deseja ser feliz é transformar-se em luz na estrada de alguém.
O raio de luz penetra a furna, levando claridade. Estende-se sobre o vale sombrio e desata o verdor da paisagem.
Atinge a gota d'água e a transforma em um diamante finíssimo.
Viaja pelo ar e aquece as vidas.
Como a luz, podemos desfazer sombras nos corações e drenar pântanos nas almas. Podemos refazer esperanças e projetar alegrias.
Enfim, como raios de luz espalhemos brilho e calor, beleza, harmonia e segurança.

Redação do Momento Espírita, com base nos caps. 19 e 20, do livro Rosângela, pelo Espírito homônimo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

A ORIGEM DA DOR


     Quando começamos a compreender a vida espiritual, temos a natural tendência de buscar em vidas passadas a origem dos nossos males.
     Sabemos que cada um de nós traz consigo uma bagagem de vivências, que podem não ter sido muito boas, pois cometemos erros, quer por ignorância ou acomodação. Todavia, o mais importante de tudo é termos a consciência de que se sofremos é porque estamos ainda atrasados na escala evolutiva.
     Assim, o essencial é descobrir em nós tudo aquilo que está atrapalhando nosso progresso e deve ser melhorado. É para isso que estamos aqui nesse plano.
     Se Deus nos concede a bênção do esquecimento para que possamos, a cada encarnação, recomeçar uma nova jornada, sem culpas e ressentimentos, por que razão ficar remexendo nosso passado, o qual não pode ser modificado?
     A Doutrina Espírita, nos esclarece: - que nem todo o sofrimento é uma reação pura e simples de um mal cometido; - que a dor não fere somente os culpados; - que muitos são Espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso.
     Em vez de afirmarmos que temos que viver determinada situação por causa de um erro praticado, devemos encarar aquela situação como uma oportunidade de aprendermos algo de que precisamos.
     Por exemplo, quando nos deparamos com uma convivência difícil, na família ou no trabalho, ao invés de dizermos que temos que conviver com aquela pessoa difícil porque fomos inimigos em uma vida passada, passando a ideia de ter que suportar tal situação a contragosto, devemos perceber ali a grande oportunidade que estamos tendo para exercitar a paciência, de vencer o nosso egoísmo e de aprender a amar os nossos semelhantes como realmente eles são e não como gostaríamos que eles fossem.
     Jesus, em uma de suas passagens por Jerusalém, vendo um homem cego de nascença, foi questionado pelos seus discípulos: "Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?"     Tendo Ele respondido: "Nem ele nem seus pais pecaram, mas é para que nele sejam manifestadas as obras de Deus". (Jo, 9 - 10 a 34.)
     Aquele cego estava ali para que Jesus tivesse a oportunidade de provar a autenticidade de sua missão. E para aquele espírito, certamente, era uma provação apropriada ao seu progresso. André Luiz nos ensina que essa é a dor-evolução, onde o agente passivo da aflição não está sofrendo por causa de um erro cometido, mas sim pela causa que abraçou.
     Por outro lado, se fizermos uma análise criteriosa e consciente a respeito dos nossos sofrimentos, certamente reconheceremos que muitos são consequências naturais da nossa maneira de agir e de proceder, na vida presente.
     Sofremos porque erramos nas escolhas, fizemos mau uso do nosso livre-arbítrio. Porque fomos imprevidentes, ambiciosos, não tivemos perseverança nos nossos pleitos, não soubemos limitar os nossos desejos.
     Padecemos porque em vez de procurarmos a paz do coração, única felicidade real deste mundo, nos mostramos ávidos por tudo o que nos causará agitação. Dessa forma criamos tormentos e está em nossas mãos evitá-los.
     Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, nos ensina que devemos buscar primeiramente dentro de nós, e nesta vida, a principal causa dos nossos infortúnios, sem acusar a sorte, a providência divina ou a má estrela.

