sábado, 1 de junho de 2013

Curso Sintetizado da Doutrina Espírita

1ª aula: DEUS EXISTE?

Aprende-se na Doutrina Espírita que a existência de Deus, causa primária de tudo o que existe, é a base sobre a qual repousa o edifício da criação universal.
Acreditar na existência de Deus é ponto fundamental para a compreensão da grande equação da vida. Muito mais importante que acreditar é sentir e compreender que a existência de um Ser Superior sempre foi é e será um princípio que o homem jamais deixará de buscar.
Sabe-se que a inteligência humana não é a causa da vida, nem é suficiente para manter ou conservar o poder da vida.
Quem, então, seria a causa? 
A Doutrina Espírita responde sem hesitar: Deus!
A linguagem humana é, entretanto, impotente para exprimir a ideia do Ser Infinito. Desde que o homem utiliza termos e nomes limitados em seus conceitos, limita o que é sem limites.
Todas as definições são insuficientes e, de certo modo, induzem a erro, mas, pouco a pouco, com as revelações espirituais, o homem começa a entrever a evolução grandiosa da vida e o significado maior das palavras de Jesus: “Meu Reino não é deste mundo".
A Doutrina Espírita ajuda o homem a perceber que tudo revela e manifesta a presença divina, especialmente após esclarecimentos feitos pelos Espíritos, sem alegorias, dando às coisas um sentido claro e preciso que não possa ser objeto de nenhuma falsa interpretação.
Os Espíritos ensinam que a maravilhosa obra da criação não pode ser obra do acaso, porquanto todo efeito INTELIGENTE tem de decorrer de uma causa INTELIGENTE.
Allan Kardec narra (
GÊNESE DE ALLAN KARDEC, cap. II, item 6- parágrafo 2º), um exemplo significativo desta afirmação:” Ao se contemplar um relógio, por exemplo, de mecanismo complexo e engenhoso, poder-se-ia dizer que ele é um relógio inteligente, que se fez a si mesmo? Ou então que aquela obra-prima teria saído do nada? Ou que foi criação de um cérebro ignorante? "
A existência de Deus, é, pois uma realidade comprovada não somente pela revelação, como pela evidência material dos fatos. Observando-se a grandiosidade da vida, do micro ao macrocosmo, deduz-se a existência de uma suprema e soberana inteligência, infinita em todas as perfeições, que se denomina Deus.
O homem não deve procurar Deus nos templos de pedra ou de mármore e sim no templo eterno da natureza, no espetáculo dos mundos a percorrerem o infinito, seja na Terra, nos esplendores da vida que se expande em sua superfície, em suas planícies, vales, montanhas e mares, que a morada terrestre oferece, seja na potente máquina do Universo que se agita, silenciosamente, nos bilhões de sóis e outros astros que a compõem.
Assim, o homem sentirá a majestade de um poder misterioso, de uma Inteligência, que não se impõe, mas que está no seio das coisas, e cuja presença as revela ao pensamento e ao coração.
Deus está assim, em cada uma das criaturas, no templo vivo da consciência humana que somente precisa desenvolver suas percepções para reconhecê-lo.
O princípio espiritual ou alma é corolário (consequência de uma verdade já estabelecida) da existência de Deus; sem esse princípio Deus não teria razão de ser, visto que não poderia conceber a soberana inteligência a reinar, pela eternidade afora, unicamente sobre a matéria bruta, como não se poderia conceber que um monarca terreno, durante toda a sua vida, reinasse, exclusivamente sobre pedras.

2ª aula: ATRIBUTOS DA DIVINDADE

O Homem pode compreender a natureza íntima de Deus?
R: Não; é um sentido que lhe falta.

Um dia será dado ao homem compreender o mistério da Divindade?
R: Quando seu espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e, pela sua perfeição, estiver próximo dele, então, ele o verá e o compreenderá.

* A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade (infância espiritual e não do corpo físico), o homem o confunde, frequentemente, com a criatura, da qual lhe atribui às imperfeições. Mas, à medida que o senso moral se desenvolve nele, seu pensamento penetra melhor o fundo das coisas, e dele faz uma ideia mais justa e mais conforme a sã razão, embora sempre incompleta.·.
Se não podemos compreender a natureza íntima de Deus, podemos ter uma ideia de algumas de suas perfeições?
R: Sim, de algumas. O homem as compreende melhor à medida que se eleva acima da matéria; ele as entrevê pelo pensamento.·.
Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, não temos uma ideia completa dos seus atributos?
R: Do vosso ponto de vista, sim, porque credes tudo abraçar. Mas sabei bem que há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente, e para as quais vossa linguagem limitada às vossas ideias e às vossas sensações, não tem expressão adequada. A razão vos diz, com efeito, que Deus deve ter essas perfeições no supremo grau, porque se o tivesse uma só de menos ou não fosse de um grau infinito, ele não seria superior a tudo, e, por conseguinte não seria Deus.
Por estar acima de todas as coisas, Deus não deve suportar nenhuma vicissitude e não ter nenhuma das imperfeições que a imaginação pode conceber.
DEUS É ETERNO: Se Ele tivesse tido um começo, teria saído do nada, ou teria sido criado, Ele mesmo, por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.
É IMUTÁVEL: Se estivesse sujeito às mudanças, as leis que regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade.
É IMATERIAL: quer dizer, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, de outro modo Ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.
É ÚNICO: Se houvesse vários deuses, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder no ordenamento do Universo.
É TODO-PODEROSO: porque é único. Se não tivesse o soberano poder, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto Ele; não teria feito todas as coisas, e as que não tivessem feito seriam obras de um outro Deus.
É SOBERANAMENTE JUSTO E BOM: A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite duvidar da sua justiça, nem da sua bondade.
                                                                                    (O LIVRO DOS ESPÍRITOS LIVRO I CAP. I ITENS 10 A 13)


3ª aula: HÁ ESPÍRITOS?

Sempre houve, em todos os tempos, entre todos os povos e em todos os lugares, a ideia da existência de um Ser, além da matéria, dirigindo ou supervisionando a vida dos homens. É um anseio transcendental ou adoração, como o resultado de um sentimento inato do homem que, por sua fraqueza, se curva diante daquele que o pode proteger.
Eminentes antropólogos e sociólogos concordam em reconhecer que a crença na sobrevivência do espírito humano se mostra universal.
Não importam os motivos de sua origem, manifestações divinas, ignorância, medo, fraqueza, sonhos, fantasmas, força mental, produzindo efeitos. O que não se pode negar, simplesmente pela razão, sob o ponto de vista dos materialistas, é que tudo isto tem sido imaginação ou produto construído por grupos interessados na dominação dos homens, tendo em vista a posse do poder.
Esta crença em Deus e no Mundo Espiritual, se não pode ser aceita pela razão, em sua plenitude, deve, pelo menos, ser observada como um indício muito forte de que há alguma coisa além da matéria visível, conhecida pela Ciência humana.
Não são resultados de teorias preconcebidas, mas consequências de uma interação do "Eu" com o universo que o rodeia.
Desde que se admita a existência da alma (espírito encarnado), forçoso será reconhecer que sua natureza difere da do corpo, visto que separada dele pela morte, deixa de ter as propriedades peculiares ao corpo.
Qual é a sua natureza? Mantém a individualidade? Pode comunicar-se conosco? São anjos ou demônios? Onde ficam, no "Céu", no "Inferno" ou no "Purgatório?”
As almas que povoam o Espaço são precisamente o que se chama Espírito. Assim, pois, os espíritos não são senão as almas dos homens, despojadas do invólucro corpóreo (corpo material).
Diz Allan Kardec que muitas pessoas há, entretanto, cuja crença não vai além desse ponto; que admitem a existência da alma e, consequentemente, a do espírito, mas que negam a possibilidade de nos comunicarmos com eles, pela razão, dizem, de que seres imateriais não podem atuar sobre a matéria.
Esta dúvida se assenta na ignorância da verdadeira natureza dos espíritos, dos quais em geral fazem ideia muito falsa, supondo-os erradamente seres abstratos, vagos e indefinidos, o que não é real.
O que importa afirmar, neste primeiro passo, é que o espírito não é uma abstração; é um ser limitado e circunscrito, que só falta ser visível e palpável, para se assemelhar aos seres humanos. Tem um corpo espiritual, pode atuar sobre a matéria e pode comunicar-se com o homem.
Se o homem crê em Deus, na existência da alma e em sua sobrevivência após a morte, por que não estudar as manifestações mediúnicas, tão lógica e racionalmente expostas na Codificação de Kardec, sem medo de ofender a este mesmo Deus que ama e sem medo dos espíritos que são almas dos próprios homens mortos?
Por que não descobrir, sabendo racionalmente e não simplesmente crendo, que os espíritos tem uma vida dinâmica, que eles podem comunicar-se com os encarnados; que pensam, sentem, trabalham, estudam, amam; que a vida continua, para todos, após a morte do corpo físico?
Por que não pensar que "só o simples fato da possibilidade de comunicação com os seres do mundo espiritual tem consequências incalculáveis do mais alto valor?
É todo um mundo novo que se nos revela e que assume tanto mais importância quanto mais atinge todos os homens, sem exceção.
Com sua generalização, este conhecimento não pode deixar de causar uma profunda modificação nos costumes, no caráter, nos hábitos e nas crenças, que tem tão grande influência nas relações sociais.
É uma revolução total que se opera nas ideias, revolução esta tanto maior, tanto mais poderosa, por não achar circunscrita a um só povo, a uma só casta, mas por atingir simultamente, pelo coração, todas as classes, todas as nacionalidades, todos os cultos".

