quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A VOZ DO ANTIGO EGITO



Egito, extraordinário país de remotíssima antiguidade, cheio de mistérios, famoso por inimitáveis construções gigantescas e admirado pelos cultores do Saber!... Que é feito das tuas glórias?
De tua magnificência, das tuas grandezas existem apenas ruínas de cidades, palácios e templos, catacumbas enterradas, canais obstruídos, colunas e obeliscos espalhados pelo mundo. Mas, as tuas Pirâmides elevam ainda os seus cumes ao céu, e, junto com a Esfinge, continuam a chamar a atenção da Humanidade para os Enigmas da Vida e da Morte; e os mistérios Hieróglifos despertam nas mentes dos pensadores o desejo que lhes respondas à pergunta: Donde hauriram os teus filhos, na época que já seis milênios distanciam dos nossos dias, as fontes de tuas ciências e artes, e quais foram às bases de tua estabilidade política?
Emudeceu, ó terra de Quemi (1), a tua linguagem primitiva, e foi substituída pelo idioma árabe; mas, não se perdeu a tua antiga Voz: apenas se espiritualizou e falou aos grandes Iniciados nos Mistérios: Moisés, Orfeu, Tales, Demócrito, Pitágoras, Solon, Platão e outros, inspirando-os nas tuas doutrinas.
É verdade, Egito, que no Decálogo que IEVE deu a Moisés, no monte Sinai, estás sendo diariamente lembrado como "casa de servidão" (*), porém os sábios gregos que beberam teus ensinos falaram de ti com grande respeito e admiração, em matéria de ciências, artes e constituição política.
A tua Voz conservou-se maravilhosamente nos Hieróglifos cuja significação ficara oculta durante séculos, até que o gênio de Jean-François Champollion conseguiu descobrir-lhes a chave, na inscrição bilíngue de Rosetta.
E, em nossos dias, a tua Voz, trazida pelo nobre Espírito duma antiga rainha da XVIII dinastia egípcia (2), falou-nos pela boca duma médium inglesa que, numa encarnação de há 3.300 anos, vivera junto com ela; e, como explicaremos na segunda parte deste livro, a Voz do Espírito falou em língua egípcia daquela remota época, para dar-nos a prova da Sobrevivência da Alma e das Reencarnações, por meio das quais se efetua o Progresso Espiritual na Terra...
Para os prezados leitores e leitoras poderem bem avaliar a significação desse fato, convém que dêem conosco uma visita aos tempos em que o Egito tinha uma civilização admirável, quando a Europa atual ainda se achava, pela maior parte, na época da barbárie. Comparando, na segunda parte, as comunicações obtidas por meio da mediunidade com o que nos diz a História, mais convincentes serão as nossas deduções a respeito da sua veracidade.
Agora, voltemos à pergunta: "Em que encontraram os antigos egípcios as bases de sua estabilidade política?" E respondemos:
 “Na sua Constituição, que era admirável Síntese de Ciência, Justiça e Economia, e punha o Poder supremo nas mãos dos homens sábios, iniciados nos Mistérios Sagrados.
“ Durante 4000 anos antes da era cristã" -- diz Saint-Yves d'Alveydre em sua notável obra "Mission des Juifs" -- "foi o Egito para toda Europa Meridional a Metrópole sagrada, a grande Universidade, a sede da Ciência completa. Todos os graus do Sacerdócio, desde o mais baixo até o Pontificado, representavam os degraus da Ciência e da Sabedoria totais, abertas ao escol do mundo leigo pela Iniciação, que constituía um Segundo Poder magistral, sendo Terceiro Poder as Assembleias locais dos pais e das mães de família".
Aos que, por estudos mais ou menos prolongados, haviam adquirido os conhecimentos fornecidos nos Pequenos Mistérios, conferiam-se os títulos de "Filho da Mulher", "Filho de Heróis", "Filho do Homem", segundo os graus de saber alcançados; eles, então, possuíam certos poderes sociais, como a terapêutica, a mediação junto aos governadores, a magistratura arbitral, etc.
Os que nos Grandes Mistérios, completaram os estudos das Ciências superiores, recebiam o título de "Filho de Deus", quando o respectivo templo onde estudaram era metropolitano, e "Filho dos Deuses", se o templo era provinciano. Estes Iniciados tinham o direito de desempenhar certos poderes, chamados sacerdotais reais.
Devido ao reconhecimento dos sábios princípios governativos de todos os povos civilizados do Mundo nos séculos e milênios que precederam os primeiros reinos e impérios militares, as nações gozavam paz geral. Cerca de 3200 anos antes do Cristo, porém, rebentou na índia um cisma, provocado por Irshu, o filho mais moço do imperador Ugra. Quando este monarca faleceu, sucedeu-lhe no trono o seu filho mais velho, de nome Tarákhia. Irshu, que era regente das províncias, seduzido por sua demasiada ambição, rebelou-se contra o irmão e, proclamando que o governo não deveria estar nas mãos de pessoa que se apoiasse na autoridade espiritual, e sim nas mãos armadas de força material, produziu uma sangrenta guerra civil. Foi vencido e rechaçado da índia; porém, com os seus companheiros, tomando a cor vermelha por emblema, em oposição à cor branca dos adeptos da legalidade, invadiu a Ásia Menor, a Arábia, o Egito, e por toda a parte combatia as instituições existentes, negando a autoridade espiritual dos corpos docentes e elogiando a superioridade da força armada. Assim se originaram os governos absolutos e tirânicos, e a história dos povos, desde então, está cheia de opressões, guerras e revoluções.
O primeiro soberano coroado, que desprezou a autoridade espiritual, foi o tirânico imperador babilônio Ninus, o Nimerod da Bíblia.

(*) Êxodo, cap. XX, v. 2: "Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão".

Livro: ‘A Voz do Antigo Egito - F.V.Lorenz’
Zelão.

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