Cleto Brutes 
Sociedade Espírita de Auxílio Fraternidade

TOLERÂNCIA


     Tolerância é caminho de paz. Não julgues esse ou aquele companheiro ignorante ou desinformado, porquanto, se aprendeste a ouvir, já sabes compreender. Diante de criaturas que te enderecem qualquer agressão, conversa com naturalidade, sem palavras de revide que possam desapontar o interlocutor. 
     Perante qualquer ofensa, não percas o sorriso fraternal e articula alguma frase, capaz de devolver o ofensor à tranquilidade. Nos empecilhos da existência, tolera os obstáculos sem rebeldia e eles se te farão facilmente removíveis. 
     No serviço profissional, suporta com paciência o colega difícil, e, aos poucos, em te observando à calma e a prudência, ele mesmo transformará para melhor as próprias disposições. Em família, tolera os parentes menos simpáticos e, com os teus exemplos de abnegação, conquistarás de todos eles a bênção da simpatia. 
     No trânsito público, não passes recibo aos palavrões que alguém te dirija e evitará discussões de consequências imprevisíveis. Nos aborrecimentos e provações que te surgem, a cada dia, suporta com humildade as ocorrências suscetíveis de ferir-te, e a tolerância se te fará a trilha de acesso à felicidade, de vez que aceitarás todos os companheiros do mundo na condição de filhos de Deus e nossos próprios irmãos.


Emmanuel Psicografia de Chico Xavier. 
Da obra: Plantão de Paz

LEMBRANÇAS DE ENTES QUERIDOS...




“ Ante as lembranças queridas dos entes amados que te precederam na Grande Transformação, é natural que as tuas orações, em auxílio a eles, surjam orvalhadas de lágrimas”.
Entretanto, não permitas que a saudade se te faça desespero.
Recorda-os, efetuando por eles, o bem que desejariam fazer.
Imagina-lhes as mãos dentro das tuas e oferece algum apoio aos necessitados; lembra-lhes a presença amiga e visita um doente, qual se lhes estivesses atendendo a determinada solicitação; distribui sorrisos e palavras de amor com os irmãos algemados a rudes provas, como se 
os visses falando por teus lábios e atravessarás os dias de tristeza ou de angústia com a luz da esperança no coração, caminhando, em rumo certo, para o reencontro feliz com todos eles, nas bênçãos de Jesus, em plena imortalidade.”

Emmanuel

O PAPEL DOS AVÓS


     “ Na atuação como avô ou avó será imprescindível que não tome sobre seus ombros o dever de criar, de educar os seus netos quando tudo esteja na faixa da normalidade, apenas justificando-se tal conduta nos casos de orfandade ou de desajustes morais de tal monta que o bom senso e o amor ao próximo assim o determine.
     Não se esqueça que, como avô ou como avó, você tem seus próprios deveres diante da sua existência, o que não deverá menosprezar, tendo em consideração que marcha para o fecho da sua vida terrena, tendo muito que realizar não apenas por seus netos, mas por todos os que necessitam de você.
     Aprenda, no exercício do respeito a seus filhos, a não conduzir seus netos pela rota das suas concepções, sem que os pais concordem com elas. Por mais que admita que a sua posição é correta, a sua vez de ser pai ou mãe e de imprimir a sua 
orientação já passou.
     Se deseja colocar-se ante seus em questões graves ou definitivas, dialogue com seus filhos, primeiramente, fazendo-os aceitar seus pontos de vista. Nunca se olvide que na posição de avô ou de avó, você será forçosamente, sogro ou sogra, e é muito desagradável, desrespeitosa mesmo, a sua intromissão não solicitada.
     Assim, se ao colocar-se em relação a esse ou àquele ponto, você perceber que não esta sendo aceito ou que esta provocando disfunções entre seus filhos e seus cônjuges, silencie, com naturalidade, coibindo em si mesmo a mania de ter que opinar sobre tudo ou tudo determinar.
     Seus genros ou suas noras não serão obrigados a acatar as suas posições. Terão o direito de discordar, cabendo a você o esforço por desenvolver sobriedade e autocrítica, que lhe permitirão manter um clima de paz com seus afins.
     Procure não abarrotar os seus netos com presentes caros. Pergunte, antes, aos pais o de que necessitam ou o que os pequenos gostariam de ganhar, se já o anunciaram.
     Busque não abafar psicologicamente os seus netos com o conjunto de hábitos que caracterizaram sua época. Evite conflitá-los, quando eles estão recebendo a palavra dos próprios pais.
     Quando haja ensejo, fale do bem e do amor, dos bons costumes e da nobre vivência; entretanto, nada exija, entendendo que a responsabilidade direta com eles não lhe pertence. [...].
     Não justifique que os pais de hoje não sabem educar, uma vez que o Criador, tendo visão plena de tudo, consentiu-lhe a paternidade e a maternidade, no roteiro terrestre. Tudo tem uma razão, creia-o.
     Jamais se disponha com seus filhos e afins por causa dos netinhos, uma vez que estes estão juntos daqueles obedecendo às irreprocháveis Leis da Vida e do Destino que Deus lhes deu para burilarem-se e crescerem.
     Ajude, apenas, quando solicitado a fazê-lo.
     Confie no Senhor que é o Grande Pai dos seus filhos, dos seus netos e de você mesmo.” 

