“...
Tenho uma dúvida a qual todas as respostas dadas não me satisfizeram: O namoro
de um amigo foi interrompido por um terceiro, que acabou por conquistar a moça
e veio com ela a se casar, advindo 4 filhos do casamento. O amigo casou-se
também, e teve, também, 4 filhos. Minha dúvida se vincula ás seguintes
hipóteses caso uma terceira pessoa não aparecesse:
a) Se o casamento do casal original de namorados se concretizasse, os filhos seriam outros, diferentes tanto dos 4 filhos que ela tem, quanto. dos 4 dele, lógico.
b) Se teria de ser assim, como realmente aconteceu, houve determinismo, por conseguinte, não houve livre-arbítrio. Então, não somos capazes de lidar com o livre-arbítrio, ainda?
c) Na eventualidade do caso ter tomado rumos diferentes, seriam outros os filhos, evidentemente. Há, então, uma equipe muito grande de espíritos, que vêm a reencarnar em lares cujos pais, tomam decisões próprias? Ou há um número certo, já, para reencarnar naquele lar, cuja determinação já se encontrava consumada, antes da reencarnação dos pais? Se for assim, estaremos de novo incidindo no” erro" da fatalidade, do determinismo, e adeus livre-arbítrio. Onde esta linha divisória entre um e outro?
O que lhes parece, se fui bem explícito?..."
Segue abaixo a resposta que foi enviada ao nosso amigo, para reflexão:
Não sei se minha resposta será satisfatória para você, entretanto asseguro que irei tentar ser o mais preciso possível, dentro de meus conhecimentos; como disse o filósofo: só sei que nada sei.
Utilizarei para embasar algumas das afirmações abaixo o conteúdo de "O Livro dos Espíritos" questões 132-133, 166-171, 203-206, 330 a 399, 459-472, 522-524, 525-540, 843-850 e 851-867 (onde estão destacadas as mais importantes e diretamente relacionadas com o assunto). Podemos utilizar também a imensa obra do espírito André Luiz em diversos de seus apontamentos.
Determinismo e Livre-Arbítrio são aspectos de nossa vida que, em minha opinião, caminham por uma linha muito tênue e delicada; Eu, inclusive, prefiro sempre dizer que o único determinismo em nossas vidas é a morte do corpo físico - e quando digo isso não me refiro ao tempo, local e maneira "como ocorrerá", mas sim que "certamente ocorrerá".
Acredito, com base em alguns estudos, que existem fatos e fatores determinantes em nossas vidas, como por exemplo, o resgate de ações passadas que levam um indivíduo a nascer cego, ou sem um membro, isto é determinado antes de nosso nascimento, por causas e motivos já definidos, e para cumprir a nossa programação nascemos assim.
Porém, na minha visão, o determinismo para aí. A partir do nascimento a minha vida está sujeita a escolhas que posso fazer, em diferentes momentos, que guiarão a minha existência e irão construindo o meu futuro a partir do meu presente. Decisões como aceitar, revoltar, deprimir, mendigar, trabalhar, estudar, implantar, transplantar, usar próteses, viver, suicidar e tantas outras vão depender de toda uma composição psico-espirito-social que trago dentro de mim, bem como de valores externos que também influenciarão em minhas decisões. A partir de tudo isto está ativo o meu livre-arbítrio.
É certo que podemos afirmar que os mais favorecidos economicamente ou socialmente terão maiores facilidades neste caso em exemplo, mas isto não impossibilita também os menos favorecidos de se esforçar e batalhar pelo melhor que puderem - auxílio, programas de ajuda, etc.
Certamente o "ambiente" em que estaremos inseridos em nossa atual existência tem uma enorme influencia em nossas capacidades e decisões, mas isto também já está programado em nosso roteiro reencarnatório e, na maioria das vezes, temos consciência disto antes de retornarmos ao vaso físico - é o ambiente mais propício para que possamos executar o que nos impõem as nossas necessidades espirituais em evolução.
Porém, acho eu, nem isto é uma representação de determinismo; pois muitos casos há em que espíritos reencarnados em situações que beneficiariam suas decisões realizam escolhas de sofrimento, bem como existem espíritos reencarnados em ambientes totalmente desfavoráveis que conseguem vencer suas adversidades - tudo isto vai realmente depender de nossa formação interior e dos valores que trazemos em nosso espírito imortal.