                         Bibliografias: O Espírito e o Tempo- J.Herculano Pires, Cap.I - O Livro dos Médiuns, Cap.I nº 1 FEESP
                                                                                                (Gênese, de Allan Kardec- Cap.I nº 20)

4ª aula: PARTE 1- COMUNICAÇÕES COM O MUNDO INVISÍVEL

Sendo admitidas, a existência, a sobrevivência e a individualidade da alma, o Espiritismo reduz-se a uma só questão principal: AS COMUNICAÇÕES ENTRE AS ALMAS E OS VIVENTES SERÃO POSSÍVEIS?
Essa possibilidade foi demonstrada pela experiência; e uma vez estabelecido o fato das relações entre os mundos visível e invisível, e conhecidos à natureza, o princípio e o modo dessas relações, abriu-se um novo campo à observação e encontrou-se a chave de um grande número de problemas.
Fazendo cessar a dúvida sobre o futuro, o Espiritismo é um poderoso elemento de moralização.
O que faz nascer na mente de muitas pessoas a dúvida sobre a possibilidade das comunicações de além-túmulo, é a ideia falsa que fazem do estado da alma depois da morte.
Figuram ser ela um sopro, um fumo, uma coisa vaga, apenas abordável ao pensamento, que se evapora e vai não se sabe para onde, mas para lugar tão distante que se custa a compreender que ela possa tornar a Terra.
Se, ao contrário, a considerarmos ainda unida a um corpo fluídico, semi material, formando com ele um ser concreto e individual, as suas relações com os viventes nada tem de incompatível com a razão.
O mundo invisível, estando entrelaçado com o meio visível, com o qual está em contato perpétuo, dá em resultado uma incessante reação de cada um deles sobre o outro, e bem assim demonstra que, desde que houve homens, houve também espíritos, e que estes tem o poder de se manifestar, deviam tê-lo feito em todas as épocas e entre todos os povos.
Entretanto, nestes últimos tempos as manifestações dos espíritos tomaram grande desenvolvimento, e adquiriram maior caráter de autenticidade, porque estava nas vistas da Providência pôr um termo à praga da incredulidade e do materialismo, mediante provas evidentes, permitindo aos que deixaram a Terra, vir atestar sua existência e revelar-nos sua situação feliz e infeliz.

5ª aula: PARTE 2- COMUNICAÇÕES COM O MUNDO INVISÍVEL

Os espíritos entram em comunicação com os homens, tanto através do pensamento como por meios visíveis.
Existem dois tipos de manifestações:
- As espontâneas- quando são presenciadas por qualquer pessoa independente de acreditar ou não no espiritismo, dando a isso muitas vezes o caráter de sobrenatural ou imaginação, alucinação.
-As provocadas- que são realizadas por pessoas dotadas de faculdades especiais, designadas pelo nome de Médiuns 
Os espíritos podem se manifestar de várias maneiras diferentes: Pela visão, audição, tato, produzindo ruídos, movimentando objetos, pela escrita, desenhos, músicas, etc...
Raramente hoje em dia, mas no início do espiritismo, os espíritos usavam muito os efeitos físicos, que eram manifestações através de pancadas e ruídos; meios que empregavam para atestar sua presença e chamar a atenção para si, tal como acontece a nós quando batemos na porta para sermos atendidos.

6ª AULA: ENTENDENDO O PERISPÍRITO

Ao contrário do que muitos pensam que os espíritos são uma classe à parte na Criação, eles nada mais são do que as almas daqueles que viveram na Terra ou em outros mundos.
Aquele que admite a sobrevivência da alma ao corpo, admite pelo mesmo motivo, a existência dos espíritos: negar os espíritos seria negar a alma.
Muitos fazem uma ideia muito falsa dos espíritos. Imaginam seres vagos e indefinidos, como chamas, vento ou fantasmas andando de lençol ao rosto. 
São seres, nossos semelhantes, tendo como nós um corpo, mas um corpo fluídico e invisível no estado normal.
Quando a alma está unida ao corpo durante a vida, ela tem um duplo invólucro: um pesado, grosseiro e destrutível- o corpo; o outro fluídico leve e indestrutível, chamado perispírito.
Há, pois, no homem três elementos essenciais:

1º A alma ou espírito, princípio inteligente em que reside o pensamento, à vontade e o senso-moral
2º O corpo, invólucro material que põe o espírito em relação com o mundo exterior
3º O perispírito, invólucro fluídico, leve, imponderável, que serve de laço e de intermediário entre o espírito e o corpo.

Quando o corpo material está gasto e não pode mais funcionar, morre, e o espírito o abandona como o fruto que se livra da casca, como se deixa uma roupa.
A fruta sem a casca não deixará de ser fruta, assim como o homem sem sua vestimenta de carne não deixará por isso de ser o que era quando encarnado.
A morte é apenas a destruição do corpo, que a alma abandona, conservando, porém seu corpo fluídico ou perispírito.
A morte do corpo liberta o espírito do laço que o prende a Terra e o fazia sofrer; e uma vez liberto desse fardo, não lhe resta mais que o seu corpo etéreo, que lhe permite percorrer o espaço e transpor as distâncias com a rapidez do pensamento.
A união da alma, do perispírito e do corpo material, constitui o homem; a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado espírito.
A alma é assim um ser simples; o espírito um ser duplo e o homem um ser triplo.

7ª aula: A MORTE NOS TRANSFORMA EM ANJOS?

Uma ideia quase geral, entre os que não conhecem o Espiritismo, é a de crer que os espíritos, pelo simples fato de estarem desprendidos da matéria (corpo), devem saber tudo, estar de posse da sabedoria suprema. É UM GRAVE ERRO.
Não sendo mais que as almas dos homens, os espíritos não adquirem a perfeição logo que deixam o corpo terreno. Seu progresso só se faz com o tempo, e não é senão paulatinamente que ele se livra das suas imperfeições e conquista os conhecimentos que lhe faltam.
Seria tão ilógico admitir que o espírito de um selvagem ou de um criminoso se torna de repente sábio e virtuoso, como seria contrário à justiça de Deus supor que esse mesmo espírito continue perpetuamente em inferioridade.
Como há homens de todos os graus de saber e ignorância, de bondade e malvadez, o mesmo ocorre com os espíritos.
Alguns destes são apenas frívolos e travessos; outros são mentirosos, fraudulentos, hipócritas, maus e vingativos;
Outros, pelo contrário, possuem as mais sublimes virtudes e o saber em grau desconhecido na Terra.
Essa diversidade nas qualidades dos espíritos é um dos pontos MAIS IMPORTANTES a considerar, por explicar a natureza boa ou má das comunicações que se recebem;
É em distingui-las que devemos empregar todo o nosso cuidado!

8ª AULA: ALTERNATIVAS DA HUMANIDADE EM RELAÇÃO AO MUNDO ESPIRITUAL

A suprema alternativa é a questão da sobrevivência ou não da alma ou da existência ou não do Mundo Espiritual.
O Mundo Espiritual existe? Que será o homem após a morte? Tem ou não uma alma? Viverá eternamente ou tudo se extinguirá com sua morte?
Diferentes doutrinas procuram esta verdade e diferentes são as alternativas humanas ante a realidade ou não do Mundo Espiritual.
Para a grande maioria dos homens algo existe além da matéria, mas ainda aí se subdividem.
As principais correntes do pensamento humano sobre a existência ou não da alma resumem-se em três alternativas fundamentais:
O Nada - Materialismo
A absorção da alma pelo todo- Panteísmo
A subsistência da alma (como individualidade) depois da morte.