(Thereza de Brito, Vereda familiar, 2. ed., p. 117-119).
Fonte: Sociedade de Divulgação Espírita Auta de Souza

NO GRANDE ADEUS




     Cerraste os olhos dos entes amados, orvalhando-lhes o rosto inerte com as lágrimas que te corriam da ternura despedaçada, e inquiriste, sem palavras, para onde se dirigiam no grande silêncio.
     Disseste adeus, procurando debalde aquecer-lhes as mãos frias, desfalecentes nas tuas, e colaste neles o ouvido atento, no peito hirto, indagando do coração prostrado a razão porque parou de bater.
     Entretanto, o vaso impassível nada pode informar, quanto à destinação do perfume.
     Ergue as antenas da prece, no santuário da tua alma, e perceberás o verbo inarticulado dos que partiram...
     Saberá, então, que te comungam a dor, estendendo-te as mãos ansiosas. Arrojados à vida nova, querem dizer-te que ressurgiram. Extasiados, perante o sol que a imortalidade lhes apresenta, suspiram por transfundir a saudade e o amor, no cálice da esperança, para que não desfaleças.
     Libertos do cárcere em que ainda te encontras, rogam-te a paz e conformação, para que possam, enfim, demandar a renascente manhã que lhes acena dos cimos...
     Não lhes craves nos ombros a cruz da aflição, nem lhes turves a mente, no nevoeiro de pranto que te verte da angústia.
     Honra-lhes a memória, abraçando os deveres que te legaram, e ajuda-os para que avancem com a tua benção, de modo a te prepararem lugar, na pátria comum, em que todos nos reuniremos um dia.
     São agora companheiros que te pedem fidelidade e consolo para que te confortem, à maneira da árvore que solicita a rega da fonte a fim de preservá-la contra a secura.
     Ante o fel da separação, trabalha com paciência e confia neles!...E quando a agonia da suposta distância te constrinja os refolhos do espírito, deixa que eles próprios te falem ao pensamento, sob a luz da oração.

(Do livro "Justiça Divina", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

MENSAGEM AOS JOVENS

Que Deus abençoe a juventude!

