O
espiritismo cresce, aumenta sua influência sobre pessoas de alta renda e
garante boa audiência na televisão. Ao mesmo tempo, mais celebridades acreditam
em reencarnação e na comunicação com "entidades”.
Os
espíritos estão em todo lugar. Basta ligar a TV. Nas novelas, a crença em
entidades do além é amparada principalmente pelo espiritismo e a onda vem
acompanhada de uma mudança de perfil da religião. De acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o espiritismo tem hoje 20 milhões
de adeptos - cresceu 40% em cinco anos, principalmente nos Estados mais ricos e
escolarizados. Quem professa essa fé tem renda 150% superior à média nacional,
e 52% ganham mais de cinco salários mínimos. Estes novos seguidores valorizam
as explicações racionais para a vida após a morte. "A leitura e a
meditação se tornam mais importantes do que as sessões de mesa branca e as operações
sem anestesia", afirma a antropóloga Sandra Jacqueline Stoll, da
Universidade Federal do Paraná.
Com
a mudança de perfil e o sucesso do assunto na mídia, não é de espantar que mais
celebridades estejam declarando sua crença em espíritos. É o caso de Juliana
Paes, Raica Oliveira, Cléo Pires, Rosi Campos, Marcos Caruso, Carlos Vereza,
Paola Oliveira e Samara Felippo. A casa Lar de Frei Luiz, no Rio, é uma das que
recebem várias celebridades toda semana. "Carlos Vereza é um dos nossos
conselheiros, e sempre vem aqui Elba Ramalho, Joanna, a Alcione, Toni Garrido,
Cissa Guimarães", diz a presidente, Helena Mussi Gazolla.
CAROL
CASTRO
Fui
batizada, fiz a primeira comunhão, mas não frequento a Igreja Católica. Quando
eu era pequena, fui muito a um templo budista. Minha mãe morou no Japão dos 4
aos 9 anos e tem uma relação forte com a religiosidade oriental, que ela me
transmitiu desde pequena. Minha mãe é astróloga, taróloga e terapeuta corporal.
Ela se comunica com espíritos, já psicografou um livro do escritor Camilo
Castelo Branco. Sou budista. Acredito em uma força maior e tenho certeza de que
todos nós reencarnamos; temos várias vidas após a morte.
Acredito
que os espíritos voltam para ajudar ou atrapalhar as pessoas.
Quando
eu era criança, eu via muitos espíritos. Aos 3 anos, cheguei a casa falando que
tinha visto Jesus. Minha mãe ligou na escola para reclamar que a professora
estava influenciando minha formação religiosa, mas ninguém tinha falado nada
sobre Jesus para mim. Aos 6 anos, contei para a minha mãe que, em uma vida
passada, eu morei em um castelo e tinha uma mãe que fumava. O nome dela era
Marcela. Todos daquela minha família morreram de febre. Na mesma época, vi a
avó da minha mãe e saí correndo, assustada. Depois contei para ela e descrevi o
vestido que o espírito estava usando. E era o vestido favorito dela.
Com
o tempo, você perde essa pureza de criança e deixa de ver coisas assim. Fui me
desligando, mas ainda hoje valorizo muito a intuição, ela me ajuda a fazer as
escolhas certas. Quero ser mãe, e vou respeitar e estimular os meus filhos a
não perder esse contato com o espiritual. Bloquear as crianças nessa fase tão
bonita da vida só vai atrapalhar o desenvolvimento delas."
MARCOS
CARUSO
"Tenho
uma formação inicialmente católica, mas eu me converti ao espiritismo. Passei a
ter uma relação muito forte com a filosofia kardecista a partir dos 27, 28
anos. Pauto minha vida pelo que o Evangelho me ensinou. Durante um longo tempo,
li O Evangelho Segundo o Espiritismo, ia às sessões espíritas, mas praticava a
religião católica. Hoje sigo à risca a doutrina espírita, que é a favor da
reencarnação. Peguei alguns pontos da filosofia kardecista e levei para a minha
vida, como a fraternidade, a humanidade, saber pedir perdão, fazer com que o sucesso
aumente minha responsabilidade e não a minha vaidade, essas coisas. Sei que
evoluí, dos 27 aos 54 anos, pela filosofia espírita. Sou um devoto, acredito
nas responsabilidades pelo que fazemos, que voltamos numa vida futura e eu
posso voltar melhor ou pior, dependendo de como me comporto aqui. Assim, encaro
melhor a minha presença nesta vida.
