O mês de dezembro é, talvez, o mais propício
para uma espécie de balanço de nossas realizações, de nossas aspirações e
experiências de todo um período que se finda.
O último mês do ano é a época preferida para as
avaliações das atividades individuais e coletivas, para que se firmem
diretrizes ou se busquem novos caminhos.
Coincidentemente, é o mês em que se comemora a
vinda do Cristo de Deus à Terra, trazendo sua Mensagem de Luz aos homens. Seu
Natal é um convite à reflexão do que Ele representa para a Humanidade, do que é
verdadeiramente essa Mensagem e o que significa para nós.
Os espíritas, que convivemos com os irmãos de
diferentes credos e concepções de vida, aprendemos a respeitá-los, sem,
contudo, aderir a usos e costumes que não se coadunam com os princípios da
Doutrina Libertadora.
Somos todos regidos pela lei de evolução.
Cada um se encontra em determinado estágio
evolutivo. Nesse caso, não podemos desprezar ou condenar nosso companheiro de
jornada que ainda se prende a interesses puramente materiais, a representações
grosseiras das quais já nos libertamos.
Cumpre-nos entender que o estado de ignorância
é transitório para todos, sendo necessariamente um estágio evolutivo em cada
criatura, mas não um mal em si mesmo.
No mundo de provas e expiações em que vivemos,
somos todos imperfeitos, sujeitos a erros, provações e sofrimentos.
Sem embargo das próprias imperfeições, compete
a todos utilizar a inteligência e a razão no esforço constante para a elevação,
através da autoeducação.
A busca da felicidade de cada um é uma lenta
ascensão, já que, por ignorância ou por comodismo, escolhemos os caminhos
ilusórios das miragens, só reconhecidos como tais quando aparecem os erros e as
decepções.
Entretanto, os sofrimentos e dores, os enganos
e desilusões são experiências e lições duras que nos ensinam a necessidade de
procurar as sendas corretas que conduzem à felicidade.
Cedo ou tarde aprendemos que as coisas
materiais e seus interesses - bens e riquezas da Terra - são transitórios e mutáveis,
destinados à satisfação das necessidades da vida material.
O despertamento do Espírito acontece quando
descobre que a perfeição moral é sua meta e seu destino e que seus erros e as consequências
deles constituem experiências e lições aproveitáveis no descobrimento da
verdade e do roteiro certo.
No Universo os seres se ligam e se influenciam
reciprocamente. Não somente as galáxias e os sistemas planetários são
solidários entre si, mas nas diversas manifestações da vida, a solidariedade
está presente em toda parte.
Basta um olhar pelos reinos da Natureza para se
constatar a solidariedade entre eles. O reino mineral sustenta os seres
vegetais; os animais, por sua vez, sustentam-se de elementos vegetais, minerais
e animais que lhes asseguram a vida. Com a morte, os elementos materiais voltam
ao reino mineral e o princípio espiritual continua sua trajetória.
Nós, os Espíritos eternos, qualquer seja o
estágio em que nos encontramos, devemos ter presente a solidariedade existente
entre todos determinada pela semelhança do seu destino e da sua natureza.
Todos começam num estádio de simplicidade e
ignorância. Passam pela inferioridade, sujeitos às mesmas leis divinas e
eternas que determinam sua ascensão, de conformidade com o esforço de cada um.
Por isso, a solidariedade deve estar presente
entre todas as criaturas de Deus, independentemente do grau evolutivo em que se
encontre cada uma.
O amor ao próximo, como ensinou Jesus, é a
expressão mais pura da lei de solidariedade.
O dever de amar o próximo é a mais bela
expressão da lei Divina, ensinada pelo Cristo, que a coloca junto e após o
imperativo de amar a Deus, o Criador de todas as coisas. Não há exceção nessa
lei geral. Precisamos aprender a amar a todos, a nos solidarizar com todos.
Assim como somos auxiliados e socorridos pelos
seres superiores, que já alcançaram poderes e graus acima dos nossos, assim
também nos cumpre ajudar e auxiliar, sob múltiplas formas, os que se encontram
à retaguarda.
O exemplo maior vem-nos do Cristo. Sua
mensagem, seu sacrifício e sua renúncia são lições permanentes e indeléveis
convocando à solidariedade com os semelhantes, especialmente os que se
encontram abaixo de sua posição evolutiva. Quando Jesus, o Cristo, guia e
governador espiritual da Humanidade; o modelo perfeito que o Pai Celestial
oferece aos homens, resume no amor toda a lei divina, está mostrando que a
solidariedade é a grande corrente que liga todas as almas.
Se deixamos de amar nosso semelhante, seja qual
for sua condição, se odiamos se desprezamos, se desejamos o mal até mesmo aos
inimigos e adversários, essa atitude é a quebra de um elo da grande cadeia da
solidariedade.
Manifestações patentes da lei de solidariedade
entre os seres são as revelações que sempre fluíram da Espiritualidade Superior
para todos os povos e nações da Terra, em todos os tempos.
São também as intuições e as inspirações
captadas pelos gênios e pelos missionários encarregados pelo Plano Superior de
trazer aos homens novas ideias e novas concepções de vida mais abundante, à
medida que sua capacidade se toma apta a entendê-las e assimilá-las.