     Os jovens são as primeiras luzes do amanhecer do futuro.
     Cuidar de os preservar para os graves compromissos que lhes estão destinados constitui o inadiável desafio da educação.
     Criar condições apropriadas para o seu desenvolvimento intelecto-moral e espiritual, é o dever da geração moderna, de modo que venham a dispor dos recursos valiosos para o desempenho dos deveres para os quais renasceram.
     Os jovens de hoje são, portanto, a sociedade de amanhã, e essa, evidentemente, se apresentará portadora dos tesouros que lhes sejam propiciados desde hoje para a vitória desses nautas do porvir.
     Numa sociedade permissiva e utilitarista como esta vigoram os convites para a luxúria, o consumismo, a excentricidade irresponsáveis.
     Enquanto as esquinas do prazer multiplicam-se em toda parte, a austeridade moral banaliza-se a soldo das situações e circunstâncias reprocháveis que lhes são oferecidas como objetivos a alcançar.
     À medida que a promiscuidade torna-se a palavra de ordem, os corpos jovens ávidos de prazer afogam-se no pântano do gozo para o qual ainda não dispõem das resistências morais e do discernimento emocional.
     Os apelos a que se encontram expostos desgastam-nos antes do amadurecimento psicológico para os enfrentamentos, dando lugar, primeiro, à contaminação morbosa para a larga consunção da existência desperdiçada.
     Todo jovem anseia por um lugar ao sol, a fim de alcançar o que supõe ser a felicidade.
     Informados equivocadamente sobre o que é ser feliz, ora por castrações religiosas, familiares, sociológicas, outras vezes, liberados excessivamente, não sabem eleger o comportamento que pode proporcionar a plenitude, derrapando em comportamentos infelizes…
     Na fase juvenil o organismo explode de energia que deverá ser canalizada para o estudo, as disciplinas morais, os exercícios de equilíbrio, a fim de que se transforme em vigor capaz de resistir a todas as vicissitudes do processo evolutivo.
     Não é fácil manter-se jovem e saudável num grupo social pervertido e sem sentido ou objetivo dignificante…
     Não desistam os jovens de reivindicar os seus direitos de cidadania, de clamar pela justiça social, de insistir pelos recursos que lhe são destinados pela vida.
     Direcionando o pensamento para a harmonia, embora os desastres de vários portes que acontecem continuamente, trabalhar pela preservação da paz, do apoio aos fracos e oprimidos, aos esfaimados e enfermos, às crianças e às mulheres, aos idosos e aos párias e excluídos dos círculos da hipocrisia, é um programa desafiador que aguarda a ação vigorosa.
     Buscar a autenticidade e o sentido da existência é parte fundamental do seu compromisso de desenvolvimento ético.
     A juventude orgânica do ser humano, embora seja a mais longa do reino animal, é de breve curso, porquanto logo se esboçam as características de adulto quando os efeitos já se apresentam.
     É verdade que este é o mundo de angústias que as gerações passadas, estruturadas em guerras e privilégios para uns em detrimento de outros, quando o idealismo ancestral cedeu lugar ao niilismo aniquilador e a força do poder predominava, edificaram como os ideais de vida para a Humanidade.
     É hora de refazer e de recompor.
     O tempo urge no relógio da evolução humana.
     Escrevendo a Timóteo, seu discípulo amado, o apóstolo Paulo exortava-o a ser sóbrio em todas as coisas, suportar os sofrimentos, a fazer a obra de um evangelista, a desempenhar bem o teu ministério. (*)
     Juventude formosa e sonhadora!
     Tudo quanto contemples em forma de corrupção, de degredo, de miséria, é a herança maléfica da insensatez e da crueldade.
     Necessário que pares na correria alucinada pelos tóxicos da ilusão e reflexiones, pois que estes são os teus dias de preparação, a fim de que não repitas, mais tarde, tudo quanto agora censuras ou te permites em fuga emocional, evitando o enfrentamento indispensável ao triunfo pessoal.
     O alvorecer borda de cores a noite sombria na qual se homiziam o crime e a sordidez.
     Faze luz desde agora, não te comprometendo com o mal, não te asfixiando nos vapores que embriagam os sentidos e vilipendiam o ser.
     És o amanhecer!
     Indispensável clarear todas as sombras com a soberana luz do amor e caminhar com segurança na direção do dia pleno.
     Não te permitas corromper pelos astutos triunfadores de um dia. 
     Eles já foram jovens e enfermaram muito cedo, enquanto desfrutas do conhecimento saudável da vida condigna.
     Apontando o caminho a um jovem rico que O interrogou como conseguir o Reino dos Céus,    Jesus respondeu com firmeza: - Vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos Céus, depois vem e segue-me... Iniciando o esforço agora.
     Não há outra alternativa a seguir.
     Vende ao amor as tuas forças e segue o Mestre Incomparável hoje, porque amanhã, possivelmente, será tarde demais.
     Hoje é o teu dia.
     Avança!

Joanna de Ângelis

 psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco
(*)II Timóteo 4:5.
(1) Mateus 19:21.
Notas da autora espiritual.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Terra: nossa próxima morada?



Vivemos em um planeta considerado pelos Espíritos superiores como segundo na classificação de inferioridade na escala progressiva, somente acima dos mundos primitivos, estágio já experimentado no início da sua criação. Ainda grassam pela Terra as provas e expiações, a dor e o sofrimento, sendo o bem, uma tímida forma de expressão frente ao mal, aparentemente vitorioso. Ainda, segundo estes mentores espirituais, no declinar do terceiro milênio, com a inadiável evolução planetária, o nosso querido “Planeta Azul” passará a ser um Mundo de Regeneração no qual os Espíritos aptos a habitá-lo serão mais evoluídos moral e intelectualmente, onde o bem prevalecerá no coração dos homens, apesar de ainda estarem longe da perfeição dos habitantes dos Mundos Superiores.

Para termos condições de habitar este mundo de regeneração nas próximas reencarnações é necessária uma qualificação especial traduzida em um profundo esforço de melhoria íntima, sob o risco de, se assim não for, com escolhas erradas, nos comprometermos ainda mais com o mal, tendo que habitar em mundos tão ou mais infelizes que a Terra.

Quando Jesus disse que os mansos herdarão a Terra é porque ela será dos pacíficos e dos justos, homens e mulheres que desejam estabelecer a ordem do amor e implementar as regras do bom proceder.