MATERIALISMO

Para o materialista o Mundo Espiritual não existe. Nada existe além da matéria.
O niilismo, doutrina pela qual o homem se reduz ao nada, após a sua morte, constitui a base do materialismo, filosofia pela qual a realidade é exclusivamente de natureza material, sendo o espiritual apenas uma PROPRIEDADE ou um PRODUTO da matéria.
Para os materialistas a "alma" é apenas um efeito e não uma causa, não sendo mais que um conjunto dos fenômenos da consciência, como o sentimento, o pensamento, à vontade.
Em síntese, para esta concepção filosófica, a "alma" é um produto do cérebro, como a bílis o é do fígado, segundo afirmou Taine.
Esta doutrina afirma que a matéria ou as condições concretas materiais são suficientes para explicarem todos os problemas mentais, sociais ou históricos, de conhecimento, etc..., sem se prenderem a argumentos decorrentes da imaginação humana, como a existência de Deus ou dos espíritos.
Diz Allan Kardec que "... se, conforme pretendem os materialistas, o pensamento fosse segregado pelo cérebro, como a bílis o é pelo fígado, seguir-se-ia que, morto o corpo, a inteligência do homem e todas as suas qualidades morais recairiam no nada".
Para os materialistas "que negam a existência do princípio espiritual independente e, por conseguinte, o da alma individual e sobrevivente, toda a natureza está na matéria tangível; todos os fenômenos que se ligam à espiritualidade são a seus olhos sobrenaturais, e, por conseguinte, quiméricos;
Não se admitindo a CAUSA, não podem admitir o EFEITO, e quando os efeitos são patentes, eles o atribuem à imaginação, à ilusão, à alucinação, e recusam aprofundá-los.
Isto não quer dizer que os materialistas sejam maus ou viciosos, mas simplesmente que para eles não existe a vida futura, a vida eterna.

PANTEÍSMO

Para o panteísta existe um princípio inteligente, além do princípio material.
O panteísmo apresenta-se sob diferentes aspectos, pois há diversidade de interpretação para este mesmo gênero filosófico.
Panteísmo vem do grego: PAN, tudo, todos, e TEISMO, de teos, Deus.
Para uns, cada indivíduo, ao nascer, assimila uma parcela do princípio espiritual, que constitui sua alma.
Pela morte, esta alma volta ao foco comum e perde-se no infinito, qual a gota d'água no oceano.
Para outros, no Universo existe uma única alma, a de Deus. O mundo é um conjunto de suas manifestações e emanações. 
A alma de cada um é uma porção da Divindade e, após a morte, retorna à fonte comum.
Outros, ainda, afirmam que Deus é o conjunto de todas as inteligências, de todos os corpos da natureza, de todos os seres do Universo, isto é, Deus é concomitantemente Espírito e Matéria.
Todos os seres, todos os corpos na Natureza compõem a Divindade.

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Esse tipo de crença não se diferencia muito do materialismo visto que, acreditando que o espírito ao desencarnar se junta ao todo, perdendo assim sua individualidade, como a gota de água quando cai no oceano, é o mesmo que deixar de existir após a morte.

INDIVIDUALIDADE DA ALMA

Para a maioria dos homens, a alma é um ser moral, distinto e independente da matéria, conservando sua INDIVIDUALIDADE após a morte.
Dentre eles, porém, formam-se duas grandes correntes:
- A DOUTRINA DOGMÁTICA (Unicidade da existência)
- A DOUTRINA ESPÍRITA (Pluralidade das existências) ·.

DOUTRINA DOGMÁTICA

Para a doutrina dogmática, a alma independe da matéria, é criada no momento do nascimento do ser, sobrevive e conserva a individualidade após a morte.
A partir do momento que morre, sua sorte estará determinada conforme agiu em vida.
Ela será, pois, por toda a eternidade, o que era durante a vida, tanto em moral como em inteligência.
Sendo os maus condenados a castigos perpétuos e sem perdão no inferno, completamente inútil lhes resulta todo arrependimento.
Parece assim que Deus se nega a conceder-lhes a possibilidade de repararem o mal que fizeram.
Os que vão para o purgatório, não tem melhor situação, por não definirem quando poderão sair de lá e se merecerão um dia ganhar os céus.
Os bons são recompensados com a visão de Deus e a contemplação perene no céu, embora, algumas vezes, separando-se de seus mais caros afetos se esses, por sua vez, não tiveram uma boa conduta durante a vida.
Por esta doutrina a alma se associa ao corpo de modo a formar com ele uma só pessoa, sendo tal e essencialmente o seu destino.
Se uns viverem 100 anos enquanto outros morrerem nos primeiros anos de vida, se uns nascerem com problemas físicos e na pobreza, enquanto outros viverem na abundância, tudo é devido à vontade de Deus que distribui a vida de cada um como Lhe aprouver, fazendo assim distinção entre seus filhos.
Esta condição dogmática inviabiliza, ou seja, impossibilita, segundo eles, a comunicação entre vivos e mortos, pois os mortos não têm mais o corpo para sua manifestação.
Esta condição somente será restabelecida por ocasião da ressurreição no Juízo Final, quando os mortos então ressuscitarão e os vivos serão arrebatados.
Esta doutrina ensina, em resumo:
a) existência da alma e sua sobrevivência após a morte;
b) crença numa única existência
c) ressurreição dos mortos no Juízo Final
d) Impossibilidade da comunicação entre vivos e mortos, pois estes não são uma pessoa, ou seja, não possuem mais o corpo físico.
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DOUTRINA ESPÍRITA
Para a Doutrina Espírita, "o princípio inteligente independe da Matéria".
A alma individual preexiste e sobrevive ao corpo.
O ponto de origem é o mesmo para todas as almas, sem exceção.
Todas são criadas simples e ignorantes e sujeitas a progresso indefinido através das várias encarnações.
Em resumo, a Doutrina dos espíritos ensina, segundo este aspecto, que há:
- existência anterior da alma, ou seja, já existia antes do seu nascimento.
- sobrevivência após a morte do corpo físico, com um corpo espiritual ao qual chamamos Perispírito.
- Várias existências e a justiça nas aflições; Se sofre é porque escolheu caminhos errados, pois toda ação tem uma reação.
-Progresso dos espíritos, isto é, são criados simples e ignorantes e progressivamente chegam à perfeição.
- Comunicação dos espíritos com os homens como provam os diversos fatos espíritas.
Esta doutrina concebe, distintamente, Criador e Criatura, e nela a harmonia das Leis é obra do Criador e não o próprio Criador.
A Criação é a manifestação da vontade do augusto pensamento de Deus.

                                Bibliografia da 8ª aula- Obras Póstumas- As cinco alternativas da Humanidade- de Allan Kardec

9ª aula: Valor da Prece

" E quando orardes, não imiteis os hipócritas que costumam exibir-se, orando em pé nas sinagogas e nos cantos das ruas, para serem vistos pelos homens; em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa.
Mas, quando orardes, entrai no vosso quarto e, fechada a porta, orai a vosso Pai em secreto; e vosso Pai, que vê o que se passa em secreto, vos recompensará.
E quando orardes não faleis muito, como fazem os gentios, que pensam que é pelo muito falar que serão ouvidos. Não vos torneis, pois semelhantes a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes mesmo que lho peçais. “ (Mateus VI 5 a 8)

“Por isso vos digo; tudo o que pedirdes, orando, creia que o haveis de obter, e ser-vos-á dado.
Mas quando vos puserdes em oração, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lha, para que também vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os vossos pecados.
Pois, se vós não perdoardes também vosso Pai, que está nos céus, não vos perdoará os vossos pecados". (Marcos, XI, 24 a 26)

“E propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, como se fossem justos, e desprezavam os outros.
Subiram dois homens ao templo para orar; um era fariseu, o outro publicano.
O fariseu, posto em pé, orava no seu interior desta forma: - Graças te dou, ó Deus que não sou como os demais homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de tudo o que possuo.
O publicano, porém, mantendo-se a distância, não ousava sequer levantar os olhos para o céu, mas batia no seu peito, dizendo: - Ó Deus, tem piedade de mim pecador. 
Digo-vos que este voltou justificado para sua casa, e não o outro, porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado. " (Lucas, XVIII, 9 a 14)

***
As qualidades da prece, foram, assim, distintamente definidas por Jesus, quando nos recomendou que, ao orarmos, não procurássemos exibir-nos, mas que o fizéssemos sem afetação, em segredo, com simplicidade e sem muitas palavras, porque não será pelo muito falarmos que seremos ouvidos, mas pela sinceridade com que fizermos a prece.
Se tivermos algum ressentimento contra alguém, devemos perdoá-lo antes de orarmos, porque somente será agradável a Deus a prece dita com fé, com fervor e sinceridade, plena de caridade com o próximo.
Muitos contestam a eficácia da prece sob a alegação de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, será supérfluo que lhas exponhamos, acrescentando ainda que as nossas súplicas não podem modificar os desígnios de Deus, já que todo o Universo se encadeia por leis eternas e imutáveis.