Alguns chegam a afirmar que as plantas e os animais são fieis representantes do determinismo, o que eu discordo plenamente; pois se é certo que tanto um quanto outro são orientados em suas encarnações em busca de evolução, também é certo que eles reagem a estímulos externos e não são meros robôs com programação definida; tomemos por exemplo simbólicos: uma planta que deveria ter sua copa distribuída igualmente em ambos os lados do caule e que, quando colocada ao lado de uma fonte de luz, irá guiar a maioria de seus galhos para aquela fonte - demonstrando uma inteligência instintiva que realiza uma "escolha" e é, assim, uma base para o livre arbítrio.
Acredito, sim, que existam fatos/fatores determinados para acontecerem em nossas vidas, de forma a auxiliarem e servirem de "rumo" para o cumprimento de nossa programação reencarnatória; estes fatos são organizados cuidadosamente pela espiritualidade de modo a nos apresentarem momentos de decisão em nossas vidas - porém a decisão é nossa.
Fatos como: uma proposta de emprego em outra empresa/cidade; conhecermos uma pessoa especial; descobertas, lembranças e insights que nos apresentam novas oportunidades; encontros fortuitos; descoberta de doenças graves, entre outros - são os gatilhos que nos colocam frente-a-frente com os momentos em que construímos o nosso futuro. Exercitando o nosso livre-arbítrio.
Muitos, inclusive, aceitam que quanto mais primitivo/inconsciente seja o ser mais será presente o determinismo em sua vida; chego até a concordar em parte com isto - levando em conta uma maior participação dos amigos espirituais "guiando" o roteiro; porém sempre no momento de decidir será a própria pessoa que irá escolher.
Certamente que, utilizando à lógica e observando as causas e os fatos, podemos quase que com certeza definir a escolha que um determinado ser tomará; por exemplo: uma pessoa notadamente bruta e inconsequente terá sempre uma maior propensão a escolhas mais violentas e impulsivas; uma pessoa conhecida por sua avareza provavelmente escolherá sempre egoisticamente; uma pessoa dócil e benevolente terá mais escolhas no bem do próximo e etc.
Acho que por isso, muitos acreditam que o destino esteja "traçado", mas não creio que seja assim.
Certamente os Espíritos mais evangelizados e moralmente avançados, utilizando uma capacidade que ainda não possuímos, tem o conhecimento prévio de "fatos" que ocorreram e ocorrerão (veja "A Gênese" cap.16, pontos 1 a 3); porém tenho certeza que estes "fatos" são o possível desdobramento de ações que tomamos ontem e hoje; acaso tomarmos alguma decisão diferente, nem que seja por um simples "sim ou não", todo este quadro do futuro será modificado, construindo um novo futuro para o ser.
Desta forma, mesmo este futuro que parece ser "traçado" está sujeito a inúmeras modificações pela imensa miríade de possibilidades que se nos apresentam todos os dias.
Toda esta larga introdução serve para dar uma certa ideia das posições que vou tomar para, finalmente, responder seus questionamentos compreende? Bem, então lá vai:
- Partindo da premissa que "todo efeito tem uma causa" é necessário que compreendamos que o namoro entre os dois somente foi rompido porque alguém deu brecha para tanto - ou desencantando-se do outro, ou chateando-se com algum comportamento, ou não suportando mais cobranças, ou qualquer outra razão (poderíamos até questionar: de quem foi à culpa? mas isto não vem ao caso); desta brecha surge um terceiro elemento que utiliza de artifícios (ou qualidades) e conquista a moça (ou será que ela apenas quis fazer ciúme ao outro e acabou apaixonada?); a relação é terminada por ela (que decidiu ser honesta e não enganar o primeiro), ou será que foi por ele (que descobriu e terminou tudo), ou ainda podem ter conversado e chegado à conclusão que era melhor não se verem mais e acabar com aquele relacionamento enquanto ainda eram amigos... Perceba que não estou fazendo pouco do caso relatado; apenas demonstrando que existem inúmeras opções de escolha, de ambos os lados, e que por este motivo mesmo não pode ter havido determinismo agindo nesta separação - Ele (o determinismo) pode ter existido no fato destas duas pessoas se encontrarem, daí pra frente tudo depende deles mesmos. é puro Livre-arbítrio
- Poderíamos ainda questionar (só para complicar um pouco) o papel deste terceiro elemento na equação: Ele já os conhecia? era amigo dele ou dela? Havia compromisso reencarnatório entre eles? Ele foi inimigo do primeiro em existência anterior? Vai ser em uma existência posterior? - Perceba que novamente temos outras tantas variantes que podem ser agregadas ao caso - mas que não são nosso objetivo aqui, portanto este comentário foi apenas para exemplificar - descartemos o mesmo.