Alguns desavisados acreditam que basta seguir alguns rituais, ou que basta dizer que aceitam Jesus, ou ainda aparentar bondade e caridade para receber as graças (e 'de graça') e os benefícios de uma vida futura de felicidade e ociosidade.

A paz de consciência e a felicidade não são conquistadas através de meros rituais exteriores, feitos com pouco esforço ou de “representações teatrais”. Elas são o resultado de um esforço diário e contínuo de renovação moral íntima, da construção de pensamentos saudáveis, do exercício do perdão, da prática da caridade desinteressada, do uso da tolerância com o próximo. Mas, nada disso será conquistado se não houver antes a aquisição da excelência do autoconhecimento para executar a transformação moral com o esforço de domar as más tendências, sendo este, o primeiro passo para o auto-amor.

Iremos habitar a Terra nas futuras reencarnações, quando ela for um planeta com mais harmonia?

Depende do esforço que empreendermos nas conquistas morais, não compactuando com a desordem e a corrupção, não incentivando a violência nem a sensualidade, procurando, nas relações humanas, ser justo, honesto, caridoso, benevolente, vigiando os pensamentos, purificando-os na sua origem, aproximando-nos de Deus através da oração e do amor ao próximo. Desta forma já estaremos em uma situação de paz ainda nesta encarnação, projetando uma melhor situação após a morte, no plano espiritual e nas futuras reencarnações, oxalá, neste mesmo belo planeta.

Fonte: Grupo Espírita Seara do Mestre


Texto Antidepressivo



Quando você se observar, à beira do desânimo, acelere o passo para frente, proibindo-se parar. 
Ore, pedindo a Deus mais luz para vencer as sombras. 
Faça algo de bom, além do cansaço em que se veja. 
Leia uma página edificante, que lhe auxilie o raciocínio na mudança construtiva de ideias. 
Tente contato de pessoas, cuja conversação lhe melhore o clima espiritual. 
Procure um ambiente, no qual lhe seja possível ouvir palavras e instruções que lhe enobreçam os pensamentos. 
Preste um favor, especialmente aquele favor que você esteja adiando. 
Visite um enfermo, buscando reconforto naqueles que atravessam dificuldades maiores que as suas. 
Atenda às tarefas imediatas que esperam por você e que lhe impeçam qualquer demora nas nuvens do desalento. 
Guarde a convicção de que todos estamos caminhando para adiante, através de problemas e lutas, na aquisição de experiência, e de que a vida concorda com as pausas de refazimento das nossas forças, mas não se acomoda com a inércia em momento algum.


André Luiz

ESTE DIA



Este dia é o seu melhor tempo, o instante de agora.
Se você guarda inclinação para a tristeza, este é o ensejo de meditar na alegria da vida e de aceitar-lhe a mensagem de renovação permanente.

Se a doença permanece em sua companhia, surgiu à ocasião de tratar-se com segurança.
Se você errou, está no passo de acesso ao reajuste.
Se esse ou aquele plano de trabalho está incubado em seu pensamento, agora é o momento de começar a realizá-lo.
Se deseja fazer alguma boa ação, apareceu o instante de promovê-la.
Se alguém aguarda as suas desculpas por faltas cometidas, terá soado a hora em que você pode esquecer qualquer ocorrência infeliz e sorrir novamente.
Se alguma visita ou manifestação afetiva esperam por você chegou o tempo de atendê-las.
Se precisa estudar determinada lição, encontrou você a oportunidade de fazer isso.
Este dia é um presente de Deus, em nosso auxílio; de nós depende aquilo que venhamos a fazer com ele.
Paz e Luz!