Compreendemos e concordamos que as leis de Deus são eternas e sábias e devem ser cumpridas, porém, nem todas as circunstâncias de nossa vida estão submetidas à fatalidade.
Somos senhores de um livre arbítrio relativo para dele fazermos uso e tomarmos iniciativa, e se Deus nos deu raciocínio e inteligência foi para que deles nos servíssemos, assim como da vontade para querermos e da atividade para agirmos.
De nossa iniciativa se originam acontecimentos que escapam forçosamente à fatalidade e que nem por isso destroem a harmonia das leis universais; assim, Deus pode aceder a certos pedidos sem infirmar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, dependendo sempre isso do assentimento de Sua vontade.
Seria ilógico também concluir que basta pedirmos, para obtermos tudo o que quisermos.
Invariavelmente obteremos resposta para as nossas súplicas, porém a concessão nem sempre vem de acordo com nossos desejos, ou melhor, a imperfeita compreensão que temos das nossas verdadeiras necessidades nos leva a concluir, erradamente, sobre a não satisfação de nossos pedidos.

 “A prece é um ato de adoração.
Orar a Deus é pensar Nele;
É aproximar-se Dele;
É pôr-se em comunicação com Ele;

As três coisas podemos propor-nos por meio da prece:
LOUVAR, PEDIR, AGRADECER”

                                                                  Adaptação: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo

SE DEUS SABE TODAS AS COISAS, POR QUE PRECISAMOS ORAR?

Muitos contestam a eficácia da prece sob a alegação de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, será supérfluo que lhas exponhamos, acrescentando ainda que as nossas súplicas não podem modificar os desígnios de Deus, já que todo o Universo se encadeia por leis eternas e imutáveis.
Compreendemos e concordamos que as leis de Deus são eternas e sábias e devem ser cumpridas, porém, nem todas as circunstâncias de nossa vida estão submetidas à fatalidade.
Somos senhores de um livre arbítrio relativo para dele fazermos uso e tomarmos iniciativa, e se Deus nos deu raciocínio e inteligência foi para que deles nos servíssemos, assim como da vontade para querermos e da atividade para agirmos.
De nossa iniciativa se originam acontecimentos que escapam forçosamente à fatalidade e que nem por isso destroem a harmonia das leis universais; assim, Deus pode aceder a certos pedidos sem infirmar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, dependendo sempre isso do assentimento de Sua vontade.
Seria ilógico também concluir que basta pedirmos, para obtermos tudo o que quisermos.
Invariavelmente obteremos resposta para as nossas súplicas, porém a concessão nem sempre vem de acordo com nossos desejos, ou melhor, a imperfeita compreensão que temos das nossas verdadeiras necessidades nos leva a concluir, erradamente, sobre a não satisfação de nossos pedidos.

DEVEMOS ORAR COM SIMPLICIDADE

Como devemos nos comportar quando realizamos o evangelho no lar e qual o procedimento do Centro Espírita antes de todas as reuniões:
A oração deve existir no começo e no fim de cada sessão no centro espírita; no começo e fim de cada reunião em nosso lar.
No começo para elevarmos nossas almas e atrairmos os espíritos esclarecidos e bons, e no fim, para agradecermos os benefícios e ensinos que houvermos recebido.
Seja a nossa prece curta, humilde e fervorosa, muito mais um transporte do nosso coração do que uma fórmula decorada.
A prece, para ser eficaz, não deve ser uma recitação, mas um ato de vontade capaz de atrair as boas vibrações do Plano Espiritual e as irradiações do Divino Foco.
A prece deve ser improvisada de preferência, porque assim a preocupação do que estamos dizendo mais depressa prende a nossa atenção e favorece o nosso desprendimento.
Deve ser curta. Não é a quantidade de palavras que representa o verdadeiro sentimento da criatura.
 “A prece deve ser cultivada, não para que sejam revogadas as disposições da lei divina, mas a fim de que a coragem e a paciência inundem o coração de fortaleza nas lutas ásperas, porém necessárias.
A alma, em se voltando para Deus, não deve ter em mente senão a humildade sincera na aceitação de sua vontade superior". (Emmanuel, pg.19)
 “Ninguém pode imaginar, enquanto na Terra, o valor, a extensão e a eficácia de uma prece, nascida na fonte viva do sentimento" (Mediunidade no Lar- mensagem de Emmanuel).
Oração Dominical- De todas as preces, o "Pai Nosso", ou oração dominical, é a que por consenso comum ocupa o primeiro lugar, quer porque foi ensinada pelo próprio Mestre, quer porque a todas pode substituir, conforme o pensamento que se lhe atribui.
É o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade em sua simplicidade.
Apesar de breve, resumem nas suas sete proposições todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo.
É uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão, o pedido de coisas necessárias à vida e o princípio da caridade.

" Pai nosso que estais no Céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje. Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Assim seja." (Mateus VI, 9 a 13).
Em Lucas, acrescenta-se: "Pois vossos são o reino, o poder e a glória".

PERSEVERANÇA: HORÁRIO DOS TRABALHOS

Nas reuniões espíritas, nas palestras públicas, nos passes, tratamentos espirituais, organizadas de acordo com os princípios da Doutrina, devem existir ordem e disciplina, sendo a serenidade do ambiente condição essencial para o bom desenvolvimento dos trabalhos.
A disciplina deve começar pela observância do horário, para que sejam iniciados na hora marcada, se desenvolvam dentro do horário determinado e terminem na hora justa.
Assim, é importante a nossa colaboração nesse sentido, para que todos possamos tirar os melhores resultados desse esforço comum, já que, de sua parte, os nossos irmãos do plano invisível, muito antes que nós se empenham com dedicação e amor na preparação e organização de todos os elementos de colaboração para a feliz realização dos trabalhos a serem desenvolvidos durante a reunião.
Nada de verdadeiramente importante podemos adquirir sem trabalho e perseverança. Uma lenta e laboriosa iniciativa se impõe aos que buscam os bens superiores do Espírito.
Assim, sempre que nos encaminharmos ao centro espírita, deixemos de lado os problemas corriqueiros do dia a dia. As dificuldades que temos que enfrentar a impaciência, a agitação...
Para que possamos receber as benesses do Alto, devemos nos manter serenos, com o pensamento voltado ao Alto, em Jesus, para que nossas vibrações se elevem igualmente e possamos estar em condições de recebermos toda a assistência.
Nos tratamentos espirituais, a entrega ao amor do Pai, a confiança na melhor solução para nossos problemas, a fé, são de suma importância.
Lembremo-nos, porém que fé sempre vem aliada com ação e no plano material, a medicina comum, deve andar sempre junta com a assistência dos espíritos.
Perseverança, portanto; equilíbrio; postura correta, sem conversações banais; de preferência lendo mensagens positivas, orações, ou mesmo mentalizando palavras singelas em direção ao Mestre amado, operarão maravilhas em todos os que buscam ajuda espiritual.

10ª aula: O MAIOR MANDAMENTO

"Mas os fariseus, tendo sabido que Ele fizera calar os Caduceus, se reuniram em conselho. E um deles, que era doutor da lei, para o tentar fez esta pergunta: Mestre, qual é o grande mandamento da lei? Respondeu Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante ao primeiro, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contém toda a lei e os profetas."
                                        (Mateus, XXII, 34 a 40) Vejam-se também: (Marcos, XII, 28 a 34 e Lucas X, 25 a 28)

Verdadeiramente, Jesus proclamou por esses dois mandamentos, "Amar a Deus e ao próximo", que fazer isso vale muito mais do que seguir todas as fórmulas e todos os cultos, ou praticar holocaustos e fazer todos os sacrifícios, porque no amor a Deus e ao próximo está consubstanciada a única e universal religião, que há de levar o gênero humano à unidade e à realização de seus destinos, pela solidariedade na fraternidade.
Na mensagem maravilhosa de Jesus para as criaturas, Deus é Pai e os homens todos são irmãos!