Não
tenho medo da morte, ela é inevitável, temos de aceitá-la.
Eu
só me preocupo com o possível sofrimento das pessoas quando elas se aproximam
da morte. Nunca fiz regressão porque não me interesso pelo que passou. Tenho
uma relação forte com o presente e o futuro."
JORGE
LOREDO E ROSI CAMPOS
"Minha
bisavó já era espírita, minha mãe se comunicava com entidades. Acredito que
existem outras vidas e as pessoas se comunicam com muita força quando estão
morrendo", diz o ator Jorge Loredo. Há ainda quem se declare médium.
"Fui desenvolvendo a mediunidade de forma natural", afirma a atriz
Rosi Campos, que interpreta uma cartomante em O Profeta. "Quando cheguei ao
centro espírita, eu não sabia se iria conseguir essa conexão. As pessoas é que
mitificam, mas, se você acredita, não tem nada de anormal."
CAIO
BLAT
"Sou fã de Allan Kardec e Chico Xavier. Fiquei muito envolvido com o espiritismo porque minha ex-mulher (a cantora lírica Ana Ariel) era médium. Quando nós começamos a namorar, eu fiquei muito impressionado com os livros de Allan Kardec, com as apresentações lógicas e claras sobre a nossa evolução espiritual. Ele explica muito bem esse conceito tão antigo que é a reencarnação. Esta vida é só um pequeno momento que faz parte de um ciclo muito maior. Gosto também das ações sociais dos espíritas. Já fui ao Lar de Frei Luiz, que eu conheci por intermédio do Carlos Vereza. Antes de conhecer o espiritismo, eu já frequentava a Sociedade Taoísta.
A
minha prática espiritual valoriza muito a meditação, o silêncio.
Sou
seguidor de Lao Tsé, e tento conciliar o exercício espiritual do Oriente, a
busca por ser zen, com a explicação racional de Kardec. A questão da comunicação
com os espíritos não me atrai, prefiro desenvolver a minha intuição. E estou
tentando desenvolver a telepatia. Se eu estou pensando em alguém, ligo para a
pessoa na hora. Geralmente ela está mesmo precisando de apoio."
Carol
Castro também pensa assim. "As crianças têm uma pureza muito grande e para
elas o contato com os espíritos é espontâneo. Eu via muitos quando era criança.
"Aos 6 anos, contei para a minha mãe que, em uma vida passada, eu morei em
um castelo e tinha uma mãe que fumava. O nome dela era Marcela. Todos daquela
minha família morreram de febre." Hoje, a atriz diz que não vê mais
entidades, mas que sua mãe conseguiu desenvolver essa capacidade. "Ela se
comunica com espíritos e já psicografou um livro do escritor Camilo Castelo
Branco."
MAITÊ
PROENÇA
"Não
tenho religião. Tenho uma ligação com o divino, com aquilo que não se explica,
mas que alguns sentem de forma intensa - é meu caso. Ao longo do dia me
relaciono com isso muitas vezes e em alguns momentos de maneira mais solene.
Paro
e rezo, medito, acendo velas, tenho meu ritual particular.
Acredito
em reencarnação. Acredito que nos transmutamos. Que esta vida é mais um rito de
passagem (entre muitos) para algum lugar melhor e mais sublime, para um estado
de êxtase permanente, para a integração com um estado de consciência perfeito.
Acredito também na comunicação com espíritos. Se essas experiências são
relatadas por pessoas é porque de alguma forma elas acontecem. Ninguém inventa
nada, está tudo aí."
Fonte: Revista Quem - Edição 322
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