Palestra Virtual
Considerações Iniciais do Palestrante:
"Ver no coração infantil o esboço da
geração próxima". Assim, André Luiz inicia suas considerações sobre a
infância no livro "Conduta Espírita". Entendemos a infância como
sendo período fértil para a assimilação de valores os mais diversos. Nossa
responsabilidade como pais, educadores e participantes da comunidade, de
maneira geral, deve ser voltada ao aproveitamento dessa facilidade de
assimilação, para a construção de um mundo melhor.
Observando nossas crianças, percebemos o quanto
estão carentes de bons exemplos; o quanto aproveitam o que lhes é oferecido,
sem que tenham chance de se defender. O quanto confiamos às emissoras de TV e
seus personagens a apresentação de valores que, evidentemente, não condizem com
aquilo que entendemos ser um padrão aceitável de comportamento.
Trabalhando com crianças há alguns anos,
percebemos o quanto a omissão de muitos vem contribuindo para o cultivo de uma
sociedade ainda injusta e tão cheia de "esquecidos". É nossa
responsabilidade, como cristãos, trabalhar intensamente para que o Reino de
Deus chegue a cada coração, através de uma ativa participação no meio em que
vivemos, principalmente junto de nossas crianças. É um terreno muito fértil e
que precisa ser urgentemente trabalhado.
Perguntas/Respostas:
Como é visto o uso de alguma
"energia" para a educação de nossos filhos. A palmada é permitida ou
nossos pais erraram flagrantemente?
Uma das bases do trabalho de Pestalozzi era a
de que "o amor é o eterno fundamento da educação". Entendemos que o
relacionamento entre pais e filhos deve ser embasado no amor, capaz de suprir
as deficiências de ambos. Observamos, também, o resultado da educação oferecida
por pais que nunca utilizaram os recursos da "palmada", e constatamos
o sucesso dessas experiências.
Ora, sendo nós espíritas nada mais justificável
que utilizemos os recursos excelentes que o Espiritismo nos oferece para
educarmos nossas crianças. Estaremos, então, contribuindo para uma sociedade
justa, equilibrada em que as relações baseiem-se no princípio do amor.
Qual a importância da educação espírita para a
formação da sociedade?
A educação, por definição, constitui-se
na base da formação de uma sociedade saudável. Na mesma obra acima citada,
"Conduta Espírita", o autor menciona que "Orientação da
Infância, profilaxia do futuro".
Uma criança possui mediunidade ostensiva? Qual
seria o melhor procedimento de um evangelizador percebendo isso?
Em "O Livro dos Médiuns", somos
alertados para o inconveniente do desenvolvimento da faculdade mediúnica nas
crianças. Kardec alerta que devemos evitar tal prática, dada à sensibilidade
das crianças e a fragilidade de seus organismos. É feita uma ressalva,
entretanto, quanto à eclosão natural da mediunidade, caso em que deve ser
cuidadosamente avaliada.
De nossa parte, entendemos ser a Evangelização
Infantil o recurso adequado para a grande maioria desses casos, considerando,
principalmente, o objetivo principal da mediunidade para nós. Entendemos aqui
não a manifestação de espíritos tão somente, mas como sendo parte de um
conjunto que objetiva a educação do espírito encarnado. Recomendamos sempre que
a direção do Centro Espírita seja consultada nesses casos.
Como os pais devem agir com o filho, quando
nele sente a inclinação para jogos de azar? Como pode mesmo a criança frequentando
a evangelização, compreendendo de maneira surpreendente os ensinamentos, ter
dificuldade em aplicá-las no dia-a-dia?
A melhor atitude, além, naturalmente, da
conversa franca sobre o assunto, é demonstrar utilizando sempre o princípio da
caridade, o quanto os vícios de maneira geral vem contribuindo para o desajuste
social. E observem que, infelizmente, sempre há exemplos em volta que podem
servir para ilustrar o fato. Mas a caridade precisa estar presente quando
fizermos isso. Além disso, convém que o Evangelizador seja informado para que
este aja da forma mais discreta possível.
Eu queria saber qual a visão do Oswaldo sobre a
evangelização infanto-juvenil. Como, na visão dele, deve ser o evangelizador/educador
espírita?
Entendo a evangelização infanto-juvenil como
sendo a melhor contribuição que pode ser oferecida ao espírito encarnado em seu
processo evolutivo. O evangelizador infanto-juvenil/educador espírita precisa
conscientizar-se de sua importância nesse processo, que tem orientação dos
Espíritos Maiores, e deve manter-se atualizado, visando dar sua melhor contribuição
ao trabalho. Mais importante ainda do que a atualização "pedagógico-técnica"
é o sentimento de amor que deve animá-lo na realização das atividades da
evangelização espírita infanto-juvenil.
Entretanto, ainda deve "estar no mundo,
sem ser do mundo", convivendo com a sociedade em que vive, vivificando aos
que o cercam com sua alegria de viver.