Por esse mandamento maior o Mestre substituiu o decálogo, isto é, os dez mandamentos de Moisés, pois quem ama a Deus sobre todas as coisas, a ele unicamente presta culto, não adorando imagens de qualquer espécie; respeita o seu sagrado nome e santifica, não somente um dia, mas todos os dias da semana, todas as horas e todos os minutos. E quem ama o próximo como a si mesmo; honra seus pais, não mata, não adultera, não levanta falso testemunho, nem cobiça coisa alguma de quem quer que seja.
Quem ama o próximo, deseja ao semelhante o que quer para si. É o reconhecimento da Paternidade Divina, expandida na Fraternidade Universal. O amor ao próximo é a ponte que liga a criatura ao Criador.
Pelas palavras de Jesus, podemos entender que o único caminho da salvação é a prática da caridade com humildade, levando, por outro lado, ao caminho da perdição, o egoísmo e o orgulho.
Do amor ao próximo, como a nós mesmos, nasce a caridade e esta reside no socorro que devemos prestar aos nossos irmãos pela nossa inteligência, pelo nosso coração, com brandura e humildade, para não lhes tornar penoso receber o auxílio material, moral ou intelectual que lhes dispensamos.
Como está implícito no amor de Deus, a prática da caridade para com o próximo, todos os deveres do homem podem ser resumidos na máxima: "Fora da caridade não há salvação", pois tudo que se aprende em conceitos deve-se revelar, concretamente, na caridade das ações, essa é a verdade.
Como exigir ou esperar atitudes nobres dos semelhantes, se não se desenvolvem a paciência e a benevolência para com eles? E se o homem não praticar o amor ao próximo, como pode desejar ter a honra de conhecer Deus?

11ª aula AMOR E SABEDORIA

As coordenadas fundamentais da evolução humana resumem-se no Amor e na Sabedoria.
Fala Emmanuel que o espírito em sua evolução "pouco a pouco tece as asas do amor e da sabedoria com que, mais tarde, desferirá venturosamente os vôos sublimes e supremos na direção da Eternidade". (Roteiro, pag.2)
Em o Evangelho Segundo o Espiritismo lê-se: "Espíritas: Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana".
Estas afirmações simplesmente confirmam o primeiro e o maior fundamento: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração (sentimento, amor) e de todo o teu entendimento (saber).
Temos, pois, que o desenvolvimento das faculdades morais e intelectuais é fundamental para o progresso do espírito, que progride numa marcha ascendente; mas este progresso não se realiza simultaneamente em todos os sentidos. 
Num período, ele pode avançar em Ciência, noutro, em moralidade. Qualquer que tenha sido, entretanto, a decisão do espírito, neste ou naquele período de sua existência, a moral e a inteligência são duas forças que não se equilibram senão com o tempo.
Na Antiguidade, a Sabedoria era sinônimo de conhecimento e virtude e foi louvada por Salomão e os grandes filósofos gregos.
As marchas do progresso intelectual e moral nem sempre caminham juntas, realizando-se, primeiro, na maioria das vezes, o desenvolvimento da inteligência, vindo em sequência o desenvolvimento da moral, pela compreensão do bem e do mal que o espírito adquire com o desenvolvimento do seu livre arbítrio.
Com o progresso intelectual, o espírito reduz sua ignorância paulatinamente, conquistando a Sabedoria. Com o progresso moral elimina de si o mal, como tendência adquirida pelas sensações, emoções e paixões decorrentes das encarnações.
Diz André Luiz (Ação e Reação, cap.19), que "a evolução para Deus pode ser comparada a uma viagem divina. O bem constitui sinal de passagem livre aos cimos da Vida Superior, enquanto o mal significa sentença de interdição, constrangendo-nos a paradas mais ou menos difíceis de reajuste".

12ª aula: PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO

“E eis que se levantou um doutor da lei e lhe disse: - Mestre, que hei de eu fazer para entrar na posse da vida eterna? Disse-lhe então Jesus: - Que é o que está escrito na lei? Como a lês tu?
Ele, respondendo, disse: - Amará o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao próximo como a ti mesmo. E Jesus lhe disse: - Respondeste bem, faze isso e viverás.
Mas ele, querendo justificar-se, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? Jesus, prosseguindo, lhe disse:
Um homem descia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos dos salteadores, que o despojaram e espancaram e se foram, deixando-o semimorto.
Aconteceu que pelo mesmo caminho desceu um sacerdote, que o viu e passou de largo. Do mesmo modo um levita, que também foi ter àquele lugar, viu o homem e passou de largo. Um samaritano, porém, seguindo o seu caminho, veio onde estava o homem e ao vê-lo se encheu de compaixão.
Aproximou-se dele, pensou-lhe as feridas, deitando nelas óleo e vinho, colocou-o sobre a sua alimária e o levou para uma hospedaria, onde cuidou dele.
No dia seguinte, tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata desse homem e na minha volta te pagarei tudo quanto despenderes a mais.
Qual dos três te parece que tinha sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
Respondeu o doutor da lei: O que para com ele usou de misericórdia.
Pois vai, disse-lhe Jesus, e faze o mesmo. (Lucas, X, 25 a 37)

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As coisas do espírito, os mistérios de Deus, serão revelados como disse Jesus, dando graças ao Pai, aos pequeninos e humildes e escondidos aos sábios orgulhosos.
Também disse Jesus: “ Amai aos vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e caluniam”. “ Bem aventurados os humildes de espírito”. “Bem aventurados os que são misericordiosos”. “Amai ao vosso próximo como a vós mesmos”. “Fazei aos outros como quereríeis que vos fizessem”. “Não julgueis para não serdes “julgados, mas julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes aos outros”. “Perdoai sempre”. “Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem os consomem e os ladrões roubam”.
Todas estas coisas o Mestre ensinou, vivendo-as e muitas mais exemplificou, manifestando invariavelmente, nos seus ensinos, que tudo afinal se pode resumir na caridade e na humildade, virtudes essenciais essas, das quais todas as demais decorrem. Viveu-as na plenitude, apregoando-as sem cessar, assim como reprovou o orgulho e o egoísmo.
Jesus não pergunta se tais ou quais formalidades foram preenchidas, ou se estas ou aquelas exterioridades foram observadas, mas deseja saber tão só se a caridade foi exercida para com o próximo.
Não indaga da maneira de crer de cada um, nem faz distinção entre o herético, o infiel samaritano e o fariseu ortodoxo, mas considera-os todos irmãos; até muito ao contrário, como no caso da parábola que encabeça esta lição, o Mestre coloca o samaritano, considerado como herege, mas que tem amor ao próximo, acima do judeu ortodoxo e cheio de crença, mas a quem falta a caridade.
O que pratica a caridade como Jesus ensinou, com humildade, é manso, benevolente, indulgente e justo, ao passo que o orgulhoso é prepotente, agressivo, intolerante, hipócrita, discutidor e egoísta.

O primeiro, o que pratica a caridade, está no caminho da ascensão, é um evoluído, um unificador e que pertence à direita de Jesus; e o segundo, o orgulhoso e egoísta é o rebelde e negador, que ainda não alijou de si mesmo o instinto animal da fera que quer sempre agredir, é separatista e pertence à esquerda de Jesus.
Como vimos, a parábola foi proposta a um doutor da lei, a um judeu da alta sociedade da época que, para tentar ou experimentar o Mestre, inquiriu-o a respeito da vida eterna.
Pela resposta universalista do Cristo, podem os inquiridores de todos os tempos verificar que não há exclusivismos, nem privilégios no cumprimento da lei de Deus, bastando somente ter coração, alma e cérebro, isto é, ter amor, porque todo aquele que verdadeiramente ama auxiliará sempre o seu próximo.
Escreve o renomado escritor espírita, Paulo Alves Godoy, em “As Maravilhosas Parábolas de Jesus”, que, o grande mérito da Parábola do Bom Samaritano é de nos provar que o indivíduo que se intitula religioso e se julga expoente do sistema religioso oficial, nem sempre é o verdadeiro praticante das virtudes que, geralmente, são ensinadas em profusão, mas pouco exemplificadas.
O sacerdote que passou primeiramente pelo moribundo, atribuía a si qualidades excepcionais e se julgava zeloso cumpridor da lei e dos preceitos religiosos.
Certamente, balbuciou algumas palavras de rogativa a Deus, em favor do homem que ali estava, mas, daí, até a ajuda direta, a distância é enorme.
O samaritano, considerado réprobo pelos judeus, porém, conscientemente cumpridor dos seus deveres humanos, não se limitou a se condoer do moribundo, e sim, achegou-se a ele e o socorreu do melhor modo possível, levando-o, em seguida, a um lugar de pouso, onde o assistiu melhor e o recomendou ao estalajadeiro, prontificando-se a pagar todos os gastos.
A caridade foi, ali, dispensada a um desconhecido, e quem a praticou não objetivou retribuição de espécie alguma, o que escapa à quase generalidade dos casos, pois, na Terra, a maioria daqueles que se denominam religiosos objetivam, quando fazem qualquer bem, a recompensa dos Céus, fazendo que haja um interesse em jogo, uma expectativa de retribuição”.

