domingo, 23 de fevereiro de 2014

OBSERVEMOS AMANDO


      "Por que vês o argueiro no olho de teu irmão?" - Jesus. (Matheus, 7: 3.)
         A pergunta de Jesus continua atual uma vez que, frequentemente nos detemos em analisar os defeitos, a evidenciar as fraquezas alheias com absoluto esquecimento dos conflitos e imperfeições que nos são próprios.
         Por que nos detemos nesses aspectos inferiores?
         Justamente porque o Homem de natureza inferior realiza julgamentos, avalia procedimentos, projetando os seus próprios conflitos e imperfeições.
         Qual a fonte geradora desse comportamento?
         "O orgulho e a inveja. Muitas pessoas não podendo se conformar com as qualidades nobres que notam ou evidenciam nesses irmãos, preferem denegri-las apontando suas falhas irrisórias, quando elas mesmas possuem-nas em profusão". Em virtude disso detém-se a notar os defeitos, a evidenciar as fraquezas, a fixar inibições alheias com impiedade e precipitação por não possuírem os recursos morais com os quais possam agir com ética, justiça e amor.
         O propósito do Mestre com este questionamento é despertar as consciências adormecidas para o autoconhecimento, para a reflexão em torno dos nossos limites, auxiliando nos futuros comportamentos, fazendo-nos ver a necessidade da autoeducação, de remoção da sombra que existe em nós para que com "o olho bom" identifiquemos as qualidades que todos possuem, para que aprendamos a observar amando. Esse critério não nos impede de ver o erro onde ele existe para aprender e colaborar para que seja sanado, mas é "imprescindível habituar os olhos na procura do melhor, a fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria. Comumente, pelo vezo de buscar bagatelas, perdemos o ensejo das grandes realizações".
         Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à margem por nossa irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque são portadores de leves defeitos ou de sombras insignificantes (…) que o movimento em serviço poderia sanar (…).
         Nódulos da madeira não impedem a obra do artífice e certos trechos empedrados do campo não conseguem frustrar o esforço do lavrador na produção da semente.
         Aproveitemos o irmão (…), na plantação do bem olvidando as coisas sem importância que lhe cercam a vida."
 Emmanuel no texto em estudo recorda a conduta do Cristo na apreciação de quantos lhe defrontavam a marcha: Maria de Magdala, Zaqueu, Simão Pedro, Saulo de Tarso, em todos o Mestre se deteve nas qualidades com as quais se imortalizaram nas grandes lições de servir e amar a Humanidade.
 "Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e as defecções de cada dia? E se esperamos alcançar nossa melhoria, contando com a benemerência do Senhor, por que negar ao próximo a confiança no futuro?"
         Procuremos através da incessante renovação as qualidades com as quais possamos observar amando, "porque apenas o amor puro arrancará por fim as escamas de treva dos nossos olhos para que os outros nos apareçam na Bênção de Deus que, invariavelmente, trazem consigo."

Bibliografia:
 Xavier, Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: Observemos Amando". Ditado pelo Espírito Emmanuel. 17a ed. Uberaba - MG - CEC . 1992.
Xavier, Francisco Cândido. "Fonte Viva: Busquemos o Melhor". Ditado pelo Espírito Emmanuel. 28a ed. Rio de Janeiro - RJ - FEB . 1956.
Godoy, Paulo Alves. "Os Quatro Sermões de Jesus: Os Defeitos de Nossos Irmãos". 3a ed. São Paulo - SP - FEESP . 1989.
Godoy, Paulo Alves. "Casos Controvertidos do Evangelho: O Olho Bom". São Paulo - SP - FEESP. 1993.

(DE: Iracema Linhares Giorgini)

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