Há inúmeros casos de crianças que despertam a
sexualidade ainda muito novas. Trazem essas ideias como fixas e, na maioria das
vezes, são motivos de repulsa e indignação. Na infância, nos diz a Doutrina, as
lembranças são, algumas vezes, resgatadas das colônias em que estavam antes da
reencarnação. Como explicar tais comportamentos e como proceder diante de
crianças como essas?
Somos todos, sem exceção, o conjunto do que
construímos ao longo de séculos incontáveis. Sabemos, como espíritas, que
aprendemos tanto encarnados como desencarnados e que, ao desencarnarmos ou
reencarnarmos, não mudamos o que somos. Nosso aprendizado, embasado na
vivência, fará com que construamos um novo jeito de ser.
Quando a criança manifesta qualquer tendência,
devemos enxergar o espírito imortal que há nela, apresentando-se, mostrando-se
como é. O preconceito ou atitudes intempestivas, ao invés de contribuir para
seu processo educativo - e esse é o objetivo da reencarnação -, apenas podem
inibir a manifestação "natural" e aquilo que foi observado vai deixar
de sê-lo, porque simplesmente passou a ser feito escondido.
Os pais precisam então, conscientes de seu
papel como educadores, e comprometidos com aquele espírito que ali está iniciar
intenso trabalho educativo com base no amor, levando a criança a desenvolver outros
potenciais, minimizando, assim, a eclosão de algo que somente deveria ter
surgido a posteriori. É trabalho delicado, mas que entendemos não ser algo que
não possa ser levado a termo por aqueles que se propuseram a receber um
espírito em seu lar, como seu filho.
Como tratar o jovem espírita com tendências
homossexuais e preocupado entre o ser espírita e ter essa tendência? E que está
sentindo dentro de si a impossibilidade de promover qualquer trabalho no
Espiritismo por conta disso?
Deve ser tratado com a maior naturalidade e
amor, sem nenhum tipo de discriminação. Deve ser envolvido de tal forma que
perceba que tem condições de contribuir para o trabalho. A Doutrina Espírita
não proíbe absolutamente nada e todos os espíritos encarnados têm condições de
contribuir na grande obra de transformação da humanidade, sendo até mesmo os
maiores beneficiários.
Educação Espírita é só no Centro Espírita?
Não. O processo deve ocorrer em toda a parte,
principalmente em casa. O trabalho no Centro Espírita deve ser um complemento
ao que deve ser desenvolvido pelos pais/responsáveis. Ocorre, entretanto, que
muitas vezes a Evangelização oferecida pelo Centro Espírita é a única fonte de
educação que a criança recebe. E aí, vamos aproveitar todos os momentos em que
a criança estiver conosco para realizar o trabalho, sem desperdícios de tempo.
Qual o papel da psicologia, pedagogia para a
evangelização espírita?
Oferecem embasamento técnico ao trabalho
realizado pelos evangelizadores. Cada evangelizador deve sempre participar de
treinamentos oferecidos no próprio movimento espírita, que objetivam dar-lhe
recursos para melhor desenvolver suas atividades.
Como contrabalançar os modelos oferecidos pela
televisão com os necessários ao desenvolvimento moral das crianças?
Na verdade, deveríamos filtrar o que nossas
crianças vêem e ouvem, impedindo que, sensíveis como são, fiquem expostas a
modelos distorcidos que não contribuem para o seu crescimento espiritual. Ainda
que esteja na moda.
Como tratar a criança difícil em salinha da
evangelização?
Com todo amor e carinho, exercitando a
paciência e a tolerância, pois ela é a maior e principal necessitada do grupo.
É a cota diária do Evangelizador no exercício do bem.
Em que currículo se baseiam os Centros
Espíritas para elaborarem os planos da Evangelização Infantil? Como são
montados esses currículos? Existe um que seja a nível nacional?
Esses programas podem ser adaptados à realidade
local de cada Centro Espírita e são elaborados a partir das experiências de
pessoas com profundas ligações com a Evangelização da Infância.
Considerações Finais do Palestrante:
A infância é realmente um período muito
importante em nossas vidas. Não podemos desperdiçar oportunidades que surgem em
todos os momentos para oferecer nossa melhor contribuição para um mundo mais
saudável e justo.
Uma sociedade baseada nos valores do espírito e
sua origem divina. Evangelizar a criança é semear o Reino de Deus em nós. É ter
a certeza de que estamos oportunizando ao espírito em sua caminhada rumo ao
progresso, caminhos menos tortuosos, com a segurança de quem anda com a luz.
O apelo "Evangelize, coopere com
Jesus" é mais atual que nunca e hoje somos realmente convidados a
contribuir nessa causa tão nobre. Que o Senhor ilumine nossos caminhos, abençoando
nossos propósitos.
Boa noite.
Oswaldo Cruz
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