Relembrando
Allan Kardec
A
primeira revelação teve a sua personificação em Moisés, a segunda no Cristo, a
terceira não a tem em indivíduo algum. As duas primeiras foram individuais, a
terceira coletiva; aí está um caráter essencial de grande importância. Ela é
coletiva no sentido de não ser feita ou dada como privilégio à pessoa alguma;
ninguém, por consequência, pode inculcar-se como seu profeta exclusivo; foi
espalhada simultaneamente, por sobre a Terra, a milhões de pessoas, de todas as
idades e condições, desde a mais baixa até a mais alta da escala, conforme esta
predição registrada pelo autor dos Atos dos Apóstolos: “Nos últimos tempos,
disse o Senhor, derramarei o meu espírito sobre toda a carne; os vossos filhos
e filhas profetizarão, os mancebos terão visões, e os velhos, sonhos.” (Atos,
cap. II, vv. 17,18.) Ela não proveio de nenhum culto especial, a fim de servir
um dia, a todos, de ponto de ligação.
Nota 1 - O nosso papel pessoal, no grande movimento de ideias que se prepara pelo Espiritismo e que começa a operar-se, é o de um observador atento, que estuda os fatos para lhes descobrir a causa e tirar-lhes as consequências. Confrontamos todos os que nos têm sido possível reunir, comparamos e comentamos as instruções dadas pelos Espíritos em todos os pontos do globo e depois coordenamos metodicamente o conjunto; em suma, estudamos e demos ao público o fruto das nossas indagações, sem atribuirmos aos nossos trabalhos valor maior do que o de uma obra filosófica deduzida da observação e da experiência, sem nunca nos considerarmos chefe da doutrina, nem procurarmos impor as nossas ideias a quem quer que seja. Publicando-as, usamos de um direito comum e aqueles que as aceitaram o fizeram livremente. Se essas ideias acharam numerosas simpatias, é porque tiveram a vantagem de corresponder às aspirações de avultado número de criaturas, mas disso não colhemos vaidade alguma, dado que a sua origem não nos pertence. O nosso maior mérito é a perseverança e a dedicação à causa que abraçamos. Em tudo isso, fizemos o que outro qualquer poderia ter feito como nós, razão pela qual nunca tivemos a pretensão de nos julgarmos profeta ou messias, nem, ainda menos, de nos apresentarmos como tal.
Allan
Kardec
KARDEC,
Allan. “A Gênese – Os milagres e as predições segundo o Espiritismo”. 34ª.
Ed.
Rio de Janeiro, RJ: FEB. Capítulo I, Caráter da Revelação Espírita. Item 45 e
nota.
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