Referente a pergunta "a)"
- Certamente os filhos são espíritos diferentes; porém não podemos afirmar que entre eles não são os espíritos que reencarnariam acaso o casal inicial houvesse casado; como houve uma mudança no "futuro" a espiritualidade reprograma a orientação reencarnatória do espírito que estava designado a reencarnar daquele casal, para uma opção que se adeque mais a sua necessidade; Muito provavelmente serão levados em conta a sintonia entre os espíritos e os vínculos cármicos entre eles para esta nova orientação - o que pode fazer que um permaneça ligado ao pai e outros à mãe, ou todos ao pai, ou todos à mãe, ou etc.
- A fila de espíritos para reencarnar é imensa (não imaginamos o quanto) e por isso, em caso de haver predisposição do casal para vários filhos, serão encaminhados para o reencarne espíritos que se adequem à situação daquela família - seja por vínculo, necessidade, merecimento, escolha ou compulsoriamente.
Referente a pergunta "b)"
- Lidamos com o livre arbítrio todos os dias, desde as nossas escolhas mais fáceis e inconscientes até as mais difíceis e demoradas de tomarmos - a grande diferença é o quanto de consciência moral temos em nosso espírito. Isto vai definir o grau de participação da Espiritualidade nos eventos de nossa vida; quanto menor o nosso nível de consciência maior o número de "oportunidades" e "indicações" recebemos; quanto maior o nosso desenvolvimento mais podemos criar, e gerenciar, nosso próprio quinhão de oportunidades.
- Não esqueçamos que somos ainda como crianças que precisam ser guiadas em alguns momentos de sua vida para que possam se desenvolver melhor e, mais tarde, tomar suas próprias decisões; devido ao número de espíritos em nosso orbe vamos encontrar espíritos em níveis diversos e, por consequência, diversos graus de orientação/influência.
Referente a pergunta "c)"
- Vamos encontrar nas obras de André Luiz alguns exemplos de reencarnação programada - notadamente em "Nosso Lar" e "Missionários da Luz", onde aprendemos que cada processo de reencarne é único. Certamente existem situações onde a programação de nascimento dos filhos se inicia com a programação do dos pais; nestes casos vemos uma necessidade reencarnatória muito séria - alguma missão ou prova muito importante - que leva os envolvidos a se prepararem desde muito tempo no mundo espiritual para executarem suas tarefas na Terra da melhor maneira possível. Porém, mesmo estes espíritos que estão comprometidos com seu reencarne, podem, por algum motivo próprio, desistir de sua reencarnação (como vamos encontrar em "o Livro dos Espíritos" questões 332, 335a e 345) e, novamente, utilizar seu livre-arbítrio para decidir o que fazer.
- Grande parte dos espíritos não tem evolução suficiente para "escolher" como deverá ser sua próxima encarnação; para estes os Espíritos responsáveis preparam uma programação que melhor se adeque ao caso daquele espírito em questão, apresentando oportunidades para resgates de faltas passadas e também para crescimento moral - a medida que nós vamos avançando moralmente nos tornamos cada vez mais capazes de optar e influenciar em nosso reencarne. Porém, mesmo estes casos onde a programação seja toda compulsória e o espírito não rejeite/desista de sua reencarnação, após o reencarne o espírito é livre para tomar as decisões que lhe parecerem mais acertadas, inconscientemente dando ou não prosseguimento ao programa idealizado na espiritualidade.
- Independente do caso de reencarne todos os espíritos que fazem parte de uma família tem o comprometimento entre si determinado com antecedência - as vezes séculos de antecedência - devido a vínculos criados por situações passadas ou por escolhas tomadas na espiritualidade. Não há reencarne indevido, assim como não há escolha ao acaso; tudo vai obedecer a lei de sintonia e de causa e efeito.
