Cataclismos
Futuros
As
grandes comoções telúricas se têm produzido nas épocas em que a crosta sólida
da Terra, pela sua fraca espessura, quase nenhuma resistência oferecia à
efervescência das matérias em ignição no seu interior.
Tais
comoções foram diminuindo, à proporção que aquela crosta se consolidava.
Numerosos vulcões já se acham extintos, outros os terrenos de formação
posterior soterraram.
Ainda,
certamente, poderão produzir-se perturbações locais, por efeito de erupções
vulcânicas, da eclosão de alguns vulcões novos, de inundações repentinas de
algumas regiões; poderão do mar surgir ilhas e outras ser por ele tragadas;
mas, passou o tempo dos cataclismos gerais, como os que assinalaram os grandes
períodos geológicos. A Terra adquiriu uma estabilidade que, sem ser
absolutamente invariável, coloca doravante o gênero humano ao abrigo de perturbações
gerais, a menos que intervenham causas desconhecidas, a ela estranhas e que de
modo nenhum se possam prever.
Quanto
aos cometas, estamos hoje perfeitamente tranquilizados com relação à influência
que exercem mais salutar do que nociva, por parecerem eles destinados a
reabastecer os mundos, se assim nos podemos exprimir, trazendo-lhes os
princípios vitais que eles armazenam em sua corrida pelo espaço e com o se
aproximarem dos sóis. Assim, pois, seriam antes fontes de prosperidades, do que
mensageiros de desgraças.
A
natureza fluídica, já bem comprovada (cap. VI, nos. 28 e seguintes), que lhes é
própria afasta todo receio de choques violentos, porquanto, se um deles
encontrasse a Terra, esta o atravessaria como se passasse através de um
nevoeiro.
Ainda
menos de temer é a cauda que arrastam, visto que essa mais não é do que a
reflexão da luz solar na imensa atmosfera que os envolve, tanto assim que se
mostra constantemente dirigida para o lado oposto ao Sol, mudando de direção
conformemente à posição deste astro. Essa matéria gasosa também poderia, em
virtude da rapidez com que eles caminham constituir uma espécie de cabeleira,
semelhante à esteira deixada por um navio em marcha, ou à fumaça de uma
locomotiva. Aliás, muitos cometas já se têm aproximado da Terra, sem lhe causarem
qualquer dano. Em virtude das suas respectivas densidades, a Terra exerceria
sobre o cometa uma atração maior do que a dele sobre ela. Somente uns restos de
velhos preconceitos podem fazer que a presença de um cometa inspire terror.
Deve-se
igualmente lançar ao rol das hipóteses quiméricas a possibilidade do encontro
da Terra com outro planeta. A regularidade e a invariabilidade das leis que
presidem aos movimentos dos corpos celestes tornam carente de toda
probabilidade semelhante encontro.
A
Terra, no entanto, terá um fim. Como? Isso ainda permanece no domínio das
conjeturas; mas, visto estar ela ainda longe da perfeição que pode alcançar e
da vetustez que lhe indicaria o declínio, seus habitantes atuais pedem estar
certos de que tal não se dará ao tempo deles. (Cap. VI, nos 48 e seguintes.)
Fisicamente,
a Terra teve as convulsões da sua infância; entrou agora num período de
relativa estabilidade: na do progresso pacífico, que se efetua pelo regular
retorno dos mesmos fenômenos físicos e pelo concurso inteligente do homem.
Está, porém, ainda, em pleno trabalho de gestação do progresso moral. Aí
residirá a causa das suas maiores comoções. Até que a Humanidade se haja
avantajado suficientemente em perfeição, pela inteligência e pela observância
das leis divinas, as maiores perturbações ainda serão causadas pelos homens,
mais do que pela Natureza, isto é, serão antes morais e sociais do que físicas.
Trecho
do livro A GÊNESE, de Allan Kardec.
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