O Espírito encarnado sofre a poderosa
influência da matéria. O mundo que o cerca é o império da vida material. Seu
corpo material, suas necessidades físicas, seus sentidos físicos induzem o
Espírito a só cuidar dos interesses imediatos do mundo material, fazendo-o
esquecer sua condição de essência espiritual. Essa é uma característica
peculiar dos mundos materiais atrasados como o nosso.
A Providência Divina não permite que prevaleça
absoluta a influência exclusiva da materialidade. O Espírito guarda sempre a
intuição de sua natureza, de sua origem e de seu destino, auxiliado, em todas
as épocas, a cultivar suas qualidades latentes, suas aspirações adormecidas. As
revelações superiores, os missionários e enviados do Alto são os agentes
incumbidos de despertar no homem o interesse pelas coisas espirituais,
contrabalançando a poderosa influência da matéria.
As grandes religiões da Humanidade tiveram e
têm esse papel de extrema importância, que é o de despertar na criatura a
consciência da existência de um Ser Supremo, criador do Universo e da essência
da vida.
Como diz Emmanuel ("A Caminho da
Luz"), "as tradições religiosas da antiguidade guardam, entre si, a
mais estreita unidade substancial. As revelações evolucionam numa esfera gradativa
de conhecimento".
Através das revelações e das religiões homem se
furta à exclusiva influência da materialidade, lembrando-se de sua condição de
essência espiritual. É, pois, de extrema importância o papel das religiões ao
contrabalançar a influência do materialismo, mesmo considerando-se que elas
"evolucionam numa esfera gradativa de conhecimento".
As revelações do Mundo Espiritual Superior são
sucessivas e gradativas.
Sendo o Cristo o Governador Espiritual da
Terra, desde sua formação, como executor da vontade de Deus, torna-se evidente
que todas as Revelações obedeceram à sua orientação e por isso mantém uma
unidade substancial.
"A história da China, da Pérsia, do Egito,
da Índia, dos árabes, dos israelitas, dos celtas, dos gregos e dos romanos está
alumiada pela luz dos seus poderosos emissários." ("A Caminho da
Luz", pág. 83, 22ª ed. FEB.)
Mas é lógico que as Revelações haveriam de
atender às possibilidades de percepção de cada raça, de cada povo e às
condições de adiantamento de cada época.
O próprio Cristo viria, em pessoa, trazer
orientações e conhecimentos de extrema importância para a Humanidade. Sabendo,
entretanto, das limitações dos homens e dos entraves que iriam atingir sua
Mensagem, por desvios no entendimento e na prática de seus ensinamentos, prometeu
a vinda posterior do que Ele denominou "O Consolador", destinado a
ensinar todas as coisas e a recordar tudo o que já ensinara. (João, 14:15-17 e
26.)
O Consolador veio e está entre nós. É a
Doutrina dos Espíritos, esclarecedora e consoladora por sua natureza, que nos
ensina as coisas transcendentes de que necessitamos no atual estágio da
Humanidade, que recorda os ensinos do Cristo para o correto comportamento dos homens
perante as leis divinas e que retifica os transvios das religiões nas suas
práticas através dos séculos.
Mas o Espiritismo não esclarece somente o
transcendente, oferecendo-nos noções mais realistas a respeito de Deus, a
Inteligência Suprema e sobre o Cristo, o Filho de Deus.
Dá-nos a conhecer muitas das leis divinas que
já podemos compreender - a evolução contínua, as vidas sucessivas em mundos
materiais como o nosso, a lei de causa e efeito, a eternidade da vida do
Espírito - leis que mostram ao ser humano suas próprias possibilidades de crescimento,
na proporção da aplicação de sua vontade, de sua inteligência e da liberdade de
que goza.
O homem, Espírito encarnado neste mundo
atrasado, vem, há milênios, cumprindo seu destino, aprendendo as coisas
rudimentares da vida, aperfeiçoando-se através de trabalhos rudes, repetitivos,
através das reencarnações.
Por vezes alça altos vôos, impelido por ideais
elevados resultantes de aprendizado adquirido no núcleo substancial das
religiões.
Agora, com a Revelação Nova, encontra recursos
para desenvolver os valores que jazem no recôndito de seu ser.
Sua fé e esperança fundam-se em realidades que
ele conhece. Seu futuro torna-se mais claro, na certeza de que é a continuação
da vida em outra dimensão, longe da ideia asfixiante do nada ou da ilusão de um
céu indefinido, ou de uma condenação eterna.
Cumpre-lhe, com a certeza dessa realidade,
preparar o porvir, através dos pensamentos e ações presentes, que dizem
respeito à sua vida íntima e à sua vida de relações com seus semelhantes.
Agora o viajor eterno não anda a esmo. Tem um
roteiro a seguir, que lhe é conhecido. Amar e servir resumem esse roteiro.
Fonte:
Reformador – Edição Internet Reformador – Dezembro/1997
Fonte: Centro Espírita Vinhas do Senhor
Fonte: Centro Espírita Vinhas do Senhor
Nenhum comentário:
Postar um comentário