Espero assim ter esclarecido algumas de suas dúvidas e peço desculpas caso não tenha conseguido ser completamente claro em minhas respostas.
Quero, por fim, lembrar que estas são opiniões particulares minhas, não representando a opinião do espiritismo.
a) Se o casamento do casal original de namorados se concretizasse, os filhos seriam outros, diferentes tanto dos 4 filhos que ela tem, quanto. dos 4 dele, lógico.
b) Se teria de ser assim, como realmente aconteceu, houve determinismo, por conseguinte, não houve livre-arbítrio. Então, não somos capazes de lidar com o livre-arbítrio, ainda?
c) Na eventualidade do caso ter tomado rumos diferentes, seriam outros os filhos, evidentemente. Há, então, uma equipe muito grande de espíritos, que vêm a reencarnar em lares cujos pais, tomam decisões próprias? Ou há um número certo, já, para reencarnar naquele lar, cuja determinação já se encontrava consumada, antes da reencarnação dos pais? Se for assim, estaremos de novo incidindo no” erro" da fatalidade, do determinismo, e adeus livre-arbítrio. Onde esta linha divisória entre um e outro?
O que lhes parece, se fui bem explícito?..."
Segue abaixo a resposta que foi enviada ao nosso amigo, para reflexão:
Não sei se minha resposta será satisfatória para você, entretanto asseguro que irei tentar ser o mais preciso possível, dentro de meus conhecimentos; como disse o filósofo: só sei que nada sei.
Utilizarei para embasar algumas das afirmações abaixo o conteúdo de "O Livro dos Espíritos" questões 132-133, 166-171, 203-206, 330 a 399, 459-472, 522-524, 525-540, 843-850 e 851-867 (onde estão destacadas as mais importantes e diretamente relacionadas com o assunto). Podemos utilizar também a imensa obra do espírito André Luiz em diversos de seus apontamentos.
Determinismo e Livre-Arbítrio são aspectos de nossa vida que, em minha opinião, caminham por uma linha muito tênue e delicada; Eu, inclusive, prefiro sempre dizer que o único determinismo em nossas vidas é a morte do corpo físico - e quando digo isso não me refiro ao tempo, local e maneira "como ocorrerá", mas sim que "certamente ocorrerá".
Acredito, com base em alguns estudos, que existem fatos e fatores determinantes em nossas vidas, como por exemplo, o resgate de ações passadas que levam um indivíduo a nascer cego, ou sem um membro, isto é determinado antes de nosso nascimento, por causas e motivos já definidos, e para cumprir a nossa programação nascemos assim.
Porém, na minha visão, o determinismo para aí. A partir do nascimento a minha vida está sujeita a escolhas que posso fazer, em diferentes momentos, que guiarão a minha existência e irão construindo o meu futuro a partir do meu presente. Decisões como aceitar, revoltar, deprimir, mendigar, trabalhar, estudar, implantar, transplantar, usar próteses, viver, suicidar e tantas outras vão depender de toda uma composição psico-espirito-social que trago dentro de mim, bem como de valores externos que também influenciarão em minhas decisões. A partir de tudo isto está ativo o meu livre-arbítrio.
É certo que podemos afirmar que os mais favorecidos economicamente ou socialmente terão maiores facilidades neste caso em exemplo, mas isto não impossibilita também os menos favorecidos de se esforçar e batalhar pelo melhor que puderem - auxílio, programas de ajuda, etc.
Certamente o "ambiente" em que estaremos inseridos em nossa atual existência tem uma enorme influencia em nossas capacidades e decisões, mas isto também já está programado em nosso roteiro reencarnatório e, na maioria das vezes, temos consciência disto antes de retornarmos ao vaso físico - é o ambiente mais propício para que possamos executar o que nos impõem as nossas necessidades espirituais em evolução.
Porém, acho eu, nem isto é uma representação de determinismo; pois muitos casos há em que espíritos reencarnados em situações que beneficiariam suas decisões realizam escolhas de sofrimento, bem como existem espíritos reencarnados em ambientes totalmente desfavoráveis que conseguem vencer suas adversidades - tudo isto vai realmente depender de nossa formação interior e dos valores que trazemos em nosso espírito imortal.
