sábado, 1 de fevereiro de 2014

A educação espírita para crianças



Palestra Virtual 


Considerações Iniciais do Palestrante:


 "Ver no coração infantil o esboço da geração próxima". Assim, André Luiz inicia suas considerações sobre a infância no livro "Conduta Espírita". Entendemos a infância como sendo período fértil para a assimilação de valores os mais diversos. Nossa responsabilidade como pais, educadores e participantes da comunidade, de maneira geral, deve ser voltada ao aproveitamento dessa facilidade de assimilação, para a construção de um mundo melhor.
Observando nossas crianças, percebemos o quanto estão carentes de bons exemplos; o quanto aproveitam o que lhes é oferecido, sem que tenham chance de se defender. O quanto confiamos às emissoras de TV e seus personagens a apresentação de valores que, evidentemente, não condizem com aquilo que entendemos ser um padrão aceitável de comportamento.
Trabalhando com crianças há alguns anos, percebemos o quanto a omissão de muitos vem contribuindo para o cultivo de uma sociedade ainda injusta e tão cheia de "esquecidos". É nossa responsabilidade, como cristãos, trabalhar intensamente para que o Reino de Deus chegue a cada coração, através de uma ativa participação no meio em que vivemos, principalmente junto de nossas crianças. É um terreno muito fértil e que precisa ser urgentemente trabalhado. 

Perguntas/Respostas:


Como é visto o uso de alguma "energia" para a educação de nossos filhos. A palmada é permitida ou nossos pais erraram flagrantemente?

Uma das bases do trabalho de Pestalozzi era a de que "o amor é o eterno fundamento da educação". Entendemos que o relacionamento entre pais e filhos deve ser embasado no amor, capaz de suprir as deficiências de ambos. Observamos, também, o resultado da educação oferecida por pais que nunca utilizaram os recursos da "palmada", e constatamos o sucesso dessas experiências.
Ora, sendo nós espíritas nada mais justificável que utilizemos os recursos excelentes que o Espiritismo nos oferece para educarmos nossas crianças. Estaremos, então, contribuindo para uma sociedade justa, equilibrada em que as relações baseiem-se no princípio do amor.

Qual a importância da educação espírita para a formação da sociedade?

 A educação, por definição, constitui-se na base da formação de uma sociedade saudável. Na mesma obra acima citada, "Conduta Espírita", o autor menciona que "Orientação da Infância, profilaxia do futuro".

Uma criança possui mediunidade ostensiva? Qual seria o melhor procedimento de um evangelizador percebendo isso?

Em "O Livro dos Médiuns", somos alertados para o inconveniente do desenvolvimento da faculdade mediúnica nas crianças. Kardec alerta que devemos evitar tal prática, dada à sensibilidade das crianças e a fragilidade de seus organismos. É feita uma ressalva, entretanto, quanto à eclosão natural da mediunidade, caso em que deve ser cuidadosamente avaliada.
De nossa parte, entendemos ser a Evangelização Infantil o recurso adequado para a grande maioria desses casos, considerando, principalmente, o objetivo principal da mediunidade para nós. Entendemos aqui não a manifestação de espíritos tão somente, mas como sendo parte de um conjunto que objetiva a educação do espírito encarnado. Recomendamos sempre que a direção do Centro Espírita seja consultada nesses casos.

Como os pais devem agir com o filho, quando nele sente a inclinação para jogos de azar? Como pode mesmo a criança frequentando a evangelização, compreendendo de maneira surpreendente os ensinamentos, ter dificuldade em aplicá-las no dia-a-dia?

A melhor atitude, além, naturalmente, da conversa franca sobre o assunto, é demonstrar utilizando sempre o princípio da caridade, o quanto os vícios de maneira geral vem contribuindo para o desajuste social. E observem que, infelizmente, sempre há exemplos em volta que podem servir para ilustrar o fato. Mas a caridade precisa estar presente quando fizermos isso. Além disso, convém que o Evangelizador seja informado para que este aja da forma mais discreta possível.

Eu queria saber qual a visão do Oswaldo sobre a evangelização infanto-juvenil. Como, na visão dele, deve ser o evangelizador/educador espírita?

Entendo a evangelização infanto-juvenil como sendo a melhor contribuição que pode ser oferecida ao espírito encarnado em seu processo evolutivo. O evangelizador infanto-juvenil/educador espírita precisa conscientizar-se de sua importância nesse processo, que tem orientação dos Espíritos Maiores, e deve manter-se atualizado, visando dar sua melhor contribuição ao trabalho. Mais importante ainda do que a atualização "pedagógico-técnica" é o sentimento de amor que deve animá-lo na realização das atividades da evangelização espírita infanto-juvenil.
Entretanto, ainda deve "estar no mundo, sem ser do mundo", convivendo com a sociedade em que vive, vivificando aos que o cercam com sua alegria de viver.

