FE –1 Quando a obsessão Infantil se manifesta?
R: A obsessão infantil, como um quadro bem
estabelecido, pode manifestar-se em diferentes fases de sua vida. O importante
é que tanto o médico, pediatra, o neurologista, os pais e também os trabalhadores
da Casa Espírita entendam que é preciso muito cuidado, em primeiro lugar, no
diagnóstico do processo obsessivo. É preciso haver muita atenção porque um
rótulo desse, de processo obsessivo infantil, é muito sério. Então é preciso
cuidado para não confundir a imaginação da criança, fatos emocionais da vida
presente que podem eclodir através da própria imaginação, da televisão e outros
meios de comunicação com sintomas obsessivos.
FE – 2 Existe um período maior de incidência ou é esporádico?
R: Existe sim. Nós poderíamos dizer que nos
primeiros sete anos seria muito difícil caracterizarmos certos comportamentos
obsessivos da criança. Podemos dizer que a hiperatividade, o terror noturno, o
medo frequente ou a agressividade encontram causas no próprio relacionamento da
criança com seus pais ou com seus irmãos. Já no caso da criança acima de sete anos,
principalmente de 7 a 14 anos, nos teríamos alguns comportamentos mais bem
relacionados, como a agressividade da criança e atitudes autodestrutivas, como
o uso de faca, objetos, movimento piromaníaco, ou seja, querendo pôr fogo nas
coisas dentro de casa, a voz alterada, alguns fenômenos que observamos em que a
criança chega até a mudar seu tom de voz. Quando está envolvida por espírito
obsessor, agride com palavrões seus pais e seus irmãos, fato que não
é habitual às vezes na própria criança e que leva seus pais a buscarem psicólogos,
neurologistas e pediatras.
FE – 3 Não existe distinção de idades para a
obsessão?
R: Como eu disse evidentemente a criança até os
sete anos, goza de mais proteção do plano espiritual, e de 7 a 14 anos já
teríamos um componente da própria criança-anímico que, faz com que ela vá
colocando suas próprias impressões, advindas de uma vida passada.
FE –4 Qual o tratamento adequado, quando se
descobre esta causa em crianças?
R: O tratamento adequado, sem dúvida nenhuma,
deve ser o mais amplo possível. Deve envolver uma avaliação pediátrica do
estado de saúde física da criança; deve ser acompanhado por uma
avaliação psicológica ou psiquiátrica da própria criança e, além disso, de uma avaliação
espiritual, num Centro de boa qualidade, em geral por médiuns idôneos. Recomendo
que o Grupo de Diagnóstico Mediúnico nunca tenha menos que quatro
médiuns, que trabalhem em conjunto. Eles atendem a criança sem conhecê-la,
através de uma ficha, de uma entrevista, para não serem impressionados com
reações que a criança possa ter. Então, analisando a ficha de entrevista da
criança, os médiuns, na maioria de quatro a seis, em grupo decidem se,
envolvidos pelos seus mentores, realmente trata-se de um caso de obsessão
infantil.
FE –5 O Sr já se deparou com crianças que
estavam sendo tratadas com medicamentos alopáticos e que a causa da doença era
obsessiva?
R: Sem dúvida, dentre desses 30 casos que
apresentei nesta III Jornada Médico-Espírita aqui em Santos, pelos menos dois
casos eram crianças epilépticas que vinham usando anticonvulsivantes sem grande
controle de suas convulsões. Desses dois casos mais notadamente um deles, que
eu acompanho há mais de treze anos; ele não usa hoje anticonvulsivantes. É um jovem
de 18 anos, médium, e que já está trabalhando a sua mediunidade.
FE –6 Há casos, na obsessão
infantil, que a criança está sendo o alvo para atingir alguém ou toda a família?
R: Sem dúvida, dentre os 30 casos apresentados,
70% dos processos obsessivos envolviam os pais das crianças e ela estava sendo
influenciada, porque era o componente mais vulnerável da família. Os
mentores espirituais, quando nos alertaram sobre o processo obsessivo da família,
alertaram para a importância do tratamento dos pais, porque o processo
obsessivo era, na verdade, deles e atingia indiretamente a criança.
FE -7 Nesse caso,
toda a família terá que passar por um tratamento espiritual?
R: Sem dúvida, depois de um diagnóstico
complexo quanto este, é necessário o envolvimento de toda a família. Se não for
feito, teremos o risco de que o tratamento não venha surtir o efeito desejado.
FE –8 As crianças, no final deste
século, apresentam um padrão de comportamento muito avançado, demonstrando
várias características de percepção, inteligência, sensibilidade e muito mais.
Esse grau evolutivo as torna vulneráveis à aproximação de entidades obsessivas?
R: Essas crianças são verdadeiros gênios já
encarnados. Nós, que trabalhamos há vinte anos como pediatra, e trabalho todos
os dias com crianças, tendo atendido pelo menos mais de 35.000 pacientes, posso
lhe dizer que as crianças são muito mais inteligentes e capazes do que 20 anos
atrás; do que toda uma geração. Mas, por outro lado, são inteligentes e competentes
apenas no conteúdo do aprendizado e da linguagem, mas no conteúdo emocional
todas elas reencarnam com extremas carências e extremos componentes ligados ao
seu orgulho e vaidade, resumidos no egoísmo, que precisam ser trabalhados com
os seus pais, desde a tenra infância, aparando as pequenas raízes daninhas para
que depois essa erva, essa flor maravilhosa, não venha a ser asfixiada por
essas ervas daninhas, que são a inveja, o ciúmes e o egoísmo na alma infantil.
FE –9 O que deve ser feito para protegê-las?
R: Primeiro manter o equilíbrio dos pais. Os
pais precisam se amar, ter um relacionamento afetivo muito mais do que sexual,
de alma para alma, de espírito para espírito, que aqui vieram para evoluir juntos.
Hoje, mais do que nunca, precisamos entender que, o outro é imprescindível para
a nossa plenitude e que dentro do casamento, um cônjuge necessita do outro na
tarefa sublime de serem pais.
FE –10 Há duas décadas passadas,
notícias de suicídio infantil era raro de se ouvir! Ultimamente, bem próximo a
muitas famílias, ouve-se com mais frequência essa notícia. A obsessão infantil
é a principal causa? Qual alerta o senhor daria aos pais a esse respeito?
R: Em função do suicídio em jovens e mesmo em
crianças isso vem apenas reforçar o que eu já disse. São espíritos
inteligentes, com grandes condições intelectivas, mas com deficiências
emocionais extremamente importantes. Então eu diria aos pais que amem seus
filhos, fiquem com eles mais tempo, dediquem aos seus filhos, carinho, afeto,
companheirismo; sejam mais próximos, não se preocupem tanto em dar a eles
condições sócio-econômico-financeiras; a viagem para os Estados Unidos, roupas
caríssimas, colégios muito caros. O espírito que reencarna não pede isso. O que
ele pede é amor, companheirismo e orientação espiritual, e se os pais não
puderem ajudá-lo, infelizmente, muitas vezes, optará pelo suicídio, tal é o
intenso drama moral que ele está vivendo.
Entrevistado: Dr.
Marcos Antonio Pereira dos Santos
Entrevistadora:
Solange Mariho
BIBLIOGRAFIA: Folha
Espírita “ da Federação Espírita de São Paulo, de Dez 2000, Pág. 4
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