Os médiuns, em
sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que
fracassaram desastradamente, que contrariaram sobremaneira, o curso das leis divinas,
e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas
responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes,
se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre,
são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade,
da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se
sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas
luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas arrependidas que procuram
arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios,
tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de
condenável insânia.
AS OPORTUNIDADES DE SOFRIMENTO
As existências dos médiuns, em geral, têm
constituído romances dolorosos, vidas de amargurosas dificuldades, em razão da
necessidade do sofrimento reparador; suas estradas no mundo, estão repletas de
provações, de continências e desventuras. Faz-se, porém, necessário que
reconheçam o ascetismo e o padecer, como belas oportunidades que a
magnanimidade da Providência lhes oferece, para que restabeleçam a saúde dos
seus organismos espirituais, combalidos nos excessos de vidas mal orientadas,
nas quais se embriagaram a saciedade com os vinhos sinistros dos vícios e do
despotismo.
Humilhados e incompreendidos, faz-se mister que
reconheçam todos os benefícios emanantes das dores que purificam e regeram,
trabalhando para que representem, de fato, o exemplo da abnegação e do
desinteresse, reconquistando a felicidade perdida.
NECESSIDADE DE EXEMPLIFICAÇÃO
Todos os médiuns, para realizarem dignamente a
tarefa a que foram chamados a desempenhar no planeta, necessitam identificar-se
com o ideal de Jesus, buscando para o alicerce de suas vidas o ensinamento
evangélico, em sua divina pureza; a eficácia de sua ação depende do seu
desprendimento e da sua caridade, necessitando compreender, em toda a
amplitude, a verdade contida na afirmação do Mestre: ”Dai de graça o que de
graça receberdes.”
Devendo evitar, na sociedade, os ambientes
nocivos e viciosos, podem perfeitamente cumprir seus deveres em qualquer
posição social a que forem conduzidos, sendo uma de suas precípuas obrigações
melhorar o seu meio ambiente com o exemplo mais puro de verdadeira assimilação
da Doutrina a de que são pregoeiros.
Não deverão encarar a mediunidade como um dom
ou como um privilégio, sim como bendita possibilidade de reparar seus erros de
antanho, submetendo-se, dessa forma, com humildade, aos alvitres e conselhos da
Verdade, cujo ensinamento está, frequentemente, numa inteligência iluminada que
se nos dirige, mas que se encontra igualmente numa provação que, humilhando,
esclarece ao mesmo tempo o espírito, enchendo-lhe o íntimo com as claridades da
experiência.
(Emmanuel, 24a ed., p.66-68)
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