terça-feira, 16 de junho de 2015

Psicopictografia ou pintura mediúnica



"(...) Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido".  Jesus. (Mt., 10:8.)

É absolutamente imprescindível que os Espíritas busquemos afeiçoar o movimento espírita aos seguros e coerentes parâmetros oferecidos por Jesus e ratificados por Kardec.
Segundo o ensinamento do Mestre Lionês, entre as criaturas que se convenceram das verdades espíritas através de um estudo direto, existem as que podemos chamar de espíritas experimentadores, isto é, os que crêem pura e simplesmente nas manifestações, sem que isso os torne criaturas melhores ou os sensibilize para a necessidade do aperfeiçoamento constante. Para esses o Espiritismo é apenas uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos...
Evidentemente essas pessoas não podem ser arroladas como verdadeiros espíritas ou espíritas cristãos, conforme o entende Kardec.
A Doutrina Espírita nasceu dos fenômenos, mas já se emancipou deles. O fenômeno é apenas a "casca", e agora devemos nos ocupar _ exaustivamente _ da "polpa". Daí não se justificar o que temos observado em terras brasileiras e estrangeiras, ou seja: um exacerbamento da feição fenomênica do Espiritismo em detrimento do essencial que é o estudo doutrinário.
Nessa avassaladora onda fenomênica, a pintura mediúnica tem se destacado, para alegria e perda de tempo dos curiosos de superfície...
As consequências disso são danosas para o movimento espírita com suas Instituições sempre às voltas com parcos orçamentos para atender à demanda da área social e às vezes até mesmo gastos administrativos comuns, vez que o arrocho financeiro faz com que muitos se inclinem para a venda das pinturas mediúnicas para ocorrer às despesas sempre crescentes. E as noitadas de "Renoir" e outros vão acontecendo aqui e acolá...
Em matéria de mediunidade ainda está valendo a regra áurea sancionada por Jesus há dois milênios: (Mt., 10:8.)
 “Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido".
Alguns Espíritas menos avisados e ingênuos, doutrinariamente inseguros, tendem a transformar suas Casas Espíritas em "atelier" de pintores famosos, no que são até mesmo aconselhados e estimulados pelos médiuns do "métier".
Alguns desses médiuns pintores têm uma superlotada agenda no Brasil e exterior, e com esse efeito multiplicador, lá vêm mais loucuras para o nosso movimento espírita.
Já ouvimos de um confrade muito crédulo e místico que uma pintura mediúnica "irradia" vibrações terapêuticas no ambiente onde a dependuram, e pasmem! Não são poucas as pessoas que acreditam nisso!...
Não é sem motivo que muitas vezes Jesus dizia: "Até quando vos suportarei?"
Perguntaram a Vianna de Carvalho como é vista no Mundo Espiritual a comercialização no terreno da arte. Eis a resposta do Mentor2:
 “Desde que não se trate de uma realização eminentemente mediúnica, caracterizando-se pelo esforço pessoal daquele que produz a obra de Arte, é justo que a possa dispor conforme lhe aprouver. Face ao encontro de compradores, alguns dos quais se tornam mais investidores financeiros do que admiradores do Belo é válido que venda o seu trabalho, a fim de viver com dignidade. Entanto, todo excesso é prejudicial, e na Arte, em razão das ambições que entram em jogo comercializando-a, e impedindo que os menos aquinhoados financeiramente possam também desfrutá-la, torna-se uma conquista lamentável para aqueles que a possuem para deleite exclusivo do seu orgulho e egoísmo.
No passado, geralmente, com poucas exceções, os artistas viveram e desencarnaram faltos de recursos, especialmente quando sua expressão de Arte não correspondia aos padrões convencionais estabelecidos, inspirando-se, ainda mais no próprio sofrimento e produzindo incomparáveis obras que vêm sensibilizando a cultura da Humanidade séculos em fora".

Falando da pintura mediúnica propriamente dita, perguntaram ainda ao Nobre Mentor3:
 “Pintura mediúnica é arte? Traria ela alguma importância real para o Movimento Espírita, para a Doutrina Espírita?"
Resposta: "Da mesma forma que a psicografia e a psicofonia, nas expressões da mediunidade intelectual, contribuem valiosamente para a comprovação da imortalidade, ao lado de outras manifestações positivas do fenômeno mediúnico, a psicopictografia é recurso nobre de arte para a confirmação da sobrevivência do Espírito à disjunção molecular do corpo. O estilo do pintor, suas características, sua mensagem oferecem expressivo contributo para a afirmação da Vida após o túmulo, como também pelo ensejo que oferece de trazer beleza e harmonia para encanto das criaturas humanas.
À Doutrina Espírita não oferece maior contribuição, tendo-se em vista que a Codificação encontra-se estruturada e completa, não sendo a mediunidade psicopictográfica Que irá aumentar a sua excelente proposta de sabedoria.
O fenômeno necessita da Doutrina a fim de se explicar, porém a Doutrina dispensa o fenômeno, por ser ela um conjunto de lições profundas e ricas de iluminação e beleza, de que o insigne Allan Kardec se fez o incomparável intermediário.
Assim, o fenômeno confirma a Doutrina e essa elucida-o".
Faz-se mister maior vigilância a fim de que não tenha o próprio Cristo que voltar aos arraiais espiritistas para - outra vez - expulsar os vendilhões do Templo. Aliás, essa vigilância deve estar sempre ativa e redobrada porque em Doutrina Espírita os fins não justificam os meios.
Há que se ter sempre em conta que o Espiritismo não possui qualquer similar, e temos que pagar o preço pela coerência doutrinária, jamais permitindo a infiltração dos modismos e loucuras do mundo em nossas Casas Espíritas. 

1 - Kardec, A. "O Livro dos Médiuns" - 1ª parte - Capítulo III, item 28, § 1º.
2 - Vianna de Carvalho/Franco, D.P. "Atualidade do Pensamento Espírita" - Questão 153 - LEAL
3 - Vianna de Carvalho/Franco, D.P. "Atualidade do Pensamento Espírita" - Questão 139 - LEAL 


Por: Rogério Coelho
(Jornal Mundo Espírita de Novembro de 2000)
FONTE: 
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/mundo-espirita/psicopictografia.html 

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