segunda-feira, 3 de junho de 2013

DIVALDO E SEU IRMÃO DESENCARNADO



Fui sacristão, participei da Cruzada Eucarística e queria ser sacerdote. Recebi até uma bolsa de estudos num seminário de Santa Tereza. Foi nesse ínterim que morreu um irmão, vítima de ruptura de aneurisma. Com isso fiquei muito doente e uma senhora foi à minha casa levada por uma prima. Aplicou-me passes e, de súbito, fiquei bom. Dissera que o meu irmão falecido estava me perturbando, que ele se localizara psiquicamente junto a mim e me causava grande transtorno.
Esse foi o meu despertar, porque até então me achava um alucinado - "via e ouvia" e todos diziam não ser isso possível.
Eu tinha um primo, médium, considerado "macumbeiro" na minha terra, e sempre que me olhava, dizia:
-      Você é meu colega.
Tinha muito medo dele porque era “feiticeiro”. Coitado, não era feiticeiro nada, era médium, atendia aos pobres. Um dia mamãe fez-lhe uma consulta, e ele respondeu:
-      Tia é inevitável, Di é médium e vai trabalhar muito.
Mas quando a tal senhora que me assistiu disse-me ter visto meu irmão e o descreveu, fiquei surpreso, porque encontrara alguém como eu. Ela também "via"! E perguntei-lhe:
-      Como à senhora sabe sobre meu irmão?
-      Eu o estou vendo.
-      Mas a senhora vê os mortos?
-      Vejo, mas os mortos não estão mortos.
Foi um alívio, pois constatei não ser nenhum demente.
Em uma sessão mediúnica, meu irmão "incorporou" em mim e falou com mamãe. Ao término, ela me relatou os fatos e julguei-a desequilibrada, porque a tradição católica estava tão embutida em mim que tudo aquilo me parecia impossível.
-      Meu filho, disse ela - você desconhecia o que Zeca me falou; ele era mais velho que você 20 anos! Como podia saber?
Eu não podia duvidar dela.
Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva.
Deve-se notar, ainda, que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns tem, geralmente, aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quantas são as espécies de manifestações. As principais são: médiuns de efeitos físicos, médiuns sensitivos ou impressionáveis, auditivos (audientes), falantes (receberam a designação de incorporação e atualmente de psicofônicos), videntes, sonâmbulos (anímicos), curadores, pneumatógrafos (escrita direta), escreventes ou psicógrafos.
Sensitivos ou impressionáveis: são as pessoas capazes de sentir a presença dos Espíritos por uma vaga impressão, uma espécie de arrepio geral que elas mesmas não sabem o que seja. Essa faculdade se desenvolve com o hábito e pode atingir uma tal sutileza que a pessoa dotada reconhece, pela sensação recebida, não só a individualidade, como o cego reconhece, por um certo não sei que, a aproximação desta ou daquela pessoa. Ela se torna, em relação aos Espíritos, um verdadeiro sensitivo. Um bom Espírito produz sempre uma impressão suave e agradável; a de um mau Espírito, pelo contrário é penosa, angustiante e desagradável; tem como que um cheiro de impureza.


Do livro: O Livro dos Médiuns

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