13ª aula: Mas afinal teria Kardec criado um novo evangelho

A Boa Nova, Novo Testamento ou Evangelhos, é o ensinamento deixado por Jesus, significando o conteúdo de sua mensagem transmitida oralmente aos seus discípulos e por estes pregadas às primeiras gerações da cristandade.
Em livros surgiu, posteriormente, escritos sob inspiração divina, tornando-se a fonte viva da moral cristã para todos os povos da Terra.
O Evangelho do Cristo é lido em todas as igrejas cristãs e comentado pelos padres e pastores; é traduzido em todas as línguas, nas quais as palavras gregas, ou outras delas traduzidas, recebem diferentes conceituações, segundo o ponto de vista humano.
Os estudiosos, muitas vezes, confundem-se ante a diversidade da linguagem comparada, escrita ou falada, como se a mensagem de Jesus tivesse múltiplos sentidos, embora parte dela tivesse sido ensinada em parábolas e alegorias.
Muitos dos ensinamentos do Mestre Jesus foram deturpados ou dogmatizados ao longo do tempo e os erros que neles se enraizaram são de origem humana.
O Evangelho Segundo o Espiritismo é a mesma Boa Nova de Jesus, o mesmo Evangelho do Cristo, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João, codificado na Vulgara Latina pelo erudito padre Jerônimo, mas com a diferença de ser analisado e comentado à luz da Doutrina dos Espíritos.
Contém, por isso, os Atos da vida do Cristo, os milagres, as profecias, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o ensino moral cristão, porém sem “a forma alegórica e o misticismo intencional da linguagem” que, muitas vezes, prejudicam os preceitos de moral pregados pelo Mestre, Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, conforme ensina Allan Kardec, em sua introdução, reúne não tudo aquilo que está nos quatro evangelhos, mas “os trechos que podem constituir, propriamente falando, um código de moral universal, sem distinção de cultos.
Nas citações, conservou-se tudo o que era de utilidade ao desenvolvimento do pensamento; as máximas foram agrupadas e distribuídas metodicamente, segundo sua natureza, de maneira a que umas se deduzem das outras, tanto quanto possível”.
Cada capítulo é comentado por Kardec, sob o ponto de vista doutrinário, seguindo-se as “instruções dos Espíritos”, trazendo ao texto evangélico os esclarecimentos necessários ao bom entendimento e sem os preconceitos dos homens.

“O Espiritismo (como diz Edgard Armond, em O Redentor, prólogo) arrancou o Evangelho das sombras místicas das concepções dogmáticas e o apresentou ao povo, indistintamente, aberto e refulgente, expressivo e edificante, como a força que mais poderosamente realiza transformações morais, no mais íntimo das almas, e impulsiona os homens para as luzes da redenção”.
“Os espíritos não vêm, portanto, subverter a religião, como pretendem, alguns, mas vêm, pelo contrário, confirmá-la, sancioná-la através de provas irrecusáveis. “E como é chegado o tempo de substituir a linguagem figurada, falam sem alegorias, dando às coisas um sentido claro e preciso que não possa ser objeto de nenhuma falsa interpretação”.
(O Livro dos Espíritos, pergunta 101 a)
Muitos são os homens que se debruçam sobre os livros religiosos, buscando a verdade espiritual, seja sob o fundamento científico, seja sob o filosófico, mas como diz Emmanuel, em “Fonte Viva”, prefácio- “Sabemos que a retorta* não sublima o caráter e que a discussão filosófica nada tem que ver com caridade e justiça. Com todo o nosso respeito, pois, pela filosofia que indaga e pela ciência que esclarece, reconheceremos sempre no Espiritismo o Evangelho do Senhor, redivivo e atuante, para instalar com Jesus a Religião Cósmica do Amor Universal e da Divina Sabedoria sobre a Terra.

14ª aula: DAÍ DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBESTE

“Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expeli os demônios; dai de graça o que de graça recebestes.” (Mateus, 10, 8)
 “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas; porque devorais as casas das viúvas, com pretextos de longas orações; por isso sofrereis um juízo mais rigoroso.” (Mateus, 23, 14)
 “Dai de graça o que de graça recebestes”, disse Jesus aos discípulos, recomendando-lhes, dessa forma, que não aceitassem pagamento pela dispensação dos bens, cuja obtenção nada lhes houvesse custado, isto é, que nada cobrassem dos outros por aquilo que não pagaram.
O que eles receberam, gratuitamente, foi à faculdade de curar os doentes e expulsar os demônios, ou seja, os maus espíritos.
Esse dom lhes fora dado de graça, para que aliviassem os que sofriam e ajudassem a propagação da fé e, por isso, lhes prescrevera o Mestre que não o transformassem em artigo de comércio, ou de especulação e muito menos em meio de vida.
Também disse Jesus: “Não façais pagar as vossas preces; não façais como os escribas que a pretexto de longas orações, devoram as casas das viúvas. 
“ A prece é um ato de caridade, um impulso do coração, e ao fazer alguém pagar por esse ato de intercessão junto a Deus, em favor de outrem, é transformar-se em intermediário assalariado, tornando-se, assim, a prece uma simples fórmula, dependente da soma recebida.
Deus não vende os benefícios que concede, e seria absurdo pensar que poderia subordinar um ato de clemência, de bondade e de justiça, solicitado a Sua misericórdia, a uma quantia de dinheiro.
A razão, o bom senso e a lógica dizem que Deus, a perfeição absoluta, não pode delegar à criatura imperfeita o direito de fixar um preço para a Sua justiça. A justiça de Deus é como o sol: para todo o mundo, tanto para o pobre como para o rico.
Os médiuns, intermediários entre a Espiritualidade e o mundo material, verdadeiras pontes de ligação entre dois planos de vida, são os intérpretes dos espíritos para a instrução dos homens, para lhes mostrarem o caminho do bem e trazê-los à fé, mas não para venderem palavras que lhes não pertencem, de vez que não são o produto de sua concepção, nem de suas pesquisas, nem de seu trabalho pessoal.
A mediunidade séria não pode ser, nem será jamais uma profissão, mesmo porque, e, sobretudo, no seu aspecto de concessão como prova, é uma faculdade essencialmente móvel e variável, não sendo, portanto, a mesma coisa que a capacidade adquirida pelo estudo e pelo trabalho, da qual se tem o direito de usar.
Sobretudo, a mediunidade curadora é que jamais deveria ser explorada, pois, como nenhuma outra, requer, com mais rigor, a condição de desprendimento e a capacidade de renunciação santificante.
O médium curador é o veículo para a transmissão do fluido salutar dos Bons espíritos e, nestas condições, jamais tem o direito de o vender.

15ª aula: NÃO PONHAIS A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE

“Não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo do velador, mas põe-se sobre um candeeiro, a fim de que ele dê a luz a todos os que estão na casa.” (Mateus 5,15)

“ Ninguém acende uma lâmpada, e a cobre com alguma vasilha, ou a põe debaixo da cama; põe-na, sim, sobre um candeeiro, para que vejam a luz aqueles que entram. Porque não há nada de secreto que não venha a ser descoberto, nem nada oculto que não venha a ser conhecido e tornado público”. (Lucas, 8, 16 a 17)

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Pode parecer estranho, à primeira vista, ouvir Jesus dizer que não deve pôr a luz debaixo do velador, quando Ele próprio tantas vezes esconde o sentido de suas palavras sob o véu da alegoria, que nem todos compreendem;
Entretanto, Ele se explica e esclarece aos apóstolos, dizendo-lhes: “Eu lhes falo por parábolas, porque não estão em condições de compreender certas coisas; vêem, olham, ouvem, mas não compreendem; seria inútil tudo lhes dizer neste momento; mas a vós eu vo-lo digo, porque vos é dado compreender esses mistérios”. (Mateus, 13, 10 a 15).
Jesus veio trazer o Evangelho para todos e não só para um pequeno grupo, mas dirigia-se, naturalmente, em primeiro lugar aos que já estavam preparados para entender-lhe as verdades espirituais que trazia.
Nem todos, porém, estavam preparados e é por isso que a esses o Mestre falava por parábolas.
Entretanto, deve-se notar que Jesus só se exprimiu por parábolas naquelas partes, de certo modo abstratas, de sua Doutrina, sendo, ao contrário, claríssimo, quando se referia à caridade para com o próximo e com a humanidade, da qual fez a condição expressa da salvação;
Neste sentido, tudo o que disse era perfeitamente claro, explícito e sem ambiguidade. Nestas partes, nunca houve dúvidas e sempre indicou com simplicidade e clareza o que era essencial fazer para ganhar o reino dos céus. No restante, somente desenvolvia seu pensamento aos seus discípulos que, mais adiantados, moral e intelectualmente, podiam ser iniciados nas verdades mais abstratas.
Entretanto, nem mesmo aos apóstolos disse tudo, deixando para tempos posteriores a compreensão sobre muitos pontos; assim é que nos tempos atuais, o Espiritismo de um lado e a Ciência do outro vêm fazendo luz sobre muitos pontos obscuros, tornando compreensível o seu verdadeiro sentido.
Assim, Jesus não quer dizer que todas as coisas devem ser reveladas inconsideradamente, mas que todo o ensino seja proporcionado à inteligência de quem o recebe, pois, se a luz fosse muito forte poderia haver deslumbramento e não esclarecimento.
É certo, como Jesus diz, que nada há de secreto que não deva tornar-se conhecido, pois tudo o que existe oculto deve um dia ser revelado, e aquilo que o homem não pode compreender, na Terra, ser-lhe-á sucessivamente revelado em mundos mais avançados, quando se tiver purificado.
Diz ainda Jesus, nos versículos 14 e 16, do capítulo V, do Evangelho, segundo Mateus: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade que está situada sobre um monte. Assim luza a vossa luz diante dos homens, que eles vejam as vossas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus”.
Os discípulos do Mestre, como a luz espiritual do mundo, devem destruir as trevas da ignorância que jazem nas almas, fazendo brilhar a luz da mediunidade em todo o esplendor, sustentando com dignidade as lutas árduas, perseverantes no bom caminho, exemplificando, com humildade, o desprendimento e a fraternidade, a renúncia e o sacrifício.

16ª aula: Prodígio dos falsos profetas

"Levantar-se-ão falsos cristos e falsos profetas, que farão grandes prodígios e maravilhas tais, que, se fora possível, até os escolhidos se enganariam".

Estas palavras dão o verdadeiro sentido do termo prodígio.
Na acepção teológica, os prodígios e os milagres são fenômenos excepcionais, fora das leis da Natureza. 
Sendo estas leis obra exclusiva de Deus, Ele as poderia derrogar, se tal lhe aprouvesse; mas diz o simples bom-senso que não poderia ter dado a seres inferiores e perversos um poder igual ao seu e, ainda menos, o direito de desfazer aquilo que Ele havia feito.
Jesus não podia ter consagrado um tal princípio.
Se, portanto, segundo o sentido que se liga a essas palavras, o espírito do mal tivesse o poder de produzir prodígios capazes de enganar até aos escolhidos, resultaria que, podendo fazer o que Deus faz, os prodígios e milagres não seriam privilégio dos enviados de Deus, e nada provariam, uma vez que coisa alguma distinguiria os milagres dos santos dos do demônio. Portanto, é preciso buscar um sentido mais racional a essas palavras.
Para o povo ignorante, todo fenômeno cuja causa é desconhecida passa por sobrenatural, maravilhoso e miraculoso; uma vez encontrada a causa, reconhece-se que o fenômeno, por muito extraordinário que pareça, mais não é do que aplicação de uma lei da Natureza. Assim, o círculo dos fatos sobrenaturais se restringe à medida que o da Ciência se alarga.
Em todos os tempos, certos homens exploraram, em proveito de sua ambição, de seus interesses e de seu desejo de dominação, certos conhecimentos que possuíam, para conseguirem o prestígio de um poder supostamente sobre-humano ou de uma pretensa missão divina.
São esses os falsos Cristos e falsos profetas. 
A difusão das luzes lhes aniquila o crédito, donde resulta que o número deles diminui à proporção que os homens se esclarecem. O fato de operarem aquilo que, aos olhos de algumas pessoas, parece prodígio não é, portanto, nenhum sinal de missão divina.
Esses prodígios podem resultar de conhecimentos que qualquer um pode adquirir, ou de faculdades orgânicas especiais, que o mais indigno não se acha inibido de possuir, tanto quanto o mais digno.
O verdadeiro profeta se reconhece por mais sérios caracteres, e exclusivamente morais.
                                                                                             Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo- Cap.21

17ª aula: Necessidade da Caridade Segundo São Paulo

"Se eu falar as línguas dos homens e dos anjos e não tiver caridade, serei como o metal que soa e o sino que tina.

E se eu tiver o dom da profecia e conhecer todos os mistérios e quanto se pode saber, e se tiver toda a fé, até o ponto de transportar montanhas, e não tiver caridade, nada serei.
E se eu distribuir todos os meus bens no sustento dos pobres e se entregar o meu corpo para ser queimado, mas não tiver caridade, nada disto me aproveita.
A caridade é paciente, é benigna, a caridade não é invejosa, não obra temerária nem precipitadamente, não se ensoberbece.
Não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade.
Tudo tolera tudo crê, tudo espera, tudo sofre.
Assim, pois, permanecem estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, porém a maior delas é a caridade."
(Paulo, I Coríntios, cap. XIII, 1 a 7 e 13.)
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Não se poderia ser mais claro do que Paulo na interpretação da caridade e dificilmente se concebe que possa haver quem não a entenda. 
Ex-doutor da lei, perseguidor dos primeiros cristãos, o convertido da Estrada de Damasco, com a sua maneira franca e decidida de agir, espírito de rara energia, assim que teve a percepção da verdade, afastou-se do erro e libertou-se, passando a pregar e viver resoluta e firmemente a doutrina do meigo Nazareno, merecendo-lhe a referência de "vaso escolhido para levar a doutrina perante os gentios e os reis; bem como perante os filhos de Israel".
Ninguém melhor do que Paulo soube compreender e ensinar o que é a caridade, praticando-a num sentido tão positivo e elevado, procurando seguir e imitar o Cristo
Esta virtude, a maior que as criaturas humanas podem possuir, deve ser o patrimônio espiritual a ser buscado por excelência, visto resumir em si mesma todas as outras virtudes.
A caridade perfeita é uma sublimação da criatura, a qual só pode medrar num coração puro sustentado por intenso amor.
Quando o Apóstolo afirmou que, mesmo que falasse a linguagem dos anjos, tivesse o dom da profecia, desse todos os seus bens aos pobres e entregasse o seu corpo ao sacrifício, mas não tivesse caridade, nada teria feito, ensinou-nos assim que essa disposição da alma é de um sentido tão sublime como o de "amar o próximo como a nós mesmos" do ensino de Jesus.
Exemplificou Jesus o amor ao próximo na Parábola do Bom Samaritano, mostrando à Humanidade que a virtude da caridade é uma disposição da criatura para com o seu semelhante, através de um sentimento de solidariedade que a impele a servir, mais do que ser servida.
Todos nós exercitamos a qualidade de sermos caridosos pelos modos mais elementares ao nosso alcance e de acordo com a nossa evolução.
A verdadeira caridade só se pratica pela libertação dos sentimentos egoístas, vencendo em etapas sucessivas as trevas da ignorância, que nos permite distinguir o bem do mal.
A vaidade é por certo muito sedutora e geralmente gostamos de ver o nosso semelhante agradecido pelo bem que lhe pretendemos fazer; às vezes, é mesmo tão-só o interesse, posto na retribuição que aguardamos daqueles a quem procuramos servir, que nos leva à prática ilusória da caridade.
Chamamos também de caridade aquilo que não é senão um dever. Mas está longe da caridade tudo o que fazemos tão só por dever.
A necessidade da caridade, segundo São Paulo, é amar os nossos irmãos pura e simplesmente, tudo fazendo por um mundo melhor.
Quando o homem, à luz do seu esforço próprio, se apercebe da grandeza do Amor Divino, então se dá conta da realidade e vai cedendo à ideia de que ele não está só e não é tudo, mas sim parte de uma imensa humanidade. 
Com a compreensão da Misericórdia Divina, crescendo no seu íntimo, ganha novas e poderosas forças que o ajudarão a afastar para sempre os restos do seu egoísmo, reconhecendo que a maior grandeza está em servir e não em ser servido.
Trabalha e luta por um mundo melhor, procura servir e ser útil aos seus semelhantes, vendo na caridade o meio mais eficaz, para tornar-se obreiro digno da Seara do Pai.
Fazendo o bem, compreenderá toda a felicidade e a razão de ser da necessidade de praticar a caridade.

