Temos hoje, em toda parte da Terra, um problema essencial a
resolver, a aquisição da paz de espírito, em que se desenvolvem todas as raízes
da solução aos demais problemas que sitiam a alma.
Que diretrizes, porém, adotar na obtenção de semelhante
conquista?
Usar a força, impor condições, armar circunstâncias?
Não desconhecemos, no entanto, que a tensão apenas consegue
impedir o fluxo das energias criadoras que dimanam das áreas ocultas do
espírito, agravando conflitos e mascarando as realidades profundas de nossa
vida íntima, habitualmente manifesta.
A paz de espírito, ao contrário, exclui a precipitação e a
inquietude, para deter-se e consolidar-se na serenidade e no entendimento. Para
adquiri-la, por isso mesmo, urge entregar as nossas síndromes de ansiedade e de
angústia à providência invisível que nos apóia.
As ciências psicológicas da atualidade nomeiam esse recurso
como sendo "O poder criativo e atuante do inconsciente", mas,
simplificando conceitos, a fim de adaptá-los ao clima de nossa fé, chamamos-lhe
"o poder onisciente de Deus em nós".
Render-nos aos desígnios de Deus, e confiar a Deus as
questões que nos surjam intrincadas no cotidiano, é a norma exata da
tranqüilidade suscetível de garantir-nos equilíbrio no mundo interno para o
rendimento ideal da vida.
Colocar à conta de Deus a parte obscura de nossa caminhada
evolutiva, mas sem desprezar a parte do dever que nos compete.
Trabalhar e esperar, realizando o melhor que pudermos. Fé e
serviço, calma sem ócio.
Pensemos nisso e alijemos o fardo dos agentes destrutivos de
ódio, ressentimento, culpa, condenação, crítica ou amargura que costumamos
arrastar no barro da hostilidade com que tratamos a vida, tanta vez arruinando
tempo e saúde, oportunidade e interesses.
Fundamentemos a nossa paz de espírito numa conclusão clara e
simples: Deus que nos tem sustentado, até agora, nos sustentará também de agora
em diante.
Em suma, recordemos o texto evangélico que nos adverte
sensatamente: "Se Deus é por nós, quem poderia ser contra!"
Do livro Alma e Coração. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
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