Alguns chegam a afirmar que as plantas e os animais são fieis representantes do determinismo, o que eu discordo plenamente; pois se é certo que tanto um quanto outro são orientados em suas encarnações em busca de evolução, também é certo que eles reagem a estímulos externos e não são meros robôs com programação definida; tomemos por exemplo simbólicos: uma planta que deveria ter sua copa distribuída igualmente em ambos os lados do caule e que, quando colocada ao lado de uma fonte de luz, irá guiar a maioria de seus galhos para aquela fonte - demonstrando uma inteligência instintiva que realiza uma "escolha" e é, assim, uma base para o livre arbítrio.
Acredito, sim, que existam fatos/fatores determinados para acontecerem em nossas vidas, de forma a auxiliarem e servirem de "rumo" para o cumprimento de nossa programação reencarnatória; estes fatos são organizados cuidadosamente pela espiritualidade de modo a nos apresentarem momentos de decisão em nossas vidas - porém a decisão é nossa.
Fatos como: uma proposta de emprego em outra empresa/cidade; conhecermos uma pessoa especial; descobertas, lembranças e insights que nos apresentam novas oportunidades; encontros fortuitos; descoberta de doenças graves, entre outros - são os gatilhos que nos colocam frente-a-frente com os momentos em que construímos o nosso futuro. Exercitando o nosso livre-arbítrio.
Muitos, inclusive, aceitam que quanto mais primitivo/inconsciente seja o ser mais será presente o determinismo em sua vida; chego até a concordar em parte com isto - levando em conta uma maior participação dos amigos espirituais "guiando" o roteiro; porém sempre no momento de decidir será a própria pessoa que irá escolher.
Certamente que, utilizando à lógica e observando as causas e os fatos, podemos quase que com certeza definir a escolha que um determinado ser tomará; por exemplo: uma pessoa notadamente bruta e inconsequente terá sempre uma maior propensão a escolhas mais violentas e impulsivas; uma pessoa conhecida por sua avareza provavelmente escolherá sempre egoisticamente; uma pessoa dócil e benevolente terá mais escolhas no bem do próximo e etc.
Acho que por isso, muitos acreditam que o destino esteja "traçado", mas não creio que seja assim.
Certamente os Espíritos mais evangelizados e moralmente avançados, utilizando uma capacidade que ainda não possuímos, tem o conhecimento prévio de "fatos" que ocorreram e ocorrerão (veja "A Gênese" cap.16, pontos 1 a 3); porém tenho certeza que estes "fatos" são o possível desdobramento de ações que tomamos ontem e hoje; acaso tomarmos alguma decisão diferente, nem que seja por um simples "sim ou não", todo este quadro do futuro será modificado, construindo um novo futuro para o ser.
Desta forma, mesmo este futuro que parece ser "traçado" está sujeito a inúmeras modificações pela imensa miríade de possibilidades que se nos apresentam todos os dias.
Toda esta larga introdução serve para dar uma certa ideia das posições que vou tomar para, finalmente, responder seus questionamentos compreende? Bem, então lá vai:
- Partindo da premissa que "todo efeito tem uma causa" é necessário que compreendamos que o namoro entre os dois somente foi rompido porque alguém deu brecha para tanto - ou desencantando-se do outro, ou chateando-se com algum comportamento, ou não suportando mais cobranças, ou qualquer outra razão (poderíamos até questionar: de quem foi à culpa? mas isto não vem ao caso); desta brecha surge um terceiro elemento que utiliza de artifícios (ou qualidades) e conquista a moça (ou será que ela apenas quis fazer ciúme ao outro e acabou apaixonada?); a relação é terminada por ela (que decidiu ser honesta e não enganar o primeiro), ou será que foi por ele (que descobriu e terminou tudo), ou ainda podem ter conversado e chegado à conclusão que era melhor não se verem mais e acabar com aquele relacionamento enquanto ainda eram amigos... Perceba que não estou fazendo pouco do caso relatado; apenas demonstrando que existem inúmeras opções de escolha, de ambos os lados, e que por este motivo mesmo não pode ter havido determinismo agindo nesta separação - Ele (o determinismo) pode ter existido no fato destas duas pessoas se encontrarem, daí pra frente tudo depende deles mesmos. é puro Livre-arbítrio
- Poderíamos ainda questionar (só para complicar um pouco) o papel deste terceiro elemento na equação: Ele já os conhecia? era amigo dele ou dela? Havia compromisso reencarnatório entre eles? Ele foi inimigo do primeiro em existência anterior? Vai ser em uma existência posterior? - Perceba que novamente temos outras tantas variantes que podem ser agregadas ao caso - mas que não são nosso objetivo aqui, portanto este comentário foi apenas para exemplificar - descartemos o mesmo.
