Elucidações Espíritas
Maria Julia, jovem bonita de 19 anos certo dia
bateu exasperadamente na porta da sala da diretora da escola, a Dona Clotilde.
Sabia que a diretora era mulher generosa, amiga e sempre ouvia os alunos em
seus problemas. Por isso mesmo sentira um ímpeto incontrolável e a procurara.
Precisava desabafar, pois enfrentava problemas de diversas ordens e o desespero
começava a assolar sua alma inquieta e indecisa, porquanto Maria Julia era
criatura muito ansiosa e, não raro, fazia dos mínimos percalços grandes e
intransponíveis problemas.
Na família nada caminhava bem. Seus pais
brigavam constantemente e estavam em vias de se separar.
Seu namoro também ia de mal a pior. Não sentia
mais a empolgação de Leonardo – seu namorado - por ela, e certamente o
fim estava próximo.
Além de tudo Maria Julia deparava-se com a
cobrança de seus pais que mesmo brigando entre si a sufocavam com a escolha da
profissão a seguir. Sua mãe constantemente questionava:
- Já escolheu qual o curso que irá prestar no
vestibular, Maria Julia?
- Tenho algumas dúvidas, mãe, ainda não sei ao
certo.
- Então decida logo, menina!
O pai não deixava por menos e era justamente
apenas nas cobranças à Maria Julia que ambos concordavam:
- Isso mesmo, menina. Decida-se logo,
pois não irei pagar mais um ano de cursinho para você.
E foi nesse clima íntimo que a jovem buscou
apoio na diretora da escola.
Dona Clotilde, mulher experiente em lidar com
problemas, ao escutar o insistente TOC, TOC, TOC, informou:
- Pode entrar.
Maria Julia abriu vagarosamente a porta e seus
olhos encontraram o bondoso olhar de Dona Clotilde.
- Ora, ora, mas veja que é nossa querida Maria
Julia. A que devo visita tão honrosa.
Ao ouvir aquilo a garota sentiu-se acolhida e
foi em prantos que narrou seus dilemas existenciais para a diretora.
Dona Clotilde nada dizia, emprestando um pouco
de sua atenção àquela criatura carente. Após ouvir os apelos e desabafos de
Maria Julia, Dona Clotilde pôs-se a fazer algumas considerações adequadas.
Disse à jovem sobre sua importância na
sociedade, falou de suas potencialidades a desenvolver e da relevância de
encarar os obstáculos da vida como fases significativas para o amadurecimento como
ser humano.
Enfim, a nobre diretora encorajou Maria Julia a
superar toda aquela situação.
Após 1 hora de conversa embalada por grande
respeito e afeição, Maria Julia despediu-se mais animada. Sim, tudo na vida
teria solução desde que ela encarasse os desafios de frente e não fugisse
deles.
Ao chegar em casa mais aliviada e sentindo-se
outra pessoa, a jovem tratou de jogar no lixo todos os remédios que estavam em
sua escrivaninha e serviriam para o seu suicídio, que ela já havia planejado e
consumaria tão logo retornasse da escola.
Seus olhos físicos não podiam ver, mas naquele
ambiente dois espíritos amigos abraçavam-se com alegria, pois Maria Julia
captara a sugestão mental de procurar a diretora como última alternativa antes
de exterminar a sua própria existência.
Felizes com a decisão da jovem em prosseguir na
jornada humana, os amigos espirituais comentavam entre si:
- Veja o quão importante é um minuto de
atenção, Fábio.
- Sem dúvida, André. Houvesse a diretora
desprezado o apelo de Maria Julia e hoje teríamos aqui mais uma alma entrando
no mundo espiritual pelas enganosas portas do suicídio.
- Abençoada atenção, Fábio. Abençoada atenção!
Reflexão:
A atenção poupou uma pessoa de séculos de dores
e dissabores no mundo espiritual. No entanto, parece que atualmente vivemos em
um mundo desatento. As pessoas sempre ocupadas com seus afazeres, com suas
conquistas, com sua vida, esquecem de oferecer ao outro um pouco de atenção.
Há pais que não dedicam atenção aos filhos. Há
filhos que não têm tempo para ganhar com seus pais. Há professores que se
julgam ocupados demais para ouvir os problemas dos alunos e há amigos
inacessíveis ao extremo que não têm tempo para dar um simples telefonema ao
outro.
É preciso combater essa crônica falta de tempo
com um pouco mais de organização.
Inconcebível não termos tempo para apreciarmos
as maravilhas da existência; os filhos, amigos, as flores, a natureza, a
leitura...
Parece que queremos chegar a algum lugar que
não sabemos exatamente qual é, por isso corremos, corremos, corremos, numa
autêntica fuga da vida e das coisas que realmente importam.
E a vida passa de forma rápida. Crescem os
filhos, envelhecem os pais, desencarnam os amigos...
E continuamos nós, envolvidos numa das mais
lamentáveis epidemias: a crônica falta de tempo para o que realmente interessa.
Sabemos de casos em que o suicídio foi um
PEDIDO DE ATENÇÃO, por parte de pais, filhos, amigos, avós...
Um grito desesperado para que fossem ouvidos,
sentidos, notados. Infelizmente que esses gritos terminam sempre no caixão.
Jesus nos recomendou “Orai e Vigiai”, e
consideramos necessário ampliar um pouco mais a visão sobre esse VIGIAI.
Certamente o mestre queria dizer para vigiarmos também a vida dos outros.
Mas não se assuste!
Não se trata de vigiar a vida alheia no intuito
de podar o livre arbítrio, perseguir, julgar e condenar.
Este é um vigiar mais brando, pacífico,
benéfico. É vigiar para saber as companhias de nossos filhos. Vigiar para saber
se nossos pais e amigos necessitam de mais atenção, amor, carinho... vigiar
para saber se precisam de apoio e ombro amigo...
Reflitamos neste ponto, porquanto, com toda
certeza: UM MINUTO DE ATENÇÃO PODE, SIM, SALVAR UMA EXISTÊNCIA, POUPANDO-A DAS
DORES IMPOSTAS PELO SUICÍDIO.
Wellington
Balbo
Fonte:
Centro Espírita Vinhas do Senhor
(Redação:
Wellington Balbo - postado em 02/08/2011 - Material divulgado por correio eletrônico)
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