terça-feira, 13 de maio de 2014

Uma realeza terrestre


Depoimento de uma rainha que se vê no plano espiritual.
Quem poderia, melhor do que eu compreender a verdade destas palavras de Nosso Senhor: Meu reino não é deste mundo?
O orgulho me perdeu sobre a terra.
Quem, pois, compreenderia o nada dos reinos do mundo, se eu não o compreendesse?
O que foi que eu levei comigo, da minha realeza terrena? 
Nada, absolutamente nada. E como para tornar a lição mais terrível, ela não me acompanhou sequer até o túmulo!
Rainha eu fui entre os homens, e rainha pensei chegar ao reino dos céus. Mas que desilusão! E que humilhação, quando, em vez de ser ali recebida como soberana, tive de ver acima de mim, mas muito acima, homens que eu considerava pequeninos e os desprezava, por não terem nas veias um sangue nobre!
Oh, só então compreendi a fatuidade dos homens e das grandezas que tão avidamente buscamos sobre a Terra!
Para preparar um lugar nesse reino são necessárias à abnegação, a humildade, a caridade, a benevolência para com todos. Não se pergunta o que fostes que posição ocupastes, mas o bem que fizestes, as lágrimas que enxugastes.
Oh, Jesus! Disseste que teu reino não era deste mundo, porque é necessário sofrer para chegar ao céu, e os degraus do trono não levam até lá. São os caminhos mais penosos da vida os que conduzem a ele.
Procurai, pois, o caminho através de espinhos e abrolhos e não por entre as flores!
Os homens correm atrás dos bens terrenos, como se os pudessem guardar para sempre. Mas aqui não há ilusões, e logo eles se apercebem de que conquistaram apenas sombras, desprezando os únicos bens sólidos e duráveis, os únicos que lhes aproveitariam na morada celeste, e que lhes podiam abrir as portas dessa morada.
Tende piedade dos que não ganharam o reino dos céus. Ajudai-os com as vossas preces, porque a prece aproxima o homem do Altíssimo. É o traço de união entre o céu e a terra.
Não os esqueçais!

Uma rainha de França- Havre, 1863.

O Evangelho Segundo o Espiritismo- Cap. II

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