Basicamente, podemos
classificar os tipos de obsessão em:
* Doenças nervosas e mentais de causa orgânica,
pertencentes ao campo da Neurologia.
* As doenças nervosas e mentais de causa orgânica, pertencentes
ao campo da Psiquiatria.
* As doenças nervosas e mentais sem causa orgânica.
No campo da Neurologia
temos os fatores que atingem a estrutura do sistema nervoso, tais como as
infecções, as formações tumorais, os acidentes vasculares, os traumatismos etc.
Ao campo da Psiquiatria,
os distúrbios provocados por agentes agressores do sistema nervoso, verificados
na uremia, nos focos infecciosos, nas intoxicações de várias naturezas, nas
toxicomanias, no alcoolismo, nos distúrbios metabólicos etc.
Às doenças nervosas e
mentais sem causa orgânica damos o nome genérico de obsessão, que podemos
dividir em auto e hetero-obsessão.
Auto-obsessão
O paciente apresenta
estado mental doentio, ideia fixa em alguma coisa, manias, cacoetes, atitudes
estranhas, recalques, complexos diversos, delírios e alucinações. Aqui, é o
paciente o responsável por toda a sintomatologia e as causas residem nas
dificuldades da vida, na educação mal conduzida, nas influências do meio
ambiente, nos estados de desnutrição, nos distúrbios emocionais e, sobretudo,
nas causas anteriores, de vidas passadas, gravadas no arquétipo do paciente,
que se acha lesado ou fora de sintonia...
O perispírito é o corpo
do espírito, o que lhe dá a forma humana e que grava indelevelmente todos os
atos e pensamentos do ser humano.
Na união com o corpo, no
processo da reencarnação, todas as falhas do perispírito tendem a exercer
influência mais ou menos acentuada, tanto na área psíquica como física do
paciente.
Comumente agem como
fatores desencadeantes o remorso ou a falta de ambientação à nova vida e a não
aceitação da personalidade atual. Inconscientemente há retorno ao passado,
cujos acontecimentos se acham arquivados no perispírito e a vivência deste
passado, que se torna presente, leva com frequência ao isolamento, ao autismo e
a um tipo de vida em desacordo com o habitual do paciente. Várias entidades
nosológicas da Psiquiatria atual se acham enquadradas nesse item.
Hetero-obsessão
Caracterizada pela ação
persistente que um espírito desequilibrado exerce sobre o indivíduo. Apresenta
caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis
sinais exteriores, até perturbação completa das faculdades mentais. Intimamente
ligada à imperfeição moral, que facilita a ação do espírito, em geral, sequioso
de vingança e cheio de ódio, devido à ação delituosa que sobre ele exerceu o
paciente, no pretérito.
Há obsessores que atuam
sem justa causa, pelo simples prazer em fazer o mal. Outros procuram desviar as
criaturas das grandes tarefas em prol da humanidade, desde que os seus
interesses se acham ameaçados pela ideia que elas representam.
Na obsessão, há
escravização do pensamento por parte do obsessor. Ele não se apossa do corpo do
obsedado. Atua sutilmente sobre a sua vontade, usando técnicas semelhantes à
dos hipnotizadores.
Apesar de não ter, de
início, causa orgânica, a obsessão crônica pode ocasionar sérios distúrbios na
área física, inclusive lesões irreparáveis. A sintomatologia apresentada pelos
obsedados é a mesma descrita nos tratados de Psiquiatria e abrange grande parte
das entidades nosológicas da classificação psiquiátrica. O espírito obsessor
usa os elementos contidos na mente do obsedado e os desencadeia para que
determinem um comportamento anômalo e ostensivo.
Para o estudo do
mecanismo do processo obsessivo, ver A Gênese, de Allan Kardec, capítulo dos
Fluidos.
Clinicamente é difícil o
diagnóstico diferencial entre auto e hetero-obsessão, mesmo porque a atuação do
espírito do obsedado é sempre existente e continua mesmo após a cessação do
processo obsessivo. A não ser que o médico ou o encarregado do atendimento ao
paciente tenha mediunidade intuitiva ou vidência bem desenvolvida, mister se
faz uma consulta ao plano espiritual, através de um médium de confiança. O Dr.
Inácio Ferreira, diretor do Sanatório Espírita de Uberaba, em sua obra Novos
Rumos à Medicina, 1º volume, traz comovente dedicatória a Maria Modesto Cravo,
a grande médium que o auxiliou durante vários anos, no diagnóstico e tratamento
das obsessões.
O processo obsessivo,
sendo, sobretudo, processo hipnótico, não guarda estrita relação com a
mediunidade. Sendo, porém, esta mal orientada e em pessoas de maus costumes e
de baixa moral, o campo de ação do obsessor se acha facilitado (Ver KARDEC,
Allan. O Livro dos Médiuns, cap. XXIII, item 243).
O estado de saúde física
e psíquica faz com que o paciente ceda ao ataque da entidade obsessora. Os
desequilíbrios orgânicos ou de ordem moral ou emocional, quebram as barreiras
defensivas. Daí a necessidade de acompanhamento médico e psicológico durante
todo o decurso da obsessão, quer auto ou hetero-obsessão.
A hetero-obsessão,
segundo o grau de constrangimento e a natureza dos efeitos que produz, pode ser
dividida em obsessão simples, fascinação e subjugação.
Os tipos de obsessão
Caracterizada pela
tenacidade de um espírito que exerce ação sobre uma pessoa que dele não
consegue desembaraçar-se. Na fascinação, há ação direta do espírito sobre o
pensamento do paciente, paralisando-lhe o raciocínio e impondo-lhe a sua
vontade. Na subjugação, o domínio sobre a vontade é completa, constritiva e o paciente
age a seu mau grado.
Costuma-se chamar
hetero-obsessão a ação dominadora que os mortos exercem sobre os vivos. Temos
observado, no entanto, que a ação também se pode fazer dos vivos sobre os
vivos, dos vivos sobre os mortos, dos mortos sobre os mortos e também
reciprocamente, isto é do obsessor sobre o obsedado e sobre o obsessor.
Obsessão
Cobrança que bate às
portas da alma é um processo bilateral. “Faz-se presente porque existe de um
lado o cobrador, sequioso de vingança, sentindo-se ferido e injustiçado, e de
outro o devedor, trazendo impressas no seu perispírito as matrizes da culpa, do
remorso ou do ódio que não se extinguiu”.
(SCHUBERT, Sueli Caldas. Obsessão, Desobsessão,
pág. 31).
Artigo cedido pela
Associação Médico-Espírita do Brasil e publicado em 1999 na edição 01 da
Revista Cristã de Espiritismo.
Escrito por Dr. Wilson Ferreira de Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário