O
excelso Espírito Emmanuel, que profundamente amamos e respeitamos, no excelente
livro Vida e Sexo, capítulo 21, a respeito da transexualidade, diz que "A coletividade
humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade
e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais
morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da
dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida
comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a
deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da
delinquência".
O indivíduo transexual
é o que traz dissociada a sexualidade de profundidade (personalidade sexual
registrada na mente) do sexo de periferia, isto é, o seu psiquismo não está
harmonizado com o gênero de que é portador.
Assim,
sob o ponto de vista anatômico, é portador de uma polaridade sexual interdistante
do sexo que sente possuir e sofre intensamente, tendo conflitos psicológicos
bem marcantes. Conforme sabemos, o espírito é dotado da bipolaridade, podendo,
então, animar o corpo de um homem ou de uma mulher ao reencarnar. Na Revista
Espírita, tradução da Ed. CELD, de janeiro de 1866, Kardec declara que "É
no mesmo propósito que os espíritos encarnam em sexos diferentes; um espírito
que foi homem poderá renascer mulher e um outro que foi mulher poderá renascer
homem, a fim de realizar os deveres de cada uma dessas posições, e sofrer-lhes
as provas".
Disse igualmente o
Codificador, na mesma publicação: "(...) pode ocorrer que o espírito percorra
uma sequência de existências no mesmo sexo, isto faz com que, durante muito
tempo ele possa conservar, no estado de espírito, o caráter de homem, ou de
mulher, cuja índole nele ficou impressa. Contudo, no decorrer das inúmeras existências,
pode trazer estampada uma maior característica sexual, com predominância de uma
das polaridades. Trata-se de um fato normal, observado rotineiramente.
Alguns exemplos surgem
para tornar o assunto em tela bem didático, com maior facilidade de
entendimento:
1) Espírito
acentuadamente masculino reencarna, naturalmente, no decurso da evolução, em
corpo feminino (Transição Reencarnatória). É lícito entender que o ser exteriorize
muitas características psicológicas masculinas. Embora tenha nascido na
polaridade feminina, pode exibir tonalidades masculinas marcantes, entre elas
pouca sensibilidade e maneiras menos delicadas; algumas vezes com reações muito
embrutecidas. Nota-se um lado másculo bem acentuado, revelando-se uma mulher
com ares de masculinidade bem expressivos.
Trata-se de um espírito
que transita, normalmente no seu trajeto evolutivo, com muitas existências
vividas, primordialmente, no sexo masculino, agora passando pela experiência de
animar um corpo feminino, sem a obrigatoriedade de canalizar suas emoções para
a homossexualidade. No campo do sentimento poderá casar-se e seguir o curso da
vida com as finalidades da procriação satisfeitas.
2) Espírito
acentuadamente feminino reencarna, naturalmente, no decurso da evolução, em
corpo masculino (Transição Reencarnatória).
É observado que o
indivíduo, embora esteja na polaridade masculina, traz estampadas algumas
nuances femininas bem consideradas. Revela alguns trejeitos marcantes do sexo
feminino, como igualmente exibe um temperamento mais sensível, sem que seja
marcado como um efeminado e sequer um gay. Traz resíduo de estrutura
psicológica anterior, tratando-se de um fato normal, podendo casar-se com
facilidade e constituir-se um ótimo pai.
3)
Espírito acentuadamente feminino reencarna, naturalmente, por missão, em corpo
masculino ou vice-versa.
Para execução de
tarefas importantes no campo intelectual e moral da humanidade, o espírito,
ainda que esteja com a mente, acentuada, feminina, reencarna em corpo
dissociado de sua estrutura psicológica. Segundo André Luiz, em Ação e Reação,
capítulo 15, esses seres "(...) reencarnam em corpos que lhes não
correspondem aos mais recônditos sentimentos (...) ressaltando também o guia
espiritual "que se lhes vale da renúncia construtiva para acelerar o passo
no entendimento da vida e no progresso espiritual".
Na primorosa obra Vida
e Sexo, capítulo 21, Emmanuel nos revela que esses missionários "Escolhem
com isso viver temporariamente ocultos na armadura carnal, com o que se
garantem contra arrastamento irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a
perseverarem, sem maiores dificuldades, nos objetivos que abraçam".
Nesse caso, estão sendo
apontados os irmãos que ainda se encontram presos a uma polaridade sexual
determinada e reencarnam para determinada missão, necessitando para isso de corpos
físicos que não lhes satisfazem o íntimo. Porém, lhes dão maior segurança e
tranquilidade para a execução de importante tarefa em benefício da humanidade,
principalmente, participando da chamada castidade construtiva, solidão afetiva,
canalizada por processo psicológico de sublimação, para a boa concretização do
trabalho a ser desempenhado.
Nos arraiais do
movimento espírita, principalmente, exercendo a mediunidade, encontramos muitos
desses irmãos, em caminhada terrena, em abençoadas missões de amor e idealismo
superior. Como exemplo marcante, destacamos nosso querido Francisco Cândido
Xavier, vitorioso na tarefa para a qual se propôs executar.
Por dever de
consciência e respeito à excelsa Doutrina Espírita, que nos exorta ao exercício
da racionalidade, da criticidade e repúdio a qualquer forma de fanatismo,
devemos ressaltar que o estimado Chico Xavier, como individualidade imortal,
ainda deverá transitar por outras fileiras encarnatórias na faixa masculina, já
que se apresentou, na passada existência, como um ser com mente essencialmente
feminina, praticando a castidade construtiva, necessitando de maior vivência e
experimentações na polaridade masculina.