Referente a pergunta "a)"
- Certamente os filhos são espíritos diferentes; porém não podemos afirmar que entre eles não são os espíritos que reencarnariam acaso o casal inicial houvesse casado; como houve uma mudança no "futuro" a espiritualidade reprograma a orientação reencarnatória do espírito que estava designado a reencarnar daquele casal, para uma opção que se adeque mais a sua necessidade; Muito provavelmente serão levados em conta a sintonia entre os espíritos e os vínculos cármicos entre eles para esta nova orientação - o que pode fazer que um permaneça ligado ao pai e outros à mãe, ou todos ao pai, ou todos à mãe, ou etc.
- A fila de espíritos para reencarnar é imensa (não imaginamos o quanto) e por isso, em caso de haver predisposição do casal para vários filhos, serão encaminhados para o reencarne espíritos que se adequem à situação daquela família - seja por vínculo, necessidade, merecimento, escolha ou compulsoriamente.
Referente a pergunta "b)"
- Lidamos com o livre arbítrio todos os dias, desde as nossas escolhas mais fáceis e inconscientes até as mais difíceis e demoradas de tomarmos - a grande diferença é o quanto de consciência moral temos em nosso espírito. Isto vai definir o grau de participação da Espiritualidade nos eventos de nossa vida; quanto menor o nosso nível de consciência maior o número de "oportunidades" e "indicações" recebemos; quanto maior o nosso desenvolvimento mais podemos criar, e gerenciar, nosso próprio quinhão de oportunidades.
- Não esqueçamos que somos ainda como crianças que precisam ser guiadas em alguns momentos de sua vida para que possam se desenvolver melhor e, mais tarde, tomar suas próprias decisões; devido ao número de espíritos em nosso orbe vamos encontrar espíritos em níveis diversos e, por consequência, diversos graus de orientação/influência.
Referente a pergunta "c)"
- Vamos encontrar nas obras de André Luiz alguns exemplos de reencarnação programada - notadamente em "Nosso Lar" e "Missionários da Luz", onde aprendemos que cada processo de reencarne é único. Certamente existem situações onde a programação de nascimento dos filhos se inicia com a programação do dos pais; nestes casos vemos uma necessidade reencarnatória muito séria - alguma missão ou prova muito importante - que leva os envolvidos a se prepararem desde muito tempo no mundo espiritual para executarem suas tarefas na Terra da melhor maneira possível. Porém, mesmo estes espíritos que estão comprometidos com seu reencarne, podem, por algum motivo próprio, desistir de sua reencarnação (como vamos encontrar em "o Livro dos Espíritos" questões 332, 335a e 345) e, novamente, utilizar seu livre-arbítrio para decidir o que fazer.
- Grande parte dos espíritos não tem evolução suficiente para "escolher" como deverá ser sua próxima encarnação; para estes os Espíritos responsáveis preparam uma programação que melhor se adeque ao caso daquele espírito em questão, apresentando oportunidades para resgates de faltas passadas e também para crescimento moral - a medida que nós vamos avançando moralmente nos tornamos cada vez mais capazes de optar e influenciar em nosso reencarne. Porém, mesmo estes casos onde a programação seja toda compulsória e o espírito não rejeite/desista de sua reencarnação, após o reencarne o espírito é livre para tomar as decisões que lhe parecerem mais acertadas, inconscientemente dando ou não prosseguimento ao programa idealizado na espiritualidade.
- Independente do caso de reencarne todos os espíritos que fazem parte de uma família tem o comprometimento entre si determinado com antecedência - as vezes séculos de antecedência - devido a vínculos criados por situações passadas ou por escolhas tomadas na espiritualidade. Não há reencarne indevido, assim como não há escolha ao acaso; tudo vai obedecer a lei de sintonia e de causa e efeito.
Espero assim ter esclarecido algumas de suas dúvidas e peço desculpas caso não tenha conseguido ser completamente claro em minhas respostas.
Quero, por fim, lembrar que estas são opiniões particulares minhas, não representando a opinião do espiritismo.
Fonte: Bom Espírito
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