Ideal seria que não fosse necessário legalizar uma união já abençoada pelo amor; contudo, o casamento, entre nós, criaturas humanas, ainda se faz assinalar pelas explosões do instinto e não pelas manifestações da emotividade superior. Elegemos os parceiros por impulsos sexuais, não pela realidade afetiva. Quando amamos, o sexo entra como complemento, não sendo fundamental. Quando nos deixamos arrastar pelo sexo, o amor aparece como chama terrível de paixão momentânea, que arde na palha do desejo e logo passa. . .
Na área do sexo pré-matrimonial ou do chamado sexo-livre, adotemos o comportamento do respeito à criatura humana. Livre, o sexo sempre foi. A questão é que, biologicamente, necessita-se de um parceiro e com ele se deve assumir a responsabilidade emocional, pois, mesmo na área da sensação, o sexo estabelece vinculações afetivas, e a pessoa eleita deve ser respeitada e mantida na esfera de nossa emotividade. Não basta, apenas, atender à necessidade fisiológica e abandonar o outro como quem deixa um prato servido, após o repasto. O outro pode se afeiçoar a nós e surgirem implicações de natureza cármica. Podemos traumatizar a personalidade do (a) companheiro (a), levando-o ao suicídio. Isto será anotado em nossa ficha cármica. O mal por nós inspirado é de nossa responsabilidade, tanto quanto o bem que produzimos.
Um rapaz, contou-me que foi um pervertido em gênero, número e grau, e mesmo no Espiritismo não conseguia superar as suas más inclinações. Na Casa Espírita encontrou moças insensatas que se lhe vincularam, até que a consciência lhe disse: “Basta”.
Depois de desencaminhar tantas moças, o rapaz venceu, apesar do número de jovens sonhadoras e levianas que ainda se atiravam nos seus braços. Ele fez um trabalho de reeducação. Porque o sexo tem o seu departamento próprio – o genésico – mas hoje a mente das pessoas está no sexo; é a cabeça sexual.
O estômago, quando se come demais, tem indigestão. Qualquer órgão de que se abusa, sofre o efeito imediato. O problema do sexo é a mente. Criou-se o mito que a vida foi feita para o sexo, e não o sexo para a vida. Depois da revolução sexual dos anos 60, o sexo saiu do aparelho genésico e foi para a cabeça. Só se pensa, fala respira sexo. E quando o sexo não funciona, por exaustão, parte-se para os estimulantes, como mecanismos de fuga, o que demonstra que o problema não é dele, e sim, da mente viciada. Se o problema fosse do sexo, as pessoas ‘saciadas’ seriam todas felizes, o que, realmente não se dá. Ou a criatura conduz o sexo, ou este a arruína. Ou se disciplina o estômago, ou se morre de indigestão.
Tenho aprendido, com a experiência pessoal e com a adquirida em nossa comunidade, que o sexo antes do casamento constitui um mecanismo de desequilíbrio. Mesmo porque, com tanto sexo antes do casamento, já não se faz necessário casamento depois do sexo. É perfeitamente natural, embora não justifique nem estimule que a pessoa, num arrebatamento afetivo, em um momento, realize uma comunhão sexual. Não encaro isso como escândalo, porque o sexo, como qualquer departamento orgânico, é setor de vida. O que me parece grave, é que a esse momento de arrebatamento se sucederão outros, como a sede de água do mar, que, quanto mais se bebe mais sede se tem. Vemos casos de frustrações sexuais terríveis, de neuroses, psicoses, porque as pessoas foram traídas nos seus sentimentos profundos, pelo abandono a que foram relegadas.
A sugestão ao jovem espírita é a atitude casta. Uma atitude casta não quer dizer isenta de comunhão carnal, mas sim, de respeito, de pureza. Colocar o sexo no lugar e o amor acima do sexo, que moralizado pelo amor, sabe-se quando, como e onde atuar. Quando mencionamos castidade, não nos referimos à abstinência total e absoluta, mas ao respeito. Um casal que se respeita vive castamente. Portanto, quando se ama, não se atira o outro na ruína. O sexo, antes do matrimônio, deve ser muito bem estudado, porque, sob a alegação de que se ‘tem necessidade’ dele, não se o torne vulgar.
Cada consciência eleja para o próximo o que gostaria que o próximo elegesse para si. Quando Deus colocou a cabeça acima do sexo foi para que ela o conduzisse e não esse a dirigisse. Há quem alegue que "a carne é fraca", mas na verdade "fraco é o espírito", já que é ele que está no controle de tudo.
Vemos nos veículos de comunicação, o sexo transformado em atividade tão trivial como pentear o cabelo ou cortar as unhas. Aliás, cortar unhas não é brincadeira. São vinte dedos. O indivíduo acha que tem que ter vinte experiências por mês; outros há que tem quarenta. Ficam exauridos fisiológica, psicológica e estruturalmente. Sempre insatisfeitos.
Por isso, sugerimos aos jovens a forma como encontrar saúde e paz: amem, e o amor dirá o que fazer. Se tiverem o sexo pré-conjugal, procurem honrá-lo através do matrimônio.
Divaldo Pereira Franco
GRUPO DE ESTUDO ALLAN KARDEC
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