Importante, igualmente,
ressaltarmos que o nosso Chico não desejou e, certamente, não está desejando
ser idolatrado. Se realmente o amamos, devemos sempre lhe emitir vibrações de
amor para que ele, onde estiver, as receba, sabendo de nossa estima e
consideração. Certamente, as exteriorizações amorosas, que enviamos para ele,
servirão para dar-lhe maior sustento e energia, quando tiver que reencarnar de
novo na polaridade masculina, tendo a bendita chance de poder viver, então, uma
personalidade forte e vigorosa, contrair matrimônio e, consequentemente,
ser responsável pela educação paterna dos filhos.
Através da abençoada
mediunidade de Chico Xavier, afirma o seu estimado mentor, na obra Vida e Sexo,
capítulo 21, que "(...) a individualidade em trânsito, da experiência
feminina para a masculina ou vice-versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará
fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos,
em que pese ao corpo deformação masculina que o segregue, verificando-se
análogo processo com referência à mulher nas mesmas circunstâncias".
4) Espírito
acentuadamente masculino reencarna, em processo de expiação, no decurso da evolução,
em corpo feminino.
Por que o espírito, com
mente masculina expressiva, reencarna em corpo morfologicamente feminino, em
processo de expiação? A explicação surge de forma esclarecedora pelo instrutor
espiritual Silas, através da transcrição realizada por André Luiz, no livro
Ação e Reação, capítulo 15: "(...) em muitas ocasiões, quando o homem tiraniza
a mulher, furtando-lhe os direitos e cometendo abusos, em nome de sua pretensa
superioridade, desorganiza-se ele próprio a tal ponto que, inconsciente e
desequilibrado, é conduzido pelos agentes da lei Divina a renascimento
doloroso, em corpo feminino, para que, no extremo desconforto íntimo, aprenda a
venerar na mulher sua irmã e companheira, filha e mãe, diante de Deus
(...)".
Conforme
já foi descrito no capítulo 2, o espírito experimentando intenso sofrimento
exterioriza vibrações doentias e, no momento da bendita reencarnação, por misericórdia
divina, exatamente durante o processo de fecundação, exerce atração sobre um espermatozoide
contendo o cromossomo X, já que o seu campo mental está direcionado
patologicamente para o sexo oposto, embora esteja situado em uma faixa sexual
preponderantemente masculina.
A lei de causa e efeito
segue o seu curso natural, tendo o homem o livre-arbítrio para percorrer o
caminho que deseje traçar, porém, sua consciência sempre ecoará no momento certo
(a semeadura é livre, a colheita será sempre obrigatória). Em existência
passada, tendo sido egoísta, subjugou a mulher, desrespeitando-lhe a natureza,
utilizando o sexo de forma ultrajante. Agora, reencarnado em um corpo feminino,
aprenderá a respeitar a todos aqueles que estão situados nessa polaridade.
Durante a infância,
notará de antemão ser possuidor de um problema de ordem expiatória em um corpo
dotado de sexo de periferia totalmente contrário ao sexo de profundidade
preponderante. Pensará e poderá agir de forma diferente do sexo de que é
portador. Corpos femininos albergando um psiquismo essencialmente masculino, podendo
com facilidade caminhar para o lesbianismo.
5) Espírito
acentuadamente feminino reencarna, em processo de expiação, no decurso da evolução,
em corpo masculino.
Qual a explicação espiritual
para a gênese do transexualismo masculino? O estimado Espírito André Luiz, no
livro Ação e Reação, capítulo 15, nos transmite a seguinte revelação:
"(...) à mulher criminosa que, depois de arrastar o homem à devassidão e à
delinquência, cria para si mesma terrível alienação para além do sepulcro,
requisitando, quase sempre, a internação em corpo masculino, a fim de que, nas
teias do infortúnio de sua emotividade, saiba edificar no seu ser o respeito
que deve ao homem, perante o Senhor".
O transexual masculino
foi mulher, em vida pretérita, que viveu paixões aviltantes, causando
sofrimentos e tragédias, aprisionado nas teias do sexo destoante, acarretando
males significativos na vestimenta espiritual e dando causa a vibrações de ordem
sexual inteiramente desarmônicas, completamente diferentes do campo sexual mais
marcante no psiquismo de profundidade. Ao reencarnar, vibrando intensamente de
forma desarmônica para o sexo masculino, faz a penetração no óvulo de um espermatozoide,
contendo o cromossomo masculino Y. Embora possua psiquismo preponderantemente
feminino, nascerá em corpo masculino e, com muita facilidade, desembocará no
comportamento GAY.
Poderá
repetir o mesmo comportamento da existência passada, aprisionada que estava nas
garras da prostituição, saindo às ruas, agora, vestido de mulher, procurando
infelizes clientes, contudo sem desfrutar do sexo de periferia anterior,
feminino por excelência, sentindo-se castrada já que não possui o órgão sexual
feminino, essencial e idolatrado por ela, em existência anterior.
É
importante considerarmos que as pessoas, que sentem necessidade de se vestir
com roupas do sexo oposto, necessariamente não são transexuais, nem homossexuais.
Apenas a minoria deles faz parte desses grupos. O travestismo trata-se, certamente,
de hábito arraigado, perfeitamente explicado pela doutrina do nascer de novo.
Na
obra espírita "Loucura e Obsessão, capítulo 6, editada pela FEB, é descrito
com detalhes o drama de um jovem transexual, chamado Lício, que experimentando
a homossexualidade egodistônica consegue obter a reversão do quadro, devido à
ajuda dispensada por magnânimos benfeitores espirituais.
Américo
Domingos Nunes Filho
Fonte: A Casa do Espiritismo