Anteriormente,
quando tomávamos conhecimento de alguma notícia chocante sobre homicídio,
suicídio, suborno, indignidade de pessoas aparentemente respeitáveis,
autoridades de qualquer jaez, éramos dominados pelo desencanto e, às vezes,
pela compaixão.
Nos
últimos tempos, de tal forma os crimes hediondos se tornaram tão repetitivos e
descritos nos seus detalhes mais escabrosos, em manchetes espalhafatosas e
comentários perturbadores, que estão quase banalizados.
Acostumamo-nos,
cada dia, com os novos escândalos que diminuem de intensidade e levam ao
esquecimento os anteriores, que nos haviam surpreendido de especial maneira, e
já não causam tanto espanto nenhuma tragédia nem desgraça individual ou
coletiva.
Os
avanços tecnológicos das comunicações colocam-nos a par de quase tudo que
acontece no mundo, especialmente os fenômenos degradantes que deleitam grande
parte da sociedade, dando ideia de que não mais há esperança de viver-se em
harmonia e que os inúmeros séculos de evolução da ética, da cultura e da
civilização foram inúteis.
Predominam
as infâmias e os horrores, enquanto ocorrem, simultaneamente, milhares de ações
que dignificam que projetam a humanidade a patamares elevados, embora quase não
comentados. É como se houvesse uma surda ou, talvez, declarada conspiração
contra o bem e o amor, quais se fossem representação da pequenez, da covardia,
de conflitos mal camuflados, que não merecem consideração.
O
ser humano está destinado à conquista solar. Da brutalidade à sublimação,
prossegue no rumo que lhe está traçado, embora os óbices daqueles que
permanecem sob o impacto da natureza animal em detrimento da sua natureza
espiritual. A vitória do amor é inevitável, por ser Deus a sua Fonte
inexaurível. Permanecem na terra os heróis anônimos da misericórdia, que
fomentam o progresso e oferecem a própria vida em favor do seu próximo,
individualmente e em organizações humanitárias, quais a Cruz Vermelha e os Médicos
Sem Fronteiras.
Artigo
de Divaldo Franco publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 12-03-2015.
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