"Tu, porém, por que julgas teu
irmão? e tu, por que desprezas o teu? pois todos compareceremos perante o
Tribunal de Cristo." - Paulo. (Romanos, 14:10.)
O
questionamento apostólico tem como objetivo fazer com que cada um reflita nas
próprias condições.
Da
mesma forma que outrora, é comum ao homem moderno deter-se destacando as
imperfeições alheias. Estamos sempre prontos a apontar, a ressaltar, a divulgar
as mazelas, os aspectos ruins de todos e de tudo. "Sempre encontramos
motivos para a ofensa, a recriminação, a transferência de culpas, para
depreciar a movimentação alheia, para rebaixar o outro".
Destacando
este aspecto, não estamos criticando ou desconsiderando a capacidade do ser
humano de analisar, perquirir, identificar o erro quando e onde ele exista, uma
vez que essa habilidade, desenvolvida ao longo das oportunidades
reencarnatórias, não é um mal, pelo contrário, é uma ferramenta e como tal
precisa ser bem utilizada para que traga proveito, benefício.
Como
pode ser isso?
Toda
vez que uso o discernimento e analiso as atitudes do outro, seus desacertos,
desequilíbrios e tiro disso experiências para as recomposições pessoais, saio
do simples julgar, para os aprendizados em que cresço analisando as
repercussões das variadas respostas que o outro colha. Tal atitude representa a
ação de Espíritos amadurecidos. Na juventude, não acontece tal ação. Imaturo, a
duras penas paga-se o preço da inexperiência que ensinará na dor, a que se
aprenda mais tarde analisando a semeadura e a colheita do próximo, lendo ali
lições, convites para que o mesmo engano não nos surpreenda em vigilante. Desse
modo aplica-se o engano alheio como instrumento de correção pessoal a fim de
não estimular a negligência, a conivência com o erro, e não unicamente para
ressaltar o lado sombrio e difícil de pessoas e coisas.
Emmanuel
reflete que cada um deve perceber-se como criatura que também caminha de mãos
dadas com erros e dificuldades, pois "almas imaculadas não povoam ainda a
Terra"; faz-nos ver a necessidade e urgência do trabalho pessoal em
desenvolver qualidades essenciais à convivência em sociedade, à própria paz e
ao progresso geral. Quais são essas qualidades? A indulgência, o entendimento,
a paciência e a bondade para com todos "que se enganaram sob a neblina do
erro, para que te não faltem à paciência e a bondade (…) a que te arrimarás no
dia em que a sombra te ameace o campo das horas." Dentro desse programa
educativo, mesmo percebendo os enganos nos quais o outro se detém e usando-os
para crescimento pessoal o grande desafio (segundo Ermance Dufaux) consiste em “estarmos
afetivamente focados no “lado” bom, nas qualidades, nos instantes bem sucedidos
de alguém, conquanto tenhamos (…) possibilidades de perceber-lhe as imperfeições
e mazela”. Continua dizendo que "Compreender, estimular, perdoar,
reconhecer valores alheios, dividir responsabilidades, apoiar, ser afetuoso (…)
é muito mais trabalhoso". Conquanto seja trabalhoso é preciso investir nas
qualidades necessárias ao progresso e elevação, que em síntese representarão a
libertação de cada um.
Jesus
é o padrão. Onde O vemos em destaque ao mal?
Conclui
Emmanuel:
”Auxilia,
enquanto podes”.
Ampara
quanto possas.
Socorre,
quanto possível.
Alivia
quanto puderes.
Procure
o bem, seja onde for.
E,
sobretudo, desculpa sempre, porque ninguém fugirá ao exato julgamento na Eterna
Lei."
Bibliografia:
§ Oliveira,Wanderley
S. "Laços de Afeto: Caminhos do Amor na Convivência". Ditado pelo Espírito
Ermance Dufaux. 3a ed. Belo Horizonte - MG - Editora INEDE. 2002.
§ Xavier,
Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: Enquanto Podes". Ditado
pelo Espírito Emmanuel. 17a ed. Uberaba - MG - CEC . 1992.
Iracema Linhares Giorgini
Nenhum comentário:
Postar um comentário