18ª aula: O Suicídio e a Loucura

A calma e a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do suicídio.
Com efeito, a maior parte dos casos de loucura são provocados pelas vicissitudes que o homem não tem forças de suportar.
Se, portanto, graças à maneira por que o Espiritismo o faz encarar as coisas mundanas, ele recebe com indiferença, e até mesmo com alegria, os revezes e as decepções que em outras circunstâncias o levariam ao desespero, é evidente que essa força, que o eleva acima dos acontecimentos, preserva a sua razão dos abalos que o poderiam perturbar.
O mesmo se dá com o suicídio. Se excetuarmos os que se verificam por força da embriaguez e da loucura, e que podemos chamar de inconscientes, é certo que, sejam quais forem os motivos particulares, a causa geral é sempre o descontentamento.
Ora, aquele que está certo de ser infeliz apenas um dia, e de se encontrar melhor nos dias seguintes, facilmente adquire paciência.
Ele só se desespera se não vir um termo para os seus sofrimentos. E o que é a vida humana, em relação à eternidade, senão bem menos que um dia? 
Mas aquele que não crê na eternidade, que pensa tudo acabar com a vida, que se deixa abater pelo desgosto e o infortúnio, só vê na morte o fim dos seus pesares. Nada esperando, acha muito natural, muito lógico mesmo, abreviar as suas misérias pelo suicídio.
A incredulidade, a simples dúvida quanto ao futuro, às ideias materialistas, em uma palavra, são os maiores incentivadores do suicídio: elas produzem a frouxidão moral.
Quando vemos, pois, homens de ciência, que se apoiam na autoridade do seu saber, esforçarem-se para provar aos seus ouvintes ou aos seus leitores, que eles nada têm a esperar depois da morte, não o veem tentando convencê-los de que, se são infelizes, o melhor que podem fazer é matar-se? Que poderiam dizer para afastá-los dessa ideia? Que compensação poderá oferecer-lhes? Que esperanças poderão propor-lhes? Nada além do nada! De onde é forçoso concluir que, se o nada é o único remédio heroico, a única perspectiva possível, mais vale atirar-se logo a ele, do que deixar para mais tarde, aumentando assim o sofrimento.
A propagação das ideias materialistas é, portanto, o veneno que inocula em muitos a ideia do suicídio, e os que se fazem seus apóstolos assumem uma terrível responsabilidade.
Com o Espiritismo, a dúvida não sendo mais permitida, modifica-se a visão da vida.
O crente sabe que a vida se prolonga indefinidamente para além do túmulo, mas em condições inteiramente novas. Daí a paciência e a resignação, que muito naturalmente afastam a ideia do suicídio. Daí, numa palavra, a coragem moral.
O Espiritismo tem ainda, a esse respeito, outro resultado igualmente positivo, e talvez mais decisivo. Ele nos mostra os próprios suicidas revelando a sua situação infeliz, e prova que ninguém pode violar impunemente a lei de Deus, que proíbe ao homem abreviar a sua vida. Entre os suicidas, o sofrimento temporário, em lugar do eterno, nem por isso é menos terrível, e sua natureza dá o que pensar a quem quer que seja tentado a deixar este mundo antes da ordem de Deus.
O espírita tem, portanto, para opor à ideia do suicídio, muitas razões: a certeza de uma vida futura, na qual ele sabe que será tanto mais feliz quanto mais infeliz e mais resignado tiver sido na Terra; a certeza de que, abreviando sua vida, chega a um resultado inteiramente contrário ao que esperava; que foge de um mal para cair noutro ainda pior, mais demorado e mais terrível; que se engana ao pensar que, ao se matar, irá mais depressa para o céu; que o suicídio é um obstáculo à reunião, no outro mundo, com as pessoas de sua afeição, que lá espera encontrar.
De tudo isso resulta que o suicídio, só lhe oferecendo decepções, é contrário aos seus próprios interesses. 
Por isso, o número de suicídios que o Espiritismo impede é considerável, e podemos concluir que, quando todos forem espíritas, não haverá mais suicídios conscientes.
Comparando, pois, os resultados das doutrinas materialistas e espírita, sob o ponto de vista do suicídio, veem que a lógica de uma conduz a ele, enquanto a lógica de outra o evita, o que é confirmado pela experiência.
                                                                                          Livro: O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

19ª aula: Os Vícios e a Obsessão

Os vícios

Para a defesa e purificação do organismo, é necessário combater rigorosamente os vícios, começando pelos mais comuns que são o fumo, o álcool, a gula e os tóxicos (maconha, éter, ópio, morfina, etc...).
Atualmente, estes vícios se alastram de forma alarmante, envolvendo milhões de pessoas, em sua maioria jovens inexperientes que a vida social moderna, com seus costumes licenciosos e cínicos, empurra para caminhos de perdição.
Na sua inconsciência, chafurdam na lama e se vangloriam disso.
O fumo, por exemplo, considerado o mais inocente desses vícios, está sendo adotado pela maioria das mulheres, sendo fabuloso o seu consumo no mundo inteiro e seu uso produz terríveis males, mormente no aparelho nervoso-vegetativo (simpático e vago), dando margem a perturbações tanto mais intensas e profundas quanto mais sensíveis forem às pessoas. 
Ultimamente, severas advertências vêm sendo feitas por cientistas de todos os países sobre a influência do fumo na produção do câncer. Segundo estatísticas oficiais, em cada 4 pessoas que fumam, uma possui indícios de câncer.
As consequências do fumo afetam também fortemente o períspirito, produzindo uma espécie de entorpecimento psíquico, que continua até mesmo após o desencarne, prolongando o período de inconsciência que, na maioria dos casos, ocorre depois da chamada morte física, como também afeta a cortina de proteção e isolamento existente entre o corpo físico e o períspirito.
E coisas ainda piores sucedem em relação ao vício do álcool, responsável pela degradação moral de milhões de pessoas, em todas as partes do mundo, obrigando mesmo a governos esclarecidos (como, por exemplo, o da França, ultimamente) a decretar legislação coercitiva da fabricação e do uso imoderado do álcool em seu território.
Julgamos completamente desnecessário qualquer comentário a respeito destes vícios e de suas diferentes sintomatologias, que oscilam entre a euforia e o coma, visto ser assunto por demais conhecido.
Não importa o que digam uns e outros, inclusive pessoas de ciência, defendendo estes vícios, alegando não serem tão perniciosos como parecem: os que os defendem são também viciados em maior ou menor grau e, portanto, suspeitos no caso.
Os espíritas, se realmente desejam evoluir e, já que a evolução não se conquista sem pureza de corpo e de espírito, devem combater e eliminar de si mesmos estes vícios, libertando-se deles definitivamente. Não pode haver pureza de corpo ou de sentimentos em pessoas que se entregam a vícios repugnantes e perniciosos, praticando, assim, um suicídio lento, na mais lamentável negligência moral.
Por outro lado, é preciso não esquecer que a maioria dos viciados é assediada e dominada por espíritos inferiores desencarnados, mesmo quando não maléficos, mas, da mesma forma, viciados e que, não possuindo mais o corpo físico, atuam sobre eles e, por seu intermédio, se satisfazem, inalando a fumaça dos cigarros ou aspirando, deliciados, os vapores do álcool.
Há milhões de pessoas, no mundo inteiro, que vivem assim escravizadas pelos espíritos inferiores e utilizadas por estes como instrumentos passivos, submissos e cegos de seus próprios vícios e paixões.
André Luiz, em sua obra “Nos domínios da mediunidade”, descreve uma cena de botequim, mostrando como alguns espíritos desencarnados, junto de fumantes e bebedores, com triste feição, se demoravam expectantes.
Alguns sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento.
Outros aspiravam ao hálito de alcoólatras impenitentes.
                                                                                     Livro: Passes e Radiações- Edgard Armond- Editora Aliança


20ª aula: O Espiritismo não faz milagres

O milagre, entendido como "um ato do poder divino contrário às leis conhecidas da natureza", implica na ideia de um fato sobrenatural, maravilhoso, impossível de ser explicado pela Ciência dos homens.
A ignorância, a superstição, os dogmas inibem a muitos de se dedicarem ao estudo dos ensinamentos dos Espíritos, com receio de pecarem, de irem para o inferno ou de serem envolvidos pelos demônios.
Diga-se, de início, deixando bem claro, que o Espiritismo não faz milagres, pois muitas pessoas desiludidas com as crenças dogmáticas, com as Ciências do homem ou com as dificuldades da vida material, se voltam para o mundo espiritual, buscando através dos fenômenos medi anímicos a salvação ou a eliminação de seus problemas econômicos, de saúde, sentimentais e outros e, muitas vezes, se deixam envolver por charlatães e embusteiros ou se prendem a um fanatismo exacerbado.
O ensinamento do Cristo, todavia, em relação às curas, é uniforme e se resume nestas afirmações:
a) a tua fé te curou;
b) vai e não peques mais;

Estas afirmações deixam claro que a imposição de mãos, usada pelo Mestre Jesus, e que é imitada pelos médiuns passistas ou a intervenção dos Espíritos sobre os necessitados, são lenitivos oferecidos ao aflito por razões muito diversas, cabendo a cada um examinar e compreender o fato, segundo o discernimento que alcançou.
Não esperem, pois, por milagres dos médiuns e do Espiritismo.
O conhecimento da Doutrina não se dá de um momento para outro, participando de algumas reuniões ou de algumas palestras, mas através da meditação, da reflexão e da vivência dos seus ensinamentos no aprendizado espírita-cristão, pois somente assim o homem pode tornar-se médico de si mesmo, produzindo em si a Reforma Íntima, buscando em si o homem novo, através do bom combate. Assim, conhecendo a verdade, se libertará da multidão de suas faltas.

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