Autor: André Luiz
Psicografia de Chico Xavier. Respostas da vida

ALLAN KARDEC, O MISSIONÁRIO DE JESUS




     Há muito tempo, numa família de pessoas sérias e respeitáveis, nasceu um menino. A chegada de um bebê é um dia muito especial para a família, por isso esse 3 de outubro de 1804 ficaria gravado para sempre em suas vidas. Os pais ficaram muito felizes com a chegada do bebê, cumulando-o de carinho e atenções. Deram-lhe o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail. 
     O papai, Jean-Baptiste, e a mamãe, Jeanne Louise, se debruçavam sobre o bercinho, pensando: Como será nosso bebê? O que será nosso filho quando crescer? 
     Tradicionalmente, vinham de uma família de pessoas inteligentes e cultas. O pai ocupava o cargo de juiz de direito. Era normal que se preocupasse com o futuro da criança.
     Na França do século XIX a educação era difícil, e os professores tentavam instruir seus alunos através de castigos, de palmadas. Havia poucas escolas e, as existentes, normalmente eram para os mais privilegiados.
     Por isso, o pai de Hippolyte Léon, desde que o filho era pequenino já procurava pensar para qual escola o mandaria quando chegasse à hora. Pesquisou bastante e decidiu-se pela Escola de Pestalozzi, na cidade de Yverdun, na Suíça.
     Pestalozzi era um notável educador, famoso em todo o mundo. Assim, embora de família católica, o garoto foi mandado para um país protestante, aonde se tornou um dos mais conhecidos discípulos de Pestalozzi. Como professor, divulgou o sistema educacional do seu mestre, que veio a revolucionar o ensino na França e na Alemanha.
     Hippolyte Léon tinha inteligência lúcida, notável raciocínio, sentimentos nobres, caráter reto e bons princípios. Com quatorze anos já dava aulas aos alunos menores, substituindo seu mestre quando ele precisava viajar.
     Mesmo sendo um aluno brilhante, enfrentou discriminação por ser católico num país protestante. Os atos de intolerância que sofreu e que via outros sofrerem, o levaram a desejar uma reforma religiosa, na qual todas as pessoas fossem unidas e iguais entre si, não existindo diferença entre elas.
     Mas ele não sabia como fazer isso!
     Retornando à França, terminados os estudos, dedicou-se a dar aulas e fazer traduções de obras sobre educação e moral, para o idioma alemão, que conhecia profundamente. Escreveu diversos livros, fundou uma escola onde assumiu a tarefa de educar crianças e jovens para se tornarem homens dignos e respeitáveis como ele.
     Por essa época, as manifestações dos Espíritos agitavam o mundo. O professor Rivail, como era chamado, começou a pesquisar o assunto e percebeu a importância desses fenômenos.
     Mente lúcida, raciocínio claro e sempre disposto a aprender, aberto a novas ideias, logo se tornou um foco de luz, irradiando luminosidade para a sociedade em que vivia.
     Pesquisou as manifestações dos Espíritos, comparou com as comunicações que lhe mandaram de diversos países, selecionou por assunto, formando um corpo de doutrina, a que deu o nome de Doutrina Espírita, ou Espiritismo. 
     Percebeu a relevância desses conhecimentos que vinham do Mundo Espiritual para esclarecer os homens na Terra. Assim, em 18 de abril de 1857 publicou a obra “O Livro dos Espíritos”, que contém toda a Doutrina Espírita, sob o pseudônimo de Allan Kardec. Como era um nome ilustre na França, tendo publicado vários livros, não queria influenciar as pessoas com seu nome. 
     Os fundamentos do Espiritismo são: 1) A existência de Deus. 2) A imortalidade da alma. 3) A comunicação entre os mundos material e espiritual. 4) A lei da reencarnação ou vidas sucessivas. 5) A pluralidade dos mundos habitados.
     Assim, àquela criança nascida no início do século XIX, estava programada uma tarefa extraordinária: tornar-se o Codificador da Doutrina Espírita. 
     Como Mensageiro de Jesus, viria para transformar o mundo, auxiliado pelos Espíritos, levando esclarecimento, consolação, fé e esperança a todas as criaturas.
     Com os ensinamentos dos Espíritos Superiores encontrou finalmente aquilo que buscava. Entendeu que todos os homens são irmãos e iguais perante a lei, diferenciando-se entre si apenas pelo grau de evolução e pelas conquistas morais alcançadas. 
     Por isso, nesse dia 18 de abril, quando a Doutrina Espírita completa 150 anos, elevemos a Allan Kardec os nossos pensamentos cheios de gratidão pela notável missão que tão bem desempenhou.
     Certamente aqueles que foram seus pais nesta última existência, que o receberam em seu lar, foram escolhidos para essa tarefa e preparados para dar a Allan Kardec a educação e o respaldo necessários para a execução da missão que iria realizar no futuro. Os Espíritos Jean Baptiste e Jeanne Louise devem se sentir felizes, realizados e gratos a Deus por lhes dar um filho que viria a tornar-se um dos grandes homens da Humanidade de todos os tempos.
     Allan Kardec é uma luz que resplandece no infinito como uma estrela de brilho intenso que jamais se apagará.

Fonte: O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita