Enquanto o homem não aceitar a realidade de sua própria sobrevivência, além da morte do corpo físico, ele não se sentirá verdadeiramente motivado a trabalhar em sua melhoria íntima.
E, sendo assim, consequentemente, o progresso moral da Humanidade não passará de mera aspiração de espíritos idealistas, que sonham o mesmo sonho que Jesus sonhou, e continua a sonhar para todos os homens na Terra.
Por este motivo, tanto quanto possível, os nossos esforços devem se concentrar em torno da bandeira da Imortalidade, porquanto somente ao admiti-la é que o espírito se sentirá responsável pelos seus atos, conferindo à sua existência um sentido ético.
Exortamos, pois, a encarnados e desencarnados, para que, juntos, continuemos a trabalhar na propagação das ideias que induzam o homem a refletir na continuidade da vida na Vida de além-túmulo.
Para tanto, precisamos de que o Espiritismo prossiga na condição de doutrina pujante e sempre atual, sem, contudo, perder fidelidade aos seus alicerces, que, não obstante, foram fincados com o objetivo de servirem de estrutura lógica ao edifício que apenas começa a se levantar, com o propósito de tocar o firmamento...
Carecemos de articulistas que, dos Dois Lados da Vida, através da palavra falada e escrita, forneçam suficiente material de reflexão às criaturas, a fim de que o Espiritismo, como o disse Kardec, possa ser a “Ciência do Infinito”, e não tão somente mais um “ismo” a se bater pelo maior número possível de adeptos, qual se semelhante hegemonia matemática pudesse conferir autenticidade espiritual aos princípios que defende.
A razão não mais concebe um Mundo Espiritual mágico, de natureza sobrenatural – aliás, este, além de ter sido o grande equívoco das religiões em geral, vem, igualmente, se transformando em grande empecilho para que o Espiritismo continue a se difundir entre os espíritos de bom senso, pois que, infelizmente, há uma grande tendência em se fazer da Doutrina herdeira teológica do Catolicismo, apenas com o refundir conceitos que se atrelam a uma nova terminologia.
Para muitos adeptos do Espiritismo, “Nosso Lar” veio de substituir o Céu dos eleitos, o Umbral, o Purgatório, e as Trevas, as Regiões Infernais...
Evidentemente, que tais conclusões não passam de grande equívoco de interpretação, haurido na leitura superficial que se faz das obras de André Luiz, pois o que referido Autor pretendeu foi justamente demonstrar que a Crosta Terrestre, morada temporária dos homens, não é mais que singelo degrau na escada das Dimensões nas quais, sem solução de continuidade, a Vida se manifesta no contexto da Criação Universal.
Conceitos como Reencarnação, Desencarnação, Perispírito e Mundo Espiritual, precisam, urgentemente, se ampliar, pois, caso contrário, a questão de se entrar e sair do corpo, em termos de lucidez e libertação do pensamento para o espírito, continuará significando quase nada, como, infelizmente, há séculos e séculos, quase nada, em termos éticos, vem significando, por exemplo, para os adeptos do Hinduísmo, do Budismo, ou de quaisquer outras filosofias que admitam a Palingenesia.
Os obstáculos a serem vencidos são imensos, porque, sem dúvida, em nosso próprio campo doutrinário, existem resistências, mas, afinal, este é o nosso desiderato evolutivo – enfrentar resistências dentro e fora de nós mesmos!
Doravante, toda e qualquer doutrina religiosa que, rapidamente, não se vincular ao avanço da Ciência ficará ultrapassada, mas toda a Ciência do mundo que não se iluminar no Evangelho do Cristo terminará por se transformar em instrumento de infelicidade dos que pretende beneficiar com as suas conquistas.
Que o Senhor nos auxilie no propósito de, incansavelmente, prosseguir trabalhando pelo fortalecimento da Doutrina que, na atualidade, se lhe fez depositária das Palavras de Vida Eterna, porque, ouso afirmar, neste século em que apenas cumpriu com pouco mais que seu primeiro decênio de luta, ela é o último reduto da esperança de que o homem não ceda de vez ao materialismo, e, com simples apertar de botões, não venha a transformar este mundo numa imensa bola de fogo!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 30 de Dezembro de 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário