Divaldo Pereira
Franco, médium e orador espírita, em brilhante palestra, feita na Loja Maçônica
Caldas Junior de Porto Alegre, a convite da Grande Loja Maçônica do Rio Grande
do Sul no dia 09 de Novembro de 2006, com a presença dos Grão-Mestres da Grande
Loja do Rio Grande do Sul, Grande Oriente do Rio Grande do Sul e da Maçonaria
Unida do Rio Grande do Sul, faz uma profunda análise sobre os ideais da
Maçonaria com ênfase às suas origens remotas na Babilônia, na Mesopotâmia, com
seus rituais de iniciação realizados ao ar livre, nas margens do mar morto.
Apresenta
o famoso discurso de Voltaire na sociedade em que recebeu o grau 33 da ordem
maçônica, com seu eloquente testemunho do amor a Deus. Define as palavras maçom
e maçonaria, apresentando vultos eminentes que se fizeram adeptos dessa
Ordem em todas as épocas da história, principalmente no período das lutas pela
independência do Brasil.
Faz um
paralelo com a Doutrina Espírita, salientando os pontos em comum de ambas as
filosofias e traçando seus iluminados objetivos que anelam prezam pela
dignificação humana. Divaldo reporta-se a alguns pontos básicos da maçonaria
como a crença em Deus, a imortalidade da alma e, no seu cerne de solidariedade,
o amor, a caridade, tal qual a Doutrina Espírita, que vem abrindo campo imenso
à investigação nas questões do espírito, que sendo esta uma ciência de
pesquisa, busca igualmente decifrar o enigma do existir. “caminhando ao lado
da maçonaria, porquanto apoia os seus postulados e entende na sua simbologia, o
milagre dos acontecimentos disfarçados de mistérios, desde os tempos da idade
média, preparando o ser humano para os grandes voos do infinito”, como
assim se referiu. Em uma bela citação, Divaldo destacou dois grandes espíritas
maçons, Camille Flammarion e Leon Dennis, este, maçom emérito, grau 33, que
afirmava ser a maçonaria um dos belos caminhos para a dignificação da criatura
humana e o seu encontro com a plenitude Divina.
Reina até
hoje no movimento espírita uma séria dúvida em saber se Allan Kardec,
codificador da Doutrina, teria ou não sido maçom, muito embora use em suas
obras termos maçons, como “arquiteto” para se referenciar a Deus, pedra
angular, prumo, etc. Não que isto tenha importância para esta ou aquela filosofia,
mas permitiria conhecer melhor a opinião de Kardec sobre a instituição
maçônica. André Morel, conceituado biógrafo de Kardec, parece inclinado a responder
de forma positiva, dizendo que não sabe em que Loja ele foi iniciado. Kardec
foi discípulo de Mesmer que era Maçom, e Leon Dennis, seu discípulo, também
era.
Deixando de lado essa
polêmica, a verdade é que o Espiritismo e a Maçonaria têm inegáveis pontos em
comum, e juntos poderão acelerar o progresso da Humanidade e o estabelecimento
da justiça social, sobretudo através da perfeição moral dos espíritas e maçons.
A
Maçonaria tem por fim a melhoria moral e material do homem, por princípios, a
lei do progresso da humanidade, as ideias filosóficas de tolerância,
fraternidade, igualdade e liberdade, abstração feita da fé religiosa
ou política, das nacionalidades e das diferenças sociais.
O
espiritismo moral e social iria dizer justamente a mesma coisa. Os princípios
filosóficos são absolutamente idênticos: a)Existência de Deus,
b)Imortalidade da alma, c)Solidariedade humana.
Em
sessão da Sociedade Espírita de Paris do dia 25 de fevereiro de 1864, várias
dissertações foram obtidas sobre o concurso que o Espiritismo poderia
encontrar na Francomaçonaria, que depois foram publicadas na Revista
Espírita de abril de 1864. Comunicaram-se naquela oportunidade os
Espíritos Guttemberg (Médium: Sr Leymare), Jacques de Molé (Médium: Srta.Bréguet)
e o francomaçom Vaucanson (Médium: Sr. D’Ambel.).
Nestas
comunicações, usando o método de perguntas e respostas, os espíritos comentam sobre
a importância da Maçonaria, a afinidade existente em Maçonaria e o Espiritismo,
o conhecimento dos Maçons sobre a Doutrina Espírita, a aceitação das ideias
Espíritas. Vejamos um trecho: (...) Os homens inteligentes da Maçonaria
vos bendirão por sua vez; pois a moral dos Espíritos dará um corpo a esta seita
tão comprometida, tão temida, mas que tem feito mais do que se pensa. Tudo tem
um parto laborioso, uma afinidade misteriosa; e se isto existe para o que
perturba as camadas sociais, é muito mais verdadeiro para o que conduz o
progresso moral dos povos. Ainda alguns dias, e o Espiritismo terá transposto o
muro que separa a maioria das paredes do templo dos segredos, nesse dia, a
sociedade verá florescer no seu seio a mais bela flor espírita que, deixando
suas pétalas caírem, dará uma semente regeneradora da verdadeira liberdade.
Agora, glória ao Grande Arquiteto do Universo.
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