Há inúmeros casos de crianças que despertam a sexualidade ainda muito novas. Trazem essas ideias como fixas e, na maioria das vezes, são motivos de repulsa e indignação. Na infância, nos diz a Doutrina, as lembranças são, algumas vezes, resgatadas das colônias em que estavam antes da reencarnação. Como explicar tais comportamentos e como proceder diante de crianças como essas?

Somos todos, sem exceção, o conjunto do que construímos ao longo de séculos incontáveis. Sabemos, como espíritas, que aprendemos tanto encarnados como desencarnados e que, ao desencarnarmos ou reencarnarmos, não mudamos o que somos. Nosso aprendizado, embasado na vivência, fará com que construamos um novo jeito de ser.
Quando a criança manifesta qualquer tendência, devemos enxergar o espírito imortal que há nela, apresentando-se, mostrando-se como é. O preconceito ou atitudes intempestivas, ao invés de contribuir para seu processo educativo - e esse é o objetivo da reencarnação -, apenas podem inibir a manifestação "natural" e aquilo que foi observado vai deixar de sê-lo, porque simplesmente passou a ser feito escondido.
Os pais precisam então, conscientes de seu papel como educadores, e comprometidos com aquele espírito que ali está iniciar intenso trabalho educativo com base no amor, levando a criança a desenvolver outros potenciais, minimizando, assim, a eclosão de algo que somente deveria ter surgido a posteriori. É trabalho delicado, mas que entendemos não ser algo que não possa ser levado a termo por aqueles que se propuseram a receber um espírito em seu lar, como seu filho.

Como tratar o jovem espírita com tendências homossexuais e preocupado entre o ser espírita e ter essa tendência? E que está sentindo dentro de si a impossibilidade de promover qualquer trabalho no Espiritismo por conta disso?

Deve ser tratado com a maior naturalidade e amor, sem nenhum tipo de discriminação. Deve ser envolvido de tal forma que perceba que tem condições de contribuir para o trabalho. A Doutrina Espírita não proíbe absolutamente nada e todos os espíritos encarnados têm condições de contribuir na grande obra de transformação da humanidade, sendo até mesmo os maiores beneficiários.

Educação Espírita é só no Centro Espírita?

Não. O processo deve ocorrer em toda a parte, principalmente em casa. O trabalho no Centro Espírita deve ser um complemento ao que deve ser desenvolvido pelos pais/responsáveis. Ocorre, entretanto, que muitas vezes a Evangelização oferecida pelo Centro Espírita é a única fonte de educação que a criança recebe. E aí, vamos aproveitar todos os momentos em que a criança estiver conosco para realizar o trabalho, sem desperdícios de tempo.

Qual o papel da psicologia, pedagogia para a evangelização espírita?

Oferecem embasamento técnico ao trabalho realizado pelos evangelizadores. Cada evangelizador deve sempre participar de treinamentos oferecidos no próprio movimento espírita, que objetivam dar-lhe recursos para melhor desenvolver suas atividades.

Como contrabalançar os modelos oferecidos pela televisão com os necessários ao desenvolvimento moral das crianças?

Na verdade, deveríamos filtrar o que nossas crianças vêem e ouvem, impedindo que, sensíveis como são, fiquem expostas a modelos distorcidos que não contribuem para o seu crescimento espiritual. Ainda que esteja na moda. 

Como tratar a criança difícil em salinha da evangelização?

Com todo amor e carinho, exercitando a paciência e a tolerância, pois ela é a maior e principal necessitada do grupo. É a cota diária do Evangelizador no exercício do bem.

Em que currículo se baseiam os Centros Espíritas para elaborarem os planos da Evangelização Infantil? Como são montados esses currículos? Existe um que seja a nível nacional?

Esses programas podem ser adaptados à realidade local de cada Centro Espírita e são elaborados a partir das experiências de pessoas com profundas ligações com a Evangelização da Infância.

Considerações Finais do Palestrante:


A infância é realmente um período muito importante em nossas vidas. Não podemos desperdiçar oportunidades que surgem em todos os momentos para oferecer nossa melhor contribuição para um mundo mais saudável e justo.
Uma sociedade baseada nos valores do espírito e sua origem divina. Evangelizar a criança é semear o Reino de Deus em nós. É ter a certeza de que estamos oportunizando ao espírito em sua caminhada rumo ao progresso, caminhos menos tortuosos, com a segurança de quem anda com a luz.
O apelo "Evangelize, coopere com Jesus" é mais atual que nunca e hoje somos realmente convidados a contribuir nessa causa tão nobre. Que o Senhor ilumine nossos caminhos, abençoando nossos propósitos.
Boa noite.


Oswaldo Cruz


Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br

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